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Com redução no combate, incêndios na Amazônia brasileira batem recorde no início em 2024

Seca na região da floresta amazônica, impulsionada pelo fenômeno climático El Niño e pelo aquecimento global, ajudou a contribuir para que as condições de baixa umidade alimentassem os incêndios este ano

A floresta amazônica brasileira sofreu as maiores queimadas já registradas nos primeiros quatro meses do ano, e a associação que representa os trabalhadores ambientais do país atribuiu parte da culpa à redução nos gastos do governo com o combate aos incêndios.

Uma seca recorde na região da floresta amazônica, impulsionada pelo fenômeno climático El Niño e pelo aquecimento global, ajudou a contribuir para que as condições de baixa umidade alimentassem os incêndios este ano.

Mais de 12.000 quilômetros quadrados da floresta amazônica brasileira foram queimados entre janeiro e abril, o maior número em mais de duas décadas de dados compilados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Essa área é maior do que o Catar.

Os incêndios na Amazônia geralmente não ocorrem naturalmente, sendo provocados por pessoas, que muitas vezes buscam limpar terras para a agricultura.

Os cortes no orçamento de combate a incêndios também são parcialmente culpados, segundo a Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente e do Pecma (Ascema Nacional). Eles reclamam que o orçamento do Ibama neste ano para o combate a incêndios é 24% menor do que em 2023.

Os agentes do Ibama suspenderam o trabalho de campo desde janeiro, em meio a tensas negociações com o governo federal por melhores salários e condições de trabalho.

A Ascema rejeitou a última oferta do governo e exigiu aumentos salariais mais robustos após mais de uma década de reajustes considerados baixos e redução de pessoal.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apostou sua reputação internacional na proteção da floresta amazônica e na restauração do Brasil como líder em políticas ambientais. Maior floresta tropical do mundo, a Amazônia é vital para conter o aquecimento global devido à sua capacidade de absorver uma grande quantidade de gases de efeito estufa.

Embora a área queimada seja um recorde para os primeiros quatro meses do ano, ela não é grande em comparação com as queimadas no pico da estação seca, de agosto a novembro, quando uma área de tamanho equivalente pode ser queimada em um único mês.

“O governo precisa entender que sem o engajamento total dos servidores ambientais, a situação que se vislumbra para este ano é de uma catástrofe sem precedentes”, disse o presidente da Ascema, Cleberson Zavaski.

“Os esforços de prevenção, como a conscientização sobre ignições, a criação de corta-fogo em áreas estratégicas e a realização de queimadas prescritas, dependem do emprego de pessoas com condições estáveis”, disse Manoela Machado, pesquisadora de incêndios do Centro de Pesquisas Climáticas Woodwell.

“Essas medidas vão influenciar a gravidade da crise de incêndio quando as condições de seca favorecerem a propagação dos incêndios.”

CNN procurou o Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Em nota, o Ministério disse que os incêndios são intensificados pela mudança no clima e por um dos “El Ninõs” mais fortes da história.

Sobre investimentos em equipes de combate aos incêndios, o MMA declarou que “foram disponibilizados pela atual gestão R$ 405 milhões do Fundo Amazônia para os Corpos de Bombeiros dos nove Estados da Amazônia Legal. O governo federal também busca soluções conjuntas para o Projeto de Lei nº 1818/22, que institui a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo. A iniciativa reforçará a prevenção de incêndios florestais no país.”

Nota – Ministério de Meio Ambiente

Os incêndios florestais no Brasil e em outros países da região amazônica, como Colômbia e Venezuela, são intensificados pela mudança do clima e por um dos El Niños mais fortes da história, que causou estiagens prolongadas em diversas áreas do bioma em 2023.

De janeiro a abril, os incêndios concentraram-se no Estado de Roraima (40% dos focos na Amazônia), onde a estação seca ocorre no início do ano e foi agravada por fatores climáticos. Ibama e ICMBio enviaram cerca de 380 combatentes para o Estado, e todos os focos na região foram controlados.

Em Mato Grosso (36% dos focos) e no Pará (9%), parte dos incêndios está relacionada a desmatamento. Ainda assim, os Estados registraram quedas de 45% e 40%, respectivamente, na área sob alertas de desmatamento de janeiro a abril na comparação com os primeiros quatro meses de 2023, segundo o sistema Deter, do Inpe.

