Pesquisadores da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) de Piracicaba realizaram um estudo para criar estratégias para ampliar a preservação da diversidade genética da floresta Amazônica. O estudo apontou que estratégias específicas, direcionadas para cada espécie de árvore, são mais eficientes do que as formas generalizadas adotadas pela legislação brasileira. O resultado do estudo foi publicado no periódico internacional Forest Ecology and Management, especializado em pesquisas relacionadas à preservação de florestas.
O estudo mostra que a proximidade entre as árvores é importante para facilitar o chamado fluxo gênico, que é a transferência de genes entre indivíduos da mesma espécie, dentro das florestas. Ainda segundo o estudo, esse fluxo é importante para a adaptação e sobrevivência de cada espécie de árvore. Segundo dados divulgados pela Esalq, a pesquisa analisou o impacto da exploração madeireira com base no diâmetro mínimo de corte (DMC), regra que define o tamanho mínimo das árvores que podem ser retiradas. Os cientistas avaliaram se as árvores que permanecem na floresta após o corte ficam próximas o suficiente para garantir a troca de pólen e a diversidade genética. Além disso, o estudo propôs um novo critério, que foi chamado de distância mínima de corte, que considera a proximidade entre as árvores remanescentes. O impacto do novo critério foi comparado ao dos critérios atuais para avaliação na eficácia.
O estudo foi conduzido em quatro áreas amazônicas de manejo florestal legal. Duas áreas de estudo pertencem a duas empresas privadas certificadas no Estado do Amazonas. Outras duas, uma no Estado do Pará e outra no Estado de Rondônia fazem parte de duas concessões florestais. Juntas, as quatro áreas totalizam 48.876,35 hectares.
Os resultados mostram que critérios específicos para cada espécie e área são mais eficientes do que regras generalistas que utilizam o mesmo padrão para todas as árvores. Segundo os autores, a adoção de abordagens personalizadas pode contribuir para um manejo florestal mais sustentável, garantindo a conservação da biodiversidade e a continuidade dos serviços ecossistêmicos da Amazônia. “O estudo reforça a necessidade de revisão das normas de exploração madeireira, incentivando políticas que aliem produção e conservação ambiental”, diz o professor Edson Vidal, do departamento de Ciências Florestais da Esalq, um dos autores do estudo.
“Manter distâncias adequadas entre as árvores promove a polinização cruzada, resultando em um aumento na variabilidade genética. Esta variabilidade é fundamental para a resiliência da população através de mudanças ambientais, como a incidência de doenças, pragas e torna mais eficaz esse critério de distância mínima de corte do que o aumento do diâmetro mínimo de corte (MCD) pela legislação brasileira”, completou.
Informações: Sampi.