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Cientistas buscam par para “planta mais solitária do mundo”

Apenas uma vez, em 1895, foi encontrado um macho desta espécie — os cientistas estão agora à procura de uma fêmea que possa salvá-la da extinção

Ela é conhecida como a planta mais solitária do mundo, uma espécie que está entre as mais ameaçadas do planeta, da qual restam apenas exemplares machos.

Com a ajuda da inteligência artificial (IA), os cientistas deram início a uma busca para encontrar uma companheira para ela.

Um projeto de pesquisa liderado pela Universidade de Southampton, na Inglaterra, está vasculhando milhares de hectares de floresta na África do Sul, o único lugar onde a Encepahalartos woodii (E. woodii) já foi encontrada.

Encephalartos woodii está, na verdade, quase completamente extinta. Há apenas clones machos do único exemplar selvagem conhecido preservados, já que sua reprodução natural é impossível.

Esta espécie já existia antes de os dinossauros caminharem pela Terra, mas hoje está em perigo — e é considerada um dos organismos mais ameaçados do planeta.

Laura Ciniti, pesquisadora da Universidade de Southampton, está liderando um projeto que usa drones e inteligência artificial para encontrar fêmeas de E. woodii.

“A história da E. woodii me inspirou muito; parece um daqueles contos clássicos de amor não correspondido”, afirma.

“Tenho esperança de que haja uma fêmea em algum lugar por aí; afinal de contas, deve ter havido uma em algum momento. Seria incrível recuperar esta planta tão próxima da extinção por meio da reprodução natural.”

O único exemplar conhecido da espécie foi encontrado em 1895 na Floresta de oNgoye, perto da costa leste da África do Sul.

Era um macho, e nunca mais outro exemplar foi encontrado. Por isso, todos os exemplares de E. woodii que existem hoje são clones, também machos, deste único exemplar selvagem conhecido.

Os drones tiram fotografias aéreas da floresta, que depois são analisadas por ferramentas de inteligência artificial em busca da planta. Por enquanto, eles cobriram menos de 2% dos quase 4,1 mil hectares de floresta.

“Usamos um algoritmo de reconhecimento de imagens para identificar as plantas pela sua forma. Geramos imagens de plantas, e as colocamos em diferentes cenários ecológicos para ensinar o modelo a reconhecê-las”, explica Cinti.

Esta floresta nunca havia sido totalmente explorada para determinar se a tão cobiçada fêmea da planta existe.

Os especialistas do Royal Botanic Gardens de Kew, o jardim botânico de Londres, ainda cultivam e propagam a espécie. Os visitantes podem contemplar a planta lá.

Informações: Correio Braziliense.

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Em defesa do reflorestamento

Ex-presidente do Capes, Claudio de Moura Castro lança livro em que reflete sobre a importância das florestas brasileiras para evitar a desertificação no país

Reflorestamento requer inteligência, cuidado e pesquisa para eficiência. É o que acredita Claudio de Moura Castro, pesquisador, economista e ativista do meio ambiente em tempo integral. Aos 85 anos, Castro se mantém ativo como crítico e observador das políticas públicas que pesam sobre as florestas, rios e a biodiversidade brasileira. Ele lança “O mutirão das árvores: queremos sombra e água fresca”, síntese de anos de estudos e pesquisa de campo nos assuntos.

Ex-presidente do Capes, Castro construiu uma sólida trajetória acadêmica nos EUA nas décadas de 1960 e 1970, tendo passado pelas universidades de Yale e Vanderbilt, onde fez mestrado e doutorado, respectivamente. No país, teve contato com a primeira grande onda ecológica e com o movimento hippie, trazendo ao Brasil, anos mais tarde, o conceito de sustentabilidade – até então malvisto em nosso país. Em entrevista exclusiva ao ((o))eco, Castro analisa a política de reflorestamento, a questão do manejo das águas, a agricultura brasileira e como ecologia e cultura precisam estar alinhadas para impedir que parte do território brasileiro se torne um deserto.

Claudio de Moura Castro no lançamento do seu novo livro, o Mutirão das Árvores. Foto: Rodrigo Valente © BEĨ Editora.

Uma das questões centrais que o senhor traz no livro é: não basta plantar árvores de maneira indiscriminada, é preciso saber plantar. Conhecer biomas, espécies e a terra de cada região que se vai realizar um plantio. O senhor dá o exemplo da fazenda do fotógrafo Sebastião Salgado, um projeto de sucesso em matéria de reflorestamento. É possível reflorestar o país seguindo o exemplo de Salgado? Qual caminho o senhor considera o mais viável? 

