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Em Boletim, Suzano divulga dados de sua nova fábrica recém-inaugurada no MS; confira

As informações são da Ed. nº 35 do Boletim Projeto Cerrado, divulgado pela empresa nesta segunda-feira (05)

No dia 12 de maio de 2021, Ribas do Rio Pardo viveu um momento histórico: a Suzano anunciou a construção da maior fábrica de celulose em linha única do mundo. Era o sonho de toda a cidade se tornando realidade, um sonho aguardado por anos.

Mais de três anos depois, outro marco entrou para a história da cidade. Em uma noite de domingo, 21 de julho de 2024, às 20h15, Ribas do Rio Pardo voltou a ser destaque nas manchetes globais. A maior e mais moderna fábrica de celulose em linha única do mundo começou a operar, colocando definitivamente a cidade no mapa global dos bioprodutos feitos a partir do eucalipto.

Contagem regressiva para o start.

Para coroar essa semana memorável para a cidade e para a Suzano, na tarde de quinta-feira, 25 de julho, por volta das 14h35, saiu o primeiro fardo de celulose da Unidade Ribas do Rio Pardo – o primeiro de muitos que comporão as 2,55 milhões de toneladas anuais que a nova fábrica produzirá. As primeiras folhas foram assinadas e guardadas como lembrança para a posteridade.

Primeiro fardo celulose.

Números de uma gigante

Baseado em um terreno de cerca de 3 km por 5 km, e com área construída equivalente a 450 campos de futebol, um dos maiores empreendimentos privados do Brasil dos últimos anos ostenta uma série de marcas impressionantes ao longo de sua construção.

Para erguer a estrutura do complexo industrial da nova unidade da Suzano, foram utilizados cerca de 380 mil metros cúbicos de concreto. Esse volume seria suficiente para construir quase cinco estádios do Maracanã, que utilizou cerca de 80 mil metros cúbicos de concreto em sua construção.

Além disso, a sustentação das edificações contou com quase 60 mil toneladas de vergalhões e estruturas metálicas, 13,5 mil estruturas pré-moldadas, além de aproximadamente 25 mil estacas. Para interligar os diversos prédios industriais, a fábrica possui uma rede de tubulações que, ao todo, pesa 15 mil toneladas e se estende por 4,6 milhões de metros.

Um destaque desse vasto projeto é o balão de vapor da Caldeira de Recuperação, a maior peça da obra, com 312 toneladas, peso comparável ao de mais de 11 jatos Boeing 737-800, o modelo mais vendido do mundo. Para instalá-lo, foram necessários dois guindastes gigantes, com capacidade de levantar 750 toneladas cada um, que içaram o ‘balão’ a 95 metros de altura com segurança.

Você sabia?

Além dos recursos destinados à construção da fábrica, da estrutura logística e da área de plantio de eucalipto, a Suzano investiu mais de R$ 300 milhões em um amplo conjunto de iniciativas na cidade. Muitos desses investimentos já são de conhecimento geral, como o Programa de Infraestrutura Urbana, que faz parte do Plano Básico Ambiental (PBA). Com 21 projetos, o programa recebeu investimento de R$ 57,3 milhões em áreas como saúde, educação, desenvolvimento social, habitação e segurança pública.

Casas Suzano – Fase 1.

Além disso, a Suzano promoveu iniciativas sociais voluntárias focadas no desenvolvimento sustentável, na geração de renda e na diminuição dos indicadores de pobreza da região, que totalizam R$ 13,8 milhões investidos. Mas as ações da Suzano não pararam por aí. Grande parte desses R$ 300 milhões foi destinada à construção de 954 unidades habitacionais para colaboradores(as) de suas operações industriais e florestais e do Centro Médico Sepaco, que oferece atendimento aos(às) colaboradores(as) da empresa e seus familiares.

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Como árvores estão mudando de lugar para fugir do calor na Mata Atlântica?

Pesquisadores analisaram 627 espécies e descobriram que plantas passam a ser identificadas com mais frequência em locais com altitude mais elevada para driblar altas temperaturas

A elevação das temperaturas globais, resultado dos efeitos causados pela crise climática, está alterando a disposição de árvores da Mata Atlântica no Brasil. Para “fugir” do calor, algumas espécies passam a predominar em regiões montanhosas mais altas, onde a temperatura é menor.

