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Conheça a bioindústria florestal de Portugal que exporta para 130 países

Conheça a Bioindústria Florestal de Portugal Que Exporta para 130 PaísesGonçalo Almeida Simões, da Biond, representante do setor em Portugal, diz que a floresta é responsável por 13,5 mil milhões de euros em volume de negócios no país

A Floresta Portuguesa ocupa 3,2 milhões de hectares, o que corresponde a 36% do território luso. Esse setor é responsável por 13,5 mil milhões de euros em volume de negócios no país, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE). Empresas de papel e bioenergia, como Altri, DS Smith, Renova e The Navigator Company fazem parte da Biond, uma associação que representa essa bioindústria. Em entrevista à Forbes Portugal, Gonçalo Almeida Simões, diretor-geral da Biond, destaca o papel da entidade.

Segundo Simões, além da importância econômica, essa cadeia se posiciona como estratégica para a coesão territorial em regiões do interior e áreas rurais. Ele completa que, por meio das empresas que integram a entidade, são transferidos, por ano, cerca de 325 milhões de euros (R$ 1,7 bilhão) diretamente para a economia rural dos 18 distritos do continente, evitando o êxodo rural e contribuindo para a geração de empregos e desenvolvimento local.

Qual é o papel da Biond na representação das empresas da cadeia da fibra e celulose florestal?

A Biond é um porta-voz do setor das bioindústrias de base florestal, que representa cerca de 5% do PIB nacional e 10% das exportações portuguesas. Só por esses números, percebemos o papel central do setor, ao evidenciar sua relevância não apenas como motor econômico, mas como um pilar estrutural da balança comercial do país.

Junto a tomadores de decisão empresariais e políticos temos o objetivo de demonstrar que a cadeia do eucalipto, por exemplo, tem sido responsável pela fixação de comunidades e pela criação de emprego e riqueza em regiões particularmente desfavorecidas, o que resulta em elevado impacto na coesão territorial.

Além da dimensão econômica e social, também buscamos transmitir uma visão mais abrangente, que mostre a importância das florestas no contexto ambiental, ao sequestrar carbono da atmosfera e mitigar os impactos das mudanças climáticas. Uma gestão sustentável das florestas evita desastres, desde os incêndios florestais à erosão do solo e à escassez hídrica.

Como a Biond avalia a importância da bioindústria florestal no panorama nacional?

Nossa avaliação é muito positiva. Em 2023, o setor de celulose, papel e papelão alcançou um volume de exportações de 3,1 bilhões de euros (R$ 16,7 bilhões), diante de importações no valor de 1,4 bilhão de euros (R$ 7,8 bilhões). Ou seja, exportamos mais que o dobro do que importamos, mantendo um saldo comercial altamente positivo, com as exportações sendo 2,1 vezes superiores às importações. Esse desempenho continua sendo essencial para mitigar o tradicional déficit da balança de bens portuguesa.

E o impacto é apenas econômico?

Não. Essa é uma cadeia estratégica para a coesão territorial. Por meio das empresas que a integram, são transferidos anualmente milhões de euros diretamente para a economia rural dos distritos do continente. Esses resultados confirmam a importância do setor como uma bioindústria do futuro, sustentável, exportadora e enraizada no território.

Leila Melhado/Getty Images
Em 2023, o setor florestal alcançou um volume de exportações de 3,1 bilhões de euros

Quais são os principais desafios e oportunidades que essa indústria enfrenta hoje em Portugal?

Existem oportunidades de crescimento em termos de produtos de nova geração, mas o grande desafio, no momento, é a matéria-prima. Não porque não tenham áreas suficientes em Portugal, mas porque ela está limitada, do ponto de vista legislativo. Isso diz respeito a novas plantações, porque o desmatamento que está sendo realizado não está sendo compensado por novas áreas que permitam à indústria depender exclusivamente da matéria-prima nacional. Há muitas áreas florestais abandonadas e sem sinais de manejo em Portugal, que precisam de incentivos públicos. Do ponto de oportunidades, o setor florestal deve continuar a gerar empregos e a fomentar a bioeconomia.

Qual o volume de investimento realizado no setor?

A Biond, entre 2019 e 2025, já investiu 20 milhões de euros (R$ 108,2 milhões), beneficiando quase 100 mil hectares e 10 mil produtores florestais. Mas, para ampliar esse esforço em escala nacional, replicando o sucesso desses programas, é necessária a intervenção do Estado. O governo tem declarado considerar fundamentais os serviços de ecossistema gerados pela floresta, identificando o bom manejo como peça essencial para a resiliência aos incêndios.

Para isso, é preciso trazer mais valor econômico para a floresta, por meio da gestão ativa de proprietários que muitas vezes abandonaram suas terras. O potencial de uma floresta com três milhões de hectares em Portugal, mas em que apenas uma pequena parte apresenta sinais de manejo, requer sinergia entre o setor público e privado.

A Biond já apresentou diversas propostas nesse sentido. Essa é uma das nossas principais motivações, que nos faz trabalhar de norte a sul do país, durante todo o ano, para demonstrar a tomadores de decisão e proprietários que é possível avançar, bastando replicar o que já é feito pelos programas operacionais. Esses são exemplos comprovados de boa gestão, com operações florestais que vão desde a limpeza à adubação, correção de densidade e reflorestamento. Sem políticas públicas eficazes, a floresta não poderá continuar sendo um motor de desenvolvimento sustentável.

De que forma a cadeia da fibra e celulose florestal contribui para o desenvolvimento das comunidades locais?

Essa indústria gera uma cadeia de valor completa, que abrange desde o plantio de árvores até a exportação do produto final. Trata-se de uma cadeia bastante integrada que, ao longo dos anos, tem abastecido Portugal com produtos renováveis, além de exportar para mais de 130 países.

A cadeia é um pilar fundamental da nossa bioeconomia. Quando os recursos da floresta são devidamente manejados, gera valor econômico e ambiental. O crescimento sustentado do setor é a prova concreta do trabalho de excelência das empresas nacionais, com foco em inovação e sustentabilidade.

Há um impacto social importante, certo?

