Desafio ambiental: com agenda verde, Bracell impulsiona ações pelo clima e biodiversidade

Com expressivos investimentos em produção, pesquisa e tecnologia, a Bahia avança na produção de celulose e papel, fortalecendo a indústria de transformação no Estado. O solo que proporciona a matéria-prima a partir de maciços florestais de rápido crescimento e alta produtividade, no entanto, requer manejo sustentável e proteção da biodiversidade, entre outras urgências da agenda socioambiental colocada em prática por empresas como a Bracell.

Líder mundial na produção de celulose solúvel, a Bracell atua na Bahia desde 2003 e, em São Paulo, desde 2018. Suas operações florestais estão localizadas nesses dois estados e também em Sergipe, com uma equipe que reúne cerca de 7.300 colaboradores diretos. A partir da celulose, um polímero biodegradável proveniente da madeira de eucalipto, é possível produzir toalha, guardanapo, papéis para embalagem, filtros, fraldas infantis, lenços umedecidos e papéis de parede — processo produtivo que requer o uso intensivo de recursos naturais, como água, energia e grandes extensões de terra.

A fabricante de celulose neutraliza esse impacto com um conjunto de ações reunidas na agenda ESG (do inglês, ambiental, social e governança) e conquistou selos como o Nordic Swan e o EU Ecolabel. As certificações reconhecem a redução do impacto ambiental na produção de celulose Kraft de eucalipto (com uso de solução alcalina para romper as fibras vegetais).

A Bracell também possui o Selo Ouro GHG Protocol, concedido a organizações que alcançam alto nível de qualificação e transparência na publicação de seus inventários de emissões de gases de efeito estufa, e o Reporting Matters 2023, conferido pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds).

As iniciativas socioambientais da companhia estão reunidas no Programa Bracell 2030, construído para a proteção do clima e da biodiversidade, assim como para o desenvolvimento das comunidades, clientes e economia. A sustentabilidade foi conduzida ao centro das atividades da fábrica, alinhada aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).

As metas de sustentabilidade dão ênfase à redução em 47% do consumo de água por tonelada de produto nas Bacias Hidrográficas do Recôncavo Norte e Inhambupe, Rio Real e Itapicuru; e à diminuição em 90% dos resíduos sólidos industriais por tonelada de produto.

As operações para proteção do clima visam à redução de 75% nas emissões de carbono por tonelada de produto. Por isso, a companhia monitora as emissões atmosféricas de fontes fixas (chaminés) e registrou redução do material particulado do forno de cal de 45,1 mg/Nm³, em 2022, para 25,4 mg/Nm³, em 2023. A redução é de 44%, sendo que o limite estabelecido pela legislação é de 100 mg/Nm³.

O manejo adequado garante a conservação da qualidade do solo em aspectos físicos, químicos e biológicos, explica a gerente de sustentabilidade da Bracell, Ângela Ribeiro. “A técnica do cultivo mínimo prepara a terra apenas na linha de plantio, reduz perdas por erosão e conserva a água. O plantio do eucalipto é feito em áreas degradadas não atrativas para a agricultura convencional”, assinala.

O preparo da terra inclui fertilização para atender à necessidade nutricional da cultura, sem exaurir o solo. O plantio sustentável de eucalipto é feito pela companhia em mais de 40 municípios do Litoral Norte, Agreste e Recôncavo da Bahia. Ao intercalar o cultivo do eucalipto com mata nativa, são criados mosaicos que contribuem para equilibrar o ecossistema.

“Nosso processo produtivo florestal vai da etapa de pesquisa até o plantio de eucalipto, manutenção, colheita e transporte da madeira para a fábrica. Pode-se dizer que a Bahia, especialmente na região litorânea, tem uma vocação natural para a silvicultura por conta das condições climáticas, incluindo a precipitação pluviométrica, o relevo, a infraestrutura logística e a disponibilidade de mão de obra”, pontua Edimar Domingos Filho, head florestal da Bracell Bahia.

O executivo destaca que o cultivo de eucalipto preenche uma lacuna no mercado mundial por produtos de madeira. “O eucalipto é um recurso natural renovável, cresce rápido e atinge o ponto de corte aos 6 anos, além de adaptar-se facilmente ao clima e a solos diferentes. Isso faz com que seu cultivo contribua diretamente para a preservação dos remanescentes de mata nativa, que são poupados do corte para atender à demanda de pessoas em todo o mundo”, observa.

