No podcast WoodFlow, Gustavo Milazzo entrevista a FEPCO, empresa europeia de importação de compensados e a Sudati, principal exportadora brasileira de compensados
Qualidade, capacidade produtiva e continuidade de oferta foram apontados como os diferenciais do compensado de coníferas brasileiro na Europa. Durante a gravação do PodCast WoodFlow, o CEO da FEPCO, Alexander de Groot, empresa belga que importa compensados de diversos países do mundo para países europeus, apontou que o produto daqui do Brasil pode se destacar ainda mais no continente europeu nos próximos anos.
Na conversa com o CEO da WoodFlow, Gustavo Milazzo, Alexander destacou que o setor madeireiro do Brasil está muito melhor organizado, em termos de certificações, qualidade de produto e disponibilidade que outros países fornecedores.
Também participou da conversa o diretor comercial da Sudati Compensados, Fabiano Sangali. Fabiano destacou que o Brasil, atualmente, é o maior exportador de compensado de coníferas do mundo, abastecendo mercados como o europeu e também dos Estados Unidos.
“O Brasil tem o mais competitivo e confiável compensado do mundo. Nós conseguimos conquistar os pré-requisitos de sustentabilidade, performance estrutural e, com isso, temos mais alternativas para diferentes aplicações. Acredito que o produto brasileiro está se tornando mais e mais atrativo”, disse Fabiano.
“Na Europa, temos diferentes fornecedores de compensados, de diferentes matérias primas, de árvores coníferas e folhosas. Então, para aplicação em pisos ou telhados, temos o compensado brasiliero, ou da Indonésia, por exemplo. Assim, o consumidor procura pelo produto que vai atender às suas necessidades. O produto brasileiro conquistou seu espaço principalmente pela qualidade, competitividade e disponibilidade”, disse Alexander.
EUDR e a oportunidade para o Brasil
Com a possibilidade de entrar em vigor a EUDR, regulamentação que proíbe países europeus a importarem produtos que possam ser produzidos em áreas de desmatamento, Alexander avalia que o Brasil está à frente e poderá se beneficiar se tornando o principal fornecedor de compensados. “O Brasil possui sua base florestal baseada em florestas plantadas e, isso certamente será um diferencial do país quando essa regulamentação entrar em vigor”, disse Alexander.
Do lado dos empresários brasileiros que exportam, Fabiano pontua que há ainda uma incerteza de como será feita a comprovação para o EUDR, mesmo assim, as empresas já estão se organizando para continuar atendendo os pedidos dos clientes europeus.
“Na Sudati contratamos pessoas dedicadas a entender essa regulamentação e a buscar os dados que comprovam a origem da nossa matéria prima”, acrescentou.
Perspectivas
Questionados sobre as perspectivas de mercado de compensados, ambos os entrevistados apresentaram pontos animadores para os produtores brasileiros. Mas com a incerteza da proximidade desses eventos. Essa incerteza se deve, principalmente, à capacidade de escoamento dos produtos brasileiros por meio do transporte marítimo. Segundo Fabiano, as empresas estão com os estoques cheios e com muita dificuldade de conseguir embarques para Europa. Os navios estão cheios, o que aumenta a competitividade pelos embarques e as janelas dos portos cada vez mais apertadas. “Com a retomada das operações do porto de Itajaí (SC), a expectativa é que as filas de embarque se normalizem, mas não podemos dizer quando isso irá acontecer”, disse Fabiano.
Outro fator que entra em desfavor dos produtos brasileiros é o aumento excessivo dos fretes. Os valores por container estão subindo desde o início do ano. Então, unindo a incerteza de embarque citada acima, à falta de exatidão do valor do frete no momento do embarque, o produto brasileiro fica em desvantagem, pois importador e exportador não podem assegurar quanto irão pagar pelo frete, deixando essa incógnita de qual o valor final do produto.
“Com a soma desses fatores, eu digo para os importadores europeus: agora é a hora de fechar os pedidos com as fábricas, se a sua intenção é receber o produto no início de 2025”, disse Alexander.
Finalizando o podcast, Gustavo Milazzo, enfatizou a importância do mercado europeu e a possibilidade do Brasil sair na frente quando o assunto é EUDR. “Temos boas expectativas para o compensado brasileiro e precisamos estar atentos aos demais fatores desse mercado”, destacou.
Sobre o Podcast WoodFlow
O Podcast WoodFlow é uma iniciativa da startup de exportação de madeira WoodFlow, e visa debater, uma vez ao mês, sobre o mercado de madeira. O CEO da WoodFlow, Gustavo Milazzo conduz as entrevistas sempre retratando o cenário e o futuro da madeira. O Podcast WoodFlow é o primeiro do país a debater temas do mercado madeireiro e pode ser acessado diretamente no youtube ou nas plataformas de streaming de áudio.
*Imagem em destaque: divulgação.