PÁGINA BLOG
Featured Image

MS Florestal abre vagas para Jovem Aprendiz com inscrições até segunda-feira (08)

O início está previsto para fevereiro e o contrato será de dois anos de duração; os interessados deverão enviar currículo para o e-mail indicado no conteúdo desta publicação

Mato Grosso do Sul, 04 de janeiro de 2024 – A MS Florestal, empresa genuinamente sul-mato-grossense na área de florestas, está com 10 vagas abertas para Jovem Aprendiz para atuar na área administrativa no escritório de Campo Grande. O candidato deverá ter entre 16 e 22 anos, e estar cursando ou ter concluído o Ensino Médio. Será ofertada uma bolsa no valor de R$ 600 e vale transporte. As inscrições ficarão abertas apenas até a segunda-feira, dia 8 de janeiro.

A carga horária de trabalho é de 4h, desempenhando atividades administrativas em diferentes setores da empresa. O início está previsto para fevereiro e o contrato será de dois anos de duração. Os interessados deverão enviar currículo para o e-mail vmsilva@bracell.com.

Vaga para Assistente Administrativo Tributário

A MS Florestal ainda oferece uma vaga aberta de Assistente Administrativo no departamento tributário, também com inscrições até a segunda (8) e para atuação no escritório da Capital. Os requisitos obrigatórios são Ensino Médio completo, além de comunicação e habilidade interpessoais excelentes. Os candidatos que também apresentarem Ensino Superior, e entre 1 ou 2 anos de experiência profissional em funções semelhantes, terão vantagem no processo seletivo, mas não são quesitos desclassificatórios.

Como integrante do departamento tributário, o profissional realizará, sob orientação, registros e conferências dos processos contábeis e fiscais; formação do custo de aquisição; tratamento tributário dos documentos fiscais em geral; análise de relatórios e demonstrativos de acompanhamento das operações fiscais; apoio nas apurações dos tributos municipais, estaduais e federais; apoio nas elaborações e entregas das obrigações acessórias; e apoio no atendimento aos clientes internos dos demais departamentos da companhia.

Todas as informações sobre a inscrição estão disponíveis neste link, ou buscando a vaga no site bracell.com/carreiras.

Sobre a MS Florestal A MS Florestal é uma empresa genuinamente sul-mato-grossense que fortalece as atividades de operação florestal do Grupo RGE no Brasil, com ênfase na silvicultura, desde o plantio do eucalipto até a manutenção da floresta. A MS Florestal é comprometida com a filosofia empresarial dos 5Cs, de que tudo o que fazemos deve ser bom para a Comunidade, para o País, o Clima e para o Cliente e só então será bom para a Companhia.

Featured Image

Suzano recebe da Cosco Shipping navio especializado para o transporte de celulose

Com capacidade para 77 mil toneladas, embarcação é a maior do mundo desta categoria

Suzano, uma das principais referências globais na fabricação de bioprodutos a partir do cultivo de eucalipto, celebra com a Cosco Shipping Specialized Carriers a entrega do “Green Santos”, nome dado ao primeiro navio projetado especificamente pela empresa chinesa para atender a Suzano. A embarcação, lançada ao mar no dia 22 de dezembro, no Porto de Dalian, na província de Liaoning, na China, possui capacidade (deadweight tonnage – DWT, na sigla em inglês) para transportar 77 mil toneladas e é o maior navio desta categoria em todo o mundo. A maior capacidade da embarcação resulta em uma menor pegada de carbono por tonelada transportada, tornando o modelo mais amigável ao meio ambiente.

A partir desse semestre, o “Green Santos” terá um papel relevante no transporte da celulose da Suzano que parte do Porto de Santos, no estado de São Paulo, para vários destinos no mundo, principalmente a China. A embarcação, integrante de uma frota de navios com porte semelhante que deve ser entregue em 2024, foi construída para atender o aumento previsto das exportações de celulose proveniente da fábrica da Suzano em construção em Ribas do Rio Pardo (MS). Conhecida como Projeto Cerrado, a unidade entrará em operação até junho de 2024 e terá sua produção escoada a partir da cidade do litoral paulista, primeiro destino do “Green Santos”.