Em toda a Amazônia houve queda de 42% da área sob alertas de desmatamento no mesmo período (janeiro a abril), após redução de 50% em 2023 na comparação com 2022.

O grave aquecimento registrado nos últimos meses provocou mudanças de padrão, como o avanço do fogo para áreas de vegetação nativa. De janeiro a abril de 2024, 33% dos focos de incêndio na Amazônia ocorreram em áreas de vegetação primária, e 9% em áreas com desmatamento recente. No primeiro quadrimestre de 2022, último ano da gestão anterior, ocorreu o inverso: 5% dos focos foram registrados em áreas de vegetação primária, e 24%, com desmatamento recente.

O MMA finalizou proposta para melhorar a capacidade de gestão de risco de incêndios, com aumento de recursos, desburocratização de contratações (serviços, equipamentos e brigadistas) e ampliação da coordenação com os Corpos de Bombeiros dos Estados da Amazônia e do Pantanal.

Foram disponibilizados pela atual gestão R$405 milhões do Fundo Amazônia para os Corpos de Bombeiros dos nove Estados da Amazônia Legal. O governo federal também busca soluções conjuntas para o Projeto de Lei nº 1818/22, que institui a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo. A iniciativa reforçará a prevenção de incêndios florestais no país.

A cooperação entre órgãos ambientais federais, estaduais e municipais é fundamental para permitir ações estratégicas e eficazes de prevenção e combate a incêndios florestais.

Informações: CNN.

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Integração Lavoura-Pecuária-Floresta otimiza o sistema de produção e preserva o meio ambiente

Ao investir em cercamento de qualidade para o ILPF, os produtores garantem a preservação dos recursos naturais e contribuem com a mitigação das emissões dos gases do efeito estufa, permitindo que todo o setor produtivo se una em benefício do agro e do planeta

Ao longo das últimas semanas, as altas temperaturas acenderam um novo alerta para o aumento da intensidade dos eventos climáticos extremos. Grande preocupação dos produtores, o aquecimento global pode levar à perda de colheitas, causar estresse térmico nos animais e degradar o solo. Para evitar que isso ocorra, é preciso aplicar técnicas e estratégias focadas na preservação do meio ambiente e que otimizem o sistema de produção.

O setor agropecuário brasileiro já se destaca por iniciativas nesse sentido, mas a sociedade está cada vez mais exigente em relação às práticas de ESG – sigla em inglês que se refere aos compromissos ambientais, sociais e de governança –, especialmente nas questões que tratam do controle da temperatura.

Uma abordagem eficiente para reduzir os impactos é o sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), que também pode garantir elevação a produtividade.

De acordo com nota técnica da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), entre os benefícios ambientais da ILPF estão a melhoria dos nutrientes no solo, bem-estar dos animais e proteção dos recursos naturais, além dos ganhos com o cultivo de alimentos saudáveis. Em termos econômicos, a técnica aumenta a produção de grãos, fibras, carne e leite. Com isso, gera mais empregos diretos e indiretos e contribui para a renda dos produtores.

Na ILPF, há integração entre as culturas agrícolas, pecuárias e florestais na mesma área, sendo feito, principalmente por cultivos rotacionados, nos quais os pecuaristas dividem com cercas – principalmente as elétricas – a área total da propriedade em várias partes menores, chamadas de “piquetes”, nas quais os bovinos se alternam entre uma área e outra.

Para que a integração funcione de maneira eficaz, o produtor precisa fazer plantio direto com milho e pasto juntos, no início do período de chuvas – de setembro a novembro. Quando o milho for colhido, o pecuarista deve entrar com os animais, fazendo uma rotação contínua entre os bovinos e as culturas agrícolas, sempre esperando pela recuperação do pasto para depois retornar com os animais àquela área.

Nesse sistema, o cercamento é fundamental e deve ser de qualidade, para dividir a propriedade em piquetes e manter os animais afastados durante o período da lavoura. Cercas elétricas são as mais recomendadas, pois são ideais para reduzir o custo de manutenção e implantação da cerca, permitindo um maior espaçamento entre mourões e uma ótima relação custo-benefício.

Ao investir em cercamento de qualidade para o ILPF, os produtores garantem a preservação dos recursos naturais e contribuem com a mitigação das emissões dos gases do efeito estufa, permitindo que todo o setor produtivo se una em benefício do agro e do planeta.

Fonte: O Presente Rural.

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