Partamos da hipótese bastante realista de que qualquer reflorestamento em área degradada deixa um balanço positivo. Mas há, necessariamente, vários caminhos. Se bem trilhados, são complementares. A Fazenda de Sebastião Salgado é uma solução purista: recriar o bioma original. Poucos conseguirão uma reprodução tão perfeita do que era, pois os estudos e as ações requeridas são demoradas e caras. Mas mesmo um reflorestamento meio improvisado é bem melhor do que nada. Além disso, reflorestamento com algo parecido à cobertura original não é lucrativo. E podemos imaginar que a combinação do lucro com o ganho ambiental pode alavancar um gigantesco soerguimento das nossas matas. Isso significa monoculturas, multiculturas com poucas espécies, consorciamento e alternativas que se revelaram lucrativas. Ou seja, estamos falando de muitas soluções em paralelo.

O senhor faz uma síntese de uma pesquisa muito interessante do Imperial College, de Londres, assinada por Ana Rodrigues, que diz: “Onde o meio ambiente fracassa, aí estão os bolsões da pobreza”. Como esta frase se encaixa no Brasil de hoje? 

Observou-se que os lugares desmatados nas últimas décadas são pobres. Há evidência suficientemente persuasiva demonstrando que, nos lugares onde houve desmatamento, isso pode haver criado um surto momentâneo de prosperidade. Mas não dura, o que fica é uma pobreza ainda maior e persistente.

O brasileiro leva a sério a questão ecológica? A ecologia está arraigada nos valores básicos do cidadão médio? 

Como não existe uma escala de medida de “consciência ecológica”, não podemos senão fazer algumas comparações. Quando vi o céu do vale do Ruhr, totalmente coberto da fumaça das fábricas, fiquei admirado: isso é que é progresso! Nenhum jovem hoje pensaria assim. Tínhamos legislação que premiava o desmatamento. Não temos mais. Obviamente, os jovens estão muito mais alertas para os pecados ambientais. No todo, não estamos tão mal assim. Porém, quando pensamos que leis draconianas de reflorestamento na Suíça vem do século XIX, há que se admitir, estamos longe de um nível adequado de percepção e seriedade no lidar com o meio ambiente

Nos últimos 20 anos, pelo que me lembro, a reciclagem, antes um assunto periférico, virou um tema amplamente discutido. O senhor traz isso no livro. Mas hoje o Brasil vive uma outra tragédia sanitária: a questão da ineficiência do tratamento de esgoto. Como tornar esta pauta tão importante quanto a reciclagem? 

Reciclagem é um processo barato e visível. É um trabalho para todos darem a sua pequena contribuição e ficarem felizes com isso. Pegou, virou símbolo de bom comportamento ecológico. Esgoto é caro e invisível. Por longo tempo, penamos com uma legislação inadequada. E a equação política é fatal: Entre construir um estádio e tratar o esgoto, qual dá mais votos de um eleitorado pouco educado? De fato, o cidadão comum desconhece as consequências nefastas de esgoto não tratado. E ainda menos os pobres que são os principais prejudicados.

No livro, o senhor faz menção à crise do petróleo, nos anos 1970, e afirma que a crise hoje é hídrica. Como chegamos a este ponto? 

Quando os gregos clássicos viajaram para a Mesopotâmia, ficaram impressionados com a quantidade e variedade de alimentos. Ou seja, era uma região de extraordinária fertilidade. Hoje, é quase um deserto. Muitos dos desertos que conhecemos eram férteis no passado. Regiões como o Oriente Médio foram progressivamente se desertificando, pelos maus tratos com florestas e águas. E, em muitos lugares, não paramos ainda de devastar florestas. Opta-se pelos benefícios de curto prazo. Dá-se as costas à saúde do meio ambiente no longo e médio prazo. As projeções dos cientistas são muito pessimistas. Diante do quadro que veem, concluem que haverá uma dramática falta de água nos próximos anos. O contra exemplo é a Europa, que soube preservar suas florestas. Nesse particular, a América do Norte pecou, porém menos do que em outras regiões.

O senhor nos conta, logo no início do livro, sobre como os ciclos de chuva na Amazônia impactam todo o Brasil. Classifica esses ciclos como viciosos e virtuosos. Poderia explicar esses conceitos e, tendo em vista a recente tragédia no Rio Grande do Sul, seria correto afirmar que a região sucumbiu a um ciclo vicioso? 