O estudo, publicado na revista científica Journal of Vegetation Science, analisou 627 espécies de árvores de 96 locais diferentes em áreas de Mata Atlântica em Santa Catarina.

Os pesquisadores identificaram aumento de 0,25ºC por década nos últimos 50 anos na região. Como resultado, 27% das espécies analisadas mostraram tendência a buscar locais onde a altitude é mais elevada.

“Nas florestas montanhosas, a maioria das espécies está se movendo para cima à medida que as temperaturas aumentam”, afirma Rodrigo Bergamin, autor principal do estudo, em comunicado divulgado pela Universidade de Birmingham (Reino Unido), instituição que integrou a pesquisa.

“Isso pode significar que espécies que precisam de temperaturas mais frias estão em risco de extinção à medida que o mundo continua a aquecer”, acrescenta o pesquisador.

Em florestas localizadas em regiões de baixa altitude, no entanto, o movimento foi inverso. “Em florestas mais baixas, as árvores estão se movendo para baixo com mais frequência, provavelmente devido a fatores além da temperatura, como competição entre espécies”, afirma Bergamin. O estudo mostra que 15% das espécies se deslocaram dessa forma.

Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, restam 24% da floresta original, mas apenas 12,4% são florestas maduras e bem preservadas. No Brasil, o bioma está concentrado nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste.

De acordo com os pesquisadores, essa é a primeira evidência documentada de mudanças significativas da Mata Atlântica brasileira em consequência da crise climática. O próximo passo será expandir a análise para outras regiões da floresta.

“Este estudo mostrou o que está acontecendo no sul da Mata Atlântica, mas diferentes regiões podem mostrar outras tendências”, disse Adriane Esquivel Muelbert, uma das autoras do estudo, à Universidade de Birmingham. “Estamos agora reunindo pesquisadores de todo o bioma para criar um panorama geral sobre como essas florestas estão respondendo às mudanças globais.”

Informações: Terra.

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Desafio oferece R$ 100 mil para criação de máquina para quebrar cacau

Hoje, no mercado, encontram-se apenas equipamentos de alto rendimento e custo elevado

Um desafio para desenvolver uma máquina para a quebra do cacau será lançado na próxima quinta-feira, 8 de agosto. O foco é encontrar startups e empresas dispostas a criar um maquinário que possa atender pequenos produtores, já que hoje, no mercado, encontram-se apenas máquinas de alto rendimento e custo elevado.

O Desafio Tecnológico do Cacau, encabeçado pelo Sebrae/BA e a Faeb/Senar em parceria com o CocoaAction Brasil e a Rede+, dará ao vencedor um aporte de R$ 100 mil para o desenvolvimento da solução. Segundo Vitor Stella, consultor técnico do CocoaAction Brasil, a premiação serve para viabilizar um protótipo do maquinário, testar no campo e, ao fim, validar a criação para ser escalado.

Hoje, 70% da cadeia produtiva do cacau no Brasil é composta por pequenos agricultores ou produtores da agricultura familiar. Stella afirma que as máquinas de quebra de cacau disponíveis não atendem às necessidades dessa maioria de cacauicultores.

“Nós estamos falando de máquinas de menor porte, mas que tenham bom rendimento, que favoreçam a separação da casca das amêndoas”, explica. O fácil transporte e a adaptação em diferentes topografias, como áreas planas e acidentadas, são outros importantes atributos que serão requisitados pela organização.

As inscrições podem ser feitas até o dia 8 de setembro. No dia 4 de outubro, as propostas aprovadas serão publicadas e as empresas selecionadas receberão mentoria de especialistas para a elaboração do plano de trabalho e modelo de negócio do projeto. Esta fase contempla visitas técnicas a fazendas de cacau para exploração, aprendizado e implementação.

A última etapa acontece em novembro com o pitch dos porta-vozes das empresas para apresentar o projeto desenvolvido aos realizadores, seguido do anúncio da empresa vencedora do desafio.

