Oportunidades de negócios em florestas de eucalipto são debatidas no sul do estado da Bahia

Fórum Brasil Agroflorestal vai reunir entre os dias 21 a 23 de setembro, no município de Eunápolis (BA), produtores rurais, empresas e profissionais que atuam no setor

O potencial de crescimento do setor agroflorestal, as pessoas e o clima são só alguns dos atrativos que tornam a Bahia o 4º estado em plantios de eucalipto no país. Com 618 mil hectares para fins comerciais, investir no plantio de eucalipto representa uma alternativa de negócios para proprietários rurais no Sul da Bahia. Além dessa área plantada, as empresas preservam outros 330 mil hectares de florestas nativas.

As oportunidades e novas tecnologias para agroflorestas serão debatidas no primeiro evento regional do setor agroflorestal pós-pandemia. Promovido pela Veracel Celulose e Associação dos Produtores de Eucalipto do Extremo Sul da Bahia (ASPEX), o Fórum Brasil Agroflorestal vai reunir entre os dias 21 a 23 de setembro, no município de Eunápolis (BA), produtores rurais, empresas e profissionais que atuam no setor florestal baiano.

“No momento em que cresce a demanda por matérias-primas renováveis no Brasil e no mundo, há espaço para o desenvolvimento. A Bahia precisa estar preparada para atrair parte dos novos investimentos, que estão previstos para o setor nos próximos três anos – cerca de R$ 60 bilhões segundo a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ). Isso será importante para atender à crescente demanda por produtos de madeira, com a geração de empregos qualificados, capacitações, tecnologia, renda, impostos e contribuições ambientais”, destaca o ceo da Veracel, Caio Zanardo.

Com unidade instalada na região da Costa do Descobrimento, no Sul da Bahia, a fábrica em Eunápolis da Veracel gera, atualmente, 3 mil postos de trabalho e produz 1,1 milhão de toneladas de celulose/ano, sendo 100% da madeira de eucalipto utilizada no seu processo produtivo certificada ou controlada, em conformidade aos princípios e critérios de padrões normativos internacionais Certificado de Serviços Ecossistêmicos do Forest Stewardship Council (FSC) e  a Certificação de Manejo Florestal CERFLOR. Mais 16 mil pessoas são beneficiadas pelas iniciativas de educação, saúde e geração de renda desenvolvidas pela empresa nos últimos anos. Leia mais na entrevista completa.

Qual a contribuição da Veracel para o desenvolvimento da região Sul da Bahia?

A atuação da Veracel representa um forte impulso para o Sul baiano. Com uma produção de 1,1 milhão de toneladas de celulose ao ano, a geração de mais de 3 mil empregos locais e a contribuição de R$ 132 milhões anuais em tributos, os reflexos e impactos positivos da companhia para o território vão muito além. Investimos no último ano, 11 milhões na área social.

A empresa adota também o Programa Suprimentos Sustentável para processo de compras e contratações, com eliminação de barreiras para fornecedores locais de pequeno e médio portes. Em 2021, as compras e contratação de serviços locais representaram R$745 milhões. 

Por meio de seu programa de parceiros florestais, a Veracel expande os benefícios da silvicultura para mais de uma centena de proprietários rurais do Sul da Bahia, proporcionando renda por um longo período e a compra da produção garantida. Em 2021, cerca da metade da madeira utilizada como matéria-prima pela companhia foi proveniente de parceiros florestais, com contratos totalizando mais de 20 mil hectares.

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Como a empresa enxerga o potencial da Bahia em relação a atração de novos investimentos?

A Veracel vê com otimismo o futuro econômico do estado. Um exemplo é o investimento de R$ 95 milhões que estamos fazendo da construção da rodovia BA 658, de 25 quilômetros, com uma ponte sobre o Rio Jequitinhonha.  A estrada apoiará a formação do corredor logístico de transporte com a região de Pindorama e deverá favorecer o aumento do fluxo turístico regional, devido à redução da distância entre os municípios de Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália, Belmonte e Canavieiras e do fluxo turístico proveniente da região entre Ilhéus e Itacaré, em direção a Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro.

Do efetivo de funcionários envolvidos no projeto, mais de 80% é mão de obra local, contratada nos municípios ao redor do projeto, o que representa geração de renda na economia local, com a contratação de restaurante, transporte, lavanderia, fornecedores de material de consumo e de construção.

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Onde estão as principais oportunidades para o setor?

A Bahia tem enorme potencial para o setor de celulose. Segundo dados da ABAF, são plantadas 250 mil árvores por dia no estado. O setor é responsável por gerar 230 mil empregos na Bahia, é referência nas exportações, no uso de inovação e tecnologia, em investimentos em programas socioambientais e na preocupação com o desenvolvimento das comunidades do entorno das suas operações.

