Queimadas: as lições da Austrália para prevenir e combater o fogo no Brasil

Com clima e vegetação secos, a Austrália é um dos países mais propensos a incêndios florestais no mundo. O governo australiano se prepara todos os anos para enfrentar as queimadas — e pode ensinar ao Brasil como fazer isso.

Como Brasil pode aprender com Austrália

  • Foco australiano é em minimizar danos. O governo da Austrália considera que “fogo sempre ocorreu naturalmente” no país, e que não é possível evitar que incêndios aconteçam. Entretanto, enxergam que há atitudes a serem tomadas para prevenir que o fogo se espalhe demais ou mesmo tenha sua intensidade reduzida.
  • Controle da terra é principal estratégia. Auditores do governo australiano fazem questão que materiais inflamáveis — madeira, arbustos, grama seca — sejam retirados de áreas de florestas, e que áreas mais sensíveis a queimadas sejam de fácil acesso a bombeiros.
  • “Brasil precisa criar cultura de prevenção”, diz coordenador do Cemaden. José Marengo, coordenador-geral de pesquisas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, diz que o Brasil precisa “estar preparado para prevenir incêndios, não só para combatê-los”, e que as queimadas que o Brasil enfrenta são uma “desgraça anunciada pela ciência”.
  • Na Austrália, bombeiros são treinados especialmente para combate a queimadas. Embora muitos combatentes sejam voluntários, os bombeiros australianos são treinados especialmente para combater incêndios florestais. Marengo defende que o mesmo ocorra no Brasil: “custa dinheiro, mas é preciso”.
  • Educação social é pilar para contenção de incêndios. Antes da época de queimadas, o governo australiano promove campanhas de educação sobre o que fazer para reduzir danos. Entre as recomendações, estão: preparar aceiros em volta das casas; aparar galhos para ficarem longe de residências; tirar folhas de calhas; aparar grama, deixando-a verde e curta, e manter escadas perto de janelas.
  • Austrália combate “fogo com fogo”. Povos aborígenes realizam queimas controladas há anos na Austrália, e as estratégias foram adotadas pelo governo local. Tudo é realizado considerando a umidade do ar, combustibilidade das plantas, topografia, temperatura, frequência de chuvas e outros fatores. No Brasil, a prática também é utilizada, mas os procedimentos variam de estado para estado, seguindo a legislação específica.
  • Governo usa força-tarefa quando ocorrem incêndios. Durante o “Black Summer”, megaincêndio que afetou 80% da população do país em 2020, por exemplo, agiram pelo menos 3.940 bombeiros, 3.000 membros das Forças Armadas e 440 socorristas. O governo afirma que 500 aviões e helicópteros estiveram disponíveis para ajudar no combate a incêndios, despejando milhares de litros de água, espuma e gel sobre as áreas afetadas, enquanto milhares de veículos estavam prontos para transportar bombeiros e agentes.

“É importante que o Brasil aprenda com controle de incêndios na Austrália, na Califórnia, no Mediterrâneo. Neste momento, tem que apagar o fogo de qualquer maneira, mas há necessidade de preparação, ter planos de contingência.” José Marengo, coordenador-geral de pesquisas do Cemaden.

Informações: uol / Imagem destaque: avião em operação durante incêndio florestal em Nova Gales do Sul, na Austrália.

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