Em Mato Grosso do Sul a empresa chilena começou a construir uma fábrica de celulose em Inocência e já tem mais de 85 mil hectares de plantações de eucaliptos

Com previsão de investimentos da ordem de R$ 28 bilhões em Mato Grosso do Sul, a empresa chilena Arauco concluiu nesta terça-feira (16) a venda de boa parte de suas florestas no sul e sudeste do país para a empresa Klabin, em um negócio de US$ 1,16 bilhão, ou cerca de R$ 6 bilhões. PauseUnmute

A maior parte deste dinheiro será investida na fábrica que começou a ser construída em Inocência, na região nordeste de Mato Grosso do Sul. Anunciada em dezembro do ano passado, a venda incluiu 150 mil hectares de seus ativos florestais, englobando 85 mil hectares de reflorestamento. O negócio inclui, ainda, 31,5 milhões de toneladas de madeira em pé, além de máquinas e equipamentos florestais.

A negociação com a Klabin, que atua na produção e exportação de papéis para embalagens, incluiu todas as terras e florestas que a Arauco detinha nos estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo. 

O objetivo da Klabin com a compra é ter mais autossuficiência de madeira, reduzindo os investimentos futuros na compra de madeira em pé de terceiros, segundo o comando da empresa. Além disso, o negócio deve reduzir os custos operacionais de colheita e transporte de madeira, melhorando o custo caixa total da Klabin.

Ao anunciar o acordo com a Arauco, o diretor financeiro e de relações com investidores da Klabin, Marcos Ivo, disse esta era “uma ótima oportunidade em termos operacionais e financeiros, que reduzirá a necessidade de compra de madeira de terceiros, aumentará a competitividade de custos da Companhia, com criação de valor para os seus acionistas”.

Em dezembro, quando do anúncio inicial da trasação, Carlos Altimiras, Diretor Presidente da Arauco Brasil, afirmou que “esse acordo é uma boa notícia para Arauco. Isso nos permitirá promover o desenvolvimento de investimentos, bem como o negócio de celulose no Brasil.”

O negócio de celulose ao qual se referia era o Projeto Sucuriú, que terá nvestimentos de R$ 28 bilhões e ao final do empreendimeto terá capacidade para produzir 5 milhões de toneladas de celulose por ano em Inocência. 

Os trabalhos de terraplanagem no local da fábrica, às margens da MS-377 e do Rio Sucuriú, a cerca de 50 quilômetros da área urbana de Inocência, começaram no final de junho. A partir de janeiro está previsto o início das obras de metalurgia propriamente ditos. 

A previsão é de que a primeira fase entre em operação no começo de 2028.  Mas, antes mesmo do início dos trabalhos no canteiro de obras, a empresa já estava gerando em torno de mil empregos em Inocência e municípios da região nas atividades de plantio de eucaliptos.

Ainda de acordo com Altimiras, a empresa já está com cerca de 210 mil hectares contratados e 85 mil estão ocupados com eucaliptos. Ao longo de 2024 devem ser mais plantados mais65 mil hectares. Para garantir produção para desta primeira fase serão necessários em torno de 300 mil hectares. Na segunda  fase, os chilenos terão de dobrar o volume de florestas. 

Em média, o ciclo de crescimento até o corte dos eucaliptos se estende ao longo de sete anos e justamente por isso os plantios começaram ainda em 2021, bem antes da concessão de qualquer licença ambiental para instalação da fábrica.

USUFRUTO

Por ser uma empresa estrangeira, a Arauco tem restrições legais para comprar e arrendar terras no Brasil. Por isso, eles usam o termo de usufruto da terra, que é uma forma legal de arrendamento  e assim conseguem driblar a legislação brasileira a fim de permitir investimentos estrangeiros no setor da celulose. 

Estes contratos de usufruto, segundo Theófilo Militão, gerente Executivo de ESG & Relações Institucionais da Arauco, variam de um proprietário para outro, mas são de pelo menos sete anos em alguns casos ultrapassam os 30 anos.

Embora não queira citar valores pagos aos proprietários por esse usufruto, ele garante que a empresa não está tendo dificuldades para conseguir terras na região e que o “arrendamento” está sendo um bom negócio para os proprietários, já que muitas fazendas da região estavam praticamente improdutivas. 

LONGE DA CIDADE

A fábrica será instalada a cerca de 50 quilômetros da área urbana de Inocência, às margens do Rio Sucuriú e da MS-377. Conforme o prefeito, Antônio Ângelo Garcia dos Santos, mais conhecido como “Toninho da Cofap”, praticamente todo os operários que vão trabalhar na construção ficarão alojados próximo ao canteiro de obras.

No pico dos trabalhos serão 12 mil operários, o que significa 150% a mais que os 8,4 mil habitantes do município. E, de acordo com o prefeito, isso tende a reduzir os alguns dos problemas sociais, de saúde e de segurança pública enfrentados ao longo dos últimos anos em Ribas do Rio Pardo, onde a Suzano está concluído a construção de um empreendimento do mesmo porte ao da Arauco. 

Informações: Correio do Estado.