Uma vez iniciada, a nova unidade industrial será a maior fábrica de celulose de linha única do mundo e aumentará a capacidade de produção da Suzano em mais de 20%, ou 2,55 milhões de toneladas por ano. Além disso, a unidade será autossuficiente em energia, com 100% da energia proveniente de fontes renováveis, e exportará um excedente de 180 megawatts (MW) para o sistema nacional de energia.

‘’Estamos orgulhosos de testemunhar a entrega bem-sucedida do primeiro navio desse porte e que será operado pela Suzano. Essa embarcação nos permite atender a demanda crescente por produtos sustentáveis à base de celulose no mundo todo”, diz o diretor comercial da Suzano na Ásia, Jeff Yang.

“A ampliação da parceria com a Cosco Shipping reforça o nosso compromisso com o aumento de produtividade, com a qualidade do serviço prestado aos nossos clientes e com a sustentabilidade, uma vez que os novos navios terão maior capacidade de carregamento de celulose e permitirão a otimização do fluxo marítimo em nossas operações”, complementa a diretora de Logística e Planejamento Comercial da Suzano, Silvia Krueger Pela.

Inicialmente, a Suzano e a Cosco Shipping Corporation se tornaram parceiras no transporte de celulose em 2017. Desde então, a parceria se expandiu tanto em volume quanto no escopo do serviço, à medida que o negócio da Suzano crescia na China. Em 2022, as empresas assinaram um novo contrato de longo prazo, que prevê que Cosco Shipping irá construir um lote de novas embarcações customizadas para a Suzano.

O comunicado sobre a entrega do “Green Santos” foi feito pela companhia (BOV:SUZB3) nesta quarta-feira (03/01).

Featured Image

ILPF: inúmeras vantagens, mas que exigem dedicação

O tradicionalismo, principalmente dos pecuaristas, ainda é um desafio para a implantação dos sistemas integrados nas propriedades rurais

Há mais de 30 anos, a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) tem sido objeto de pesquisas no Paraná. A adoção desse sistema – que pode combinar dois ou os três componentes – possibilita a recuperação de áreas degradadas, tanto de pastagens como de lavouras, além de proporcionar benefícios ambientais e incrementar a produtividade agropecuária, avançando sobre áreas menos produtivas.

Na região do Arenito Caiuá, no Noroeste do Estado, onde mais de 40% do território são dedicados à pecuária, a ILPF surgiu como oportunidade para aumentar a produção de grãos sobre áreas de pastagens degradadas, possibilitando o cultivo da soja em solos arenosos. É o caso do produtor Gerson Magnoni Bortoli, que possui duas propriedades sob esse sistema, uma em Perobal, com 465 hectares em Integração Lavoura Pecuária (ILP), e outra em Umuarama, com 424 hectares em Integração Pecuária Floresta (IPF), ainda em fase de testes.

Até então pecuarista, Bortoli começou a plantar a soja em 2004, com assistência técnica da cooperativa Cocamar, que, na época, havia dado início aos projetos com sistemas de integração no Arenito Caiuá. O produtor rural queria reformar as pastagens da propriedade em Perobal, adquirida em 2001. Hoje são327 hectares dedicados ao cultivo: 100% ocupados com soja no verão e, no inverno, com braquiária –ora solteira, ora consorciada com milho.

Na estação fria, Bortoli faz a transferência da maior parte do rebanho que estava em Umuarama para Perobal, para fazer o pastejo sobre as forrageiras. A média varia entre 350 e 500 animais – em Umuarama ficam apenas as vacas de cria (cerca de 200). “Quando o mercado está bom, compramos mais animais para fazer o acabamento em Perobal. Também faço semiconfinamento, se tem perspectiva boa de preço, faço a terminação no cocho. Entre final de agosto e início de setembro, tiramos o gado para dessecar o capim e plantar a soja”, explica o produtor.

