Discussão sobre o tema foi destaque em consulta pública aberta pelo BNDES e pelo MMA para aprimorar o mercado de certificação de carbono no Brasil
Serviço Florestal Brasileiro (SFB) participou ontem (11) da abertura da consulta pública promovida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) para discutir o cenário da certificação de carbono no mercado voluntário no Brasil. O processo busca ampliar a participação de novos atores no setor, especialmente aqueles com maior conhecimento sobre o território brasileiro, e reduzir a concentração do mercado, que ainda é dominado por certificadoras internacionais. A consulta estará aberta até 25 de abril, permitindo contribuições da sociedade civil e de entidades interessadas no tema.
Durante o evento, a diretora de Fomento Florestal do SFB, Clarisse Cruz, enfatizou a importância da participação do mercado financeiro no processo de criação de métodos de certificação de crédito de carbono. “Sem a inclusão dos investidores locais, não conseguiremos avançar efetivamente. Precisamos de dados mais precisos e de um mercado que compreenda melhor as particularidades do nosso território”, afirmou. Ela também sublinhou que o SFB, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, tem trabalhado para fornecer informações técnicas que auxiliem na elaboração de metodologias para a certificação de carbono com base na realidade brasileira.
O secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco, destacou a relevância do mercado de carbono como ferramenta para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Para ele, a implementação de um sistema eficaz de certificação pode impulsionar práticas como a restauração de vegetação nativa. “O mercado de carbono é um instrumento essencial para o nosso compromisso com a redução das emissões e a promoção de práticas sustentáveis. Devemos garantir que as metodologias de captura de carbono respeitem a integridade ambiental”, concluiu.
O diretor de Planejamento e Relações Institucionais do BNDES, Nelson Barbosa, também comentou sobre a necessidade de diversificação no mercado de certificação de carbono. Ele explicou que, com o aumento das certificações no Brasil, será essencial ampliar a capacidade das certificadoras nacionais para garantir um processo mais rápido e eficiente. “O mercado de carbono no Brasil tem enorme potencial, mas, para aproveitá-lo de forma eficaz, precisamos de mais certificadoras e metodologias adequadas”, completou Barbosa.
Crédito de carbono e concessões florestais
As concessões florestais têm se mostrado uma importante estratégia para a geração de créditos de carbono no Brasil. Um exemplo disso é o edital da Floresta Nacional (Flona) do Bom Futuro, lançado em setembro de 2024. O edital inclui a recuperação de áreas degradadas e prevê a comercialização de créditos de carbono como parte do processo de manejo sustentável da área. O projeto da Floresta Nacional do Bom Futuro será um modelo para a restauração de ecossistemas, alinhando a preservação ambiental à geração de recursos financeiros para a gestão florestal sustentável. Além disso, o edital se soma aos esforços do Serviço Florestal Brasileiro para integrar os créditos de carbono às políticas de conservação e manejo sustentável das florestas públicas.
Para acessar a consulta pública, clique aqui.