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Projeto estimula a restauração de áreas de Reserva Legal com araucárias

– Iniciativa capacita produtores sobre diferentes modelos de recuperação de áreas degradadas.

– Projeto recebeu prêmio One Engie Awards.


O projeto ConservAção Araucária conclui sua primeira etapa com a realização de capacitações de produtores rurais e agentes multiplicadores, implantação de 16 unidades de referência tecnológica (URTs) de recuperação de áreas de Reserva Legal no estado do Paraná e de duas coleções genéticas de araucária. O projeto é uma iniciativa da Embrapa Florestas e do Sistema de Transmissão Gralha Azul, operado pela Engie Brasil Energia, com a participação do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e apoio do Instituto Água e Terra (IAT).

As unidades demonstrativas estão localizadas em onze propriedades rurais de agricultores familiares e em dois campos experimentais do IDR-Paraná, e serão utilizadas como exemplo para produtores que queiram recuperar áreas florestais, especialmente de Reserva Legal, utilizando espécies da Floresta como a própria araucária, erva-mate, bracatinga, cedro-rosa, pessegueiro-bravo, cataia, canela guaicá e espinheira santa.  

Os produtores participantes receberam todas as mudas, adubo e uma roçadeira, para apoio no combate a plantas daninhas, e puderam escolher entre três modelos de restauração para implantar em uma área de aproximadamente 1 hectare. Caixas de abelhas nativas sem ferrão também foram distribuídas como mais uma opção de geração de renda, além da realização de treinamentos e a disponibilização de uma cartilha com orientações silviculturais para implantação e manejo inicial das unidades demonstrativas. 

Segundo Erich Schaitza, chefe geral da Embrapa Florestas, “a intenção do projeto é mostrar a viabilidade do plantio de araucária e demais espécies para recuperação de passivos ambientais, mas que o produtor rural veja que também é possível gerar renda. Por isso, reunimos instituições como IDR Paraná e o IAT para discutir a viabilidade de modelos, tanto no aspecto técnico quanto de atendimento à legislação”.  

Ives Goulart, da Embrapa Florestas, que coordenou a implantação das URTs, explica que “a ideia é que estas áreas sejam vitrines e mostrem a viabilidade do plantio da araucária como recuperação ambiental e geração de renda, junto com outras espécies que compõem seu ecossistema”.  

Durante os dois anos de implantação do projeto, foram realizados trabalhos para a escolha das áreas em 12 municípios, definições dos modelos de recuperação ambiental, orientações e capacitação de produtores e técnicos extensionistas, redação de manual de recomendações, visitas e reuniões técnicas. No total, foram plantadas 25.400 mudas. “Como todo trabalho em área rural, enfrentamos algumas dificuldades por conta da estiagem em 2020 e 2021. Isso foi sanado com o decorrer do tempo, especialmente com apoio dos viveiros do IAT, e hoje todas as unidades estão com bom andamento”, relata Goulart.  

Durante esse período, cerca de 60 pessoas, entre produtores rurais e técnicos extensionistas, foram capacitados no entendimento dos modelos de recuperação: 1) araucária, erva-mate e bracatinga; 2) araucária, erva-mate, mais seis espécies florestais nativas e 3) araucária, bracatinga e bracatinga arapoti.

Modelos servem de vitrine para produtores rurais 

“Diretamente, são onze famílias beneficiadas pelo projeto. Entretanto, os extensionistas do IDR-PR já estão difundindo os modelos em outras propriedades e isso amplia o impacto que o projeto tem não só nas famílias participantes, mas em toda a região de Floresta com Araucárias”, salienta Goulart. “E, destes ‘novos’ produtores, muitos implantaram em áreas de cultivo, mesmo podendo cultivar ou produzir outras coisas, demonstrando o interesse e viabilidade dos modelos”, completa. Segundo Jonas Bianchin, do IDR Paraná, “é por meio destas vitrines que a gente consegue replicar esse conhecimento gerado e aplicado para os produtores do entorno e isso gera um impacto muito positivo. Os produtores vêem com muito bons olhos esse tipo de ação porque entendem a importância da manutenção de áreas produtivas e a restauração de áreas degradadas com espécies que eles possam também utilizar economicamente”. 

