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Recompra de parte da Eldorado custaria R$ 3,8 bilhões ao grupo J&F

Grupo brasileiro trava disputa com sócia estrangeira desde que desistiu de venda de fábrica de celulose

O desfazimento do contrato de venda da Eldorado Celulose custaria à J&F Investimentos o desembolso de cerca de R$ 3,8 bilhões para o grupo indonésio dono da sócia Paper Excellence. A fábrica está instalada em Três Lagoas e há anos é alvo de uma disputa entre os grupos empresarias, com litígio já em várias esferas do Poder Judiciário.

Em 2017, os dois grupos fizeram negociação para a parceira estrangeira adquirir 49,5% das ações, no valor que eventualmente terá que ser devolvido, e pagar para obter o restante das ações no ano seguinte. Em nota, a Paper informou que a transação total envolve R$ 15 bilhões.

Ocorre que a J&F, no ano seguinte, desistiu de seguir com as tratativas, desencadeando primeiro uma arbitragem, na qual o sócio estrangeiro teve reconhecido o direito, e, depois, ação na Justiça Paulista e também na Justiça Federal, em Três Lagoas. Até ao STF (Supremo Tribunal Federal) alegou vício na transação.

Essa semana veio à tona novo capítulo, com a divulgação de um parecer, elaborado pelo Incra de Mato Grosso do Sul, que considera que as normas não foram plenamente cumpridas à época da aquisição. Por envolver empresa estrangeira, a legislação brasileira exige autorização do Poder Público (União e Congresso) quando envolver aquisição de áreas.

Como a empresa possui fazendas para cultivo da celulose, o Incra considerou que a situação estava ilegal. A J&F divulgou nota ao mercado apontando que a situação reforçava a hipótese de recompra de suas ações ou uma nova negociação dentro dos parâmetros legais.

A Paper também se manifestou por meio de nota, considerando que o documento do Incra não indica a obrigação de anulação do contrato, o que poderia ocorrer de comum acordo, pontua. A empresa argumenta que não se trata da compra de terras, mas de um empreendimento, um complexo industrial, cujas áreas envolvidas, para produção de matéria priva, compreendem apenas 5% do capital da transação (14,6 mil hectares).

A empresa sócia da J&F diz que a nota técnica envolve questão “pontual e irrelevante” da transação e compara que há muitas companhias estrangeiras realizando negócios no País, envolvendo a mesma área de atuação- celulose- ou outras, sem que represente violação às normas do Brasil sobre terras. Ainda apela às autoridades para a necessidade de haver segurança jurídica para os investimentos.

Essa mesma questão já estava sendo discutida pela Justiça Federal. Uma ação foi apresentada em Três Lagoas e ainda tramita com pedido de reconhecimento da nulidade da compra da empresa pela Paper por se tratar de um grupo empresarial estrangeiro.

Informações: Campo Grande News.

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Pecuária sustentável brasileira atrai atenção de muitos países

Os estudos da Embrapa Pecuária Sudeste com sistemas integrados de produção, como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), todos os anos apresentam resultados positivos na diminuição de GEE, na incorporação de carbono no solo e nas árvores, no bem-estar animal, na produtividade, na reprodução, qualidade dos solos, etc. “Grande parte das delegações internacionais solicitam a inclusão do ILPF na programação das visitas. Além disso, a gestão da Embrapa Pecuária Sudeste entende que é importante a divulgação desta tecnologia nacional para mostrar ao mundo que é possível ser sustentável e ter alta produtividade”, destacou o o pesquisador Alberto Bernardi, articulador internacional da unidade.

No ano de 2023, a Embrapa recebeu 196 visitantes estrangeiros, em 18 missões, representando 37* países dos cinco continentes África (29%), Ásia (27%), América (22%), Europa (14%) e Oceania (8%). O fato indica que o desenvolvimento de pesquisas relacionadas a sistemas de produção sustentáveis, mudanças climáticas, bem-estar animal, pecuária de precisão e melhoramento genético, está posicionando a Embrapa Pecuária Sudeste, localizada em São Carlos (SP), como um centro de referência nacional e internacional. De acordo com o articulador internacional, a pecuária sustentável é um tema que tem atraído a atenção do planeta, além de ser uma aposta do Brasil para contribuir no combate às mudanças climáticas.

Para o chefe-geral  Alexandre Berndt, a equipe de pesquisa está empenhada e estuda esses e outros modelos para produção de carne e leite de forma responsável, garantindo a conservação do meio ambiente, sem necessidade de aumento de área e que proporcionem bem-estar aos animais e reduzam os impactos das mudanças no clima. Segundo ele, é importante que esses resultados sejam levados ao maior número de pessoas e de países. “Precisamos mostrar como a ciência tem contribuído para tornar a pecuária brasileira cada vez mais resiliente, adaptada às modificações climatológicas e sustentável”, diz.

A partir das visitas internacionais também podem surgir oportunidades de relacionamento e celebração de parcerias institucionais, governamentais e privadas para o estabelecimento de memorandos de entendimento, projetos de cooperação técnica, intercâmbio de pesquisadores, etc. Além disso, a articulação internacional é uma área tática para subsidiar decisões estratégicas dos gestores em ações corporativas e de negócios.

Atualmente, com apoio e articulação da Embrapa Pecuária Sudeste, há em execução memorando de entendimento com a Universitá di Bologna (Itália), University of Florida (EUA), Texas A&M (EUA) e University of Iowa. Um acordo de transferência de material com a Universidade de Queensland (Austrália) e um Projeto de Cooperação Científica com a Universidade de Lisboa.

Informações: Sou Agro.

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Agricultura urbana pode ser resposta criativa à crise climática, e SP dá exemplos

Estudo comparou soluções desenvolvidas em São Paulo e em Melbourne, na Austrália. E destaca o grande potencial de expansão na capital paulista

Aquela que, décadas atrás, seria considerada uma proposta utópica passou a ser reconhecida, agora, como uma necessidade urgente: ocupar o espaço urbano com hortas e pomares, aumentando a cobertura vegetal da cidade e o aporte de alimento saudável para a população.