O ciclo da água refere-se às consequências de haver ou não cobertura vegetal onde cai a chuva. É um processo estável e previsível. Se, por descuido ou irresponsabilidade, cuidamos mal das florestas, a atmosfera aquece mais e desaparece a água à nossa disposição. O que aconteceu no Rio Grande do Sul é algo diferente. É o resultado do aquecimento global e de uma travessura imprevisível do El Nino. Mas na cadeia de causação, essas enchentes podem haver sido o resultado de cuidar mal da água e do excesso de gás carbônico na atmosfera.

O senhor escreve que os mais pobres de países africanos pagam mais pela água que consomem em relação aos ingleses. Como a distribuição de água e a tributação responsável podem sanar dilemas sociais e humanitários? 

A diferença do preço da água não é uma malvadeza de alguém, mas o resultado da existência de muita ou pouca água na região. Da África ao Sul do Saara, o clima é desértico e a água é inevitavelmente cara. Na Inglaterra, chove quase todos os dias. Isso até pode ser desagradável, mas torna a água mais barata. Falta dizer que as florestas inglesas são hoje muito bem cuidadas e muitas das africanas desapareceram. Novamente, floresta e água estão intimamente imbricadas.

No livro, o senhor traz exemplos de agricultura produtiva e agricultura responsável, qual é a diferença entre as duas? 

Se quisermos ser logicamente rigorosos, uma agricultura produtiva é aquela que gera resultados abundantes. Mas nada fica dito sobre a saúde do meio ambiente onde ela ocorre. No caso da responsável, queremos dizer que não lesa o meio ambiente. Ou seja, permite que o futuro não seja comprometido por consequências negativas do que fazemos hoje.

Hoje, no Brasil, a agricultura e a indústria utilizam 90% da água distribuída. Por quê? Isso é falta de modernização? 

Sempre foi mais ou menos assim. Resulta da natureza dos processos produtivos. Só que com a escassez de água, é preciso economizar. Algo é possível nas cidades, mas nem tanto assim. Já no campo e nas fábricas, é possível alterar os processos produtivos e gastar muito menos água. Dois exemplos: cada vez mais, as fábricas estão reciclando suas águas servidas. Na agricultura, aspergir água sobre as culturas gera muito mais desperdício do que os sistemas subterrâneos de gotejamento.

Vazamentos de água potável, pastos e florestas devastadas, ojeriza a discursos em favor do meio ambiente, precarização do trabalho, estes são alguns fatores que pesam na conta do Brasil e do Agro. No livro, o senhor faz um diagnóstico do nosso sistema, como resolver estes gargalos?

Antes de tudo, se é verdade que há hoje muito mais consciência ecológica, ainda falta muito para chegarmos a um nível satisfatório – com em vários países europeus. Se o povo não liga, prevalecem os interesses privados de alguns poucos beneficiários de práticas e políticas perniciosas. Sem uma oposição séria e bem organizada, o bem-estar do meio ambiente irá quase sempre perder para os lobbies e militâncias de quem ganha no curto prazo. Tais derrapagens acontecem pela via de leis permissivas e de controles fracos. Quando tais comportamentos se tornarem politicamente inaceitáveis, as mudanças virão.

O sequestro de carbono pelas florestas resolveria o problema? Por que não há uma política séria de preservar – que é muito mais barato – do que reflorestar?

Já não vivemos mais os dias de liberdade para depredar ou até de estímulos fiscais para isso. Atualmente, o marco legal é bastante satisfatório e há punições para os recalcitrantes. Porém, em um país do tamanho do nosso, fazer funcionar essa máquina de monitoramento e de punições legais não é nada fácil. Agrava-se a situação quando alguns governos fazem vistas grossas. No Centro-Sul, as leis são cumpridas, até com exagero. Mas o país é grande. E nas regiões em que há mais desmatamento ilegal, o acesso é precário. O lado positivo é que, de meio século para cá, o ritmo de desmatamento vem caindo de forma bem impressionante – apesar de algumas recaídas.

Informações: O Eco.

