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Audiência pública vai debater impactos ambientais de nova fábrica de celulose da Arauco em MS

O encontro está marcado para acontecer dia 17 de agosto com equipes da Arauco e da Prefeitura de Inocência

A audiência pública para debater os impactos ambientais da fábrica de celulose da Arauco, em Inocência, está marcada para acontecer no dia 17 de agosto, conforme informado pelo secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck. O município fica localizado a 331 km de Campo Grande.

O EIA/Rima (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental) foi apresentado pela empresa com uma série de documentações com passos para a implantação da nova fábrica em Mato Grosso do Sul. O projeto é denominado como “Sucuriú” e terá investimento de R$ 15 bilhões. Serão 12 mil trabalhadores no pico da obra.

No dia 27 de junho, Verruck se reuniu com as equipes da diretoria da Arauco e da Prefeitura de Inocência. “O objetivo da reunião foi fazer um acompanhamento de como está o processo de implementação da fábrica. Por isso tivemos a participação do Imasul para debater a questão de meio ambiente e secretarias de qualificação e trabalho”, salientou.

Outro ponto debatido é a demanda das estradas e de infraestrutura que estão sendo trabalhadas conjuntamente com a Seilog (Secretaria de Estado de Obras, Infraestrutura e Logística).

Prioridades – Estão na lista de prioridades de infraestrutura do município a construção de um acesso rodoviário à fábrica, pela MS-377; a instalação de terceira faixa em pontos estratégicos da mesma rodovia; a pavimentação de 38 quilômetros da MS-316, entre Inocência e Paraíso das Águas.

Além da implantação de um aeroporto na cidade; e a construção de moradias, entre outras obras. As medidas estão previstas no Peot (Plano Estratégico de Organização de Territorial) de Inocência. –

Fonte: Campo Grande News

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Pesquisadores conseguem produzir mudas de baru por meio de enxertia

*Cultivo de baru ainda não é domesticado e avanço abre caminho para um sistema de produção dessa castanha do Cerrado.
*Um dos desafios para a domesticação do baruzeiro é a produção de mudas de materiais com características superiores, foco deste trabalho.
*A multiplicação por propagação vegetativa permite uniformidade e alta produtividade.
*Além da semente, parte mais conhecida, o fruto possui polpa também comestível e um endocarpo que pode ser transformado em carvão.
*A enxertia é uma boa opção para se multiplicar espécies promissoras nativas do Cerrado.

A enxertia, técnica de propagação vegetativa para produção de clones, mostrou-se viável para a multiplicação do baruzeiro. Os trabalhos recentes conduzidos no viveiro da Embrapa Cerrados, em Planaltina (DF), vêm apresentando resultados promissores para três tipos de enxertia – borbulhia de placa, garfagem inglesa simples e garfagem em fenda cheia (veja quadro no fim da matéria). Para as mudas conduzidas a pleno sol, os três tipos proporcionaram médias de pegamento superiores a 50%, com destaque para borbulhia, que obteve pegamento de mais de 60%.

Propagação vegetativa

A propagação vegetativa ou clonal consiste na multiplicação de partes de interesse da planta sem uso de sementes, dando origem a outras idênticas à planta-mãe (clones). As principais vantagens do método são a possibilidade de formação de plantios clonais de alta produtividade e com grande uniformidade e, em algumas vezes, de antecipação da fase reprodutiva da espécie.Além da enxertia, outros métodos de reprodução assexuada ou propagação vegetativa são a estaquia, a miniestaquia e a micropropagação.

Esses são os primeiros resultados para o desenvolvimento de um sistema de produção para o baruzeiro. “Salientamos que estamos trabalhando com uma espécie arbórea nativa, carente de informações técnicas nesse assunto e acreditamos que esses dados servirão de base para novos estudos com intuito de refinar a metodologia de enxertia para a espécie”, enfatiza o pesquisador Wanderlei Lima, coordenador do estudo.

Os resultados completos estão no artigo “Avaliação de métodos de enxertia em mudas de baruzeiro (Dipteryx alata Vogel, Fabaceae)”, publicado na revista Ciência Florestal, edição de abril/junho de 2023. Lima explica que o próximo passo é aprimorar o processo, utilizando a experiência adquirida no primeiro experimento para aumentar a porcentagem de pegamento das enxertias.

O resultado foi bastante positivo, na avaliação da equipe, composta também pela analista Fernanda Morais e o assistente Vicente Moreira. Algumas mudas enxertadas na Embrapa Cerrados já foram transplantadas em campo na bordadura do experimento de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, no qual está sendo avaliado o uso de espécies nativas do Cerrado nesse sistema (ler matéria). Um dos principais desafios para a domesticação do baruzeiro é justamente a produção de mudas. Atualmente, não há metodologia validada de reprodução assexuada para essa espécie.