Infraestrutura

Com a integração do sistema, os resultados não demoraram a aparecer. Segundo Bortoli, no primeiro ano já foi possível mensurar os benefícios. No entanto, a propriedade carecia de equipamentos e maquinários para a agricultura. Esse é um dos desafios para os produtores que estão começando no sistema de integração: investimento em infraestrutura para implantação de cada um dos componentes. Por isso, Bortoli agiu com cautela: começou terceirizando os serviços, até obter mais segurança financeira para comprar maquinário próprio. Somente após colocar toda a propriedade em ILP que investiu em máquinas novas e de primeira linha.

Outro desafio apontado pelo produtor é a falta de mão de obra qualificada. Como a região é tradicionalmente voltada para a pecuária extensiva, há poucos profissionais especializados em agricultura, principalmente em sistema de integração. “A pecuária da nossa região não exige tanta presença na lida diária. Na agricultura, o planejamento é mais rígido, pois cada hora é certeira”, avalia.

Desde 2008, quando a propriedade de Perobal atingiu a amplitude do sistema ILPF, a produtividade média está em 66 sacas de soja por hectare. Na safra de 2022/23, Bortoli colheu 88 sacas por hectare –número que impressiona, levando em consideração as condições de clima e solo do Arenito Caiuá. Na propriedade, o teor de argila no solo não passa dos 20%. “Para a nossa região não tem outra saída se não o sistema de integração”, garante o produtor.

Na pecuária, Bortoli viu a transformação nas pastagens – desde que começou com a ILP, tem pasto de sobra. Mesmo se houver geada, a braquiária resiste ou acaba rebrotando com facilidade. No inverno, o ganho de peso por animal é de 1 a 1,5 quilo por dia.

Capacitação

O tradicionalismo, principalmente dos pecuaristas, ainda é um desafio para a implantação dos sistemasintegrados nas propriedades rurais. Apesar dos exemplos práticos, muitos produtores apresentamresistência às mudanças que o sistema exige. Hoje, no Paraná, 633 mil hectares são ocupados pela ILPF,6,74% das áreas de uso agropecuário, conforme dados da Rede ILPF. Já no Brasil, são 17,4 milhões dehectares, 8,35% do total. Para reverter essa situação e ampliar o cenário, segundo especialistas, o ILPFexige planejamento e assistência técnica.

Na avaliação de Edemar Moro, professor e pesquisador na Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), ainda é preciso destravar o acesso ao conhecimento multidisciplinar para profissionais de assistência técnica, produtores e trabalhadores rurais. “Tem espaço para formar profissionais para aproximar a pesquisa do campo. É importante trazer quem tenha domínio ou proporcionar treinamento para a equipe que já está na propriedade”, afirma.

De acordo com Vanderley Porfírio-da-Silva, pesquisador da Embrapa Florestas, para que o sistema funcione plenamente, o produtor precisa “mergulhar de cabeça” em uma nova visão estratégica de manejo e de negócio e, principalmente, se capacitar. “Ele vai ter que aumentar sua capacidade de gerir tecnologia, de acordo com o grau de complexidade da integração. Para isso, é preciso capacitação técnica, e também de marketing, do ponto de vista do mercado, para vender o seu produto”, resume.

A Rede ILPF, por exemplo, divulga, por meio de uma plataforma de ensino, esses sistemas produtivos, com foco em trabalhar a transferência de tecnologia e capacitação de assistência técnica. Em parceria, outras entidades do setor também têm contribuído para levar capacitação e conhecimento aos produtores rurais paranaenses, como o Sistema FAEP/SENAR-PR e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), por meio do Programa de Capacitação em ILPF.

A iniciativa está treinando profissionais para prestar assistência técnica e fomentar a tecnologia entre os produtores rurais do Estado. O programa, que já está em campo desde março deste ano, tem duração até abril de 2024. Uma das estratégias para a formação continuada dos técnicos e instrutores é o desenvolvimento de projetos em propriedades rurais de cooperados da Cocamar para implementação das técnicas de ILPF de acordo com as demandas de cada negócio.

