O período entre 2023 e 2024 foi marcado por um aumento significativo nas queimadas em várias regiões do Brasil, com o Pantanal mato-grossense, que abrange os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, juntamente com o estado de Rondônia, sendo duramente afetados por incêndios florestais. Esses incêndios ocorreram tanto de forma deliberada quanto devido a fatores climáticos, o que contribuiu para a maioria deles fugir do controle.
Efeitos do fenômeno El Niño (2023-2024)
Durante esse período, o Brasil continuou sob o efeito do fenômeno El Niño. Caracterizado pelo aumento das temperaturas em todo o país, deixando-as acima da média para os meses correspondentes, o El Niño também afetou a distribuição das chuvas. Esse fenômeno reduziu a quantidade de chuvas, especialmente nas regiões Norte, Nordeste e parte do Centro-Oeste, como o Pantanal mato-grossense, aumentando o risco de incêndios florestais de maneira natural.
Origens humanas dos incêndios na Amazônia e no Pantanal: Desafios e Causas
Os incêndios no Brasil, especialmente na Amazônia e no Pantanal, ocorrem por diversas razões, incluindo desmatamento ilegal, queimadas agrícolas, expansão da fronteira agrícola, atividades ilegais como extração de madeira e mineração, e queima de resíduos. Embora nem todos os incêndios sejam deliberados, a ação humana desempenha um papel significativo nesses eventos.
Mas o porque a maioria desse eventos foge do controle?
Além dos fatores mencionados, um elemento de extrema importância entra em cena: a retroalimentação das plumas de fumaça das queimadas. Esse fenômeno provoca uma condição em que a nuvem formada pela fumaça se torna carregada eletricamente, desencadeando novas descargas elétricas que, ao atingirem o solo, reiniciam ou intensificam os incêndios. Conhecido como Pyrocumulonimbus (pyroCb), este tipo de nuvem cumulonimbus é formado por convecção intensa causada por incêndios florestais, transportando fumaça e partículas para a atmosfera. Essas nuvens têm o potencial de desencadear tempestades de raios, representando sérios riscos à segurança e à propagação dos próprios incêndios.
Figura 1- Pyrocumulonimbus: Uma manifestação extrema de uma nuvem pirocúmulo (pyroCu), gerada pelo calor de um incêndio florestal, que frequentemente se eleva até a troposfera superior ou a estratosfera inferior. Fonte: Government of Australia, Bureau of Meteorology
Impacto no Brasil (2023-2024)
Apesar dos esforços de mitigação, como a redução de 77% no desmatamento em Rondônia no primeiro bimestre de 2024, os focos de queimadas aumentaram em 38% nos primeiros três meses do ano. Mato Grosso liderou o número de queimadas no país desde o início de 2024, com 1.060 focos de incêndio registrados até o momento. Em novembro de 2023, o Pantanal registrou mais de 1 milhão de hectares queimados, triplicando os números de 2022.
Olhando para o futuro, espera-se uma redução gradual no número de queimadas nos próximos meses, à medida que o país se aproxima do inverno. No entanto, os primeiros meses de outono ainda devem ser marcados pela influência contínua do fenômeno El Niño, mantendo a vegetação seca e as chuvas irregulares, o que cria um ambiente propício para o surgimento de mais incêndios em todo o Brasil.
Informações: Clima Tempo / Imagem destaque: https://www.wwf.org.br/