Sim. Uma economia rural, local, formada por inúmeras comunidades, produtores, madeireiros e agricultores, depende diretamente dos recursos florestais para sua subsistência e cultura. E, ao promover um manejo sustentável, garante-se a essas populações meios de vida dignos.

Existem estratégias específicas para reforçar o emprego e a qualificação profissional no setor?

Temos o compromisso de unir esforços e iniciativas entre associadas, parceiros e demais interessados em impulsionar a bioindústria florestal. Desde já, cabe a nós divulgar as áreas profissionais nas quais o setor tem mais carência. Dou como exemplo a engenharia florestal, uma profissão que raramente é destacada, mas que oferece desafios extraordinários.

Em março, participamos da Futurália, evento de referência para sensibilizar o público nesse sentido. E percebemos grande interesse e adesão, com preocupação em buscar alternativas às áreas tradicionais, que já estão sobrecarregadas.

Outro projeto que vale destacar é o Advance Forest, uma iniciativa dedicada a capacitar operadores de máquinas florestais, de diferentes regiões, para qualificar e atualizar competências que lhes permitam atender às demandas do setor.

Esse projeto tem dois pilares principais: tecnologias avançadas nas operações florestais e boas práticas na gestão de uma floresta sustentável. Estudantes que buscam oportunidades de emprego garantidas e especialistas que querem novos desafios têm nas bioindústrias uma escolha certa, já que atualmente a oferta de vagas supera a demanda, sendo que a tecnologia e a sustentabilidade são componentes essenciais dessas carreiras.

Como a Biond promove práticas sustentáveis na gestão florestal?

O futuro do país depende de como tratamos nossos recursos naturais hoje. Esse é um dos grandes desafios que assumimos. A floresta é um ativo essencial para garantir um futuro próspero e equilibrado. Em Portugal, onde os biomas florestais representam 36% do território nacional, enquanto as cidades ocupam apenas 5%, o manejo inteligente desses recursos pode impulsionar a economia e garantir bem-estar às próximas gerações.

Queremos transmitir a mensagem de que a floresta é um ativo estratégico que, quando gerido com responsabilidade, pode garantir prosperidade econômica, equilíbrio ambiental e justiça social. Dito isso, é necessário que o compromisso com a sustentabilidade seja, de fato, incentivo para a implementação de políticas públicas eficazes, por meio do estímulo à bioeconomia e da promoção de uma cultura de preservação e uso consciente da floresta.

Phil Clarke Hill/In Pictures Ltd./Corbis/Getty Images
A floresta fornece matéria-prima de origem natural e renovável

O setor enfrenta desafios relacionados a incêndios florestais e à biodiversidade. Quais medidas estão sendo adotadas para garantir a resiliência das florestas?

Reconhecemos plenamente os desafios cada vez maiores impostos pelos incêndios rurais e pela necessidade de preservar a biodiversidade. Diante dessa realidade, nossos associados vêm implementando uma estratégia integrada para aumentar a resiliência das florestas. Uma floresta plantada e manejada tem resistência muito maior ao fogo. Sabemos que essa área, beneficiada pelos programas operacionais, é quatro vezes mais resistente ao fogo do que uma floresta sem intervenção.

Em primeiro lugar, investimos em um manejo baseado em dados científicos e tecnologias digitais, que nos permite monitorar em tempo real o estado das áreas florestais e antecipar riscos. Por meio de sistemas de alerta precoce e do uso de inteligência artificial, conseguimos agir preventivamente contra incêndios.

Em segundo lugar, há investimento na diversificação das espécies e no aprimoramento das variedades mais adaptadas às novas condições climáticas. Como essa já é uma realidade e as secas se tornaram constantes, e considerando nossa proximidade com o continente africano, é fundamental termos florestas adaptadas aos desafios climáticos.

Além disso, existe uma colaboração estreita com comunidades locais, órgãos públicos, associações e centros de pesquisa. Apenas uma abordagem conjunta permite enfrentar ameaças complexas como as mudanças climáticas. Nossa visão é clara: florestas saudáveis e produtivas são essenciais não apenas para o setor, mas para o bem-estar ambiental e social de todo o país. A floresta gera bens públicos e, por isso, deve ser alvo de investimento público.

O que se espera para a evolução da cadeia da fibra e celulose florestal nos próximos anos?

A disponibilidade de matéria-prima é condição essencial para que a cadeia da fibra e celulose florestal continue se afirmando como um setor estratégico para uma economia mais circular, descarbonizada e voltada à bioeconomia, ao combinar produtividade, sustentabilidade e forte enraizamento no território. Nos próximos anos, se for garantido o abastecimento nacional, esperamos uma evolução sustentada, alavancada por três grandes vetores: inovação, sustentabilidade e internacionalização.

De que forma isso será possível?

A floresta fornece uma matéria-prima de origem natural e renovável que, além de capturar carbono, permite produzir soluções sustentáveis para substituir materiais de origem fóssil, como plásticos e derivados do petróleo. Produtos à base de fibra florestal, como embalagens, têxteis ou biomateriais, já são alternativas viáveis e competitivas para diversos setores.

Além disso, essa é uma cadeia com forte integração na economia circular. Todos os subprodutos do processo produtivo são valorizados, seja como energia renovável ou matéria-prima para outros setores. E apostamos continuamente na eficiência energética, no reuso de água e na redução de resíduos.

A transição energética e as exigências ambientais cada vez maiores por parte de consumidores e reguladores estão acelerando o investimento em processos de produção mais eficientes e com menor pegada de carbono. A indústria nacional já tem se destacado nesse campo, e acreditamos que continuará na linha de frente da inovação sustentável. Também vemos potencial para fortalecer nossa competitividade internacional.

O setor de celulose e papel já é um dos principais exportadores portugueses e tem todas as condições para crescer com base em valor agregado, tecnologia e gestão responsável dos recursos. Paralelamente, essa cadeia impacta diretamente o ordenamento do território e o manejo sustentável das florestas, contribuindo para a resiliência dos ecossistemas e para a prevenção de riscos, como os incêndios. É uma forma concreta de conciliar desenvolvimento econômico e conservação ambiental.