“Para que este conhecimento seja transferido e colocado em prática pelos produtores, treinamos nossa equipe técnica constantemente com a colaboração de diversos pesquisadores. Como alternativa para facilitar a conversão, propomos um sistema de parcerias entre o pecuarista e o produtor de grãos, o qual acelera o processo de implementação do sistema com benefícios mútuos”, destaca Emerson Nunes, gerente de ILPF na Cocamar, que atua há mais de 20 anos para alavancar mais áreas ocupadas pelo sistema.

Sistema integrado se adapta a qualquer realidade do campo

Em 2015, a Colaboradores do Brasil (Colab), organização missionária e filantrópica que desenvolve trabalhos agrícolas no Paraná, iniciou a implantação da ILP nas propriedades de Altônia e Xambrê, no Noroeste do Paraná. Juntas, elas somam 1,15 mil hectares de área cultivável. A primeira etapa envolveu o plantio da soja por meio de parcerias com agricultores da região, para recuperar as pastagens. Os produtores faziam a correção do solo e, ao término do contrato de dois anos, entregavam a área reformada.

“A estratégia barateou os custos. O pasto depois da soja passou a suportar mais gado em quatro meses de inverno do que o pasto antigo suportava o ano inteiro”, aponta Valdenir Alberto Seidel, gerente financeiro da Colab. Antes da ILP, a produtividade média do rebanho destinado à cria, com 2,6 mil cabeças, era 8 arrobas por hectare por ano. Atualmente, são cerca de 13 arrobas por hectare.

Em 2018, a Colab assumiu a gestão da agricultura em Altônia e, a partir deste ano, em Xambrê – que,além da soja, vai receber o plantio de 10 mil pés de eucalipto. Com o complemento florestal, a curto e médio prazos, o planejamento é oferecer sombra e conforto térmico para o gado e, a longo prazo, fazer a extração e comercialização da madeira, além de colaborar para questões ambientais, como o sequestro de carbono.

“A diversificação de atividades das fazendas também promove ganhos sociais, trazendo novas oportunidades de emprego e capacidade de melhoria na renda dos colaboradores”, afirma Seidel. “A princípio houve um desafio cultural, porque somos pecuaristas por natureza. Mas hoje isso está superado. A ILPF deu viabilidade para a agricultura na nossa região”, reconhece.

Além de exigir uma abordagem sistêmica de planejamento, a ILPF é adaptável a qualquer realidade do campo. Pode combinar os componentes (lavoura, gado e floresta) de diferentes maneiras, com diversas culturas e espécies animais, adequando-se às características regionais, condições climáticas, mercado local e perfil do produtor, seja pequeno, médio ou grande.

Cada propriedade exige um modelo de integração

Os sistemas de Integração Lavoura Pecuária são excelentes estratégias produtivas para o desenvolvimento sustentável, aumento da produtividade e redução de riscos financeiros, garantem especialistas. “Temos cases de sucesso na cooperativa [Cocamar] que têm conseguido vantagens como redução da sazonalidade de produção, maior rentabilidade, maior eficiência de utilização dos recursos naturais, geração de empregos diretos e indiretos no campo, e melhoria da qualidade de vida do produtor e de sua família”, destaca Nunes, da Cocamar.

O produtor José Rogério Volpato transformou suas propriedades após adotar sistemas de integração,sendo ILPF na propriedade em Presidente Castelo Branco, com 145 hectares, e ILP na outra em NovaEsperança, com 242 hectares. “Antes de trabalhar com ILPF, eu fazia somente o plantio de braquiáriasolteira no inverno para cobertura de solo e aumentar a palhada para o verão, mas não fazia pastejo.Hoje eu faço a rotação das áreas, então, a fim de comparação, onde tem pastejo, a produtividade da sojaé de 5% a 10% maior”, aponta.

