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Cerrado se aproxima de 11 mil focos de queimadas no ano, sendo 52% no Matopiba

Região formada pelos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia coloca pressão sobre o bioma, que tem papel importante para biodiversidade e ciclos de chuva

Desde o início de 2024, o Cerrado já teve registrados 10.647 focos de queimadas, um aumento de 31% em comparação ao mesmo período no ano passado, segundo levantamento divulgado pelo WWF-Brasil nesta segunda-feira (17) a partir de dados do Inpe (instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Em 2023, entre 1º de janeiro e 17 de junho, houve 8.157 focos.

Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, os quatro estados que formam a região conhecida como Matopiba, concentraram 52,3% das queimadas detectadas no bioma.

O Tocantins teve aumento de 48% em comparação ao mesmo período em 2023, atingido por 2.707 focos de queimadas desde o início do ano. Contudo, os quatro estados do Matopiba tiveram aumento do número de focos de incêndios no Cerrado em comparação às médias do mesmo período nos quatro anos anteriores: +47% no Maranhão (1.615 focos), +57% no Tocantins (2.707 focos), +43% no Piauí (483 focos) e +16% na Bahia (771 focos), aponta o comunicado.

De acordo com Bianca Nakamato, especialista de conservação do WWF-Brasil, as queimadas no Matopiba estão associadas ao desmatamento para a expansão agrícola. A especialista explica que o fogo funciona como uma etapa de “limpeza” da área que foi desmatada, antes da futura plantação, geralmente pasto ou soja.

Em condições de seca, o processo pode facilmente sair do controle, alerta Ane Alencar, diretora de ciências do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). “Pantanal e Cerrado são exemplos importantes de como o uso do fogo no manejo de vegetação nativa tem que ser bem aplicado. Essa questão de conhecimento das condições climáticas é fundamental para que seja feita a decisão de quando queimar, pois realmente pode ficar inviável combater esse fogo.”

Para Daniel Silva, especialista em conservação do WWF-Brasil, é preciso fortalecer ferramentas de proteção. “Os mais diretamente atingidos são os povos tradicionais do bioma e os agricultores que precisam de ciclos de chuva, mas também há graves impactos para os grandes centros urbanos que se beneficiam com os serviços dos ecossistemas protegidos, como a regularidade da chuva que enche os grandes reservatórios urbanos.”

Pela primeira vez nas últimas décadas, o Cerrado teve, em 2023, uma área desmatada superior à da Amazônia. Segundo o SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa), as atividades humanas no bioma emitem hoje entre 400 milhões e 500 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera por ano. O valor é essencialmente o mesmo de três décadas atrás, a diferença é que, nos últimos anos, a produção agrícola tem gerado mais gases de efeito estufa do que o desmatamento em si, afirmam pesquisadores.

Nakamato alerta que essa dinâmica aumenta o aquecimento do planeta, além de causar perda de habitat, morte de animais e afetar a qualidade do solo, a produção das águas e até mesmo o ciclo de chuvas que depende do bioma amazônico, mas também do Cerrado.

“Essas violações ambientais e de direitos humanos seriam coibidas se houvesse um sistema de proteção e rastreabilidade eficaz nessas áreas do Matopiba. Já existem ferramentas capazes de monitorar a origem de produtos de áreas desmatadas, no entanto, é preciso aperfeiçoar os controles de rastreabilidade e monitoramento de forma a atender as demandas dos mercados internos e externos”, afirmou.

Informações: Um Só Planeta.

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REDD, PSA e a oportunidade do Brasil com carbono nas florestas

O mundo reconhece que uma das mais significativas contribuições que o Brasil pode dar no contexto das mudanças climáticas é a manutenção de suas florestas. Assim como sua ampliação

Temos, no Brasil, as maiores reservas do mundo de carbono estocado distribuídas por nossas florestas e seus solos – em todos os biomas. Para contribuir com a manutenção desse estoque, fundamental para todo o planeta, contamos com uma legislação diferenciada, que determina que o proprietário rural deve manter parte do território conservado (de 20% a 80%, a depender do bioma), além de criar diversos outros tipos de reservas florestais públicas e privadas.

Manter os territórios com florestas exige muito trabalho e, consequentemente, gera custos. Não somente para defender a área de possíveis atos ilícitos, como grilagem e corte ilegal de madeira. Mas também para gerenciar os efeitos das emergências climáticas e seus eventos extremos – que causam cada vez mais incêndios, chuvas torrenciais que ocasionam deslizamentos – ou o fator mais dramático e que, ano a ano, vai se ampliando: os processos de desertificação e de savanização.

Recentes notícias mostram que parte significativa de nossa Caatinga está se transformando em área árida (deserto!) e outras notícias mostram que a Amazônia está se transformando em Cerrado (savana). Ou seja, parte do carbono que estava estocado nesses biomas viraram gás e contribuíram para o aumento das emissões e do efeito estufa.