O consultor afirma que a escassez de mão de obra no setor tem dificultado o produtor a colher e beneficiar o cacau, mesmo em um ano de preços atrativos. “O grande ganho é trazer tecnologia ao pequeno produtor de maneira que seja eficiente e adaptada a sua realidade, e claro, garanta um rendimento”, finaliza.

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Alagoas vai ganhar a primeira fábrica de beneficiamento de eucalipto

Desde que a Amaru Sustentabilidade abriu seu parque de produção na Barra Nova, em Marechal Deodoro, há 10 anos, introduzindo no mercado alagoano produtos para construções ecológicas utilizando como matéria-prima a madeira de eucalipto perfilado e pinus autoclavado, sempre buscou a promoção da sustentabilidade no setor da construção civil, empregando materiais que contribuíssem para um futuro mais verde.

À frente da empresa, os sócios-fundadores Shirlan Madeiros e Otávio Tavares, sempre compartilharam o desejo de expandir a empresa e novas parcerias. Agora chegou a oportunidade, já que o grupo mineiro Santos & Dias, um dos maiores do país em beneficiamento de madeira renovável, anunciou sua associação com a Amaru Sustentabilidade, pioneira em Alagoas na comercialização de projetos à base de eucalipto.

Segundo as primeiras notícias divulgadas, o investimento inicial será em torno de R$ 10 milhões. Mas, mais do que isso, a abertura do parque industrial de beneficiamento de eucalipto em Alagoas, prevista para iniciar a operação em setembro, faz parte da operação do grupo mineiro de abrir uma base de operação na região Nordeste, diminuindo os custos de logística e frete para atender aos clientes da região.

De acordo com os empresários Otávio Tavares e Shirlan Madeiro, a nova planta, que será instalada no antigo parque industrial da Usina Cachoeira do Meirim, no bairro Benedito Bentes, terá capacidade para beneficiar cerca de 6 mil metros cúbicos de madeira de eucalipto por mês, que virão de uma área de cerca de 3.500 hectares de floresta de eucalipto em Alagoas mesmo, com geração de 100 empregos logo nos primeiros meses de instalação, como também a transferência para Alagoas de todo o conhecimento e tecnologia do Grupo S&D de Minas Gerais.

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“É vocação do mineiro plantar árvore”, opina presidente da Amif

Adriana Maugeri, da Associação Mineira da Indústria Florestal, fala sobre desafios ambientais, respeito à legislação e diz que setor crescerá por até 15 anos

Com uma área de 2,3 milhões de hectares de plantio, Minas Gerais é referência na chamada “indústria florestal”. Para a presidente da associação mineira do setor (Amif), Adriana Maugeri, faz parte da cultura mineira plantar árvores. “Como Minas são várias Gerais, temos presença de floresta em 94% dos municípios mineiros, e isso traz uma clareza de que é vocação do mineiro plantar árvores, cuidar de árvores. Assim como o café, o queijo, as cachaças, que são ícones da nossa cultura, do nosso plantar, a floresta também é”, afirma.

Em entrevista ao EM Minas, programa da TV Alterosa, Estado de Minas e Portal Uai, Adriana Maugeri falou sobre a área, tentou derrubar estigmas e fez um apelo à proteção ambiental. “Se temos uma vocação tão forte para florestas, como aceitamos os incêndios que trazem tanta destruição? A cada ano, Minas Gerais bate recorde de incêndios”, emendou.

Primeira mulher a presidir a Amif ela detalhou ainda o que é chamado de “economia verde”, afirmou que das árvores plantadas é possível extrair mais de 5 mil “bioprodutos”, e defendeu o setor como fundamental para a transição para uma economia de baixa emissão de carbono. Confira os principais trechos da entrevista.

Qual o conceito de economia verde?