A Gerente de Meio Ambiente da ENGIE Brasil Energia, Karen Schroder, reforça a importância de apoiar iniciativas como essa. “Para nós, é extremamente gratificante estar ao lado da Embrapa na realização de um projeto que alinha geração de renda à conservação ambiental e que, com isso, promove o desenvolvimento sustentável das comunidades rurais. Sabemos que, como uma empresa líder em energia renovável, a conservação da biodiversidade não só precisa integrar um dos nossos compromissos com o meio ambiente, mas também estar entre as principais estratégias do nosso negócio”, comenta a executiva.  

Jair Weisshaar, produtor rural da Colônia Rio Vermelho, em União da Vitória/PR, considera que “esse projeto é muito bom para nós, pequenos produtores, termos uma experiência com essas plantas nativas da região, que são muito valiosas. Estamos aprendendo muito com o projeto”. Weisshaar implantou sua unidade com araucária, erva-mate e bracatinga e já planeja o futuro: “Esperamos começar a colher a erva-mate antes, já tendo alguma renda. A araucária e a bracatinga demoram mais, mas vai ter as flores para as abelhas, para a produção de mel e certamente uma área protegida com plantas nativas”, comemora. 

A participação do IAT como consultor do projeto foi considerada fundamental. “Muitas vezes, temos o ideal agronômico e florestal da composição e instalação de cada modelo, mas o IAT ia nos informando o que estaria adequado em atendimento à legislação estadual. Com isso, pudemos promover ajustes tanto na implantação das URTs quanto na redação do manual para que atendesse tanto os aspectos da restauração florestal em si quanto a adequação à lei”, explica Goulart. 

Coleções genéticas


Além das URTs, o projeto também contemplou a instalação de coleções genéticas. Foram coletados mais de 70 mil pinhões de 118 árvores em diversas regiões de ocorrência da araucária no Paraná e produzidas cerca de 4.000 mudas, que foram plantadas em áreas da Embrapa, em Colombo e Ponta Grossa/PR. Segundo a pesquisadora Valderês Sousa, da Embrapa Florestas, “estas coleções genéticas ajudam a garantir a manutenção da espécie, uma vez que são conservadas árvores “filhas” de diversas regiões de ocorrência”.  

O pesquisador Sergio Silva, coordenador geral do projeto, avalia que “o trabalho com os produtores rurais, aliado à instalação das coleções genéticas, colocam foco na viabilidade de usar a araucária ao mesmo tempo em que se promove sua conservação”.  

Projeto vence One ENGIE Awards

Desenvolvido na região de operação do Sistema de Transmissão Gralha Azul, desde a implantação, o projeto ConservAção Araucária foi vencedor na categoria “Business Innovation Networks” do One ENGIE Awards, premiação para iniciativas inovadoras desenvolvidas por colaboradores de todas as empresas do Grupo ENGIE no mundo. A iniciativa abrange oito categorias de projetos e, após uma seleção prévia entre todos os cases concorrentes, três finalistas concorrem ao prêmio final. A cerimônia de premiação foi realizada em Paris em 28/09/2023.

Foto: André Kasczeszen

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Pesquisas com espécies nativas contribuem para conservação do Cerrado

No dia 11 de setembro é comemorado o Dia Nacional do Cerrado. A data foi criada em 2003 para que a sociedade reflita sobre a importância de preservar esse que é o segundo maior bioma da América do Sul e do Brasil. Reconhecida como a savana mais rica do mundo, o Cerrado brasileiro abriga uma das maiores diversidades do mundo, com mais de 11 mil espécies de plantas nativas já catalogadas.