O rebanho de, em média, 250 cabeças de gado, chegando a 400 no inverno, tem potencial de lotação de até quatro cabeças por hectare. Em Nova Esperança, a terminação das novilhas no pastejo resulta em ganho diário de peso de 750 gramas por animal. Na safra 2022/23, o produtor também investiu no plantio de sorgo e aveia em parte de área para ajudar na terminação. “Está provado que o sistema funciona em áreas menores. O gado veio para pagar o custo do capim e ainda dá resultado na soja”, comemora Volpato.

Na propriedade em Presidente Castelo Branco, que conta com o componente florestal há sete anos, está chegando a época do primeiro corte do eucalipto. Segundo o produtor, a expectativa para comercialização da lenha está boa. “E eu ainda continuo trabalhando com o gado na mesma lotação. O eucalipto não tirou quase nada do potencial da área”, garante.

Componente florestal ainda é desafiador

De acordo com a Rede ILPF, dentre as quatro possibilidades de configuração do sistema produtivo, a ILP é a mais adotada pelos produtores paranaenses, com 87%, seguida da ILPF, com 5%. Essa diferença expressiva está ligada ao maior nível de complexidade de manejo do complemento florestal, além do tempo para extração da madeira, de, no mínimo, sete anos.

No caso de regiões onde há indústrias do setor florestal, o produtor pode fechar contratos na época do plantio das árvores. Já onde o setor não é consolidado, a incerteza com a comercialização aumenta, sendo mais um fator limitante. Outro aspecto tem relação com a diversificação de espécies de árvores plantadas.

“Um receio, principalmente de quem trabalha com grãos, é achar que a floresta sempre vai causar prejuízos por causa do sombreamento excessivo das plantas. Por isso existe a necessidade de um acompanhamento do desenvolvimento do componente florestal. Às vezes o produtor conhece exemplos que deram errado por implantação inadequada”, aponta Marcelo Müller, engenheiro florestal e coordenador da Caravana da Rede ILPF, que difunde os sistemas ILPF, além de realizar diagnósticos regionais nas diversas regiões produtoras do país.

Durante os eventos da Caravana, é utilizada uma ferramenta de previsão de resultados que ajuda a identificar os gargalos para adoção da tecnologia ILPF no campo. Os resultados têm indicado que a transmissão de conhecimento a respeito da introdução do componente florestal para os produtores ainda é deficitária, limitando sua implantação. O tempo para retorno financeiro também aparece entre os principais gargalos.

Segundo Müller, há espaço para o componente florestal crescer no Brasil e no Paraná. Afinal, a associação de cultivos anuais com árvores ganha importância para proteção contra intempéries, principalmente ventos, que podem determinar grandes perdas na produção agrícola. É o chamado efeito quebra-ventos. Outras melhorias estão associadas ao controle da erosão, proteção de populações de inimigos naturais de pragas e manutenção da biodiversidade.

Informações: Compre Rural.

Featured Image

TJ-SP pode julgar venda da Eldorado em janeiro, mas caso está longe do fim

Disputa entre J&F e Paper Excellence segue na Justiça Federal e deve ir a tribunais superiores

Os advogados da Paper Excellence estão confiantes para o fim do julgamento sobre a venda da Eldorado Celulose na 2ª instância do Tribunal de Justiça de São Paulo neste mês. Após os desembargadores José Benedito Franco de Godói, relator do caso, e Alexandre Lazzarini votarem contra um recurso da J&F sobre o negócio, a análise foi interrompida por um pedido de vista de Eduardo Azuma Nishi. Se o magistrado acompanhar o entendimento dos dois colegas, o caso se encerra no TJ-SP. Se o voto for contrário ao do relator, outros dois desembargadores devem analisar o caso.

Mesmo que Nishi dê vitória à Paper, a novela continua na Justiça Federal e pode chegar ao STJ. O imbróglio iniciou em 2017, quando a J&F negociou a Eldorado Celulose por 15 bilhões de reais. A venda nunca foi concluída e a J&F acionou a Justiça. O julgamento no Tribunal de São Paulo é de um recurso sobre uma decisão arbitral favorável a Paper.