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Queimadas no Pantanal crescem 898% neste ano e bioma já acumula maior número desde 2020, aponta análise da WWF-Brasil

Organização alerta que temporada de seca ainda está em seu início, uma vez que os incêndios se concentram entre os meses de agosto e outubro, com pico em setembro

O clima é de alerta no Pantanal. Com chuvas abaixo das médias históricas desde o ano passado e a seca extrema impulsionada pelo El Niño, o bioma registrou neste ano um aumento de 898% no número de queimadas em comparação com o mesmo período de 2023. É o que aponta uma análise da ONG WWF-Brasil baseada em dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Com 880 focos de queimada, o valor acumulado nos primeiros cinco meses de 2024 é o segundo maior dos registros nos últimos 15 anos, ficando atrás somente de 2020, quando foram reportados 2.128 casos.

O cenário de seca severa no bioma preocupa ambientalistas que ressaltam a possibilidade de aumento do número de incêndios de grande escala, comparáveis aos que devastaram 30% da área natural do bioma há quatro anos. No mês passado, foram registrados 246 focos de queimadas no Pantanal, contra 33 em maio de 2023. O material destaca que a preocupação se dá pelo fato de a temporada de seca ainda estar em seu início, uma vez que os incêndios no bioma se concentram entre os meses de agosto e outubro, com pico em setembro.

— Em 2020, tivemos aquele fogo catastrófico e as análises atuais mostram que os números estão muito parecidos com o que tínhamos naquele ano — alerta Cyntia Santos, analista de conservação da WWF.

Santos diz ser preciso atuar rapidamente, reforçando as brigadas e contando com o apoio das comunidades locais, para “evitar uma catástrofe”. A pesquisadora aponta que a falta de chuvas, a pouca quantidade de água no território e o acúmulo de matéria orgânica seca são características do solo pantaneiro que propiciam queimadas.

A análise indica que as chuvas escassas e irregulares nos primeiros meses do ano foram insuficientes para transbordar rios e conectar lagos e o Rio Paraná, o principal do bioma.

Os dados do Inpe apontam também o crescimento do número de focos de queimada em outros biomas brasileiros. Na Amazônia, foram registrados 10.647 casos nos cinco primeiros meses deste ano, um aumento de 107% em relação ao mesmo período no ano passado (5.103). O valor é 131% superior à média dos três anos anteriores (4.580).

Já no Cerrado, foram registrados 8.012 focos de queimadas nos cinco primeiros meses do ano, um aumento de 37% em comparação com o mesmo período do ano passado (5.850) e 35% superior à média dos três anos anteriores (5.956).

Especialista em conservação do WWF-Brasil, Daniel Silva ressalta a importância de políticas públicas de preservação de todos os biomas para o combate dos efeitos das mudanças climáticas.

— Os biomas são interdependentes quando se trata das consequências da crise climática. Assim, a conversão e o desmatamento do Cerrado geram desequilíbrios para a Amazônia e o Pantanal, afeta a disponibilidade hídrica em outros ecossistemas e contribui até tempestades como as que afetaram o Rio Grande do Sul no mês passado — aponta Silva.

Informações: O Globo.

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Bambu tem potencial inexplorado para agricultura familiar e indústria no Brasil

Perene, de rápido crescimento (algumas espécies crescem até 20 centímetros por dia) e fácil regeneração, o bambu pode produzir por mais de 30 anos, sem a necessidade de replantio

Com uma história que se estende por mais de 200 milhões de anos e cerca de 1.300 espécies identificadas, o bambu compõe 3% das florestas globais. Apesar da vasta diversidade e da longa trajetória, esta fibra ainda não alcançou seu pleno potencial no setor industrial, segundo aponta a International Network for Bamboo and Rattan (Inbar), uma organização não governamental que se dedica ao estudo do bambu.

A diversidade do bambu permite a utilização do material em diversas construções, substituindo a madeira e tornando a obra mais barata e sustentável. A Estação de Pesquisa em Agroecologia do IDR-Paraná, em Pinhais, conta com várias bioconstruções em bambu como estufas para hortaliças, galinheiro, pocilga para suínos, curral para bezerros, barracas de feira e exposição, além de estruturas, suportes e mesas de bambu.

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Nailton de Lima, professor especialista em bambu e auxiliar técnico do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), afirma que a “bambuzeria” da estação funciona como uma vitrine, na qual o agricultor tem a oportunidade de conhecer tudo que pode ser feito com o bambu.

“Eu estou sempre falando que você pode estar dentro de uma casa de bambu, sentado em uma cadeira de bambu, andando de bicicleta de bambu e comendo broto de bambu. Então, é um leque enorme de possibilidades com o bambu”, comenta.  