Edimar Domingos Filho assinala que a Bracell não desmata para plantar eucaliptos. “Pelo contrário, atuamos diretamente na recuperação de áreas degradadas e temos também o Compromisso Um-para-Um, de manter um hectare de mata nativa preservada para cada hectare plantado com eucalipto”, diz. A iniciativa, realizada em parceria com o poder público, envolve áreas próprias e públicas nas regiões de atuação da companhia.

Com o Programa de Monitoramento da Biodiversidade para Conservação da Fauna e Flora na Bahia, a Bracell registra a existência de 1.169 espécies, sendo 647 plantas e 522 da fauna. Dentre elas, 52 estão nas listas de espécies ameaçadas de extinção da União Internacional para a Conservação da Natureza e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

A empresa possui quatro áreas de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPNs) na Bahia: a Japurá e a Falcão, no município de Esplanada; a Pedra de São José, em Mata de São João; e a Lontra, que fica nos municípios de Itanagra e Entre Rios. Essas áreas somam aproximadamente 3.000 hectares de preservação, sendo a RPPN Lontra a maior delas, com 1.377 ha de Mata Atlântica preservada.

A promoção da igualdade de oportunidades para as mulheres também faz parte dessa agenda, com o propósito de elevar em 30% a proporção de mulheres em cargos de liderança e em 20% a renda das famílias que participam de projetos de geração de renda da companhia. Pelo menos 60% dos projetos sociais de “negócios de impacto” apoiados pela empresa devem ser liderados por mulheres, fortalecendo o empreendedorismo feminino nas comunidades e a renda familiar.

São dados de um relatório que demonstram a Bracell alinhada ao conceito de sustentabilidade do reconhecido sociólogo britânico John Elkington, que propõe abordagem de gestão fundamentada simultaneamente em lucro (desempenho financeiro), pessoas (impacto social) e planeta (impacto ambiental), o chamado ‘tripé da sustentabilidade’, a fim de tornar as empresas socialmente justas, ambientalmente responsáveis e economicamente viáveis.

Economia limpa

A produção de celulose é um dos destaques da economia brasileira. O setor alcançou receita bruta de R$ 260 bilhões em 2023, o que representa 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. A indústria produz 24,3 milhões de toneladas de celulose por ano.

A produção de celulose no Brasil adotou práticas mais sustentáveis, principalmente diante do cenário mundial atual, tão afetado pelas mudanças climáticas que resultam do aquecimento global. Cerca de 90% de toda a energia consumida nos processos produtivos é gerada a partir de fontes renováveis.

Na Bahia, o setor contribui decisivamente para a integração de tecnologias digitais na produção industrial, a chamada Quarta Revolução Industrial, que deu início às fábricas inteligentes e automatizadas. Um processo que propicia o aumento da produtividade, a redução de custos e a melhoria da qualidade dos produtos de forma sustentável.

A indústria baiana 4.0 de hoje representa a evolução de um processo que começou nas últimas décadas do século XIX, quando entraram em operação os setores têxtil, alimentício, açucareiro e fumageiro (Rebouças, Daniel; Indústria na Bahia: um olhar sobre sua história; Salvador: Caramurê Publicações, 2016). Em meados do século XX, a produção industrial ingressou nos padrões de modernidade com a exploração de petróleo em Candeias, dando salto para os estágios seguintes que trouxeram as linhas de montagem e automação industrial.

São inúmeros os exemplos de que o Brasil tem a possibilidade de ser um gigante da economia limpa, onde a natureza preservada é um eixo central para o valor econômico. Cabe, no entanto, o contraponto do historiador Jorge Caldeira, autor de Brasil: Paraíso Restaurável, obra que mergulha na complexa relação do país com a natureza, para mostrar que práticas sustentáveis ainda coexistem com ultrapassadas ações predatórias. Precisamos, ainda, de mais modelos produtivos que levem em conta as demandas ambientais e a relação harmônica do homem com a natureza.

Informações: Bahia Notícias.

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