A associada Eucatex alcança impressionante IMA de até 55 m3/ha/ano
De acordo com o Sumário Público 2023 do Plano de Manejo Florestal do Grupo Eucatex, a área total de atuação da companhia é de mais 41,9 mil hectares. Em 2022, a superfície destinada exclusivamente ao plantio de eucaliptos para fins industriais foi de 34,7 mil hectares, localizados nas regiões de Salto e Botucatu, interior de São Paulo. Com isto, a empresa foi capaz de produzir pouco mais de 1,8 milhão de metros cúbicos de madeira para suas unidades fabris.
Historicamente, a Eucatex tem alcançado excelentes índices de crescimento com suas florestas. No ano passado (2022), o Incremento Médio Anual (IMA) das florestas do grupo foi de 46,1 metros cúbicos por hectares ao ano. Em 2020, foi alcançado o registro histórico de 50,9 m3/ha/ano. Agora, em 2023, mesmo com diversas adversidades como pragas e intempéries, o grupo está comemorando novos recordes, como explica o engenheiro florestal Hernon Ferreira, diretor florestal da Eucatex. “Conseguimos desenvolver bons clones que, aliados ao manejo adequado, fizeram com que a empresa alcançasse um Incremento Médio Anual de 50 e até 55 metros cúbicos/hectare/ano, o que é considerado pelo mercado brasileiro uma das maiores produtividades florestais do país.”
Com mais de 20 anos de gestão na unidade florestal da Eucatex, Hernon defende que certos resultados só são alcançados com uma consonância de fatores. “Alcançamos grandes êxitos, com uma equipe muito preparada e engajada. Alguns profissionais já estão há mais de 20 anos neste time. E isto tem nos ajudado a conseguir uma formação de florestas de alta produtividade. Temos algumas parcerias importantes também, com universidades e consultores”, conta ele.
O gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Eucatex, Marcos Sandro Felipe, segue na mesma linha. Segundo ele, uma alta produtividade florestal depende de investimentos e ações pontuais. “É preciso fazer o básico bem-feito, o que a técnica preconiza e o que a planta realmente precisa. Mas, principalmente, é preciso ter uma equipe dedicada e envolvida. Uma equipe comprometida com o objetivo”, explica ele, deixando claro que o processo todo depende de que cada profissional envolvido faça o melhor. “Precisamos de ambiente, de solo, chuva, material genético, fertilização. Mas, acima de tudo, é necessário ter uma equipe engajada, bastante focada, que entenda do que a planta precisa, das melhores condições para este desenvolvimento.”
Marcos lembra que os plantios florestais são geralmente feitos em sítios marginais e que a fertilização do solo influenciará no desenvolvimento, mas também nas despesas. “Mas, de nada adianta ter o dinheiro se as ações não forem feitas na hora certa, no momento propício e da forma correta. Não adianta ter o melhor clone se ele não está plantado em um ambiente adequado. O grande desafio é conciliar as técnicas conhecidas e compartilhar este conhecimento com toda a equipe. Por isso, é fundamental que o time esteja sincronizado e que todos tenham sensibilidade para cada situação.”
Como toda cultura, o segmento de florestas plantadas segue um planejamento. Os ciclos se repetem, o que faz com que os processos sejam repetidos e contemplados ao longo dos projetos das diferentes áreas envolvidas no desenvolvimento florestal. O avanço de novas tecnologias contribuiu significativamente para ganhos em produtividade. Mas o material humano ainda é um importante diferencial. Conforme explica o gerente da Eucatex: “não é apenas uma questão de tabelas. O clima é variável. As ervas daninhas ocorrem de forma diferente ao longo do ano. A planta cresce de forma diferente. Os plantios de verão têm uma linha de crescimento inicial, os de inverno têm outra. É preciso prestar atenção em tudo. Entender a interação do ambiente com a planta e alocar os recursos da melhor forma. Sem conhecimento técnico e sem uma equipe comprometida, não é possível saber onde e como aplicar os recursos de forma assertiva. E aí os resultados não aparecem”.
Produtividade ainda maior
Aumentar a produtividade é meta de toda empresa. Mas, como explica Marcos Felipe, a produtividade depende de vários fatores. “Acreditamos que ainda há espaço dentro do melhoramento genético, com o uso de novas tecnologias e até o resgate de novas procedências de diferentes regiões australianas.”
O profissional avalia que, além das oportunidades com o melhoramento genético, o estudo da microbiologia do solo será um fator importante. “Dentro da silvicultura, acredito muito na microbiologia e nesta interação: microbiologia, solo e planta. Conhecemos muito bem a planta do solo à copa, mas abaixo do solo ainda temos muito a aprender. Existe uma interação absurda da raiz com o solo. As novas tecnologias estão nos permitindo entender melhor esta interação com o ambiente”, conta ele.
Outro ponto citado, são os avanços em conhecimento da fisiologia vegetal. “Temos muito a evoluir com o conhecimento da parte hormonal das plantas. Tanto na agricultura, quanto na silvicultura, os processos fisiológicos podem contribuir com a produtividade.”
Outro desafio, talvez o principal segundo ele, está ligado ao clima e à variação climática. Marcos Felipe defende que a água é o elemento mais importante para a produtividade. “Quanto a isto, não há dúvidas. Estamos passando por um momento de grande variabilidade climática. Não temos mais as consistências do passado. Por exemplo, foram praticamente quatro anos de La Niña. Não havia registro histórico de uma ocorrência deste tipo. Geadas na nossa região, tão rigorosas que não eram registradas há mais de 60 ou 80 anos. Períodos de veranico com temperaturas acima de 44 graus. Estas ocorrências vêm sendo cada vez mais frequentes.”
O gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Eucatex lembra que este ano as tempestades de vento foram as grandes responsáveis por impedir uma produtividade ainda maior. “Tudo isso vem acontecendo, cada vez com mais força e abrangendo áreas cada vez maiores. Precisamos estar atentos, porque não existe aumento de produtividade sem entender o que o clima está nos dizendo. Este é o grande desafio: manter a alta produtividade e buscar índices ainda melhores.” O coordenador acredita que ter florestas resilientes é mais um fator decisivo para produtividade. Para ele, árvores que suportem altas variações climáticas, com mudanças bruscas de temperatura, altos e baixos índices pluviométricos e fortes ventos, serão o reflexo da produtividade em um futuro breve.