A bioeconomia está ganhando relevância globalmente. Como Portugal pode liderar nessa área?

Portugal pode e deve se posicionar como referência europeia na bioeconomia florestal. Temos os recursos, o conhecimento e o compromisso. Cabe a nós transformar esse potencial em liderança concreta, com impacto econômico, ambiental e social duradouro. E
Em primeiro lugar, devemos assumir um papel cada vez mais central na resposta global aos desafios das mudanças climáticas, da escassez de recursos e da necessidade de transição para modelos econômicos mais sustentáveis. Portugal tem condições únicas para exercer essa liderança.

Existem recursos para alcançar esse objetivo?

Primeiramente, contamos com uma base florestal robusta, renovável e bem manejada, que fornece matéria-prima com grande potencial de valorização. A cadeia da fibra e celulose florestal é um excelente exemplo de como transformar recursos naturais em produtos de alto valor agregado, com baixo impacto ambiental e aplicação em diversos setores.

Além disso, Portugal possui um ecossistema industrial e científico cada vez mais preparado. A colaboração entre empresas, centros de pesquisa e universidades é essencial para o desenvolvimento de novos produtos, processos e modelos de negócio baseados na bioeconomia. Há investimentos claros nessa integração, promovendo inovação aberta e projetos de pesquisa e desenvolvimento em áreas-chave.

Liderar nesse campo exige visão estratégica e políticas públicas que reconheçam o valor das cadeias de base florestal, desde o investimento em tecnologia e capital humano até a valorização do território rural, onde muitos desses recursos estão.

Informações: Forbes.

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Suzano mira engajamento de fornecedores com agenda climática por meio da ampliação do Programa Compartilhar

Iniciativa reforça o compromisso da companhia com a transformação sustentável da cadeia de valor

Suzano, maior produtora mundial de celulose e referência global na fabricação de bioprodutos desenvolvidos a partir do eucalipto, está ampliando o engajamento com seus fornecedores por meio da nova frente climática do Programa Compartilhar, que foi lançada oficialmente em 2 de julho. A iniciativa tem como objetivo apoiar parceiros estratégicos, especialmente das áreas de logística e insumos, na evolução de suas práticas relacionadas à agenda climática e na definição de metas baseadas na ciência.

Essa frente está diretamente conectada ao compromisso da Suzano com a agenda Climática e visa contribuir com a jornada de descarbonização tanto da companhia quanto de seus fornecedores. Como parte desse compromisso, a Suzano estabeleceu que 80% de seus fornecedores prioritários tenham metas compromissadas com a Science Based Target Initiavite (SBTi) até 2028.

“Acreditamos que o engajamento dos nossos fornecedores é essencial para avançarmos de forma consistente e colaborativa no enfrentamento da crise climática, por meio de compromissos concretos com a descarbonização. Com o Programa Compartilhar, buscamos apoiar os nossos parceiros a avançar em sua maturidade na agenda e cocriar soluções que promovam uma transformação duradoura em toda a nossa cadeia de valor”, diz Paulo Chaer, Diretor de Suprimentos da Suzano.

Para apoiar os parceiros nessa jornada, a companhia, em parceria com a Scheider Electric oferecerá suporte técnico, treinamentos educacionais, avaliação de maturidade, sugestão de plano de ação personalizado e acompanhamento contínuo, além de reconhecer os fornecedores mais engajados no Relatório Anual de Sustentabilidade da companhia e no evento Suzano Valoriza, que premia os parceiros que tiveram mais avanços em diversas frentes.

O Programa Compartilhar é uma iniciativa de colaboração com fornecedores que conduz a Suzano e sua cadeia de valor na evolução de uma série de indicadores e no cumprimento de metas estabelecidas pela companhia. A frente de Impacto Social Positivo, por exemplo, apoia a meta estabelecida pela Suzano de retirar 200 mil pessoas da linha da pobreza em suas áreas de atuação até 2030. Por meio de parcerias para formação de mão de obra, aceleração de projetos sociais e uso da plataforma Bússola para monitoramento de resultados, a companhia já apoiou fornecedores a retirarem 11 mil pessoas da linha da pobreza.

Já no pilar de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) do Programa Compartilhar, a Suzano tem como objetivo ampliar a participação de grupos minorizados em sua cadeia de fornecimento, incentivando negócios com empresas lideradas por mulheres, pessoas negras, indígenas, LGBTQIAPN+ e pessoas com deficiência. Atualmente, os esforços têm se concentrado especialmente na frente de Mulheres, por meio da sensibilização de fornecedores para a formação e contratação de mão de obra feminina e da parceria com a WEConnect — organização que conecta empresas fundadas por mulheres a grandes corporações. Como reconhecimento por essa atuação, a Suzano foi vencedora do prêmio internacional World Procurement Award, na categoria Supplier Inclusion.

Na frente de Natureza, o foco tem sido a melhoria da gestão hídrica e a ampliação da transparência ambiental, por meio do engajamento ao programa CDP Supply Chain. Em 2024, a companhia alcançou 90% de engajamento entre os 100 fornecedores convidados, superando a taxa de engajamento global e refletindo o avanço da agenda ambiental em sua cadeia de valor.

Os fornecedores que fazem parte do Programa Compartilhar são os considerados prioritários para o negócio da companhia, sendo convidados a participar de forma voluntária e colaborativa da iniciativa.

Sobre a Suzano

A Suzano é a maior produtora mundial de celulose, uma das maiores fabricantes de papéis da América Latina e líder no segmento de papel higiênico no Brasil. A companhia adota as melhores práticas de inovação e sustentabilidade para desenvolver produtos e soluções a partir de matéria-prima renovável. Os produtos da Suzano estão presentes na vida de mais de 2 bilhões de pessoas, cerca de 25% da população mundial, e incluem celulose; itens para higiene pessoal como papel higiênico e guardanapos; papéis para embalagens, copos e canudos; papéis para imprimir e escrever, entre outros produtos desenvolvidos para atender à crescente necessidade do planeta por itens mais sustentáveis. Entre suas marcas no Brasil estão Neve®, Pólen®, Suzano Report®, Mimmo®, entre outras. Com sede no Brasil e operações na América Latina, América do Norte, Europa e Ásia, a empresa tem mais de 100 anos de história e ações negociadas nas bolsas do Brasil (SUZB3) e dos Estados Unidos (SUZ). Saiba mais em: suzano.com.br

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Ribas – Antes, cidade teve “surtos” de desenvolvimento e até ateou fogo em floresta de eucalipto

Antes da chegada da mega fábrica de celulose, o município de Ribas do Rio Pardo teve surtos de desenvolvimento com as carvoarias, serrarias, frigorífico e siderúrgica. Há mais de quatro décadas, com o fracasso do sonho da chegada da indústria do papel, alguns produtores rurais chegaram a atear fogo na plantação de eucalipto.