A grandeza do bioma

O Cerrado brasileiro ocupa uma área de 2 milhões de Km², maior que os territórios da Alemanha, Espanha, Itália, França e Reino Unido juntos. Abrange 22% do território brasileiro, presente nos estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal e áreas do Amapá, Roraima e Amazonas.O bioma é considerado o berço das águas brasileiras. Nele, encontram-se as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul: Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata, o que garante também sua enorme biodiversidade de fauna e flora.A data foi estabelecida em homenagem ao ambientalista, jornalista e artista Ary José de Oliveira, mais conhecido como Ary Para-Raios, que nasceu neste dia, em 1931, e foi um dos fundadores da Rede Cerrado.

Nas últimas décadas, o bioma tem se destacado como uma das principais regiões agrícolas do mundo, um centro de produção de alimentos com altas produtividades de soja, milho, arroz, algodão, mandioca, cana-de-açúcar, além de carne bovina e leite, destinadas ao consumo da população brasileira e exportação para mais de 170 países em todos os continentes.

O incremento da produtividade de suas lavouras não ocorre de forma desvinculada da necessidade de sua preservação. Pesquisas da Embrapa Cerrados demonstraram que existem mais de 120 espécies nativas do bioma que apresentam potencial madeireiro, ornamental, medicinal, forrageiro ou frutífero. Elas podem ter usos variados, como recuperação de áreas degradadas, recomposição de reserva legal, formação de pomares comerciais, diversificação da produção, entre outros.

É o caso do árvore do baru, uma das espécies do Cerrado mais promissoras para o cultivo. Seu uso é indicado em sistemas integrados, com a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), em substituição ao eucalipto, principal gênero usado nesses sistemas. A vantagem dessa opção é que, além da madeira, o produtor terá uma valiosa semente, o baru, cuja demanda tem crescido nos últimos anos no Brasil e no exterior. Estima-se que a sua comercialização aumentará 25% entre os anos de 2019 e 2029, com crescente valor de mercado, e o Brasil é o principal país do mundo a produzir essa espécie (leia mais em: Árvore do baru é excelente alternativa para cultivo em ILPF).

Recentemente, pesquisadores da Embrapa Cerrados tiveram sucesso na enxertia de mudas de baru, possibilitando a multiplicação de árvores com características interessantes para produção. A técnica permite que os produtores selecionem as melhores plantas para formar pomares uniformes, com alta produtividade, com menor prazo para início da produção. A técnica tem sido muito usada para produção florestal no Brasil, proporcionando aumento da produtividade de florestas plantadas. Mas seu uso em espécies arbóreas n ativas ainda é incipiente. Com o resultado desse trabalho, a enxertia se mostra como uma boa opção para multiplicar espécies promissoras nativas do Cerrado (leia mais em: Pesquisadores conseguem produzir mudas de baru por meio de enxertia). 

Outra opção para os produtores rurais do Cerrado, principalmente os que querem diversificar suas fontes de renda é o cultivo do pequi. O fruto, muito apreciado especialmente nas culinárias goiana e mineira, ganhou versão sem espinho, o que facilita seu consumo e o processamento da polpa por agroindústrias. É a primeira vez que são lançadas cultivares de uma fruteira nativa arbórea perene do Cerrado. Ao todo, são três cultivares sem espinho e outras três tradicionais – todas com elevada produtividade e qualidade de polpa. As novas cultivares permitem a formação de pomares uniformes, com plantas de qualidade, precoces e produtivas.

Os frutos do pequizeiro são responsáveis pela renda de muitos pequenos produtores brasileiros. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 74 mil toneladas de pequi foram extraídas no País em 2021. A oferta das cultivares da Embrapa no mercado pode contribuir para o aumento da produção entre os produtores brasileiros, além de reduzir o extrativismo (leia mais em: Embrapa Cerrados e Emater GO lançam cultivares de pequi, com e sem espinhos). 

Uma pesquisa que está no início, mas traz novas possibilidades para as comunidades do Cerrado, é a que está coletando baunilhas nativas pelo Brasil. As espécies brasileiras têm características únicas capazes de conquistar mercados importantes, como o da alta gastronomia. Hoje, a baunilha é a segunda especiaria mais cara do mundo, atrás apenas do açafrão.

