Monitoramento de queimadas no Brasil com sensoriamento remoto

Saiba como a tecnologia pode ajudar na proteção de áreas agrícolas e florestais contra incêndios

O Brasil vem enfrentando um aumento preocupante no número de queimadas, impulsionado por secas severas e práticas ilegais de desmatamento. Esse cenário traz desafios não apenas para a preservação ambiental, mas também para a saúde pública e a economia. Com a piora na qualidade do ar, crescem os casos de problemas respiratórios, enquanto setores como o agroenergético sofrem grandes prejuízos. A cana-de-açúcar, que, segundo o Balanço Energético Nacional (BEN) de 2023, se destaca como a principal fonte de energia renovável do país, é uma das culturas mais impactadas pelos incêndios.

Para enfrentar essa crise, o sensoriamento remoto tem sido um importante aliado. Essa tecnologia utiliza satélites para coletar dados sobre a superfície terrestre, permitindo o monitoramento de grandes áreas. Através de imagens de satélites e técnicas de IA, é possível, acompanhar mudanças no solo, na vegetação e detectar focos de incêndio. A análise de alterações nas cores e na luz refletida pela vegetação, e de frequências fora do espectro visível, como o infravermelho (relacionado a fontes de calor) permite identificar áreas com queimadas ou desmatamento.

Recentemente, a PSR estudou a abrangência dos incêndios de agosto de 2024 com o apoio de imagens de satélite e comparação de antes e depois, avaliando o impacto em plantações de cana-de-açúcar nos principais estados produtores do Brasil. Estimou que 114 mil hectares de cana-de-açúcar foram afetados. O estado de São Paulo foi o mais prejudicado, concentrando 81% das perdas, seguido por Minas Gerais (9%) e Goiás (5%).

Embora o sensoriamento remoto permita que grandes áreas sejam monitoradas com eficiência, existem limitações. Os satélites utilizados na estimativa da PSR, por exemplo, revisitam as mesmas regiões a cada cinco dias. Esse intervalo não é o ideal quando se busca monitorar a propagação de um incêndio, por exemplo. Uma solução promissora para superar essa limitação é o uso de microssatélites de órbita baixa, que permitem revisitas mais rápidas e, consequentemente, dados mais atualizados, além de maior resolução espacial.

O projeto FireSat é um bom exemplo. Trata-se de colaboração de diversas entidades, como a Google, que planeja lançar 52 satélites para detectação de incêndios, mesmo que de pequeno porte, com cinco por cinco metros. A atualização de imagens será feita a cada 20 minutos graças ao uso dessa constelação de microssatélites. A tecnologia deverá ser ótima aliada para que as ações de comando e controle sejam tomadas de forma mais efetiva e com menor custo ao Estado.

O avanço dessas tecnologias e a cooperação internacional são caminhos promissores para a proteção do meio ambiente e o controle de queimadas em áreas agrícolas e florestais. Isso é especialmente importante no contexto das mudanças climáticas, que infelizmente deverão aumentar a incidência de queimadas pela ocorrência de altas temperaturas em estiagens prolongadas.

Informações: Exame.

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