A região leste de Mato Grosso do Sul entrou na mira da indústria da celulose nos anos 70 do século passado. Na época, houve o plantio de 458 mil hectares de eucalipto em Água Clara, Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas.

Mais da metade, 64%, do maciço florestal, estava localizado em Ribas. Linto Wilmar Ferreira lembra que a frustração levou alguns produtores rurais a queimar o eucalipto para voltar à pecuária entre 1972 e 1980.

A madeira excedente levou a um dos primeiros ciclos de desenvolvimento da cidade com a ativação de centenas de carvoarias. Os carvoeiros vendiam o carvão para siderúrgicas de Minas Gerais, que ficavam a 1.200 quilômetros do município.

Só que o trabalho degradante e infantil virou um escândalo nacional e levou dezenas de entidades, organizações governamentais e até a ONU (Organização das Nações Unidas) para Ribas. Houve uma grande mobilização contra o trabalho escravo e infantil nas carvoarias. O Governo do Estado criou o Vale Cidadania, que era uma bolsa de R$ 50 para famílias, e o PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil).

Ainda devido ao excedente florestal, o município teve nova fase de desenvolvimento com a chegada das serrarias. O ex-prefeito João Alfredo Danieze diz que a cidade chegou a contar com 20 empresas. Atualmente, apenas três serrarias sobrevivem na cidade e até pedem socorro porque não conseguem brigar com a gigante da celulose pela madeira.

No início do ano 2000, o Marfrig ativou um frigorífico no município. Linto conta que a indústria gerou 300 empregos e abatia 800 bovinos por dia. O estabelecimento foi desativado há dez anos.

Outra indústria importante foi a Vetorial, siderúrgica que chegou de olho no potencial da cidade em produzir carvão. A unidade funciona até hoje e gera em torno de 300 empregos diretos. A maior parte das carvoarias existentes são mantidas pela Vetorial no município.

Linto, 67, é corretor há 33 anos e acompanhou as inúmeras tentativas de desenvolvimento da cidade (Foto: O Jacaré)

Informações: O Jacaré.

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APRE Florestas realiza press trip e reúne imprensa para imersão no setor florestal

Com o objetivo de reunir a imprensa paranaense para uma imersão no setor florestal, a Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas) realizou no último dia 3 de julho sua primeira Press Trip, uma visita guiada em parceria com a associada Águia Florestal para demonstrar os números que integram esse segmento da economia, além de lançar luz a um segmento que está presente no cotidiano das pessoas mais do que se imagina.

“Estamos vivendo um dos melhores momentos da história da silvicultura brasileira, contribuindo para uma sociedade melhor. Atingimos um nível de maturação que oferece soluções para substituir produtos de origem fóssil por produtos sustentáveis”, avalia o diretor executivo da APRE Florestas, Ailson Loper.

Cenário brasileiro

Esse momento de maturidade pode ser verificado no tamanho das áreas plantadas. De acordo com o Relatório Anual da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), o Brasil possui cerca de 10,2 milhões de hectares de florestas plantadas em 2023, um crescimento de 3% em comparação ao ano anterior. Isso corresponde a cerca de 1% do Território Nacional.

Uma das práticas de manejo mais importantes consiste na técnica chamada de plantio em mosaico, que intercala áreas de conservação com áreas de árvores cultivadas para fins industriais.

Dentre as espécies cultivadas no Brasil o eucalipto se destaca, abrangendo 7,8 milhões de hectares, o que corresponde a 76% da área total plantada. Esse número representa um crescimento de 41% nos últimos dez anos, evidenciando a relevância dessa cultura na economia florestal brasileira.

Já as áreas de pinus cobrem 1,9 milhão de hectares, ou seja, 19% do total do setor. Além disso, outras espécies ocupam cerca de 500 mil hectares, incluindo acácia, teca, seringueira e araucária, contribuindo de forma diversificada para a fabricação de produtos florestais do país. No Paraná, essa proporção se inverte onde se tem mais pinus plantados que eucalipto.

Experiência em campo

Na experiência in loco, os jornalistas visitaram uma área de plantio de pinus da Águia Florestal, em Ponta Grossa, e verificaram todo processo de um ciclo produtivo que chega a 28 anos. Na oportunidade, testemunharam o desbaste de árvores de 17 anos com equipamentos de última geração, que já cortam as toras em tamanhos apropriados conforme o diâmetro de cada árvore. Tudo já programado e operado por profissionais altamente qualificados.

O diretor da Águia Florestal, Alvaro Luiz Scheffer Junior, explicou o processo, desde a muda até o plantio, passando pelo cuidado ao longo de todo ano e o combate a pragas para garantir um produto final de qualidade. Em seguida, na área fabril, mais tecnologia embarcada, com soluções trazidas da Europa para a construção de painéis feitos com CLT (Cross Laminated Timber), um processo que transforma partes da madeira que iriam para as caldeiras em painéis altamente resistentes para uso na construção civil.

Os painéis fabricados pela Águia Florestal são feitos em módulos, inclusive com marcação de pontos hidráulicos e elétricos feitos por um robô que já entrega o módulo pronto para instalação desses itens. De acordo com o CEO, Alvaro Luiz Scheffer, os módulos equivalentes a uma casa de 60 metros quadrados ficam prontos em sete dias úteis. O objetivo é destinar cem dessas casas para o Rio Grande do Sul, que ainda sofre com as últimas enchentes e ampliar o mercado para oferecer uma solução de alta qualidade a um custo baixo, reduzindo o déficit habitacional.

