Confira os resultados da avaliação de impacto do Eucalyptus benthamii – espécie tolerante a geadas

Foi lançado durante a comemoração dos 50 anos da Embrapa, em 26/04, o Balanço Social (BS) de 2022. A publicação está disponível on-line e mostra que para cada R$1,00 investido pela sociedade, a Embrapa tem apresentado R$34,70 de retorno, o que equivale a mais de 34 vezes o total investido. Considerando os impactos de uma amostra de 172 tecnologias e 110 cultivares, o Lucro Social da Embrapa em 2022 foi de R$ 125,88 bilhões.

O cálculo é feito anualmente tendo como base a avaliação de impacto das soluções tecnológicas da Empresa por metodologia que considera as dimensões econômica, social e ambiental. A metodologia utilizada nesses estudos pode ser acessada aqui.

Uma das soluções tecnológicas da Embrapa Florestas que se encontra no Balanço Social é o Eucalyptus benthamii, espécie de eucalipto tolerante a geadas severas. De origem australiana, a espécie foi introduzida no Brasil, pela Embrapa Florestas, na década de 1980, para plantio comercial em regiões frias visando produção de biomassa energética e madeira para usos múltiplos. Além da tolerância às geadas, o Eucalyptus benthamii se caracteriza por rapidez de crescimento, produtividade e boa forma das árvores.

A tecnologia foi lançada em 1992, mas, em função do longo período desde o plantio até a produção de sementes, característico de espécies florestais, a adoção por parte dos produtores iniciou-se apenas em 1999. O rápido incremento da área plantada foi resultado da estratégia de transferência de tecnologia e da quantidade de mudas produzidas e comercializadas pela Embrapa Florestas naquele período.

O engenheiro agrônomo Emiliano Santarosa, da Embrapa Florestas, um dos responsáveis por conduzir a avaliação de impacto da Unidade, destaca a importância da tecnologia: “O E. benthamii é uma espécie alternativa para o fornecimento de matéria prima florestal em regiões sujeitas a geadas, Apresenta boa produtividade e impacta positivamente as empresas florestais, as cooperativas e as propriedades rurais por ser uma opção de material de genético nestas regiões, contribuindo para diversificação da produção e agregação de renda”.

Impactos econômicos

Os impactos econômicos dessa tecnologia ocorrem, principalmente, na forma de incremento de produtividade e por ser uma alternativa em relação as outras espécies que não toleram às geadas. Enquanto a produtividade média de espécies alternativas é de 30 a 35,3 m³/ha por ano, resultando numa produção aproximadamente de 211,8 m³/ha aos 6 anos de idade, a produtividade de Eucalyptus benthamii chega a 43 m³/ha por ano, resultando em 258 m³/ha nesse mesmo período, destaca. Sendo o fator produtividade está relacionado também ao planejamento e aplicação de boas práticas de silvicultura e manejo florestal, conforme orientações técnicas da pesquisa e extensão constantes nas publicações científicas e manual de eucalipto da Embrapa.

Em relação ao custo de implantação e produção de áreas com E. benthamii, a avaliação mostrou um benefício econômico em relação a outras espécies utilizadas em regiões de clima frio. “Este fato ocorre porque as práticas de manejo são similares entre as espécies de eucalipto e variam conforme o destino da produção, portanto, os custos de também são similares, mas o Eucalyptus benthamii apresenta maior tolerância às geadas, alta taxa de crescimento e boa produtividade em regiões de clima frio, gerando um retorno significativo”, explica Santarosa.

Em 2022, foram estimados 12.300 ha ocupados com plantios de E. benthamii em áreas de empresas, cooperativas agrícolas e de pequenos e médios produtores rurais, com benefícios econômicos relativos ao uso da tecnologia equivalentes a R$ 4.237.669,80, além dos benefícios econômicos gerados nos viveiros de produção de mudas desta espécie, com cerca de 2.500.000 mudas comercializadas anualmente. Ressaltando que este valor se refere apenas ao ganho ou diferença pelo uso da tecnologia em comparação com a situação anterior (outros materiais genéticos), sendo que o valor bruto total da produção florestal nesta área ocupada é significativamente maior. Segundo Santarosa, “é um resultado importante, principalmente se considerarmos que é a principal fonte de matéria prima florestal para biomassa e outros usos em regiões frias, ocupando nichos específicos do mercado, envolvendo produtores de mudas e cooperativas que usam o E. benthamii como alternativa. Além de dificuldades do mercado em relação às oscilações de preço da madeira, com variações de oferta e demanda que ocorrem em cada período”.

Como é calculado o impacto econômico

O impacto é calculado com base no método do excedente econômico, que envolve análise do incremento de produtividade, redução de custos, agregação de valor, entre outros indicadores. Fatores como estimativas da área de adoção e consulta às empresas e produtores também são consideradas.

Os métodos utilizados para a avaliação econômica também envolvem indicadores em relação ao custo de pesquisa e geração da tecnologia e os seus benefícios econômicos no setor florestal, como exemplo o Índice Benefício Custo (B/C); Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR).

A análise do Benefício/Custo apresenta um índice que indica quantas unidades de capital recebido como benefícios são obtidos para cada unidade de capital investido, neste caso na pesquisa. Conforme preconiza o método, são aceitos como viáveis economicamente todos os investimentos ou projetos que apresentarem relação B/C maior que um (1).

No caso do Eucalyptus benthamii, o índice B/C de geração da tecnologia foi de 38,14. Portanto, apresenta uma relação benefício custo vantajosa, com retorno satisfatório economicamente. O VPL foi 18.715.495,80 e a TIR 33,1%, ressaltando que estes indicadores são calculados utilizando os custos de geração da tecnologia e os seus benefícios econômicos no setor.