O baruzeiro (Dipteryx alata Vogel)

Também conhecido como cumbaru ou cumaru, o baruzeiro é uma árvore de altura entre 15 a 25 metros com ampla distribuição no Cerrado. Essa é uma das espécies nativas do bioma com grande potencial econômico pela sua diversidade de usos. A polpa do fruto pode ser consumida in natura ou em misturas e o endocarpo pode ser transformado em carvão de alto teor calorífico. Já a semente é a parte mais conhecida e tem ganhado valor de mercado, sendo usada na gastronomia nacional e internacional. Ela se assemelha a uma castanha, sendo apreciada como aperitivo e usada em diversas receitas. O óleo extraído da semente também tem usos variados. A árvore pode ser usada em paisagismo e sua madeira tem grande resistência e durabilidade.O baruzeiro é uma das espécies do Cerrado mais promissoras para cultivo. A geração de informações sobre sua multiplicação, crescimento, desenvolvimento, produtividade e variabilidade permitirá sua domesticação para implantação de cultivos comerciais. Atualmente, praticamente toda produção vem do extrativismo. Foto: Alexandre Veloso

O experimento

Foram testados três tipos de enxertia (borbulhia de placa, garfagem inglês simples e fenda cheia) em três sistemas de condução de mudas de porta-enxertos (em sacos plásticos a pleno sol e sob sombrite e em tubetes em viveiro suspenso a pleno sol). As mudas (porta-enxertos) foram formadas a partir de sementes coletadas de plantas adultas de baruzeiro do Campo Experimental da Embrapa Cerrados. As gemas usadas para os enxertos foram obtidas de árvores adultas da Embrapa.

Como é feita a enxertia?Uma grande parte das árvores frutíferas é produzida por enxertia. Além de manter as características desejáveis à planta resultante, é um meio rápido e confiável de reproduzir plantas superiores para cultivo comercial.A operação envolve a introdução de uma gema, broto ou ramo de um vegetal, chamado de enxerto ou cavaleiro, em outro, conhecido como porta-enxerto ou cavalo. A planta enxertada (cavaleiro) carrega as características que se quer obter na nova planta e é ela que vai produzir os frutos. O cavalo leva o sistema radicular e parte do caule. Ele é responsável pelo fornecimento de água e nutrientes à planta e garante sua adaptação às condições de solo e clima.

O desempenho das plantas foi diferente de acordo com o sistema de condução. “Consideramos o sistema de produção de mudas em saco plástico a pleno sol o melhor, com o qual conseguimos mais de 50% de pegamento nos três tipos de enxertia que utilizamos em nosso estudo, com destaque para borbulhia, seguida da garfagem inglesa simples e da garfagem em fenda cheia”, informa Lima.

Segundo o pesquisador, apenas a garfagem em fenda cheia apresentou pegamento superior a 50% para mudas conduzidas sob sombrite, indicando ser uma técnica para a reprodução da espécie nessa condição. Entretanto, o tempo necessário para as mudas atingirem o diâmetro ideal para a enxertia foi maior nos sistemas sob sombrite. Considerando que as mudas foram formadas no mesmo dia, as mudas enxertadas sob sombrite só atingiram o diâmetro ideal três meses depois das mudas conduzidas a pleno sol.

Essa é uma importante informação para a multiplicação e a domesticação da cultura, já que quanto maior é o tempo para que a muda atinja o diâmetro ideal para a realização da enxertia, maiores são os gastos nessa etapa. Sobre o terceiro sistema de condução, Lima esclarece: “Optou-se, neste estudo, por não realizar a enxertia das mudas conduzidas em tubetes, em viveiro suspenso, pois essas apresentaram os piores desempenhos de crescimento e desenvolvimento”.

O pesquisador considera esse um resultado bastante positivo: “Sendo um primeiro experimento, os valores foram muito satisfatórios. Nosso objetivo é chegar a 80% com o refinamento da técnica e a verificação de alguns fatores que podem ter interferido no desenvolvimento das mudas”. Lima ressalta que o experimento foi realizado durante o período mais crítico da pandemia de Covid-19, quando vários trabalhos ficaram comprometidos.

A partir dos resultados desse experimento, uma recomendação da pesquisa para os interessados em produzir mudas de baruzeiro é refazer as enxertias que não pegaram. “Isso garante a redução de custos de produção, já que reutiliza as mudas dos porta-enxertos”, esclarece.

Foto acima, à esquerda: Wanderlei Lima (fenda cheia)

Tipos de enxertia avaliadas no experimentoNa enxertia, um ramo de uma planta da qual se deseja manter as características é “implantada” no caule de outra planta, fundindo essas duas partes.Borbulhia (foto ao lado) – Destaca-se uma gema vegetativa (borbulha) da planta que se quer multiplicar e a introduz em um corte feito na muda que servirá de porta-enxerto.Garfagem – As partes de duas plantas com o mesmo diâmetro são encaixadas perfeitamente. Uma corda é amarrada para garantir a união dos fragmentos.As garfagens em fenda cheia e inglesa simples se diferenciam pelo tipo de corte que é feito nas partes das plantas para o encaixe. A primeira é feita com uma fenda em V e a segunda, com um corte transversal. Foto: Wanderlei Lima

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