A economia verde ficou mais evidente durante a pandemia e no pós-pandemia para grande parte da população. Como nós sofremos os efeitos da nossa degradação, o que os efeitos da natureza podem fazer com a sociedade, acho que todo mundo provavelmente pensou: “Mais uma dessas, será que a gente passa? Como a gente vai passar? O que podemos evitar?”. E o que vem agora é que vamos ter de fazer escolhas melhores dos produtos que consumimos, modos de vida. Escolhas que eu sei que não vão trazer impacto para o meio ambiente. Por exemplo, dentro de casa, por quais produtos posso optar? Produtos que são da origem do petróleo, não renováveis como o plástico, ou posso optar pelo papel? É aí que vem o encaixe da indústria florestal, porque toda produção de papel no Brasil, papel de imprimir, escrever, cadernos, livros, higiênicos, 100% são feitos com florestas renováveis. É de origem limpa, porque aquela árvore foi plantada especificamente para esse fim e ela “rebrota” três vezes em Minas Gerais, em um espaço de 21 anos.

É uma característica de Minas Gerais? É diferente em outros lugares?

Outros lugares estão aprendendo muito com Minas Gerais, e isso é motivo de orgulho, porque Minas possui a maior área de floresta plantada do Brasil. Vamos fazer uma analogia com o café, que possui aproximadamente 1,6 milhões de hectares plantados em Minas. Florestas são 2,3 milhões de hectares plantados, mais 1,3 milhões de hectares de área conservada. Somando, dá 3,6 milhões de hectares de árvores sob os cuidados da indústria florestal.

Acontece muito, quando se viaja, só se ver eucalipto por quilômetros. Provavelmente, ali havia uma floresta nativa. Como está esse balanço em Minas Gerais?

Toda atividade humana, todas as nossas culturas agrícolas, todas as instalações que o humano intervém, antes eram florestas. Nosso país era uma grande floresta, e as intervenções foram acontecendo ao longo dos séculos, décadas. Essas áreas foram sendo produzidas, por exemplo, para a pecuária. O eucalipto é mais recente, ele tem aproximadamente 60 anos aqui em Minas Gerais.

Quando falamos de floresta plantada estamos falando de eucalipto?

Não só eucalipto. Toda espécie de árvore que você plante com a finalidade de aproveitamento econômico da madeira é floresta plantada, que muitos chamam de silvicultura. Então há eucalipto, pinus, seringueira, cedro australiano, mogno africano é muito forte, açaí, o dendê, todos são florestas plantadas. Havia ali nessas áreas uma floresta nativa e o ser humano foi ocupando. Essas áreas foram ficando abandonadas por causa da degradação de muitas atividades que eram feitas sem o cuidado de hoje em dia. Há 60 anos, chegou ao Brasil o eucalipto, que apesar de não ser a única árvore das florestas plantadas, é a que a gente mais tem presença, principalmente em Minas Gerais, mais de 90%.

Ao longo do tempo, principalmente para a nossa floresta plantada, a ciência foi uma grande aliada, nós adaptamos essas espécies para os climas e solos brasileiros. Como Minas são várias Gerais, temos presença de floresta em 94% dos municípios mineiros, e isso traz pra gente uma clareza de que é vocação do mineiro plantar árvores, cuidar de árvores. Assim como o café, o queijo, as cachaças, que são ícones da nossa cultura, do nosso plantar, a floresta também é.

Existe algum compromisso da Amif em preservar as florestas nativas para fazer florestas plantadas? Como funciona isso?

As espécies florestais, arbóreas, elas conversam, literalmente. Quanto mais área conservada tiver no meio das nossas florestas plantadas melhor para a minha produtividade florestal, por essa simbiose, essa relação de alinhamento entre as espécies. Florestas plantadas, como falei, nós temos 2,3 milhões de hectares, e conservadas, 1,3 milhão. Então, a cada hectare que eu planto de floresta em Minas Gerais, eu tenho 0,7 conservado.

Isso excede a área de obrigação de conservação, justamente pela relação com a produção. Tem uma reserva legal: basicamente, em biomas de mata atlântica, cerrado, 20% você precisa ter na sua propriedade como reserva. E há as áreas de preservação permanente. Somando todas essas áreas, nós temos excedente, e não é só porque somos bonzinhos não, tem essa relação mesmo que a produção precisa.

A gente costuma dizer que do boi se aproveita tudo, menos o mugir. No caso do eucalipto se aproveita tudo? O que ele gera além da madeira?