O capítulo mais recente da peleja foi uma nota técnica publicada, em dezembro, pelo Incra sobre a venda de terras a estrangeiros, que representa parte do negócio. O órgão afirma que, para aquisição de imóveis rurais por uma empresa estrangeira, o Congresso deve ser avisado, por meio do Incra, e autorizar a transferência das terras.

A nota diz que, em comum acordo, há possibilidade de “cancelar a aquisição e após permanecendo o interesse, solicitar previamente ao Incra e demais órgãos competentes a autorização”. Para a defesa da Paper Excellence, nesse trecho, os técnicos reconhecem a validade do contrato.

A manifestação do Incra, porém, foi interpretada de outra forma pela J&F e deu brecha a uma troca de notas públicas espinhosas entre as empresas nesta semana.

“Em razão da conclusão técnica do Incra de que o contrato de venda da Eldorado não poderia ter sido firmado, e considerando que a AGU já afirmou em três pareceres que ‘a consequência é a nulidade de pleno direito’, a J&F aguarda a concordância da Paper Excellence para o desfazimento amigável e voluntário do negócio, como recomendado pela autarquia, com a devolução do valor já pago, evitando assim prejuízos ainda mais graves às operações da Eldorado”, escreveu a J&F.

“A nota emitida pela J&F Investimentos é mentirosa”, respondeu a Paper Excellence. “Não há qualquer manifestação da AGU, do MPF ou mesmo do INCRA declarando a nulidade do contrato de compra e venda de ações da Eldorado, até porque nenhum destes órgãos sequer possui competência para tanto (…) o que há são manifestações e orientações no âmbito de processos administrativos e judiciais em fase inicial e que referem-se exclusivamente à eventual aquisição de direitos sobre terras rurais o que, ainda que fosse ocorrer, somente se concretizaria mediante a transferência do controle acionário da empresa, que é justamente o que a J&F despudoramente – após sucessivas derrotas – procura fazer por vias indiretas e interpostas”, seguiu. Ainda que a etapa da disputa no TJ-SP seja superada, o imbróglio segue no TRF4. O desembargador Rogério Favreto suspendeu, por liminar, a aquisição

da Eldorado por conta do entrave que envolve as autorizações do Incra e do Congresso para a aquisição de terras pela Paper Excellence. A defesa da empresa nutre a esperança de que a suspensão seja revertida já em fevereiro, mas os advogados da J&F devem recorrer ao STJ. A guerra nos tribunais ainda vai longe.

Informações: Veja.

Featured Image

Papel: vilão ou exemplo de sustentabilidade?

Artigo de Luiz Alberto Melchert de Carvalho e Silva.

Há quem correlacione a produção de celulose e papel com o desmatamento da Amazônia, o que requer alguns esclarecimentos, haja vista que se trata de um assunto específico, longe de ser um conhecimento popular.

Quem tem mais de cinquenta anos, durante sua infância, ouviu pessoas a pé puxando carroças e gritando: “Olha o garrafeiro!,Olha o jornal!” Isso está fartamente descrito no livro “Quarto de Despejo, diário de uma favelada” de Carolina de Jesus. Naquele tempo, o papel para imprimir e escrever, como era classificado para fins de comércio exterior, era todo importado, sendo os jornais os maiores importadores. Assim, o comércio de papel reciclado tinha uma participação significativa no mercado.

Na verdade, até o século XIX, o papel era feito de trapos esgarçados e comprimidos depois de cozidos. Quanto mais ensebado o trapo, melhor seria o papel resultante. Os comerciantes de trapos eram chamados de trapistas. Foi nos Estados Unidos que se descobriu que a soda cáustica era capaz de digerir a lignina, mantendo a celulose, daí as primeiras fábricas de papel em larga escala. O processo começa com a decifragem dos troncos transformando-os numa massa, conhecida como pasta mecânica. Em seguida, essa pasta vai para os tanques de digestão, onde a lignina é atacada pela soda cáustica, até sobrar somente a celulose. É então que começa o processo de fabricação de papel. A massa é misturada a branqueadores químicos e ao caulim como alvejante. Finalmente, começa o processo de laminação, quando as trefiladoras comprimem a massa, expondo a água, que é separada por lâminas extremamente afiadas, deixando o papel quase seco para passar pela estufa e ser enrolado em bobinas. Claro  que essa foi uma explicação extremamente simplificada, haja vista que o papel pode ter inúmeros tipos de acabamento e texturas diversas conforme o uso.