Na ocasião, também foi momento de desmistificar alguns mitos que envolvem o setor e demonstrar que as florestas plantadas são responsáveis por sequestrar o carbono da atmosfera, tanto das partes aéreas quanto subterrâneas do pinus. É por isso que o setor conjuga desenvolvimento econômico e sustentabilidade, com destaque à produtividade brasileira com crescimento até dez vezes mais rápido do que as florestas localizadas no exterior devido às condições climáticas mais favoráveis.

De um total de 34 atividades, a indústria que planta árvores para fins industriais ocupa o 5° lugar no ranking de participação no PIB nacional, atrás apenas das atividades de construção civil (5%), eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana (2,6%), alimentos e bebidas (2%), petróleo e gás (1,9%).

Paraná e seu lugar de destaque

O Paraná desponta no cenário nacional com a segunda maior área de pinus do país e General Carneiro, município localizado na região Sul do Paraná, mantém a liderança como município com maior VBP da silvicultura do Brasil.

De acordo com dados do último Estudo Setorial da APRE, o Paraná possui cerca de 1,17 milhão de hectares plantados, sendo 710.836,77 hectares de pinus, 438.721,37 hectares de eucalipto e 6.486,96 ha de araucária, o que corresponde a 11,84% dos plantios do país. Isso coloca o Paraná no 4ºo lugar entre os produtores nacionais. 

O estado tem papel de destaque nessa cadeia produtiva que movimenta a economia, gera empregos, contribui para a conservação do meio ambiente e melhora a vida nas comunidades rurais.

No caso dos plantios de pinus, a região Sul do Brasil é predominante, devido às condições climáticas e de solo favoráveis para essa espécie. A região responde por 89% da área total de plantios de pinus do país, sendo que o Paraná é responsável por 50,49% do volume de madeira de pinus produzido no Brasil, sendo a segunda maior área de pinus do país.  

Benefícios das florestas plantadas

O cultivo comercial de florestas no Brasil atende à expressiva demanda por madeira e ainda reduz a pressão sobre florestas nativas. Além disso, existem outros benefícios:

Fixação de carbono: o setor é um dos maiores sequestradores de CO₂;

Recuperação de áreas degradadas: muitas florestas plantadas se encontram em terras antes improdutivas;

É um recurso renovável;

Conservação de recursos hídricos: investimentos para enriquecimento de APPs (Áreas de Preservação Permanente) e nascentes, além de monitoramento das bacias hidrográficas;

Biodiversidade em áreas de conservação: o setor mantém milhões de hectares de vegetação nativa conservada dentro de suas áreas, além dos investimentos em monitoramento de fauna e flora;

Fonte de energia para a indústria: o cavaco, um dos subprodutos de origem madeireira, assim como a biomassa florestal, são utilizados para a geração de energia, reforçando o compromisso com práticas limpas.

Geração de empregos

O impacto vai além do meio ambiente. De acordo com o Relatório Anual da IBA, em 2023, foram criados 33,4 mil novos postos de trabalho, somando um total de 690 mil empregos diretos e 2 milhões indiretos garantidos pela indústria. Ao todo, os postos de trabalho diretos e indiretos são estimados em 2,69 milhões em todo país, promovendo renda no campo e impulsionando o crescimento de pequenas cidades e comunidades. 

APRE: fortalecimento da silvicultura

À frente desse setor está a Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE), que há 57 anos reúne empresas e instituições comprometidas com o manejo florestal responsável e o desenvolvimento sustentável.

Atualmente, 41 empresas associadas respondem por 45,4% das áreas plantadas no estado, que juntas contribuem com cerca de 7,8% do PIB do estado. Além disso, o setor emprega mais de 500 mil pessoas. As empresas associadas também possuem elevado índice de certificação: 79,1% das áreas manejadas e conservadas pelas associadas seguem normas ambientais rigorosas. 

A APRE Florestas também incentiva a inovação e conhecimento científico, contando com dez instituições de ensino e pesquisa no Conselho Científico da entidade.

As iniciativas da associação incluem desde cursos técnicos até campanhas educativas e de prevenção, bem como projetos em parceria com a Embrapa Florestas, como o “Circule um Livro”, o Dia da Árvore e inclusive o Prêmio APRE de Jornalismo, que está em sua terceira edição e tem como objetivo valorizar a comunicação e a educação ambiental.

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Exclusiva – Paracel conclui terraplanagem, abrindo caminho para consolidar a primeira indústria de celulose do Paraguai

Fase crucial das obras impulsiona a indústria de celulose, sustentabilidade e desenvolvimento local

Por meio de nota oficial, a Paracel primeira empresa paraguaia florestal de celulose, criada para gerar um impacto positivo na sociedade e fomentar o aumento da demanda por produtos biodegradáveis, informou ao Mais Floresta sobre uma importante etapa no avanço das obras do projeto – o maior empreendimento privado da história do país. Atualmente a empresa possui 195.000 hectares de terras próprias.

A Paracel é liderada por três companhias: o Grupo Zapag, Heinzel Holding GmbH e Girindus Investments, todas comprometidas com o desenvolvimento sustentável e a criação de valor social, econômico e ambiental. Confira o comunicado na íntegra:

“A Paracel alcançou um marco significativo na área industrial: a conclusão da terraplanagem de 6.000.000 m³, uma área que equivale a aproximadamente 500 campos de futebol regulamentares da FIFA. Dessa forma, a empresa florestal de celulose se consolida como o maior empreendimento privado do Paraguai, localizado na região norte do país, no departamento de Concepción.

Os trabalhos foram executados em conformidade com normas internacionais de saúde, segurança do trabalho e qualidade dos processos. As principais empresas contratadas – TOCSA, Ecomipa, Tecnoedil, Meta, Milicic, AFRY e Bureau Veritas –, bem como outras empresas fornecedoras, foram fundamentais para o sucesso e o desenvolvimento desta grandiosa obra.