Nesse cenário, são necessários esforços para manter a floresta em pé, minimizando sua degradação. E, para isso, é preciso ilustrar que a floresta funciona como um só organismo vivo. Se tivéssemos estabilidade climática, a integração entre fauna, flora e serviços ecossistêmicos faria com que a renovação florestal natural mantivesse cada bioma como os conhecemos. Mas, infelizmente, o aquecimento global faz com que esse processo se modifique, gerando mudanças no ciclo de perpetuação da floresta e perda de biomassa, que se transforma em gás de efeito estufa.

O REDD florestal é uma metodologia que gera créditos de carbono pelo esforço do proprietário conservacionista em evitar o desmatamento e, consequentemente, as emissões de carbono derivadas da supressão florestal. Infelizmente, alguns países querem utilizar a tese de emissões evitadas em relação ao não uso de seus recursos fósseis (petróleo e carvão)… Ora, a floresta é um organismo vivo, que precisa do esforço para sua manutenção na biosfera e, por isso, merece receber os créditos de carbono.

Os recursos fósseis estão estabilizados em seus depósitos. Colocando de outra maneira: se simplesmente nada for feito em ambos os casos, os fósseis continuam estocados com a mesma quantidade de carbono. Já a floresta só perde, pois está acima do solo sofrendo interferências de curto prazo e a pressão das mudanças climáticas, ou seja, perde e emite carbono.

Outro caminho é a geração de créditos de carbono com base na legislação de Pagamento por Serviços Ambientais, o PSA. O conceito parte do princípio de que a dinâmica das florestas fornece serviços ecossistêmicos, como a segurança hídrica. Com a possibilidade prevista em lei de gerar créditos de carbono a partir desse entendimento, já foram desenvolvidas metodologias que levam em consideração a trajetória de perda de biomassa devido à degradação causada pelo aquecimento global, que pode ser parcialmente mitigada pelos esforços adicionais de proprietários conservacionistas engajados na manutenção dos biomas.

O mundo reconhece que uma das mais significativas contribuições que o Brasil pode dar no contexto das mudanças climáticas é a manutenção de suas florestas. Assim como sua ampliação. Como consequência, vem a responsabilidade de garantir um mercado seguro, que garanta a confiabilidade e integridade dos créditos gerados, sem espaço para projetos que maculem esforços essenciais para a agenda climática global.

E é, sim, possível conciliar a integridade dos projetos com a atratividade econômica. Prova disso é o estudo da consultoria global McKinsey, que mostra que, só no Brasil, o mercado da economia do clima seja de 125 bilhões de dólares. Isso reforça a necessidade de esforços de governos e entes interessados no processo em defender metodologias como REDD e PSA, no âmbito do comércio voluntário e nos acordos firmados nas COPs. Afinal, é o mundo que precisa das florestas.

David Canassa — Foto: Divulgação
David Canassa — Foto: Divulgação

*David Canassa é diretor da Reservas Votorantim, empresa da Votorantim especializada em gestão de territórios e soluções baseadas na natureza para negócios tradicionais e da nova economia e coautora no desenvolvimento da metodologia PSA Carbonflor.

Informações: Um Só Planeta.

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Empresa chilena de celulose confirma investimento de R$ 25 bi no RS após enchentes

A multinacional chilena de celulose CMPC confirmou que o investimento no Estado, anunciado durante a assinatura do protocolo de intenções com o governo estadual no final de abril, terá seguimento mesmo após os eventos meteorológicos que atingiram o Rio Grande do Sul. A confirmação dos R$ 25 bilhões, que serão destinados à instalação de uma nova planta industrial de produção de celulose em Barra do Ribeiro e de um terminal portuário, foi reiterada na segunda-feira (17/6), em reunião com o governador Eduardo Leite e o vice-governador Gabriel Souza. O valor é considerado o maior investimento privado da história do Rio Grande do Sul.

Também participaram do encontro os titulares das secretarias de Desenvolvimento Econômico (Sedec), Ernani Polo, e do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), Marjorie Kauffmann.

Polo acredita que a continuidade do projeto da empresa é um voto de confiança na capacidade do Estado de se reerguer. “Apesar de toda a tragédia que estamos vivendo, ainda somos atrativos para investimentos. Estamos trabalhando para a reconstrução do Estado, e manter os projetos que já estavam em andamento é de grande ajuda no processo”, disse. O titular da Sedec ressaltou que a geração de empregos, estimados em 13 mil vagas durante a implementação do complexo, também será de extrema importância para a reestruturação do Estado.