“Há hoje uma consciência da necessidade de fortalecer a agricultura local e a segurança alimentar, diante das incertezas geradas pela crise climática global”, diz o engenheiro ambiental Luís Fernando Amato-Lourenço, doutor em ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e pós-doutor pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA – USP) e pela Freie Universität, de Berlim, Alemanha.

Lourenço é o primeiro autor do artigo “Building knowledge in urban agriculture: the challenges of local food production in São Paulo and Melbourne”, publicado no periódico Environment, Development and Sustainability.

O estudo foi apoiado pela FAPESP por meio de Bolsa, concedida a Lourenço, e de um Auxílio à Pesquisa, no âmbito do Projeto SPRINT (São Paulo Researchers in International Collaboration), coordenado por Thais Mauad, ex-orientadora de Lourenço e também autora do artigo.

“Nós comparamos a agricultura urbana desenvolvida em duas situações muito diferentes: na cidade de São Paulo e na cidade de Melbourne, na Austrália. Em Melbourne, a agricultura urbana é articulada com estratégias de saúde pública, como a promoção de exercícios físicos e outras atividades destinadas ao controle do sobrepeso e ao combate à obesidade. Em São Paulo, existem predominantemente dois modos: um de caráter socioeducativo, baseado em trabalho voluntário e princípios agroecológicos, como o desenvolvido no Parque das Corujas, na Vila Madalena; outro voltado para a geração de renda, principalmente em áreas periféricas das regiões Sul e Leste”, diz Lourenço.

O pesquisador informa que, em Melbourne, a atividade agrícola urbana, que pode ser coletiva, em espaços comuns, ou particular, em propriedades privadas, é regulamentada por políticas públicas, que definem as áreas para a implantação das hortas e fazem a testagem do solo. Nos espaços comuns, os beneficiários das hortas pagam uma taxa por mês. É um modelo que ainda não existe em São Paulo.

“Uma forte característica da agricultura urbana em São Paulo é que as iniciativas aparecem e desaparecem muito rapidamente. Como se baseiam em trabalho voluntário, são mais fáceis de começar do que continuar. As exceções ocorrem quando há uma pessoa muito empenhada na liderança. É o caso da nutricionista, consultora gastronômica e influenciadora Neide Rigo, que mantém o blog ‘Come-se’ e cuida de uma horta de muito sucesso na City Lapa. Uma de suas contribuições é a valorização das chamadas ‘Plantas Alimentícias Não Convencionais’ (PANCs), que apresentam grande resiliência diante de intempéries e constituem importantes opções nutricionais em tempos de mudanças climáticas”, exemplifica Lourenço.

O pesquisador ressalta, a propósito, que a criatividade é um diferencial que conta pontoa favor de São Paulo. Se em Melbourne as coisas são mais organizadas, em São Paulo as soluções inovadoras predominam. “Os pesquisadores australianos ficaram muito interessados em conhecer as iniciativas de agricultura orgânica desenvolvidas aqui”, conta.

Há uma crescente disposição de parte da população para a agricultura urbana. Se as iniciativas voluntárias são mais difíceis de quantificar, os números dos empreendimentos voltados para a geração de renda são mais bem conhecidos. “Sabemos que o município de São Paulo possuía, no período 2017 – 2028, 323 unidades de produção agropecuária, em sua maior parte com propriedades menores que 10 hectares e com culturas temporárias, totalizando uma área de cerca de 4.388 hectares. Entre proprietários, familiares e mensalistas, 802 pessoas estavam envolvidas diretamente na produção”, afirma Lourenço.

Segundo o pesquisador, na região Sul, onde a produção é mais expressiva, a agricultura é tipicamente familiar. “Nessa região, 64% da população ocupada na atividade são constituídos por proprietários e 78% moram nas propriedades. No total, 65% das propriedades contam com mão de obra exclusivamente familiar. E produzem uma grande diversidade de itens, entre legumes, verduras, raízes, ervas e frutas”, contabiliza.

Horta urbana na favela de Manguinhos, no Rio de Janeiro — Foto: Hortas Cariocas
Horta urbana na favela de Manguinhos, no Rio de Janeiro — Foto: Hortas Cariocas.

Um subtema cada vez mais comentado é o das hortas verticais, estabelecidas nos topos ou mesmo em andares dos edifícios. Essa solução, na qual Barcelona se destaca em primeiro lugar no mundo, também tem sido adotada em Berlim e São Paulo. Por exemplo, uma horta cultivada no topo do Shopping Eldorado fornece legumes, verduras e ervas livres de defensivos agrícolas aos funcionários e suas famílias.

“São Paulo tem um enorme potencial para a implantação de hortas nos topos dos edifícios. Além de possibilitar a produção de alimentos muito perto dos consumidores finais e de constituir espaços de socialização e educação ambiental, essas áreas verdes elevadas são também uma alternativa para a mitigação das ilhas de calor. Falta implantar políticas públicas duradouras que contribuam para isso”, pondera Lourenço.

Considerando a agricultura urbana como um todo, a professora Thais Mauad comenta: “Frente ao cenário das mudanças climáticas, produzir alimentos na cidade traz vários benefícios. A expansão da cobertura vegetal, a permeabilidade do solo, o aumento da umidade do ar, a promoção da biodiversidade, o enriquecimento do solo por matéria orgânica e por compostagem, aliados a métodos agroecológicos, são certamente elementos mitigadores de caráter local das mudanças climáticas. Além disso, a produção de alimentos a curtas distâncias também traz vantagens na menor emissão de CO2 pelo transporte veicular. E, em situações extremas de inundações, queimadas e outras, que podem interromper o fluxo de alimentos para a cidade, as hortas urbanas constituem alternativas para garantir a segurança alimentar”.

O artigo “Building knowledge in urban agriculture: the challenges of local food production in São Paulo and Melbourne” pode ser acessado aqui.