Com um investimento superior a USD 1 bilhão, que inclui as obras preliminares para a fábrica, a grande expansão da base florestal e os projetos socioambientais que visam um impacto positivo, mais de 17.000 pessoas foram beneficiadas pela implementação de 14 programas sociais em 46 comunidades na área de influência da Paracel.

Esses trabalhos geraram um impacto significativo na economia local. Além de contar com um capital sem precedentes, a Paracel criou 1.800 empregos diretos. Essa quantidade também impulsiona a expansão de empregos, considerando que, para cada posto direto, estima-se a geração de quatro empregos indiretos, elevando o número para mais de 7.200 vagas de trabalho.

Paralelamente, a empresa também celebra a finalização da construção do alojamento C9, que terá capacidade para receber mais de 2.000 pessoas que trabalharão na construção da fábrica da Paracel. As instalações dessa área oferecerão conforto e segurança à equipe, seguindo padrões nacionais e internacionais, com destaque para a Norma de Desempenho Socioambiental IFC.

Os trabalhos foram realizados com total responsabilidade e compromisso com o bem-estar das pessoas, cumprindo elevados padrões de segurança. Como resultado, a empresa registra um índice de zero acidentes com afastamento no componente industrial, o que equivale a 3.000.000 de horas trabalhadas.

A empresa continua dando passos cruciais com os estudos complementares de engenharia, projetando um aumento de mais de 50% na capacidade da planta industrial em Concepción. Para fornecer o principal insumo à fábrica, a expansão da área florestal avança de forma acelerada. Dessa forma, a Paracel alcançou um recorde de plantio em 2024, com mais de 25.800 hectares plantados, equivalente a 3.500 árvores plantadas por hora. O mesmo ritmo está sendo mantido em 2025.

A Paracel agradece a colaboradores, comunidades, autoridades, empresas e organizações parceiras que fizeram parte desta conquista. Com os olhos no futuro, instamos todas as organizações a continuarem alcançando marcos em conjunto e traçando uma nova história no Paraguai.”

Mosaico florestal – Paracel.

Para consultas ou dúvidas, entre em contato pelo e-mail lia.milillo@paracel.com.py ou pelo telefone 0981 726 490 com Lia Milillo.

Escrito por: redação Mais Floresta.

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Drone brasileiro é usado para detectar incêndios florestais

Tecnologia com inteligência artificial monitora em tempo real a vegetação e emite alertas sobre queimadas e gases poluentes

Um drone desenvolvido no Brasil está sendo utilizado para detectar incêndios florestais em tempo real, combinando inteligência artificial e sensores ambientais. O projeto é fruto de uma parceria entre instituições de pesquisa e busca reduzir os impactos ambientais causados pelas queimadas no país.

A aeronave não tripulada foi criada por pesquisadores da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Ela utiliza sensores infravermelhos, câmeras térmicas e algoritmos de inteligência artificial para identificar focos de calor e emissão de gases nocivos à atmosfera.

Inteligência artificial na prevenção de queimadas

O diferencial do drone está na capacidade de interpretar dados ambientais em tempo real. Usando algoritmos de aprendizado de máquina, o sistema analisa imagens térmicas e níveis de gases como dióxido de carbono (CO₂) e monóxido de carbono (CO) para prever e alertar sobre a possibilidade de incêndios florestais antes que eles se alastrem.

incêndio florestal
Matt Howard/Unsplash

Segundo os responsáveis pelo projeto, a IA consegue identificar padrões que indicam o início de uma queimada mesmo em áreas remotas ou com pouca visibilidade. Isso é essencial para ações rápidas de combate ao fogo e redução de danos à fauna e flora.

Esse avanço soma-se a outras iniciativas globais no uso de drones especializados, como o drone-espião do tamanho de um mosquito desenvolvido por cientistas chineses, mostrando como o uso desses equipamentos vem se expandindo em diferentes áreas.

Monitoramento ambiental em larga escala

Com autonomia de voo de até uma hora e capacidade de cobrir áreas de até 10 hectares por operação, o drone pode ser usado tanto por órgãos públicos quanto por ONGs e instituições privadas dedicadas à conservação ambiental.

Além de detectar focos de incêndio, o equipamento também é capaz de monitorar a emissão de gases de efeito estufa. Isso permite acompanhar o impacto das queimadas sobre o aquecimento global, fornecendo dados úteis para relatórios ambientais e políticas públicas.

O uso crescente dessas tecnologias também está presente no setor agrícola. Um exemplo é a aquisição da empresa Sentera, de monitoramento aéreo de lavouras, pela John Deere — parceria que reforça a digitalização no campo.

Testes e aplicações em campo

drone já foi testado em biomas como o Cerrado e a Mata Atlântica, regiões frequentemente afetadas por incêndios florestais no Brasil. Os testes mostraram que o sistema consegue identificar queimadas em estágios iniciais, inclusive durante a noite ou em condições de baixa visibilidade.

Segundo a FAPESP, a tecnologia está pronta para ser aplicada em larga escala e pode se tornar uma ferramenta estratégica para o combate ao desmatamento ilegal e à degradação ambiental em áreas protegidas.

Mesmo grandes startups que apostaram em aeronaves agrícolas de grande porte enfrentam desafios: o maior drone agrícola do mundo, por exemplo, sequer saiu do chão, em um caso que envolveu demissões em massa nos Estados Unidos.

Caminho para políticas públicas e parcerias

A expectativa dos idealizadores é que a tecnologia seja incorporada a programas de monitoramento ambiental mantidos por governos estaduais e federais. Também há negociações para parcerias com empresas do setor florestal e agrícola, interessadas em prevenir danos causados pelo fogo em suas propriedades.

A longo prazo, a tecnologia também poderá contribuir para a criação de mapas de risco de incêndios, indicando áreas mais suscetíveis às queimadas em função de clima, vegetação e atividade humana.

Informações: Mundo Conectado.

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Tarifas dos EUA afetam exportações brasileiras de celulose

Vendas para o mercado americano recuam 15,2% em valor e 8,5% em volume entre janeiro e maio, segundo a Câmara de Comércio Brasil-EUA

As exportações brasileiras de celulose para os Estados Unidos registraram uma queda significativa nos primeiros cinco meses de 2025, impactadas pelas tarifas impostas pelo governo de Donald Trump. De acordo com a Câmara de Comércio Brasil-EUA, as vendas caíram 15,2% em valor e 8,5% em volume entre janeiro e maio. Somente no mês de maio, o recuo em valor foi de 35%.

