O processo de produção da planta começa com a seleção das fontes de sementes.
por Manuel de la Puerta Salazar
Projetos de restauração florestal são práticas essenciais para manter a biodiversidade de nossas florestas, ou seja, a saúde de uma parte essencial dos ecossistemas do nosso planeta. No entanto, para obter bons resultados nesses projetos, é fundamental atentar para a qualidade da planta florestal utilizada. Por assim dizer, são a matéria-prima dos nossos projetos e, assim como num bom restaurante é fundamental a qualidade do produto com que são confeccionados os pratos, nos projetos de reflorestação é muito importante que a planta tenha sido selecionada e produzidos sob critérios que garantem sua excelência.
Portanto, neste artigo vamos explorar brevemente a importância da qualidade da planta florestal e como isso afeta a eficácia dos projetos de reflorestamento.
Cabe ressaltar que a qualidade da planta se refere à sanidade, vigor e adaptabilidade das plantas utilizadas em um projeto de reflorestamento. Esses fatores são cruciais para garantir que as plantas tenham a capacidade de sobreviver e crescer no novo ambiente.
Para não perder a perspetiva, começaremos por referir que o processo de produção vegetal começa com a seleção criteriosa das fontes de sementes, de onde iremos recolher a semente num processo coordenado com a Administração e proprietários de terras de forma a certificar a rastreabilidade. e origem do material genético. Desta forma, além de cumprir a legislação que regulamenta a comercialização de Material de Reprodução Florestal, estaremos contribuindo para a promoção da biodiversidade genética de nossas florestas. Esta não é uma questão trivial, uma vez que o planeta está em crise ecológica e a biodiversidade, tanto extraespecífica como neste caso intraespecífica, podem ser ferramentas fundamentais para resolver esta encruzilhada. Além disso, a memória genética dessas espécies,
Depois que a semente é coletada, o próximo passo é processá-la. Seja para germiná-la e produzi-la na mesma estação ou para guardá-la para o futuro; Se forem mantidas condições frias e estáveis, é possível preservar a capacidade germinativa da semente por anos. De qualquer forma, cada planta é única e possui processos germinativos específicos, portanto, sem entrar em generalidades que induzam ao erro, pode-se afirmar que é fundamental conhecer bem cada táxon e suas necessidades, para que possa germinar e desenvolver suas primeiras estágio livre de doenças ou danos físicos que condicionam seu futuro (ex: um fungo que enfraquece o colo ou uma poda tardia que danifica seu sistema radicular).
Superada esta primeira fase crítica, nas semanas seguintes trata-se de dar crescimento à planta, mas sem cair em um desenvolvimento excessivo que produz enfiamento e estrutura fraca. Assim será regada e adubada mas sem perder de vista que o objetivo final é uma planta frugal e resistente.
Após essas semanas, entraríamos no primeiro verão da planta. Para fazer uma breve revisão cronológica, e sem que seja um axioma que se cumpra em 100% das espécies, normalmente ocorrem os seguintes processos sazonais: colheita no outono-inverno, germinação no inverno-primavera, crescimento na primavera-verão-outono e plantio de inverno. Então podemos dizer que, em geral, o processamento de uma planta florestal em viveiro dura uma seiva. É importante lembrar novamente que cada espécie tem seu manejo, sendo que em algumas a germinação exigirá mais tempo e em outras serão necessárias pelo menos duas seivas para que a planta atinja seu estado ideal para ir a campo.
Em todo o caso, e dentro desta breve descrição cronológica, a época estival é a que marcará o endurecimento da planta. É um momento crucial no seu desenvolvimento e se queremos uma planta de qualidade, teremos que levá-la ao estresse hídrico de forma recorrente para controlar seu crescimento e ” acostumá-la” a condições tão duras quanto as que encontrará quando forem plantadas como parte da execução da obra de reflorestamento.
Por fim, e junto com tudo o que foi mencionado anteriormente, indique que um fator que ajuda enormemente a produzir uma planta de qualidade e rusticidade indiscutíveis é que o viveiro está localizado em um local com condições climáticas extremas; apresentando uma acentuada oscilação térmica anual que vai de mínimas abaixo de 0ºC no inverno a máximas acima de 35ºC no verão.
Em suma, podemos dizer que uma planta de qualidade é essencial para a viabilidade do projeto de restauração florestal e essa qualidade é conseguida ao longo de todo o processo produtivo, desde a colheita até ao seu endurecimento estival, passando pela sua micorrização. … e tudo isto pode só se consegue com o conhecimento aprofundado de cada espécie e dedicação ao serviço das florestas.
Manuel de la Puerta Salazar, Grupo SYLVESTRIS