Não é preciso ser muito versado em processos industriais para perceber que não é qualquer tipo de árvores que se presta à transformação em celulose e papel em escala. É preciso que o tronco seja o mais cilíndrico possível, o que descarta 99% das espécies. Em segundo lugar, é preciso que tenha crescimento rápido para reduzir custos. Em terceiro lugar, deve ter madeira macia para facilitar a desfibragem. Os dois últimos motivos descartam toda a madeira nobre porque ela demora para crescer e é muito dura e pesada, não se prestando ao maquinário. Aliás, as canaleta por onde correm os troncos têm tamanho fixo, o que requer padronização. Espera-se que o tronco tenha 40 cm de diâmetro para a colheita.

As coníferas como eucalipto e pinheiros são as espécies mais usadas porque seu fuste é reto, nunca se bifurca e crescem muito rapidamente, tornando sua madeira leve. Além disso, as florestas destinadas à produção de celulose estão sujeitas à poda de condução, cuja finalidade é homogeneizar o bosque. Os galhos resultantes da poda, também conhecidos como ponteiros, são destinados à produção de carvão ou lenha para padarias.

A rigor, qualquer fibra vegetal pode virar papel, até calças jeans velhas. Assim, existem fábricas especializadas na fabricação de celulose de cana, seja do bagaço, seja da palhada restante da colheita mecanizada. A sazonalidade faz com que elas percam em volume para a madeira que pode ser armazenada para que as fábricas funcionem o ano inteiro incessantemente. Independentemente do método, a lignina é queimada e transformada em energia elétrica, cujo excedente pode ser vendido à rede pública, e o vapor restante usado no processo produtivo. Isso permite que a soda seja reutilizada, evitando seu descarte nos cursos d’água.

Todas as exigências eliminam a possibilidade de haver qualquer correlação entre a produção de celulose e o desmatamento da Amazônia. Toda a produção desse item se dá no sudeste com plantio controlado, ocupando áreas anteriormente de pasto ou lavoura de cana cuja inclinação não permite a obrigatória colheita mecanizada. Não é à toa que o florestamento é crescente em São Paulo e Mato grosso do Sul. Ademais, o Canadá e várias regiões dos Estados Unidos vivem da exploração racional das florestas de coníferas, por que não nós?

Para quem se interessar, convido a ler o artigo homônimo a este, de autoria de Júlia Fraga, então minha orientanda. Ele está disponível em https://revistas.brazcubas.br/index.php/dialogos/article/view/22/31.

Luiz Alberto Melchert de Carvalho e Silva é economista, estudou mestrado na PUC-SP, é pós-graduado em Economia Internacional pela Columbia University (NY) e doutor em História Econômica pela USP. No terceiro setor, sendo o mais antigo usuário vivo de cão-guia, foi o autor da primeira lei de livre acesso do Brasil (lei municipal de São Paulo 12492/1997), tem grande protagonismo na defesa dos direitos da pessoa com deficiência, sendo o presidente do Instituto Meus Olhos Têm Quatro Patas (MO4P). Nos esportes, foi, por mais de 20 anos, o único cavaleiro cego federado no mundo, o que o levou a representar o Brasil nos Emirados Árabes Unidos, a convite de seu presidente Khalifa bin Zayed al Nahyan, por 2 vezes.

Informações: Jornal GGN.

Imagem: Divulgação Tomgraf.

Anúncios aleatórios

+55 67 99227-8719
contato@maisfloresta.com.br

Copyright 2023 - Mais Floresta © Todos os direitos Reservados
Desenvolvimento: Agência W3S