Da floresta plantada, não só do eucalipto, é possível extrair 5 mil bioprodutos. Tudo o que se faz com petróleo, nós conseguimos fazer com a madeira. Se você pensar bem, o que é o petróleo? São as florestas de milhões de anos atrás, é carbono de alguma forma que está lá. A floresta plantada é o carbono se renovando, só que o processo químico e físico para extrair os produtos é diferente.

Cinco mil bioprodutos são gerados a partir da madeira, das folhas e dos troncos de uma árvore. Processos diferentes do petróleo, mas eu consigo fazer combustível, consigo fazer tecido. Por exemplo, os tecidos que possuem proteção antichamas que os nossos bombeiros usam são feitos com celulose solúvel, um produto das florestas plantadas que tem mais resistência às chamas do que o poliéster.

E a aplicação na construção civil?

Tem uma gama de produtos. Toda uma casa, pisos, painéis… Na época da pandemia, eram só as reuniões gravadas com o barulho da reforma, e toda reforma tinha madeira chegando. Os painéis são todos feitos com floresta plantada. Isso dá uma tranquilidade para o consumidor. O “bioproduto” vem da origem vegetal, renovável e limpa. Eu, como consumidor, tenho tranquilidade de pensar: “Estou consumindo um produto que tem uma origem renovável, que não deixou uma pegada lá atrás que não vai deixar o mundo pior”.

Por isso essa indústria faz parte da composição da economia verde. É uma economia que tenha produtos com menor pegada (de carbono). Por exemplo, quando você abastece seu carro, se você escolhe um combustível que é de fontes renováveis, isso é um comportamento seu.

Também tem um mel de eucalipto, não é isso?

O mel é uma paixão. A abelha é um bioindicador, por quê? Onde eu tenho abelhas, tenho a indicação de qualidade ambiental, a abelha não suporta inseticidas. Se você não tem abelhas na região, pode saber que a qualidade ambiental não é a melhor possível. Nos plantios ambientais, a gente tem a qualidade porque tem o misto do eucalipto e da floresta nativa. Eu consigo colocar caixas de abelha, fazer parcerias com as comunidades que ocupam os territórios onde nós possuímos florestas, e aí produzimos o mel. Dependendo de onde colocamos as caixas, temos mel só de eucalipto, que tem uma característica medicinal muito acurada, ou mel de florada mista, que é o mel da floresta nativa junto com o eucalipto.

Hoje, no Brasil, um dos produtos que têm a maior demanda de exportação é o mel de origem do eucalipto. É um mel mais clarinho, muito saboroso, e que tem esse apelo medicinal muito interessante. Você deve lembrar que na infância as crianças tinham kit de asma com eucalipto. As folhas de eucalipto têm essa propriedade. Da madeira eu consigo todos os outros produtos e da folha eu consigo essa essência.

Estamos passando por um período péssimo com a seca e incêndios. Como a Amif reage a isso? Existe alguma preparação para esse período do ano?

Esse é um ponto muito sensível. Eu sou muito indignada, porque acho que convivemos todo ano com grandes tragédias causadas pelos incêndios florestais. Há uma cultura, infelizmente, que eu não consigo compreender. Se temos uma vocação tão forte para florestas, como aceitamos os incêndios que trazem tanta destruição? A cada ano, Minas Gerais bate recorde de incêndios. É aquela cultura do “queimou, mas brota novamente”, essa é a minha indignação. Isso não é verdade. E os animais que são perdidos nesses plantios? Perdemos, infelizmente, a vida de um bombeiro no ano passado.

As empresas florestais, até por obrigações legais, possuem brigadas que acabam com os incêndios das nossas áreas, que são muito suscetíveis, por serem grandes e vastas. E ajudamos no combate por termos pessoas especializadas e equipamentos, em parceria com o estado de Minas Gerais e até com a União. Mas é muito triste, porque o esforço é sempre muito grande e a gente não vê a mudança no hábito da população.

Vê algo que precisa ser mudado nesse aspecto?

Eu conversei com o governo de Minas e acho o seguinte: a burocracia causa incêndios. Não é só o comportamento, mas, por exemplo, a pessoa tem uma propriedade rural, como todas as famílias ou alguém que ainda está em área rural, e precisa fazer uma limpeza de área. Ela pede autorização ao órgão ambiental, e às vezes demora muito mais do que aquele pequeno produtor tem capacidade de esperar, capacidade financeira de esperar. Ele precisa plantar logo a cultura que dá sobrevivência, ele não espera e ateia o fogo.