Informações: Um Só Planeta.

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Grupo chileno CMPC busca startups

No Brasil, o programa do grupo chileno deve priorizar o setor logístico

CMPC, grupo chileno especializado na fabricação de celulose e papel, lançou o CMPC Ventures, projeto para se aproximar de startups que possam impactar sua cadeia produtiva e estejam alinhadas às práticas de governança ambiental, social e corporativa (ESG, na sigla em inglês).

No Brasil, o foco inicial é otimizar e modernizar o transporte de celulose e madeira, que atualmente é feito por vias fluviais e terrestres. Para isso, a fábrica de Guaíba, no Rio Grande do Sul, está selecionando startups locais e do restante do Brasil.

“As startups já nasceram em um ecossistema alicerçado na inovação e poderão nos acompanhar nesta jornada de evolução e transformação, com o objetivo de aperfeiçoar processos que irão refletir no uso racional de recursos e colaborar ainda mais com a preservação do meio ambiente”, explica Mauricio Harger, diretor-geral da CMPC no Brasil.

Fundada em 1920 em Puente Alto, no Chile, a CMPC tem 48 plantas industriais em oito países, incluindo o Brasil, onde está presente desde 2009. Anualmente, a empresa produz 2 milhões de toneladas de celulose com 20 mil colaboradores.

Informações: Fusões&Aquisições.

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Veracel abre vaga de estágio para universitários; inscrições vão até dia 10

A Veracel Celulose acaba de abrir uma oportunidade de estágio para estudantes de nível superior, em Eunápolis, para atuar na Coordenação de Relações Trabalhistas, Recrutamento e Benefícios. O período de inscrições vai até a próxima quarta-feira, 10 de janeiro.

O candidato selecionado será responsável pelas seguintes tarefas:

Organizar e registrar dados do planejamento, acompanhar os pagamentos de empresas prestadoras de serviços (EPS), com a elaboração de planilhas e relatórios eletrônicos, visando a subsidiar a área com informações;

Solicitar e enviar documentos ao Centro de Documentação (CEDOC), utilizando o sistema de solicitação de documentos, atendendo demandas das áreas afins;

Apoiar, quando necessário, as demandas de RH (análise de documentação admissional, análise de documentação do processo rescisório, apoio com treinamento de RH online e home office, entrega de holerites, aviso de férias, cartões do plano de saúde e odontológico), por meio do preenchimento de formulários, a fim de dar apoio aos colaboradores da área;

Apoio às demandas de RH (atualização das modalidades de trabalho via sistema, atendimento ao colaborador, apoio aos colaboradores com regularização, fechamento e conferência para folha, envio de documentos via DocuSign, preparação de pasta física com documentação e controle para arquivar, análise de documentação trabalhista, apoio no lançamento e acompanhamento do auxílio escolar, monitoramento de bobinas para os Relógios de Ponto Eletrônicos (REPs), confecção e entrega de crachá), com o preenchimento de formulários, a fim de colaborar com os colaboradores da
área;

Programar, quando necessário, o fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPI) dos colaboradores da área às empresas prestadoras de serviço (EPS), usando a planilha de controle, visando ao atendimento de procedimentos de segurança.

Acompanhar a admissão dos novos colaboradores no sistema, cadastrando
dados pessoais e de dependentes;

Orientar os colaboradores sobre assuntos da área de Relações Trabalhistas, mantendo-os informado sobre horários, pagamentos, crachás, confidencialidade de informações, hierarquia, entre outros assuntos;

Atualizar as carteiras de trabalho (CTPS) dos colaboradores, de acordo com movimentações no sistema SAP, visando ao cumprimento da legislação trabalhista;

Informar áreas afins sobre a demissão de colaboradores, utilizando a agenda de desligamento, a fim de atualizar os sistemas e acessos da empresa (das áreas de TI, Infraestrutura, Financeiro, Jurídico, Desenvolvimento Humano e Organizacional, entre outras);

Atualizar informações dos colaboradores no sistema SAP, conferindo e lançando documentos evidenciados;

Separar contracheques dos colaboradores, enviando-os às áreas e controlando os recibos;

Realizar atividades externas, de acordo com demandas específicas, a fim de apoiar a área de Relações Trabalhistas.

Para concorrer a essa posição, espera-se que o candidato tenha:

Cursos complementares na área de recrutamento, benefícios ou relações
trabalhistas;

Conhecimento em elaboração de relatórios, arquivamento e controle.

Mais informações sobre essas e outras oportunidades, acesse a página de carreiras da empresa: https://www.veracel.com.br/vagas/

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Minas avança em ações de gestão florestal, conservação e restauração ambiental em 2023

Análises de CAR e implementação do PRA são importantes destaques do balanço de ações do IEF em 2023

Gestão da fauna silvestre, de Unidades de Conservação (UCs) e de florestas plantadas e a implementação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e do Programa de Regularização Ambiental (PRA) são alguns dos principais trabalhos desenvolvidos pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) em 2023.

O Estado já contabiliza 17.173 análises de Cadastros Ambientais Rurais (CARs), com 191 já concluídas. Esses números colocam Minas em destaque no país, refletindo as diversas estratégias adotadas pelo IEF como a contratação de empresa especializada e o uso da Análise Dinamizada. Como resultado, Minas avança na implementação do Programa de Regularização Ambiental (PRA).

O CAR é um registro público, eletrônico e de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com o propósito de integrar informações ambientais das propriedades e posses rurais, especialmente em relação às áreas de Reserva Legal (RL) e de Preservação Permanente (APP). Essas informações compõem uma base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico, e combate ao desmatamento.

O compromisso é acelerar cada vez mais as análises do CAR e a adesão ao PRA no estado. Em agosto deste ano, tiveram início as publicações das notificações das análises do CAR. No primeiro edital, foram divulgadas 112 análises; no segundo, 160; no terceiro, 836; e no quarto, 1.584. O objetivo é a publicação de 4 mil por mês. Isso permitirá ao IEF desenvolver estratégias eficazes para a conservação ambiental e o uso sustentável dos recursos naturais.