O levantamento indica que, embora o fluxo geral de exportações brasileiras aos EUA tenha crescido 5% no período, totalizando US$ 16,7 bilhões e estabelecendo um recorde, metade dos dez principais produtos exportados apresentou retração. No caso da celulose, a combinação entre a aplicação de tarifas de até 10% e a concorrência com países com acesso preferencial ao mercado americano, como o Canadá, está entre os fatores que explicam a perda de espaço.

A Câmara também aponta preocupação com o déficit comercial crescente do Brasil com os Estados Unidos. Enquanto as exportações brasileiras avançaram, as importações dos EUA cresceram 9,9%, somando US$ 17,7 bilhões e resultando em saldo negativo de US$ 1 bilhão.

Outros setores impactados incluem ferro-gusa, madeira, açúcar e equipamentos de engenharia. Em contrapartida, produtos como carne bovina, sucos e café tiveram alta expressiva. Para a Câmara, o cenário exige atenção das autoridades brasileiras e esforços diplomáticos para reequilibrar a balança e preservar a competitividade da indústria nacional, especialmente no setor de celulose.

Informações: Portal Celulose.

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Como grandes players florestais estão utilizando telemetria no Brasil

*Artigo por Vinicius Callegari.

A telemetria florestal no Brasil tem se mostrado um dos vetores mais inovadores e estratégicos para grandes players do setor, permitindo um nível de controle, eficiência e sustentabilidade nunca antes alcançados. Empresas líderes em produção de celulose e papel, por exemplo, estão investindo pesadamente em tecnologia embarcada com equipamentos como sensores, módulos de comunicação via satélite ou rádio e plataformas de análise em nuvem, que capturam dados, variáveis ambientais e produtividade em tempo real.

Uma dessas empresas, referência nacional no setor de celulose, iniciou em agosto de 2024 a instalação de computadores de bordo em sua frota florestal e, mesmo com cerca de 200 máquinas equipadas inicialmente, já representava mais de 50 % do total previsto, visando abranger 100 % da operação até o final daquele ano. Ou seja, aproximadamente 350 máquinas, entre tratores, caminhões-pipa, equipamentos de carregamento e outros. Essa digitalização permite o monitoramento remoto de status de operação, horários, paradas não-programadas e alertas automáticos que favorecem intervenções pró-ativas e elevam a segurança dos colaboradores.

Outra organização de grande porte no setor, com atuação integrada do plantio à indústria, foi pioneira no Brasil ao implantar, ainda em 2021, uma “Torre de Controle Florestal”, plataforma que integra telemetria de máquinas, inteligência artificial, monitoramento via rádio e satélite, com acompanhamento 24 horas por dia de atividades como colheita, carregamento, pátios e alimentação de fábricas. Esse sistema traz transparência operacional inédita, permitindo tomar decisões mais rápidas, detectar desvios como tempo ocioso, excesso de paradas, vias de acesso inadequadas e, em consequência, reduzir custos e ampliar produtividade. 

Em paralelo, fabricantes globais de maquinário pesado têm oferecido soluções de telemetria dedicadas ao setor florestal. Um desses fabricantes oferece um sistema de gerenciamento de frota com monitoramento de localização, alertas de falhas, dados de horas de operação, consumo de combustível e manutenção preventiva automatizada, com conectividade por satélite, acesso remoto ao diagnóstico e funcionalidades que reduzem roubos ou ociosidade. Outro fornecedor, igualmente reconhecido internacionalmente, introduziu no Brasil uma suíte de serviços com monitoramento de frota, visão operacional e precisão geográfica, reunindo dados de uso, padrões operacionais, localização e condições dos equipamentos com posicionamento de alta precisão, auxiliando no planejamento prévio, na eficiência do corte, no menor impacto ambiental e na garantia de restrições geográficas.

Os dados coletados por esses sistemas, como horas de uso, falhas, consumo, custos, volumes colhidos, condições geográficas e até postura dos operadores, são integrados em plataformas avançadas na nuvem. As análises são feitas em dashboards e algoritmos de IA ou machine learning, que identificam padrões, reforçam a manutenção preditiva, exageros no consumo ou ociosidade, permitindo tomadas de decisão em tempo real. 

Já não se trata apenas de “aparelhos conectados”, mas de um ecossistema digital florestal: com maior sustentabilidade, preservação de recursos, redução de emissões e melhoria contínua nos processos. Os ganhos reais em termos de produtividade e economia ainda estão sendo medidos, mas operadores do setor relataram quedas significativas no tempo de máquina parada, consumo reduzido de combustível e aumento na taxa de utilização operacional.

Além das operações diretas, essas tecnologias favorecem as boas práticas ambientais: o monitoramento milimétrico das rotas, a demarcação de áreas sensíveis, a prevenção de desvios que possam causar erosão ou dano à fauna e flora, resultam em um setor mais responsável do ponto de vista socioambiental. O processo de digitalização também impacta positivamente a relação com investidores, certificações internacionais e a imagem pública.

Em resumo, a digitalização florestal promovida por grandes operadores nacionais, somada às tecnologias embarcadas dos fabricantes e às inovações de startups e institutos, formam um ecossistema de telemetria que revoluciona a gestão florestal. O controle em tempo real, aliado à análise inteligente de dados alimentados por sensores, resulta em decisões mais rápidas, operações mais seguras e sustentáveis, e ganhos expressivos em produtividade e conformidade socioambiental. Essa transformação mostra que, no Brasil, os grandes players florestais estão deixando de gerir “florestas físicas” para administrar verdadeiros “ativos digitais”, capazes de gerar valor sob controle e com responsabilidade.


*Vinicius Callegari é Co-Fundador da GaussFleet, maior plataforma de gestão de máquinas móveis para siderúrgicas e construtoras.