Como as ações de remoção de área verde no passado impactaram na imagem do setor?

Foram se criando vários mitos que se perpetuaram nos olhares de hoje, além das condutas inadequadas. As condutas de quatro décadas atrás seguiram a legislação da época, mas as legislações também foram atualizadas, seguiram a ciência da época, mas a ciência foi atualizada. E, qualquer cultura, não só de florestas, se você planta de uma forma errada, planta em lugares errados e inadequados, ela vai trazer um impacto negativo. Mas há o que chamamos de manejo sustentável. O setor aprendeu com os erros, evoluiu com a sua ciência, até porque se eu sou um usuário dos recursos naturais, do solo, de recursos hídricos, eu preciso da qualidade ambiental desses recursos. Se eu degradar o meu solo, eu vou afetar a minha própria produção. Isso é um mito muito forte que ainda se tem contra o agro brasileiro.

É lógico que há pessoas que fazem errado, mas essas pessoas não são produtores florestais, não são os produtores rurais de quem estamos falando. São criminosos, são outras categorias que você precisa conversar. É uma luta do setor com aliança do estado, instituições como o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público de Minas Gerais, como nós podemos aprimorar a fiscalização sem perder a mão para o estímulo do desenvolvimento sustentável.

Existe o carvão vegetal originário de área replantada, mas ainda se encontra carvão feito com árvores nativas. Como diferenciar?

Isso é um absurdo tão grande… Em 2024, com 2,3 milhões de hectares de florestas plantadas, você ainda tem criminosos que desmatam o nosso cerrado, a mata atlântica, para produzir carvão. Isso é a ganância de criminosos que não tem fim. É um mercado que oscila muito, a demanda por aço oscila muito, então você tem altas e baixas de preços no carvão. Quando se tem uma alta demanda do aço e uma maior demanda de carvão, realmente há um número de criminosos atuando, e se tem carvão de mata nativa, é porque tem gente que consome. Em Minas Gerais, desde 2018, é proibido a produção e o consumo de carvão vegetal de origem nativa para o abastecimento industrial.

E é fácil identificar? Como saber qual é qual?

É muito difícil identificar. As embalagens têm selo, mas o criminoso até consegue falsificar. A produção grande de carvão vegetal em Minas Gerais, é outro motivo de orgulho. Nós somos o maior produtor e consumidor mundial de carvão vegetal pela metalurgia, que é a produção de aço, ferro e ligas especiais. O aço verde é feito basicamente com produtos de origem renovável, em grande parte o carvão vegetal ou a sucata metálica, que é o aço sendo reciclável. Quando eu tenho a utilização da sucata ou carvão, ou os dois juntos, eu tenho o aço verde com a menor pegada de emissão de gases do efeito estufa.

Muita gente ouviu falar sobre hidrogênio verde, e também há estudos para ser uma fonte da siderurgia, mas ele ainda não tem escala e capacidade logística para abastecer todas as nossas siderúrgicas. O carvão vegetal hoje, em escala e custo, junto com a sucata, são interessantíssimos para a indústria mineira produzir o aço verde. Em Minas, já temos siderúrgicas que são carbono neutro por conta dos plantios florestais, da produção de carvão e da chegada do carvão na siderurgia.

Esse carvão vegetal de área replantada contribui para a redução da emissão de carbono?

Totalmente. Se você não utiliza o carvão vegetal, a grosso modo a empresa utiliza o carvão mineral, que não é de fonte renovável. O carvão vegetal tem emissões bem menores, neutralizadas no processo produtivo pela produção florestal. Assim como em qualquer produto no mundo, a opção pela produção sustentável não é pelo custo. É mais caro produzir o aço verde do que utilizar carvão mineral, porque no mineral eu faço a extração e já chega muito mais barato do que produzir a floresta e sete anos depois o carvão. É uma opção realmente da indústria e que também precisa ter uma adaptação tecnológica para receber o cartão vegetal.