“Para alcançar esses avanços, o IEF utiliza diversas alternativas, que são empregadas de forma concomitante, conforme a viabilidade técnica. Entre as estratégias lançadas pelo IEF estão a contratação de uma empresa especializada, o reforço da equipe técnica do CAR, o uso da ferramenta de Análise Dinamizada do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e a utilização da ferramenta CAR 2.0 da Plataforma Selo Verde”, afirma o diretor-geral do IEF, Breno Esteves Lasmar.

Avanços do PRA

O Programa de Regularização Ambiental (PRA) compreende um conjunto de ações e medidas de natureza técnico-ambiental com o intuito de promover a regularização de posses e propriedades rurais que apresentem passivos ambientais, incluindo a implantação da recomposição de tais áreas, identificadas a partir da declaração no CAR.

Como resultado dos avanços referentes às análises e à homologação do cadastro, Minas já conta com 112 Termos de Compromissos firmados para fins de adequação legal/ambiental de imóveis rurais, em consonância com o PRA. Esse avanço ocorreu por meio da adoção da modalidade ‘PRA declaratório’, em que o proprietário se compromete e realiza, com apoio do IEF, a adequação ambiental, conforme determina a legislação, mesmo antes da análise e homologação do CAR. Ele se compromete a complementar a adequação posteriormente, caso seja verificada a necessidade, durante a análise do CAR de sua propriedade.

Essa estratégia responde à emergência das mudanças climáticas e ao combate ao desmatamento, que requer do poder público um senso de urgência na implementação e regularização, por meio da restauração da vegetação nativa, de Áreas de Reserva Legal (RL), Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Áreas de Uso Restrito (AUR).

PRA Produzir Sustentável

Minas Gerais tem mais de 1 milhão de imóveis cadastrados no CAR e um passivo ambiental declarado no cadastro estimado em aproximadamente 3 milhões de hectares. Para enfrentar esse desafio, o IEF lançou, em 2022, o Programa PRA Produzir Sustentável, que visa promover a regularização dos imóveis rurais em Minas, por meio da conservação e restauração de ecossistemas, conciliada à produção rural. Nesse programa, a governança dos territórios viabiliza a união dos atores locais, resultando em convergência de esforços e sinergia entre os setores ambiental e produtivo.

“O PRA Produzir Sustentável é um programa guarda-chuva que alinha o Código Florestal a outras políticas como restauração, Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), clima e recursos hídricos. O programa pretende promover a adequação ambiental através da restauração produtiva, gerando renda para os produtores rurais”, explica a diretora de Conservação e Recuperação de Ecossistemas do IEF, Marina Dias.

Números do CAR em 2023:

– 15.714 CARs com análise individualizada iniciada;
– 191 com análise concluídas;
– 1.459 CARs em processo de análise dinamizada até dezembro;
– Lançamento do curso EAD de Análise do CAR na Plataforma Trilhas do Saber, com segunda turma iniciando em dez/2023.

Números do PRA Produzir Sustentável em 2023:

– 112 Termos de Compromisso de PRA firmados até novembro/2023;
– 15 Unidades Demonstrativas do PRA Produzir Sustentável em implantação, com adequação ambiental e produtiva dos IRs;
– 25 oficinas de mobilização do PRA Produzir Sustentável nas Unidades Regionais de Florestas e Biodiversidade (URFBios) do IEF;
– 20 municípios mobilizados para elaboração de seus Planos Municipais de Mata Atlântica (PMMAs);
– Lançamento do curso EAD de PMMA na Plataforma Trilhas do Saber;
– Produção de 562.184 mudas de espécies nativas até novembro/2023.

Fauna Silvestre

No ano de 2023, a fauna silvestre tem muitas ações relevantes a compartilhar como, por exemplo, lançamento da Pedra Fundamental para construção do Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras) no município de Lavras. O evento aconteceu no Complexo de Clínicas Veterinárias (CCV) do Centro Universitário de Lavras (Unilavras), com previsão para inauguração no primeiro semestre de 2025. A implementação e operacionalização do Cetras em Lavras é uma parceria entre o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o Centro Mineiro de Alianças Intersetoriais, o Instituto Estadual de Florestas (IEF), a Unilavras e a Agência Regional de Proteção Ambiental da Bacia do Rio Grande.

O Cetras vai funcionar em uma área de quase 7 mil metros quadrados disponibilizada pela Unilavras e atenderá mais de 200 cidades da região Sul de Minas. A unidade contará com todas as etapas de atendimento, desde o recebimento, identificação, marcação, triagem, realização de exames clínicos, físico e comportamental dos animais silvestres, até o tratamento, a reabilitação e a devolução dos animais ao seu ambiente natural.

Atualmente, o Estado conta com cinco Cetras: Belo Horizonte, Divinópolis, Patos de Minas, Juiz de Fora e Montes Claros, sendo que os Cetras de Belo Horizonte, Juiz de Fora e Montes Claros funcionam de forma compartilhada com o Ibama. Até novembro de 2023, 61% dos animais silvestres provenientes dos Cetras foram reintroduzidos no ambiente natural.

No âmbito da conservação, através Plano de Ação Territorial Espinhaço Mineiro, parte do Projeto Pró- Espécies, o IEF dará início em janeiro a ações de conservação da espécies-alvo Surubim do Jequitinhonha, com a elaboração de oficinas e de um manual de conservação da espécie. A aprovação do Plano de Trabalho do Projeto Surubim-do-Jequitinhonha (Steindachneridion amblyurum), no âmbito do PAT Espinhaço Mineiro será mais uma ação relevante para a conservação.

Em 2023, foi desenvolvido e liberado ao usuário o novo Sistema de autorização de pesca amadora por autosserviço. O órgão ainda desenvolveu o Jogo da Fauna no intuito de trabalhar com as crianças a importância da conservação da fauna silvestre. Outro destaque foi o lançamento do cadastro de instituições interessadas em firmar parcerias com o IEF para ampliar a preservação e o cuidado com a fauna, com 26 instituições cadastradas.