O licenciamento ambiental para as obras já foi protocolado e, segundo a CMPC, o cronograma de trabalho será mantido, com o início da construção em 2026 e a finalização em 2028. A empresa também se ofereceu para fornecer mudas nativas para recompor a mata ciliar dos rios, o que ajudará a evitar a erosão dos rios.

Informações: Gov/RS / Imagem: divulgação.

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Fogo queimou 68% da vegetação nativa do país em 38 anos, mostra MapBiomas

Área queimada somente em 2023 foi equivalente à metade do território da Bélgica, indica a 3ª Coleção do MapBiomas fogo, lançado nesta terça-feira (18)

Entre 1985 e 2024, o fogo queimou, ao menos uma vez, 199 milhões de hectares de todo território brasileiro. A área queimada equivale a 23% de toda extensão do país e supera o território de grandes nações, como o México. Desta área toda atingida pelo fogo, 68% – ou 136 milhões de hectares – eram vegetação nativa, mostra a 3ª Coleção do MapBiomas Fogo, lançada nesta terça-feira (18).

Do total queimado nos últimos 38 anos, Cerrado e Amazônia concentraram cerca de 86% do total atingido, ao menos uma vez, pelo fogo. Juntos, eles tiveram 171 milhões de hectares queimados, o equivalente a uma área maior do que o Estado do Amazonas ou três vezes a área da França.

No Cerrado, bioma mais propenso ao fogo, 9,5 milhões de hectares queimaram, em média, por ano. A savana brasileira representa 44% do total queimado no país entre 1985 e 2023.

Chama atenção nos dados do MapBiomas a área queimada na Amazônia. A floresta úmida, que não está adaptada ao fogo e não queima naturalmente, concentrou 42% do total queimado no país entre 1985 e 2023, uma média de 7,1 milhões de hectares por ano.

“Queimadas frequentes em biomas florestais como a Amazônia levantam sérias preocupações ecológicas e ambientais, degradando a vegetação nativa, comprometendo a biodiversidade e a recuperação dos ecossistemas. A recorrência do fogo torna as florestas mais suscetíveis a novos incêndios, criando um ciclo de degradação contínua. Além disso, o fogo afeta diretamente a fauna local e aumenta a emissão de gases de efeito estufa, intensificando as mudanças climáticas. Práticas agrícolas inadequadas, desmatamento e mudanças climáticas são fatores que contribuem para esse ciclo de degradação.”, detalha Felipe Martenexen, pesquisador do IPAM.

Entre os estados que mais queimaram no período, Mato Grosso desponta na frente, com 43,6 milhões de hectares. O Pará aparece em segundo lugar, com 28,4 milhões de hectares, e o Maranhão em terceiro, com 20 milhões de hectares. Os três estados foram responsáveis por 46% – ou 92 milhões de hectares – do total queimado no país entre 1985 e 2023.

Os pesquisadores chamam a atenção para o aumento de periodicidade e gravidade dos incêndios nos últimos anos. Os novos dados apontam que quase metade (43%) das áreas queimadas no Brasil desde 1985 tiveram sua última ocorrência de fogo entre 2013 a 2022.

Apenas em 2023, 16,2 milhões de hectares em todo o país, sendo 11,6 milhões de hectares em áreas de vegetação nativa, o que representa 71% do total consumido no último ano pelas chamas. O restante da área queimada no ano – 4,6 milhões de ha, ou 29% do total – foram em áreas antropizadas.

No ano passado, formações savânicas e pastagens foram as categorias mais queimadas, totalizando 7,7 milhões de hectares queimados.

Informações: O Eco.

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Mais de mil bombeiros tentam conter incêndio florestal na Califórnia

Um incêndio florestal de grandes proporções devastou cerca de 60 km² de mata nativa na Califórnia durante o último fim de semana, ameaçando principalmente áreas ao norte da cidade de Los Angeles. Este evento catastrófico forçou mais de mil pessoas que acampavam em um parque na região a evacuar devido à proximidade das chamas e por questões de segurança.

A situação crítica mobilizou uma resposta imediata das autoridades locais. Cerca de 1.050 bombeiros foram mobilizados para combater o incêndio, apoiados por aviões que lançam água sobre as chamas. A luta para conter os focos de incêndio tem sido incessante, com as equipes trabalhando dia e noite. No entanto, as condições climáticas, caracterizadas por calor intenso, tempo seco e ventos fortes de até 80 km/h, têm contribuído significativamente para a rápida propagação das chamas.

Esses fatores, juntamente com a vegetação densa da área, complicam os esforços de contenção, tornando o trabalho das equipes de resgate ainda mais desafiador. O governo da Califórnia, diante da gravidade da situação, alertou para a possibilidade de mais incêndios florestais nos próximos dois meses, em razão das condições climáticas adversas associadas ao verão intenso.

Informações: Jovem Pan.

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