Segundo Juliana Cortez, presidente da Associação Brasileira do Bambu (BambuBR), fóruns, leis estaduais, parcerias com empresas privadas, órgãos do governo e instituições internacionais são ações que acompanham o bambu no Brasil. “A demonstração do potencial desta planta não só para essas organizações, mas também para a sociedade é uma responsabilidade e tarefa de todos os envolvidos neste segmento”, explica Juliana.

O caráter renovável e os usos múltiplos fazem do bambu uma excelente alternativa de produção para agricultores familiares e uma opção de negócio sustentável para o país, com benefícios econômicos, sociais e ambientais. De acordo com Juliana a parceria com indústrias do segmento pode gerar a busca por matéria prima em abundância, consequentemente havendo necessidade por criação de novas áreas plantadas. “Desta forma, o bambu poderá integrar parte das propriedades dos produtores já estabelecidos na região, contribuindo para aumento de renda e melhoria na qualidade de vida. Com a demanda por matéria prima em escala, naturalmente o tipo de operação deve passar por melhoria de processos, visando melhores resultados na segurança, qualidade dos produtos e eficiência na produção”, esclarece.

Produção agrícola

Perene, de rápido crescimento (algumas espécies crescem até 20 centímetros por dia) e fácil regeneração, o bambu pode produzir por mais de 30 anos, sem a necessidade de replantio. Para o professor Nailton o que impede que mais agricultores trabalhem com o bambu é a falta de compreensão. “Além de não conhecerem sobre o bambu também perderam os conhecimentos dos ancestrais na agricultura, como por exemplo saber quando um bambu está maduro, qual a melhor lua para colheita, identificar a melhor espécie para cada uso, entre outros pontos”, afirma Nailton.

Nailton esclarece, ainda, que a extração regular, com base em orientações técnicas, ajuda a planejar a produção, facilita a colheita e permite o surgimento de novas plantas, aspecto que garante a manutenção do bambuzal e sustentabilidade à atividade. “O bambu é um bom sequestrador de carbono e isso contribui para o rápido crescimento. Com uma adubação e manejo corretos é possível acelerar o crescimento dele contribuindo para o agricultor ter mais matéria prima. Aqui as espécies mais comuns são o bambu verde, tuldoides, cana da índia usado na modelaria e artesanato”.

O produtor Fabio Remuszka, de Campina Grande do Sul, o maior desafio é a mão de obra, além do conhecimento. “Sempre que vamos vender ou trabalhar com o bambu, antes temos que dar uma aula, fazer uma ‘pré-educação’ do que é possível fazer com o bambu.

Fábio, que é arquiteto e já trambalhava com bambu, fechou parceria com uma propriedade para produção e colheita. Ele reforça que o bambu tem um grande mercado, mas ficamos atrás da China que é o grande produtor do mundo.

“O brasil está engatinhando ainda. É um mercado que cresce devagar, a passos lentos, falta união dos produtores e conhecimento do mercado. É como o ferro. Você pode ter até mina de ferro, mas não adianta ter a mina se você não tem os produtos a serem criados a partir do ferro. Você fica só com a matéria prima”.

Informações: Canal Rural.
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Projeto de reflorestamento da Heineken com a SOS Mata Atlântica aumenta em 20% volume de água em Itu

Parceria da produtora de bebidas com a Fundação SOS Mata Atlântica replantou 7 milhões de mudas na cidade pautlista; melhorias nas nascentes e na biodiversidade já são percebidas

Desde 2007, o Grupo Heineken e a Fundação SOS Mata Atlântica contam com uma parceria para restaurar o bioma na cidade de Itu, no interior de São Paulo. Em uma fazenda cedida pela fabricante de bebidas foram replantadas 7 milhões de mudas de espécies nativas da região, processo que tem beneficiado a população, os animais e até mesmo a oferta de água.

Chamada de Centro de Experimentos Florestais, a área de 526 hectares já foi utilizada no passado para a produção de café e a criação de gado. Desde 2022, após ter sido “emprestado” para a Fundação SOS Mata Atlântica, o local abriga a sede da ONG que luta pela conservação do ecossistema. Do total, 386 hectares da região já foram reflorestados.

A área conta com um viveiro com a capacidade de cultivar até 700 mil mudas de 110 espécies nativas do bioma por ano. Pontos turísticos também são incluídos no passeio, com o intuito de permitir que o visitante conheça a Mata Atlântica em diferentes estágios de preservação e recuperação. Entre esses pontos, estão a Trilha do Jequitibá, caminho com 600 m de extensão, além de um jardim sensorial.