Impactos ambientais

Eucalyptus benthamii apresenta impacto ambiental positivo em nove dos 11 critérios avaliados pela metologia do Ambitec, preconizada pela Embrapa para avaliações de indicadores ambientais, sociais e econômicos junto ao setor produtivo. Os indicadores que mais se destacaram positivamente quanto à eficiência tecnológica, com impactos ambientais e ecológicos positivos, foram: mudança no uso direto da terra (principalmente o indicador produtividade); mudança no uso indireto da terra e a qualidade do solo. Efeitos indiretos também foram verificados sobre a conservação da biodiversidade, devido à maior oferta de madeira de florestas plantadas, com menor pressão sobre as florestas nativas em relação a obtenção de produtos madeireiros.

Essa tecnologia, considerando os benefícios ambientais relativos às florestas plantadas, contribui indiretamente também para a manutenção dos regimes hídricos, fertilidade do solo e qualidade do ar, da água e, ainda, auxilia como forma de estoque de carbono, pela fixação de CO2. Segundo dados do setor, estima-se que os 9 milhões de hectares de árvores plantadas no Brasil estocam aproximadamente 1,88 bilhão de tCO2eq. Além disso, os quase 6 milhões de hectares destinados à conservação em reservas legais (RL) e Áreas de Preservação Permanentes (APPs) mantidas pelo setor florestal, têm potencial para estocar 2,6 bilhões de tCO2eq.

Impactos sociais

As avaliações realizadas por meio do método Ambitec demonstraram que os indicadores sociais que mais se destacaram foram a geração de renda e o relacionamento institucional, além do valor da propriedade, entre outros indicadores socioeconômicos positivos.

Com relação ao valor da propriedade, a implantação de Eucalyptus benthamii impacta positivamente na diversificação das receitas e indiretamente na conservação de recursos naturais. “As florestas plantadas em propriedades rurais funcionam como uma espécie de poupança verde para o produtor, com possibilidade de venda da madeira em períodos de dificuldade das culturas agrícolas e inserção no mercado florestal, agregando valor e diversificação à propriedade rural. Além de diminuir a pressão sobre as áreas naturais, quando adequadamente implantadas com visão integrada da propriedade, respeitando áreas de APP e RL”, destaca Emiliano Santarosa.

Quanto à geração de renda no estabelecimento, devido à garantia de produção em áreas com ocorrência de geadas e maior produtividade do Eucalyptus benthamii, na escala de ocorrência local, a tecnologia proporciona maior segurança do investimento nas propriedades, cooperativas e empresas. A madeira, como diversificação da produção, gera renda a longo prazo, garantindo possibilidades de recursos adicionais, além da produção agropecuária tradicional.

Efeitos sociais indiretos também ocorrem devido à estabilidade e geração de empregos nas empresas florestais e cooperativas que utilizam o E. benthamii. Além dos viveiros de produção de mudas, cuja demanda pela espécie garante empregos e trabalhos regularizados no setor. Incluindo neste item também as cooperativas que utilizam a madeira desta espécie como fonte de biomassa na secagem de grãos, como por exemplo, na região de Guarapuava no Paraná.

O indicador relacionamento institucional tem destaque por se tratar de tecnologia gerada em projetos da Embrapa de longo prazo, envolvendo diversos parceiros público-privados do setor agropecuário e florestal. A espécie apresenta algumas características diferenciadas e que impactam no avanço do conhecimento e no desenvolvimento institucional. Esses resultados apresentam relação com ações de pesquisa, transferência de tecnologia e parcerias com instituições Estaduais (IDR-PR, Emater-RS e Epagri) e empresas florestais (Associações de Base Florestal) para a inserção do Eucalyptus benthamii no setor produtivo, com a formação de rede de pesquisa e relação com diferentes interlocutores da cadeia produtiva.

OBS: Existem diversos critérios e indicadores sociais que não constam nesta tabela. Para verificação de todos os critérios avaliados deve-se acessar o relatório completo no Portal.

Resultados da avaliação nas dimensões econômica, social e ambiental

Pelos resultados da avaliação de impacto, nas três dimensões os efeitos foram positivos da tecnologia. O impacto econômico geral foi igual a 6,9; o social igual a 3,2; e o ambiental igual a 4,4. O índice geral de impacto da tecnologia foi de 4,61, podendo ser recomendada para novos produtores devido a seus benefícios socioambientais conforme método Ambitec.

Índices parciais de Impacto da solução tecnológica:

Índice Geral de Impacto da solução tecnológica

Parceiros

As principais instituições envolvidas/parceiras no desenvolvimento dessa tecnologia são universidades, empresas do setor florestal (Associações de Base Florestal – Ageflor, ACR e APRE), produtores florestais e viveiristas. No processo de transferência de tecnologia, destacam-se as parcerias com ATER, IDR-Paraná, Emater-RS e cooperativas. Também, a articulação junto aos viveiros para inserção do material no mercado e disponibilidade de mudas para os produtores.

Beneficiários

Os beneficiários da tecnologia são as empresas florestais, cooperativas agrícolas, os grandes estabelecimentos rurais que utilizam a biomassa de origem florestal para secagem de grãos e os pequenos e médios produtores rurais que implantam florestas de rápido crescimento para produzir madeira destinada à energia e usos múltiplos, que também passaram a ter o componente florestal em plantios puros (Florestas Plantadas) ou com a inclusão das árvores em Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta – ILPF como fator de agregação de renda e diversificação da produção em suas propriedades.

Saiba mais

Saiba mais sobre a cultura do eucalipto no Brasil. Acesse aqui a publicação “O eucalipto e a Embrapa: quatro décadas de pesquisa e desenvolvimento“.

Fonte: Embrapa Florestas

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