Na natureza, a Araucária (Araucaria angustifolia), espécie florestal nativa brasileira, leva de 12 a 15 anos para produzir sua semente: o pinhão. Bastante apreciado na alimentação, o pinhão é considerado alimento funcional, benéfico à saúde, além de não conter glúten. No entanto, a sua cadeia produtiva é baseada no extrativismo e praticamente não há organização.
Por outro lado, a araucária está na lista das espécies ameaçadas de extinção e são necessárias ações para estimular seu plantio e conservação. Juntando todos estes fatores, um trabalho de pesquisa realizado pela Embrapa Florestas, em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), buscou conhecer melhor a espécie e viabilizar a produção de pinhões em menos tempo por meio da técnica de enxertia. A ideia é incentivar seu plantio, possibilitar a geração de renda a produtores rurais e aumentar a oferta de um alimento saudável à população.
Como resultado de 20 anos de pesquisas conduzidas pelo pesquisador Ivar Wendling, hoje produtores rurais têm acesso a metodologias de seleção de plantas superiores, enxertia e implantação de pomares de pinhão precoce que começam a produzir na metade do tempo: de seis a oito anos. Como a araucária é uma planta dioica (possui árvores-macho e árvores-fêmea), também foram desenvolvidas técnicas para antecipação da produção de pólen para fecundação das pinhas. Além disso, já existem cultivares registradas junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e viveiros treinados na técnica.
A técnica utilizada, a enxertia, possibilita produzir pinhões com as características desejadas pelo mercado consumidor, pois é possível identificar e selecionar árvores matrizes de acordo com o que se deseja: época de produção, composição nutricional, produtividade, tamanho e formato do pinhão, entre outras. Além disso, a técnica possibilita a formação de enxertos de galho e de tronco, o que origina árvores em formatos diferentes que podem ser utilizadas de diversas formas na implantação dos pomares. Os enxertos de galho dão origem a árvores de porte arbustivo, com até 5 metros de altura. Já os enxertos de tronco dão origem a árvores maiores, com formação de tronco, que crescem como araucárias comuns, mas vão produzir pinhas a uma altura mais baixa e mais precocemente.
Além do consumo no mercado interno, percebe-se um interesse do mercado internacional pelo pinhão por ser um alimento natural e por suas características benéficas à saúde. Mas, antes de tudo, é necessário aumentar a produção para uma constância de matéria-prima, sem depender do extrativismo.
Fonte: Embrapa Florestas