Gestão florestal

Governo de Minas utiliza a Tecnologia Blockchain para garantir segurança e transparência a todas as transações e atividades registradas no sistema MG Florestas. A plataforma realiza a gestão de florestas plantadas em Minas Gerais, com controle da cadeia do carvão vegetal, ajudando na proteção da vegetação nativa. Mais de 87% dos municípios mineiros já aderiram ao sistema.

A iniciativa é desenvolvida pelas Secretarias de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad-MG) e de Planejamento e Gestão (Seplag-MG), pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) e pela Companhia de Tecnologia da Informação do Estado de Minas Gerais (Prodemge), sendo financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES).

Utilizando um banco de dados distribuído, que armazena dados em vários computadores e à prova de violações, a Tecnologia Blockchain assegura que todas as informações relacionadas à produção, colheita e transporte de carvão vegetal sejam permanentes e acessíveis a todas as partes envolvidas. A tecnologia reduz o risco de atividades ilegais, melhorando a eficiência operacional de toda a cadeia produtiva.

Gestão de UCs

Na gestão das unidades de conservação, o IEF investiu na prevenção de incêndios florestais, com a análise de três planos de queima prescrita de nove Unidades Regionais de Florestas e Biodiversidade (URFBios) diferentes.

A queima prescrita é uma das técnicas previstas no Manejo Integrado do Fogo, que também envolve práticas de planejamento, monitoramento, conscientização ambiental, pesquisas, e inclusive a recuperação de áreas atingidas por incêndios. Ela consiste no uso intencional de fogo para manejo de vegetação, sempre seguindo um planejamento prévio e objetivos bem definidos.

Também foram realizados 16 cursos de formação de brigadistas florestais, com 360 pessoas capacitadas. Houve ainda a estruturação do programa de capacitação e fomento de brigadas florestais municipais, com doação de equipamentos.

Outro aspecto da gestão de unidades de conservação, foram os seis planos de manejo elaborados ou revisados e aprovados pela Câmara de Proteção da Biodiversidade e Áreas Protegidas (CPB) do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). Também foi elaborado o planejamento estratégico da regularização fundiária das UCs estaduais.

Os recursos da compensação florestal minerária ganharam uma normatização do banco de áreas de crédito. Os da compensação minerária também foram utilizados na estruturação de 17 unidades operacionais do IEF.

Informações: Agência Minas.

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Bracell recebe selo prata do Ecovadis em reconhecimento às práticas de ESG

O selo coloca a companhia entre as 25% melhores empresas avaliadas pelo Ecovadis

A Bracell, líder global na produção de celulose solúvel, acaba de receber o selo prata do Ecovadis, um dos maiores fornecedores mundiais de classificações de sustentabilidade empresarial. O reconhecimento é uma comprovação das excelentes práticas de sustentabilidade da companhia no ano de 2023. Com o resultado, a Bracell está entre as 25% melhores empresas avaliadas pelo Ecovadis no mundo.

“Estamos muito satisfeitos com mais esse reconhecimento das práticas de sustentabilidade da Bracell. Esse resultado foi alcançado graças ao empenho de todo o time da companhia, que está 100% comprometido com as melhores práticas de ESG. Recentemente, a Bracell lançou seu compromisso de sustentabilidade para 2030, com metas ambiciosas. O recebimento de selos como esse mostra que estamos no caminho certo”, afirma Lais Drezza, gerente de sustentabilidade responsável pelo processo do Ecovadis.

O Ecovadis avalia e classifica a gestão de sustentabilidade das empresas nos pilares meio ambiente, práticas trabalhistas e direitos humanos, ética e compras sustentáveissendo um índice de sustentabilidade empresarial estratégico mundialmente reconhecido, que contempla o desempenho e compromisso na gestão de temas socioambientais.O questionário respondido pelas empresas é composto por 381 perguntas e, também, é necessário enviar evidências que comprovem as boas práticas de gestão.

As fábricas da Bracell na Bahia e em São Paulo receberam o selo. “A notícia é excelente! Foi a primeira avaliação da Bracell São Paulo no Ecovadis e estreamos com o selo prata. Já a Bracell na Bahia aumentou sua pontuação, saindo do selo bronze, em 2022, para o selo prata, em 2023. É muito gratificante poder trazer mais essa evidência das boas práticas ESG da companhia para os nossos clientes”, explica Andressa Malcher, especialista de sustentabilidade que coordenou o processo junto às áreas apoiadoras.

A metodologia do Ecovadis é baseada em padrões internacionais de sustentabilidade, incluindo a Global Reporting Initiative, o Pacto Global da ONU e a ISO 26000. Mais de 1,6 milhão de empresas no mundo, de 175 países e 200 indústrias, já foram analisadas.

Sobre a Bracell

A Bracell é uma das maiores produtoras de celulose solúvel e celulose especial do mundo, com duas principais operações no Brasil, sendo uma em Camaçari, na Bahia, e outra em Lençóis Paulista, em São Paulo. Além de suas operações no Brasil, a Bracell possui um escritório administrativo em Cingapura e escritórios de vendas na Ásia, Europa e Estados Unidos. www.bracell.com

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MS Florestal abre vagas para Jovem Aprendiz com inscrições até segunda-feira (08)

O início está previsto para fevereiro e o contrato será de dois anos de duração; os interessados deverão enviar currículo para o e-mail indicado no conteúdo desta publicação

Mato Grosso do Sul, 04 de janeiro de 2024 – A MS Florestal, empresa genuinamente sul-mato-grossense na área de florestas, está com 10 vagas abertas para Jovem Aprendiz para atuar na área administrativa no escritório de Campo Grande. O candidato deverá ter entre 16 e 22 anos, e estar cursando ou ter concluído o Ensino Médio. Será ofertada uma bolsa no valor de R$ 600 e vale transporte. As inscrições ficarão abertas apenas até a segunda-feira, dia 8 de janeiro.