A ABAF lançou, em de agosto deste ano, a proposta Plano Bahia Florestal 2023-2033, que tem como principais objetivos a atração de novos investimentos para ampliar e fortalecer a cadeia produtiva de florestas plantadas no estado, a intensificação do uso múltiplo da madeira e a maior inclusão dos pequenos e médios produtores e processadores de madeira na Bahia. 

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Como lidar com as críticas pelo impacto negativo da produção de monocultura em extensas áreas territoriais?

Com informação e esclarecimento. O eucalipto, longe de ser vilão, contribui para a conservação da Mata Atlântica. Para cada hectare de área de eucalipto plantado, a Veracel destina 1 hectare de área para preservação e conservação ambiental. Em 200 mil hectares de suas plantações, cerca de 100 mil são de plantio de eucalipto e 100 mil são de áreas destinadas à vegetação nativa.  

A empresa faz restauração florestal de 400 hectares por ano em áreas que anteriormente eram pastagens, propiciando a formação de corredores ecológicos que possam conectar fragmentos florestais de Mata Atlântica no seu território de atuação.

Restaurar significa plantar árvores para restabelecer florestas naturais. Tanto o eucalipto dos plantios comerciais quanto as árvores nativas usadas na restauração das florestas exercem papel fundamental para o sequestro de carbono da atmosfera, minimizando os efeitos das mudanças climáticas.

Quais o resultado alcançado com as áreas de restauração florestal? 

A Veracel já plantou cerca de 7,5 mil hectares de restauração, com espécies nativas, totalizando mais de 5,8 milhões de mudas de nativas desde o início do Programa de Restauração, iniciado em 1994. Esse processo já conectou aproximadamente 65 mil hectares de florestas naturais na região.

O manejo florestal da Veracel é 100% certificado e a empresa também é guardiã da maior Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de Mata Atlântica do Nordeste brasileiro, a Estação Veracel, que recebeu o reconhecimento de Serviços Ecossistêmicos pela conservação da biodiversidade do Forest Stewardship Council® – FSC® C017612, emitido no Brasil pela certificadora Imaflora.

Além disso, a RPPN está entre as 20 áreas do mundo com maior número de animais e de espécies arbóreas. Tudo isso significa proteção para a circulação da fauna entre as áreas naturais, disponibilidade de recursos alimentares e água, além da troca genética que garante a manutenção das espécies.

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Como atrair pequenos produtores ou agricultores familiares e mudar essa visão negativa quanto ao impacto? 

Também com informação e esclarecimento, mostrando que plantar eucalipto com a Veracel é um ótimo negócio e dando opções para os pequenos produtores.

Para isso, a empresa tem o Projeto Aliança, que conta com quatro modalidades de negócios: arrendamento, fomento, compra futura e compra da terra. Oferecemos todo o apoio e assistência técnica de que os produtores necessitam. 

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Que novas tecnologias e avanços no manejo o setor vem apostando para enfrentar mudanças climáticas e melhorar a competitividade?

Na Veracel, a tecnologia é utilizada para impulsionar aplicações de ciência de dados, idealizar tendências e prever eventos potenciais. Fazemos a integração dos dados da produção do eucalipto, desde as mudas até seu uso na fábrica, incluindo informações sobre a incidência de pragas e doenças e crescimento da floresta.

A ferramenta gera recomendações precisas. O uso de imagens de satélites e de inteligência artificial permite, por exemplo, detectar perda de cobertura vegetal, que pode ser causada por pragas, como formigas ou lagartas desfolhadoras, derrubada de árvores e outros tipos de danos nas florestas.

Utilizamos informações de mais de 5 mil equipamentos e de vários sistemas para acompanhar processos, além de identificar, analisar e indicar soluções para problemas antes que eles aconteçam. Inteligência artificial, indicadores de performance e Big Data fazem parte do aparato tecnológico embarcado na Sala de Confiabilidade 4.0 – um ambiente criado dentro da empresa para concentrar essa operação.

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Que outras inovações a empresa tem apostado para melhorar sua competitividade no mercado de celulose? 

Em outra frente de ação, a companhia adotou um conjunto de melhorias nos processos de produção que resultou na redução do uso de gás natural. Isso contribuiu para diminuir ainda mais a emissão de gases de efeito estufa da empresa, que já atua com 95,3 % de combustíveis não fósseis de biomassa em sua matriz energética.

A Veracel utiliza energia limpa em seus processos de produção, por meio do uso do bagaço da cana de açúcar e do caroço do açaí. Até o licor gerado durante a produção de celulose e resíduos, como fibras e cascas não utilizadas do eucalipto, são insumos de energia para a sua fábrica.

