Dados foram coletados por força-tarefa no oeste dos EUA e agora passam por análise, com expectativa de revelar dados inéditos sobre este elemento da natureza
“A taxa de disseminação foi capturada corretamente? Calculamos corretamente a quantidade de calor produzida?” São perguntas como essa que cientistas americanos se fazem na primeira empreitada científica destinada a decifrar um elemento revolucionário na história humana, porém ainda não compreendido totalmente: o fogo.
O esforço de pesquisa quer descobrir como seria possível definir o comportamento dos incêndios florestais, para assim alimentar computadores e gerar modelos de previsão semelhantes à previsão do tempo. Se possível, em tempo real, ajudando assim nos esforços de conter o avanço das chamas, um fenômeno que todos os anos assombra os moradores da Costa Leste dos Estados Unidos e também outras regiões do mundo.
“Você precisa ter este conjunto abrangente de observações: se você perder pelo menos um dos componentes, tudo se desintegrará”, afirma Adam Kochanski, pesquisador de incêndios florestais da Universidade Estadual de San Jose, que esteve envolvido na campanha. Os primeiros achados da pesquisa foram divulgados na terça-feira (2) pela NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), agência do governo americano dedicada ao clima e aos oceanos.
Para entender como se comportam as chamas selvagens, equipes se dividiram em picapes e um avião da NOAA para levar equipamentos de leitura ao local de cinco grandes incêndios florestais na Califórnia e no sul do estado de Oregon.
No avião foram medidos a intensidade e a dispersão do fogo, perfis de vento e a composição química da fumaça das chamas. Em terra, as equipes que andavam em camionete registraram dados sobre a temperatura do ar e a velocidade do vento, em um esforço coordenado com as equipes de bombeiros, que também estavam no local para combater o incêndio. Veja abaixo imagens do trabalho:
“Isso teve uma gravidade totalmente nova e realmente deixou claro a importância do trabalho que estávamos fazendo. Podemos aprender muito, porque muitas dessas observações nunca foram feitas”, afirma Brian Carroll, cientista do CIRES (Instituto Cooperativo de Pesquisa em Ciências Ambientais) que trabalha com a NOAA e liderou o estudo que detalha os primeiros resultados do iniciativa, batizada de CalFiDE.
Entre medições completamente inéditas sobre o comportamento do fogo, alguns dados começam a se destacar, como a produção de ozônio durante o incêndio florestal. O ozônio é um poluente frequentemente produzido durante incêndios florestais, mas as reações químicas que o produzem requerem luz solar.
Carroll e seus colegas registraram altas concentrações de ozônio em vários dos incêndios que estudaram, e agora tentam entender como os níveis do gás podem ficar tão altos em um incêndio onde nuvens de fumaça bloqueiam quase toda a luz solar disponível. Por enquanto, os mistérios do fogo ainda aguardam para ser desvendados.
Informações: Um Só Planeta.