A carga horária de trabalho é de 4h, desempenhando atividades administrativas em diferentes setores da empresa. O início está previsto para fevereiro e o contrato será de dois anos de duração. Os interessados deverão enviar currículo para o e-mail vmsilva@bracell.com.

Vaga para Assistente Administrativo Tributário

A MS Florestal ainda oferece uma vaga aberta de Assistente Administrativo no departamento tributário, também com inscrições até a segunda (8) e para atuação no escritório da Capital. Os requisitos obrigatórios são Ensino Médio completo, além de comunicação e habilidade interpessoais excelentes. Os candidatos que também apresentarem Ensino Superior, e entre 1 ou 2 anos de experiência profissional em funções semelhantes, terão vantagem no processo seletivo, mas não são quesitos desclassificatórios.

Como integrante do departamento tributário, o profissional realizará, sob orientação, registros e conferências dos processos contábeis e fiscais; formação do custo de aquisição; tratamento tributário dos documentos fiscais em geral; análise de relatórios e demonstrativos de acompanhamento das operações fiscais; apoio nas apurações dos tributos municipais, estaduais e federais; apoio nas elaborações e entregas das obrigações acessórias; e apoio no atendimento aos clientes internos dos demais departamentos da companhia.

Todas as informações sobre a inscrição estão disponíveis neste link, ou buscando a vaga no site bracell.com/carreiras.

Sobre a MS Florestal A MS Florestal é uma empresa genuinamente sul-mato-grossense que fortalece as atividades de operação florestal do Grupo RGE no Brasil, com ênfase na silvicultura, desde o plantio do eucalipto até a manutenção da floresta. A MS Florestal é comprometida com a filosofia empresarial dos 5Cs, de que tudo o que fazemos deve ser bom para a Comunidade, para o País, o Clima e para o Cliente e só então será bom para a Companhia.

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Suzano recebe da Cosco Shipping navio especializado para o transporte de celulose

Com capacidade para 77 mil toneladas, embarcação é a maior do mundo desta categoria

Suzano, uma das principais referências globais na fabricação de bioprodutos a partir do cultivo de eucalipto, celebra com a Cosco Shipping Specialized Carriers a entrega do “Green Santos”, nome dado ao primeiro navio projetado especificamente pela empresa chinesa para atender a Suzano. A embarcação, lançada ao mar no dia 22 de dezembro, no Porto de Dalian, na província de Liaoning, na China, possui capacidade (deadweight tonnage – DWT, na sigla em inglês) para transportar 77 mil toneladas e é o maior navio desta categoria em todo o mundo. A maior capacidade da embarcação resulta em uma menor pegada de carbono por tonelada transportada, tornando o modelo mais amigável ao meio ambiente.

A partir desse semestre, o “Green Santos” terá um papel relevante no transporte da celulose da Suzano que parte do Porto de Santos, no estado de São Paulo, para vários destinos no mundo, principalmente a China. A embarcação, integrante de uma frota de navios com porte semelhante que deve ser entregue em 2024, foi construída para atender o aumento previsto das exportações de celulose proveniente da fábrica da Suzano em construção em Ribas do Rio Pardo (MS). Conhecida como Projeto Cerrado, a unidade entrará em operação até junho de 2024 e terá sua produção escoada a partir da cidade do litoral paulista, primeiro destino do “Green Santos”.

Uma vez iniciada, a nova unidade industrial será a maior fábrica de celulose de linha única do mundo e aumentará a capacidade de produção da Suzano em mais de 20%, ou 2,55 milhões de toneladas por ano. Além disso, a unidade será autossuficiente em energia, com 100% da energia proveniente de fontes renováveis, e exportará um excedente de 180 megawatts (MW) para o sistema nacional de energia.

‘’Estamos orgulhosos de testemunhar a entrega bem-sucedida do primeiro navio desse porte e que será operado pela Suzano. Essa embarcação nos permite atender a demanda crescente por produtos sustentáveis à base de celulose no mundo todo”, diz o diretor comercial da Suzano na Ásia, Jeff Yang.

“A ampliação da parceria com a Cosco Shipping reforça o nosso compromisso com o aumento de produtividade, com a qualidade do serviço prestado aos nossos clientes e com a sustentabilidade, uma vez que os novos navios terão maior capacidade de carregamento de celulose e permitirão a otimização do fluxo marítimo em nossas operações”, complementa a diretora de Logística e Planejamento Comercial da Suzano, Silvia Krueger Pela.

Inicialmente, a Suzano e a Cosco Shipping Corporation se tornaram parceiras no transporte de celulose em 2017. Desde então, a parceria se expandiu tanto em volume quanto no escopo do serviço, à medida que o negócio da Suzano crescia na China. Em 2022, as empresas assinaram um novo contrato de longo prazo, que prevê que Cosco Shipping irá construir um lote de novas embarcações customizadas para a Suzano.

O comunicado sobre a entrega do “Green Santos” foi feito pela companhia (BOV:SUZB3) nesta quarta-feira (03/01).

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ILPF: inúmeras vantagens, mas que exigem dedicação

O tradicionalismo, principalmente dos pecuaristas, ainda é um desafio para a implantação dos sistemas integrados nas propriedades rurais

Há mais de 30 anos, a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) tem sido objeto de pesquisas no Paraná. A adoção desse sistema – que pode combinar dois ou os três componentes – possibilita a recuperação de áreas degradadas, tanto de pastagens como de lavouras, além de proporcionar benefícios ambientais e incrementar a produtividade agropecuária, avançando sobre áreas menos produtivas.

Na região do Arenito Caiuá, no Noroeste do Estado, onde mais de 40% do território são dedicados à pecuária, a ILPF surgiu como oportunidade para aumentar a produção de grãos sobre áreas de pastagens degradadas, possibilitando o cultivo da soja em solos arenosos. É o caso do produtor Gerson Magnoni Bortoli, que possui duas propriedades sob esse sistema, uma em Perobal, com 465 hectares em Integração Lavoura Pecuária (ILP), e outra em Umuarama, com 424 hectares em Integração Pecuária Floresta (IPF), ainda em fase de testes.