Há indústrias que não conseguem simplesmente abastecer os seus altos-fornos com carvão. Precisam fazer um trabalho de conversão, ou nem isso seria suficiente, novos fornos precisam ser construídos. Mas se pode usar o carvão vegetal de outras formas na siderurgia. Mesmo uma grande indústria, em que o alto-forno não comporte o carvão vegetal, pode usá-lo com o que a gente chama de gestão de finos. Usar os finos de carvão para que no balanço energético, a produção contribua com o aço de baixa emissão de gases do efeito estufa.

Faz parte do processo de transição para uma economia de baixo carbono?

Dentro do recorte industrial brasileiro, quando se faz o cálculo das emissões de gases do efeito estufa – vamos lembrar que a gente tem o CO2, metano e outros tantos –, a siderurgia é um dos maiores emissores quando usa o carvão mineral. É uma pauta muito importante entre a siderurgia e o governo brasileiro: a descarbonização da siderurgia, por isso se investe muito em pesquisa com hidrogênio verde, eletrólise, carvão vegetal. É um grande desafio, mas a descarbonização é necessária. Em médio prazo, muito provavelmente, o Brasil estará instituindo o seu mercado de carbono nacional. Essas transações vão ser muito interessantes para a indústria.

Sobre o período até a produção da indústria florestal: falamos em sete anos a partir do plantio. Como funciona essa logística?

Faz parte do manejo sustentável da floresta os plantios com mosaicos. Esse planejamento de plantio e colheita começa até bem antes da época do plantio. Sete anos é o ciclo que se começa a contar do momento em que se planta a muda até a colheita, lembrando que a madeira é cortada, mas não se arranca a raiz, que vai continuar nutrindo o solo. Nesse período todo, três ou quatro anos antes de começar o plantio, eu tenho que fazer o meu planejamento florestal, (definir) onde são as áreas a plantar, qual o clone vai ser usado, qual muda é específica para aquela área, qual o espaçamento entre as árvores para que possa passar o maquinário da colheita… O dia do plantio marca, digamos assim, o aniversário de grandes passos.

A indústria florestal conseguem atender 100% da demanda, ou existe uma demanda reprimida?

Existe uma demanda reprimida, graças a Deus, por conta da bioeconomia. Cada vez mais, a sociedade está demandando produtos de origem renovável, por exemplo, embalagens. O mercado de compras on-line cresceu muito, então todo dia fica chegando uma caixinha em casa; no passado não tinha necessariamente caixas, então esse papel para embalagem é uma demanda.

A demanda por produtos feitos a partir da celulose de florestas plantadas é crescente, com tendência ainda de crescimento para os próximos 10 a 15 anos, então, tenho que plantar mais florestas. Toda vez que eu pensar em plantar mais florestas, a gente tem a certeza de que mais florestas também estão sendo conservadas

Como primeira mulher na presidência da Amif, de que forma ocorreu essa entrada em um setor tão masculino?

Papel, celulose, siderurgia, o universo da metalurgia, da engenharia, tem várias mulheres, mas o funil vai ficando apertado, a peneira estreita, e poucas chegam a posições executivas. Acredito que nos próximos anos isso vai ser bem diferente, mas até o momento eu sofro ainda, porque vejo que sou solitária em vários locais que frequento representando o setor.

Mas tenho essa tranquilidade, porque sei que minha escolha para o cargo não foi pelo fato de ser mulher. Foi pelo reconhecimento do trabalho e da minha trajetória. Quando são escolhidas, infelizmente as mulheres tendem a se comportar de forma similar aos homens para serem aceitas, em vez de impor o seu diferencial. Isso é uma armadilha cruel. Eu já conversei com várias executivas e isso não permeia a gente no início dos cargos, a gente começa a querer repetir modelos.

Quando a gente se apodera da característica do feminino, da sensibilidade, da leitura mais detalhada das situações, essa objetividade do planejamento que a mulher tem, isso somado com a alta capacidade de execução masculina faz um combo muito interessante. Os próprios homens ficam mais confortáveis de ter na liderança uma mulher. É um desafio, cada vez mais eu vejo que a gente precisa abrir essas portas.

Informações: Estado de Minas Gerais.

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