Outra inovação da empresa foi a produção de um inimigo natural que é predador das lagartas desfolhadoras, um dos principais parasitas das plantações de eucalipto. O mosquito Tetrastichus howardi faz parte da estratégia de sanidade florestal da empresa e complementa as ações de forma biológica e sustentável. O inseto é dispersado nas plantações com uso de drones, tecnologia esta que está com patente requerida pela Veracel.

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Quais os impactos e transformações que a pandemia provocou no setor? 

O setor teve um papel fundamental no combate aos efeitos da disseminação da Covid-19 e sua importância foi evidenciada. Por outro lado, a pandemia acelerou mudanças estruturais. Houve a redução de algumas demandas – por papel de imprimir e escrever, por exemplo – e o impacto positivo no segmento de tissue, devido ao aumento da demanda por produtos de higiene pessoal.

Houve também um aquecimento do mercado de embalagens devido à demanda por produtos considerados essenciais, como os alimentos e bebidas, higiene, limpeza e produtos farmacêuticos.

O comércio eletrônico também evoluiu, o que favoreceu o setor com o consumo por embalagens para essas entregas. Então, de modo geral, o setor de celulose não sofreu grandes impactos com a pandemia. A produção de celulose continuou crescendo para atender a demanda do mercado brasileiro e do mercado internacional.

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Diante dessas mudanças, o que é tendência e desafio para o setor? 

O Brasil já é o maior exportador de celulose do mundo. Fica em segundo lugar apenas quanto à produção, perdendo para os Estados Unidos. O país tem todas as ferramentas para se tornar cada vez mais protagonista no setor. Investimentos em inovações tecnológicas são essenciais.

Mesmo após o controle da pandemia, seguimos atentos à saúde e bem-estar dos nossos funcionários e da comunidade, devido à nova realidade imposta pela pandemia à sociedade. Desejamos manter e avançar no planejamento estratégico da empresa e na questão da sustentabilidade. E seguiremos na busca constante pela redução do consumo de recursos naturais, principalmente o de água, além de manter sempre em alta prioridade a cultura da segurança entre os colaboradores próprios e terceirizados. 

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O que ainda é gargalo e qual o caminho para superar essas barreiras?  

A escassez de madeira, devido à crescente demanda por madeira industrial, sem dúvida é um gargalo para o setor que pode frear a expansão do mercado de celulose. O aumento da demanda é acompanhado de aumento dos custos de colheita e transporte, elevando o custo da madeira. Portanto, a oferta limitada de madeira e os preços ascendentes podem frear a expansão do setor nos próximos anos.

O caminho para lidar com essas questões é ter uma visão de longo prazo, e a Veracel está bem-posicionada nesse sentido. Hoje somos autossuficientes e trabalhamos com um horizonte de planejamento de 28 anos, por isso que estamos ampliando a nossa base florestal plantada, a fim de criar opções para o nosso futuro, otimizar os processos de produção, melhorar a eficiência e a capacidade de produção e investir em inovação e tecnologia.

QUEM É

Caio Zanardo é diretor-presidente da Veracel Celulose. Formado em Engenharia Florestal pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo, Zanardo Possui MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e cursou Advanced Strategy Management no International Institute for Management Development (IMD) Business School, em Lausanne, na Suíça. Foi presidente da Florestar (Associação Paulista dos Produtores, Fornecedores e Consumidores de Florestas Plantadas). Também passou pela Votorantim Papel e Celulose, pela Fibria e pela Suzano, onde gerenciou operações florestais e projetos estratégicos das empresas, além de ter atuado com inovação.

EVENTO BRASIL AGROFLORESTAL

21 a 23 de setembro, em Eunápolis (BA)

Programação

. 21/09 (quarta-feira): abertura às 19h, na sede da Loja Maçônica Fraternidade 5 de novembro, com a palestra magna Parcerias de valor, futuros de sucesso, por Caio Zanardo, diretor-presidente da Veracel.

. 22/09: palestras, exposição de produtos e rodada de negócios. Destaque para a palestra Dinheiro em árvore? Plantar eucalipto é um bom negócio, por de José Henrique do Nascimento Junior, gerente de Negócios e Administração de Terras na Veracel Celulose.

23/ 09: dia de campo em área de florestas da Veracel.

Inscrições e informações

. As palestras dos dias 21 e 22 serão transmitidas ao vivo pela internet para todo o Brasil e a América Latina. Para participar das palestras presenciais e online do Brasil Agroflorestal é preciso fazer a inscrição gratuita no site http://aspexba.com.br/brasil-agroflorestal/.
 

Fonte: Veracel

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