Até então pecuarista, Bortoli começou a plantar a soja em 2004, com assistência técnica da cooperativa Cocamar, que, na época, havia dado início aos projetos com sistemas de integração no Arenito Caiuá. O produtor rural queria reformar as pastagens da propriedade em Perobal, adquirida em 2001. Hoje são327 hectares dedicados ao cultivo: 100% ocupados com soja no verão e, no inverno, com braquiária –ora solteira, ora consorciada com milho.

Na estação fria, Bortoli faz a transferência da maior parte do rebanho que estava em Umuarama para Perobal, para fazer o pastejo sobre as forrageiras. A média varia entre 350 e 500 animais – em Umuarama ficam apenas as vacas de cria (cerca de 200). “Quando o mercado está bom, compramos mais animais para fazer o acabamento em Perobal. Também faço semiconfinamento, se tem perspectiva boa de preço, faço a terminação no cocho. Entre final de agosto e início de setembro, tiramos o gado para dessecar o capim e plantar a soja”, explica o produtor.

Infraestrutura

Com a integração do sistema, os resultados não demoraram a aparecer. Segundo Bortoli, no primeiro ano já foi possível mensurar os benefícios. No entanto, a propriedade carecia de equipamentos e maquinários para a agricultura. Esse é um dos desafios para os produtores que estão começando no sistema de integração: investimento em infraestrutura para implantação de cada um dos componentes. Por isso, Bortoli agiu com cautela: começou terceirizando os serviços, até obter mais segurança financeira para comprar maquinário próprio. Somente após colocar toda a propriedade em ILP que investiu em máquinas novas e de primeira linha.

Outro desafio apontado pelo produtor é a falta de mão de obra qualificada. Como a região é tradicionalmente voltada para a pecuária extensiva, há poucos profissionais especializados em agricultura, principalmente em sistema de integração. “A pecuária da nossa região não exige tanta presença na lida diária. Na agricultura, o planejamento é mais rígido, pois cada hora é certeira”, avalia.

Desde 2008, quando a propriedade de Perobal atingiu a amplitude do sistema ILPF, a produtividade média está em 66 sacas de soja por hectare. Na safra de 2022/23, Bortoli colheu 88 sacas por hectare –número que impressiona, levando em consideração as condições de clima e solo do Arenito Caiuá. Na propriedade, o teor de argila no solo não passa dos 20%. “Para a nossa região não tem outra saída se não o sistema de integração”, garante o produtor.

Na pecuária, Bortoli viu a transformação nas pastagens – desde que começou com a ILP, tem pasto de sobra. Mesmo se houver geada, a braquiária resiste ou acaba rebrotando com facilidade. No inverno, o ganho de peso por animal é de 1 a 1,5 quilo por dia.

Capacitação

O tradicionalismo, principalmente dos pecuaristas, ainda é um desafio para a implantação dos sistemasintegrados nas propriedades rurais. Apesar dos exemplos práticos, muitos produtores apresentamresistência às mudanças que o sistema exige. Hoje, no Paraná, 633 mil hectares são ocupados pela ILPF,6,74% das áreas de uso agropecuário, conforme dados da Rede ILPF. Já no Brasil, são 17,4 milhões dehectares, 8,35% do total. Para reverter essa situação e ampliar o cenário, segundo especialistas, o ILPFexige planejamento e assistência técnica.

Na avaliação de Edemar Moro, professor e pesquisador na Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), ainda é preciso destravar o acesso ao conhecimento multidisciplinar para profissionais de assistência técnica, produtores e trabalhadores rurais. “Tem espaço para formar profissionais para aproximar a pesquisa do campo. É importante trazer quem tenha domínio ou proporcionar treinamento para a equipe que já está na propriedade”, afirma.

De acordo com Vanderley Porfírio-da-Silva, pesquisador da Embrapa Florestas, para que o sistema funcione plenamente, o produtor precisa “mergulhar de cabeça” em uma nova visão estratégica de manejo e de negócio e, principalmente, se capacitar. “Ele vai ter que aumentar sua capacidade de gerir tecnologia, de acordo com o grau de complexidade da integração. Para isso, é preciso capacitação técnica, e também de marketing, do ponto de vista do mercado, para vender o seu produto”, resume.

A Rede ILPF, por exemplo, divulga, por meio de uma plataforma de ensino, esses sistemas produtivos, com foco em trabalhar a transferência de tecnologia e capacitação de assistência técnica. Em parceria, outras entidades do setor também têm contribuído para levar capacitação e conhecimento aos produtores rurais paranaenses, como o Sistema FAEP/SENAR-PR e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), por meio do Programa de Capacitação em ILPF.

A iniciativa está treinando profissionais para prestar assistência técnica e fomentar a tecnologia entre os produtores rurais do Estado. O programa, que já está em campo desde março deste ano, tem duração até abril de 2024. Uma das estratégias para a formação continuada dos técnicos e instrutores é o desenvolvimento de projetos em propriedades rurais de cooperados da Cocamar para implementação das técnicas de ILPF de acordo com as demandas de cada negócio.

“Para que este conhecimento seja transferido e colocado em prática pelos produtores, treinamos nossa equipe técnica constantemente com a colaboração de diversos pesquisadores. Como alternativa para facilitar a conversão, propomos um sistema de parcerias entre o pecuarista e o produtor de grãos, o qual acelera o processo de implementação do sistema com benefícios mútuos”, destaca Emerson Nunes, gerente de ILPF na Cocamar, que atua há mais de 20 anos para alavancar mais áreas ocupadas pelo sistema.