De acordo com a diretora de sustentabilidade do Grupo Heineken, Ligia Camargo, a região escolhida reúne diversos fatores, incluindo a proximidade com a fábrica da Heineken na cidade. “Além disso, a cidade sofre uma preocupação constante com a disponibilidade hídrica, tema que é tão caro para a estratégia global da Heineken”, conta.

A estratégia de reflorestamento ajudou nas nascentes da região. O Centro de Experimentos Florestais contava com 17 nascentes 2007. Após os anos de trabalho com plantio das mudas, o número de nascentes aumentou para 19. A área também vivenciou um aumento no volume de água disponível: a alta foi de 5% na água superficial e de 20% na água subterrânea.

Essa maior disponibilidade hídrica favoreceu a cidade de Itu — que sofre historicamente com crises hídricas — durante um dos mais longos períodos de racionamento de água que a cidade enfrentou, em 2014. Foram 11 meses de desabastecimento.

Reverter crises hídricas é uma das prioridades da Heineken, aponta Camargo. A empresa tem uma meta de devolver ao meio ambiente 1,5 vez o volume de água que é utilizado nas cervejarias localizadas em cidades com crise hídrica até 2030. No Brasil, a estratégia se aplica para Itu e Pacatuba (CE).

A companhia também instituiu uma meta de redução no consumo hídrico: até 2030, irá reduzir a 260 litros de água utilizados para produzir 100 litros de cerveja nas cidades em estresse hídrico. Já nas regiões sem crises hídricas, o objetivo é alcançar 290 litros de água para produzir 100 litros de cerveja até 2025.

Efeitos (positivos) na biodiversidade

Os benefícios do plantio das mudas incluem até mesmo a biodiversidade da região: um estudo realizado pela empresa em parceria com a Universidade de São Carlos identificou a presença de 208 espécies de aves na antiga fazenda. O Centro abriga duas espécies ameaçadas de extinção, além de seis consideradas como “quase ameaçadas de extinção” e 13 espécies endêmicas, ou seja, que são encontradas apenas na Mata Atlântica.

Outra pesquisa, dessa vez a Escola Superior de Agricultura da USP, monitorou a região por três anos e identificou 20 espécies de mamíferos de médio e grande porte, desde lontras a onças-pardas. Delas, seis tem algum grau de ameaça de extinção.

Os dois estudos chegaram à conclusão de que o alto número de espécies aponta que o local se tornou um refúgio para os animais da região, seja pela passagem até seus habitats ou como uma moradia com recursos disponíveis. De acordo com Camargo, o estudo comprova que a restauração é importante para que a biodiversidade se mantenha no bioma, que é considerado como uma área crítica para a extinção de espécies de plantas e animais.

“O trabalho de reflorestamento comprova que a manutenção da vida é potente no sentido de multiplicar as espécies presentes, de aproximar novas espécies e garantir a biodiversidade. Além disso, também há melhora do microclima, o que ajuda a garantir uma reprodução mais apropriada para os animais”, explica Camargo.

Educação ambiental

O Centro de Experimentos Florestais também recebe visitas educativas de escolas. Segundo a diretora, o objetivo é conscientizar desde a infância sobre a importância de preservar o bioma. “Essa parceria com a SOS Mata Atlântica busca amplificar os desafios e complexidades do bioma para toda a sociedade. Acredito que só com a educação conseguimos a preservação contínua, e levar isso para as comunidades escolares é valorizar a iniciativa como um espaço educativo”, conta.

As visitas educativas acontecem desde 2010 e já tiveram a participação de quase 50 mil alunos de 218 escolas. A formação dos professores também é uma das tarefas: eles foram 2700 dos visitantes, além de participarem da formação Mata Atlântica vai à Escola, que aplica formações socioambientais aos educadores. Quase 200 pessoas já passaram pela capacitação.

De acordo com Ligia, a gestão ambiental leva em conta a resiliência do próprio negócio em um planeta com cada vez menos disponibilidade de recursos. “O Grupo Heineken busca conectar pessoas e iniciativas para disseminar mais informações sobre sustentabilidade. Até porque lá na frente, sem essas ações, não vai ter nem água nem meio ambiente para garantir a continuação do negócio”.

Informações: Exame.

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