Realizado nos dias 27 e 28 de junho, o evento trouxe uma programação robusta para promover o diálogo e a colaboração entre países e organizações sobre as melhores práticas no combate a incêndios florestais e na mitigação das mudanças climáticas
O Brasil registrou um número recorde de incêndios florestais de janeiro a abril, com mais de 17 mil focos identificados no período, mais da metade deles concentrados na região da Amazônia. O Ministério do Meio Ambiente atribuiu o aumento das queimadas, que são uma técnica amplamente utilizada pelo agronegócio para aumentar a superfície explorável, aos efeitos das mudanças climáticas, incluindo as secas. No total, 17.182 incêndios foram registrados nos primeiros quatro meses do ano, segundo imagens de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), disponibilizadas neste primeiro semestre de 2024, um aumento de 81% em relação ao mesmo período de 2023.
E para falar sobre o tema, foi realizado nos dias 27 e 28 de junho, o I Summit Mudanças Climáticas e Incêndios Florestais, no Itu Plaza Hotel, em São Paulo, com uma programação robusta para promover o diálogo e a colaboração entre países e organizações para compartilhar as melhores práticas e lições aprendidas no combate a incêndios florestais e na mitigação das mudanças climáticas. O evento visou estabelecer metas ambiciosas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, proteger ecossistemas vulneráveis e fortalecer a resiliência às mudanças climáticas e aos incêndios florestais. Será uma significativa oportunidade de contribuições entre a sociedade civil e setores deste cenário. Patrocinado pela Guarany, Suzano e USAID, com organização do Green Rio e com apoio de diversos parceiros, mais de 200 participantes estiveram presentes nesta primeira edição, que abordou o tema “Encontrando soluções para prevenir e combater incêndios”, promovendo discussões sobre a importância do investimento, até pesquisa e desenvolvimento de tecnologias inovadoras para prever, monitorar e combater incêndios florestais, bem como para desenvolver soluções de baixo carbono para reduzir o aquecimento global.
De acordo com Alida Bellandi, CEO do Grupo Guarany e organizadora do evento, o objetivo do Summit é esclarecer primeiramente sobre a gravidade e o caráter emergencial dos incêndios, com impacto na vida e na saúde humana, além do meio ambiente, com grandes prejuízos de toda ordem. Mas, principalmente, gerar um documento com as principais conclusões e recomendações das conferências, para nortear políticas públicas e privadas, no que concerne à prevenção, mitigação, combate aos incêndios florestais e de interface, bem como da recuperação dos biomas. Assim, também visa dar a devida dimensão da relevância e da transcendência dos temas a serem discutidos para os vários stakeholders, bem como, aproximar as empresas participantes da comunidade científica internacional, da mesma forma das instituições governamentais, para estimular o diálogo e a cooperação com o setor privado: “Na última Conferência Mundial, percebemos que os setores privados estavam muito alienados das grandes instruções referentes às mudanças climáticas e os incêndios florestais. A idealização desse evento visa aproximar o setor privado com a comunidade científica internacional e as entidades e instituições competentes no Brasil. Trouxemos um grupo de especialistas que eu acho de ‘dream team’ porque são grandes autoridades nacionais e internacionais e os melhores da área”.
No dia 27, o evento dividiu-se em quatro painéis, iniciando com a visão global dos incêndios e a cooperação internacional. A abertura se deu com o professor Johann Georg Goldammer, diretor do Centro Global de Monitoramento de Incêndios da Alemanha, que realizou uma palestra-magna com o tema da governança integrada do manejo do fogo com paisagens naturais e culturais, numa perspectiva global e latino-americana.
Em seguida, Tiago Oliveira, presidente do conselho diretivo da Agência de Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF); Flávia Leite, coordenadora-geral do Prevfogo do IBAMA e Pieter Van Lierop, oficial florestal regional da Food and Agriculture Organization (FAO), se reuniram para falar sobre a cooperação entre Portugal e Brasil no entendimento dos incêndios Tropicais e do Mediterrâneo.
Para falar sobre o apoio na gestão de incêndios florestais na América Latina e no Caribe, estiveram presentes Rolando Pardo Vergara, Chefe do Departamento de Prevenção de Incêndios Florestais da Corporação Florestal Nacional do Chile (CONAF); Patricio Sanhueza, coordenador das reuniões da Rede Latino Americana de incêndios florestais e representação dos países latinoamericanos; Mariana Senra de Oliveira, analista ambiental do Prevfogo do IBAMA; Guillermo Defossé, secretário de Ciência e Tecnologia de Chubut – província argentina e a moderação de Pieter Van Lierop. Para debater sobre o Centro de Monitoramento Ambiental e Manejo do Fogo (CeMAF) na América do Sul, reuniram-se o Prof. Marcos Giongo, coordenador do CeMAF; Prof. Antônio Carlos Batista, responsável pelo Laboratório de Incêndios Florestais da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a moderação de Domingos Xavier Viegas, pesquisador da Universidade de Coimbra.