Sistema integrado se adapta a qualquer realidade do campo

Em 2015, a Colaboradores do Brasil (Colab), organização missionária e filantrópica que desenvolve trabalhos agrícolas no Paraná, iniciou a implantação da ILP nas propriedades de Altônia e Xambrê, no Noroeste do Paraná. Juntas, elas somam 1,15 mil hectares de área cultivável. A primeira etapa envolveu o plantio da soja por meio de parcerias com agricultores da região, para recuperar as pastagens. Os produtores faziam a correção do solo e, ao término do contrato de dois anos, entregavam a área reformada.

“A estratégia barateou os custos. O pasto depois da soja passou a suportar mais gado em quatro meses de inverno do que o pasto antigo suportava o ano inteiro”, aponta Valdenir Alberto Seidel, gerente financeiro da Colab. Antes da ILP, a produtividade média do rebanho destinado à cria, com 2,6 mil cabeças, era 8 arrobas por hectare por ano. Atualmente, são cerca de 13 arrobas por hectare.

Em 2018, a Colab assumiu a gestão da agricultura em Altônia e, a partir deste ano, em Xambrê – que,além da soja, vai receber o plantio de 10 mil pés de eucalipto. Com o complemento florestal, a curto e médio prazos, o planejamento é oferecer sombra e conforto térmico para o gado e, a longo prazo, fazer a extração e comercialização da madeira, além de colaborar para questões ambientais, como o sequestro de carbono.

“A diversificação de atividades das fazendas também promove ganhos sociais, trazendo novas oportunidades de emprego e capacidade de melhoria na renda dos colaboradores”, afirma Seidel. “A princípio houve um desafio cultural, porque somos pecuaristas por natureza. Mas hoje isso está superado. A ILPF deu viabilidade para a agricultura na nossa região”, reconhece.

Além de exigir uma abordagem sistêmica de planejamento, a ILPF é adaptável a qualquer realidade do campo. Pode combinar os componentes (lavoura, gado e floresta) de diferentes maneiras, com diversas culturas e espécies animais, adequando-se às características regionais, condições climáticas, mercado local e perfil do produtor, seja pequeno, médio ou grande.

Cada propriedade exige um modelo de integração

Os sistemas de Integração Lavoura Pecuária são excelentes estratégias produtivas para o desenvolvimento sustentável, aumento da produtividade e redução de riscos financeiros, garantem especialistas. “Temos cases de sucesso na cooperativa [Cocamar] que têm conseguido vantagens como redução da sazonalidade de produção, maior rentabilidade, maior eficiência de utilização dos recursos naturais, geração de empregos diretos e indiretos no campo, e melhoria da qualidade de vida do produtor e de sua família”, destaca Nunes, da Cocamar.

O produtor José Rogério Volpato transformou suas propriedades após adotar sistemas de integração,sendo ILPF na propriedade em Presidente Castelo Branco, com 145 hectares, e ILP na outra em NovaEsperança, com 242 hectares. “Antes de trabalhar com ILPF, eu fazia somente o plantio de braquiáriasolteira no inverno para cobertura de solo e aumentar a palhada para o verão, mas não fazia pastejo.Hoje eu faço a rotação das áreas, então, a fim de comparação, onde tem pastejo, a produtividade da sojaé de 5% a 10% maior”, aponta.

O rebanho de, em média, 250 cabeças de gado, chegando a 400 no inverno, tem potencial de lotação de até quatro cabeças por hectare. Em Nova Esperança, a terminação das novilhas no pastejo resulta em ganho diário de peso de 750 gramas por animal. Na safra 2022/23, o produtor também investiu no plantio de sorgo e aveia em parte de área para ajudar na terminação. “Está provado que o sistema funciona em áreas menores. O gado veio para pagar o custo do capim e ainda dá resultado na soja”, comemora Volpato.

Na propriedade em Presidente Castelo Branco, que conta com o componente florestal há sete anos, está chegando a época do primeiro corte do eucalipto. Segundo o produtor, a expectativa para comercialização da lenha está boa. “E eu ainda continuo trabalhando com o gado na mesma lotação. O eucalipto não tirou quase nada do potencial da área”, garante.

Componente florestal ainda é desafiador

De acordo com a Rede ILPF, dentre as quatro possibilidades de configuração do sistema produtivo, a ILP é a mais adotada pelos produtores paranaenses, com 87%, seguida da ILPF, com 5%. Essa diferença expressiva está ligada ao maior nível de complexidade de manejo do complemento florestal, além do tempo para extração da madeira, de, no mínimo, sete anos.

No caso de regiões onde há indústrias do setor florestal, o produtor pode fechar contratos na época do plantio das árvores. Já onde o setor não é consolidado, a incerteza com a comercialização aumenta, sendo mais um fator limitante. Outro aspecto tem relação com a diversificação de espécies de árvores plantadas.

“Um receio, principalmente de quem trabalha com grãos, é achar que a floresta sempre vai causar prejuízos por causa do sombreamento excessivo das plantas. Por isso existe a necessidade de um acompanhamento do desenvolvimento do componente florestal. Às vezes o produtor conhece exemplos que deram errado por implantação inadequada”, aponta Marcelo Müller, engenheiro florestal e coordenador da Caravana da Rede ILPF, que difunde os sistemas ILPF, além de realizar diagnósticos regionais nas diversas regiões produtoras do país.

Durante os eventos da Caravana, é utilizada uma ferramenta de previsão de resultados que ajuda a identificar os gargalos para adoção da tecnologia ILPF no campo. Os resultados têm indicado que a transmissão de conhecimento a respeito da introdução do componente florestal para os produtores ainda é deficitária, limitando sua implantação. O tempo para retorno financeiro também aparece entre os principais gargalos.

Segundo Müller, há espaço para o componente florestal crescer no Brasil e no Paraná. Afinal, a associação de cultivos anuais com árvores ganha importância para proteção contra intempéries, principalmente ventos, que podem determinar grandes perdas na produção agrícola. É o chamado efeito quebra-ventos. Outras melhorias estão associadas ao controle da erosão, proteção de populações de inimigos naturais de pragas e manutenção da biodiversidade.

Informações: Compre Rural.

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