Publicação original em: https://jornaltribuna.com.br/2025/07/como-grandes-players-florestais-estao-utilizando-telemetria-no-brasil/

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Negócios & gente: setor florestal inova e gera empregos

Com 1,17 milhão de hectares de florestas plantadas, o Paraná ocupa lugar de destaque na silvicultura nacional. É o segundo estado com maior área de pinus no Brasil e responde por mais de 50% da produção dessa madeira no país. Mas o impacto desse setor vai muito além dos números: está presente no cotidiano das pessoas, movimenta a economia, protege o meio ambiente e transforma realidades no interior do estado.

Fraldas, absorventes, cápsulas de remédio, móveis, carvão, papel, tecidos, embalagens, cosméticos. O que esses produtos têm em comum? A madeira, especialmente de florestas plantadas. Isso sem falar nos subprodutos não madeireiros, como erva-mate, pinhão, óleos essenciais e tanino, que também fazem parte dessa engrenagem econômica sustentável.

O Brasil é líder mundial em produtividade florestal por hectare, e o setor cresce com responsabilidade. De acordo com o Relatório Anual da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), são mais de 10,2 milhões de hectares de florestas plantadas no país. No Paraná, a silvicultura representa uma força importante: o estado abriga 11,84% dos plantios nacionais, com destaque para General Carneiro, município que lidera o Valor Bruto de Produção (VBP) da silvicultura no país.

Além de atender a uma demanda crescente por madeira, o cultivo de florestas reduz a pressão sobre matas nativas, recupera áreas degradadas e se destaca como um dos maiores sequestradores de carbono. O setor também investe na preservação de nascentes, biodiversidade e na geração de energia limpa a partir da biomassa.

Em 2023, segundo a IBÁ, o setor gerou 33,4 mil novos empregos, totalizando 2,69 milhões de postos diretos e indiretos em todo o país. No Paraná, o protagonismo é reforçado pela atuação da APRE (Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal), que há 57 anos promove o manejo florestal responsável, representa empresas e instituições do setor e conecta inovação, sustentabilidade e educação.

Hoje, 41 empresas associadas à APRE respondem por 45,4% das áreas plantadas no estado. Juntas, elas empregam mais de 500 mil pessoas e geram cerca de 7,8% do PIB paranaense. Dessas áreas, 79,1% possuem certificações ambientais reconhecidas internacionalmente.

A APRE também investe em conhecimento e valorização da informação. Além de contar com dez instituições de ensino e pesquisa no seu conselho científico e realizar projetos como o “Circule um Livro” e ações de educação ambiental, a associação promove o Prêmio APRE de Jornalismo, que está em sua terceira edição. Neste ano, o tema é “Florestas Plantadas e Tecnologia”, e a premiação está com inscrições abertas até 20 de outubro de 2025. Podem participar jornalistas de todo o país com matérias veiculadas entre novembro de 2024 e outubro de 2025, nas categorias texto, áudio e vídeo. Mais informações estão disponíveis no site.

Informações: Mural do Paraná.

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Suzano abre vagas de Operadores(as) de Máquinas Florestais exclusivas para pessoas com deficiência em Três Lagoas e região (MS)

A Suzano, maior produtora mundial de celulose e referência global na fabricação de bioprodutos desenvolvidos a partir do eucalipto, está com inscrições abertas para Operadores(as) de Máquinas Florestais – Trainee exclusivas para pessoas com deficiência em Três Lagoas e região. A iniciativa faz parte do Programa Cultivar da companhia, que visa contribuir com a qualificação da mão de obra local e a promoção da equidade de oportunidades na região.

Ao todo, serão cinco vagas disponíveis para pessoas com deficiência residentes de Três Lagoas (02 vagas) e Brasilândia (03 vagas) e as inscrições seguem abertas até o dia 25/07/2025, pelos links: vagas Três Lagoas bit.ly/4nqpq8U e vagas Brasilândia bit.ly/4etBeTD

 Para participar do processo seletivo, os(as) interessados(as) precisam atender aos seguintes pré-requisitos: ter mais de 18 anos, Ensino Fundamental completo e ter Carteira Nacional de Habilitação na categoria B. Não é necessário ter formação ou experiência na área.

“Na Suzano, temos um direcionador que diz que ‘só é bom para nós, se for bom para o mundo’ e a diversidade nos fortalece enquanto empresa e faz bem para os negócios. Paralelamente, ao investirmos na formação de pessoas com deficiência, estamos contribuindo para ampliar a diversidade e a equidade de oportunidades no mercado de trabalho e para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária como um todo”, destaca Mônica Catânia, gerente de Gente e Gestão da Suzano em Três Lagoas.

O Programa Cultivar também está ligado ao compromisso de longo prazo da Suzano de reduzir desigualdades sociais e retirar mais de 200 mil famílias da linha da pobreza nas áreas de atuação da companhia até 2030 por meio da qualificação profissional.

Benefícios

Além da formação gratuita, as pessoas contratadas ainda terão benefícios como: remuneração compatível com o mercado, plano de saúde e seguro de vida, plano odontológico e vale alimentação e transporte.

Mais informações sobre o processo seletivo podem ser obtidas pelo telefone 67 98457-7139.

Sobre a Suzano

A Suzano é a maior produtora mundial de celulose, uma das maiores fabricantes de papéis da América Latina e líder no segmento de papel higiênico no Brasil. A companhia adota as melhores práticas de inovação e sustentabilidade para desenvolver produtos e soluções a partir de matéria-prima renovável. Os produtos da Suzano estão presentes na vida de mais de 2 bilhões de pessoas, cerca de 25% da população mundial, e incluem celulose; itens para higiene pessoal como papel higiênico e guardanapos; papéis para embalagens, copos e canudos; papéis para imprimir e escrever, entre outros produtos desenvolvidos para atender à crescente necessidade do planeta por itens mais sustentáveis. Entre suas marcas no Brasil estão Neve®, Pólen®, Suzano Report®, Mimmo®, entre outras. Com sede no Brasil e operações na América Latina, América do Norte, Europa e Ásia, a empresa tem mais de 100 anos de história e ações negociadas nas bolsas do Brasil (SUZB3) e dos Estados Unidos (SUZ). Saiba mais em: suzano.com.br.

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