No segundo painel, o assunto foi as experiências de prevenção e combate nos vários biomas brasileiros. O coronel do Corpo de Bombeiros do Mato Grosso, Paulo Barroso, esteve presente para falar sobre a ameaça no Pantanal. Já o João Paulo Morita, coordenador de Manejo Integrado do Fogo do ICMBio e Rodrigo Belo, gerente de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais do Instituto Estadual de Florestas (IEF), falaram sobre incêndios em parques nacionais e estaduais. Por fim, Ane Alencar, geógrafa premiada e coordenadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) no Pará e a moderação de Carlos Pontes, do Instituto Estadual do Ambiente (INEA- RJ), trouxeram o tema dos incêndios em florestas tropicais com foco em bioma amazônico.
O terceiro painel trouxe a relevância do setor florestal na economia, onde o embaixador José Carlos Fonseca Jr., representando a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ) e a Associação Brasileira de Embalagens de Papel, falou sobre o panorama do setor privado no Brasil. O debate sobre a visão europeia, a transformação do conhecimento em valor e um novo modelo de interface entre a academia e o setor privado, ficou por conta de Carlos Fonseca, chefe do escritório de tecnologia da ForestWISE Portugal e a moderação de Cristiano Vargas, coordenador da Defesa Civil na Prefeitura Municipal de Várzea Paulista. Finalizando o painel, Douglas Guedes de Oliveira, gerente de Inteligência Patrimonial da Suzano; José Baptista, gerente de silvicultura no Grupo Eucatex; Jozebio Gomes, Coordenador de Competitividade e Projetos Florestais na Eldorado Brasil Celulose S.A e a moderação de Cristiano Vargas, trouxeram o papel das empresas da preservação das florestas e os cases de sucesso, contribuindo na redução de focos e o trabalho com as comunidades locais.
No quarto e último painel, que tratou sobre a importância da cadeia, ou seja, as empresas produtoras de equipamentos, insumos, monitoramentos, novas tecnologias e treinamentos de brigadas, o grupo composto por Mark Siem, da Perimeter Solutions EUA; Cândido Simões, gerente da divisão de incêndios florestais da Guarany; Humberto Eufrade, da Impacto – Equipamentos e Máquinas; Osmar Bambini, Co-fundador da umgrauemeio – climatech brasileira, pioneira, certificada como B Corporation e a moderação de Paulo Cardoso, jornalista e fundador do Mais Floresta, falaram sobre a indústria. Já a importância da ciência aplicada ao setor florestal, reuniu Erich Gomes Schaitza, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA); José Otávio Brito, diretor-executivo do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais – IPEF e a moderação de Paulo Cardoso. Para falar sobre o treinamento de brigadas, Maria Luisa Alfaro, gestora do programa USAID na América Latina e Caribe no Sistema de Comando de Incidentes e Manejo integrado do Fogo; Paulo José de Souza, especialista em Gestão de Risco de Desastres na USAID/ DRMS Brasil; Sérgio Delgado, especialista em novas tecnologias para combate de incêndios da Delace Corp Panamá e a moderação do Prof. Erwing Hugo Ressel Filho, do departamento de engenharia florestal da Universidade de Blumenau – FURB, reuniram-se para o debate.
Por fim, a Dra. Thelma Krug, matemática, cientista e considerada uma das maiores autoridades mundiais na pesquisa do clima e florestas, presidente da OMM (Organização Meteorológica Mundial) , atuou no Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), fez uma palestra de encerramento sobre a íntima relação entre as mudanças climáticas e os incêndios florestais.
Dia 28 de junho por iniciativa dos idealizadores, com os conferencistas ainda presentes se reuniram para avaliar o evento e trabalhar na elaboração de um documento com as conclusões e recomendações, cujo objetivo é nortear as politicas publicas e empresariais com relação aos temas tratados. Além disso, convidados puderam realizar uma visita exclusiva à Eucatex, que apresenta uma ampla variedade de itens para a construção civil, indústria moveleira e revenda madeireira, conhecido por desenvolver produtos que oferecem opções práticas e criativas, a partir de pesquisas, com tecnologia de ponta e respeito ao meio ambiente.
Com o objetivo de ser mais próxima do meio onde está instalada, a Eucatex desenvolve diversas ações para disseminar conceitos sobre a preservação do meio ambiente e a importância do manejo responsável das florestas plantadas, além de promover o crescimento e integração social nas comunidades e regiões onde a Eucatex está inserida. Além disso, maneja plantações florestais para a produção de madeira de Eucalipto para o abastecimento das Unidades Fabris. O manejo das plantações objetiva produzir florestas de alta produtividade a custos competitivos, buscando sempre a melhoria contínua do processo. Adota padrões e procedimentos que consideram cuidados ambientais para a conservação e preservação das áreas nativas em suas áreas de atuação, além do bem estar social dos colaboradores e das comunidades do entorno.
Também, foi promovido o Curso de Investigação de Incendios Florestais ministrado pelo Prof. Erwin Hugo Ressel Filho, Engenheiro Florestal, Perito Judiciário Federal, Ex-Presidente da ACEF, Professor DEF/FURB, Mestre em Engenharia Florestal (PPGEF/UFSM) e Doutorando em Engenharia Florestal (PPGEF/UFPR).