A Embrapa reuniu mais de 70 amostras de orquídeas do gênero Vanilla – trata-se do primeiro banco de germoplasma de baunilhas do Brasil e o único do mundo a reunir um volume significativo de espécies na América do Sul. As primeiras coletas foram feitas em áreas do Cerrado e da Mata Atlântica. A partir desses materiais, será possível apoiar o melhoramento genético e subsidiar a domesticação da planta, para possibilitar plantios comerciais, além de garantir a preservação dessas espécies (leia mais em: Embrapa capacita calungas e produtores rurais para produção de baunilha brasileira). 

A cadeia produtiva da baunilha no Brasil ainda não está estruturada e sua exploração depende basicamente do extrativismo. Com informações geradas pela pesquisa, está sendo organizada uma cartilha com conteúdo que vai da produção de mudas ao processamento dos frutos da baunilha. Para além desse material, os pesquisadores pretendem domesticar a cultura como desenvolvimento de técnicas e protocolos de cultivo para substituição do atual modelo extrativista praticado hoje no País (leia mais em: Brasil ganha primeiro banco de germoplasma de baunilhas). 

Fonte: Embrapa

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Pesquisadores da Embrapa recebem homenagens pelos 50 anos de contribuição à área florestal

Durante a 5ª Semana Florestal Brasileira, que aconteceu de 07 a 11 de agosto, na região de Ribeirão Preto/SP, além de seminários técnicos e da realização da maior feira florestal dinâmica, foram entregues homenagens a dois dos maiores pesquisadores brasileiros que se destacam pelas inúmeras contribuições à área florestal: o pesquisador emérito da Embrapa Florestas, Paulo Ernani Carvalho, e o pesquisador e diretor do Instituto Plantarum, Harri Lorenzi.

Ambos foram homenageados pelo trabalho de mais de meio século dedicado ao estudo e divulgação de conhecimentos sobre espécies florestais de ocorrência no Brasil. Os dois pesquisadores são responsáveis por séries de livros resultantes de extensa pesquisa bibliográfica, estudos e observações de campo nas ocorrências naturais das espécies.

Paulo Ernani Ramalho Carvalho se dedicou ao estudo e divulgação de conhecimentos sobre espécies florestais de ocorrência no Brasil e em outros países. Autor da série “Espécies Arbóreas Brasileiras”, com cinco volumes que reúnem informações de 340 espécies, também é conhecido pelo público infanto-juvenil com o livro “A Viagem das Sementes”, lançada em 1994. Em sua trajetória, destacam-se diversas outras obras. Os conhecimentos silviculturais disponibilizados em suas obras proporcionam orientação sobre preservação, conservação e uso dessas espécies, como integrantes de soluções ambientais e de promoção do agronegócio florestal. Paulo Ernani é o cientista mais citado na silvicultura brasileira e suas contribuições, além de atenderem a pesquisadores, docentes e estudantes, têm servido de base para programas de Educação Ambiental para diferentes públicos (crianças, adolescentes, professores, e grupos de terceira idade), disseminando a importância das florestas na contribuição para a continuidade do ciclo de vida da natureza. As publicações são didáticas e atendem, com orientações técnicas, produtores rurais e todos aqueles que querem plantar árvores nativas, buscando os mais diferentes serviços ambientais. “Como Engenheiro Florestal há 52 anos, sinto-me honrado em receber essa homenagem, que reconhece e coroa o trabalho que desenvolvi na pesquisa, como Dr. Paulo, e na educação, como Tio Paulo. O meu agradecimento a todos vocês”, disse em mensagem de vídeo.

Harri Lorenzi, engenheiro agrônomo e botânico brasileiro, é autor de dezenas de artigos e livros sobre plantas e fundador do Instituto Plantarum de Estudos da Flora que, além de uma editora, conta com uma vasta biblioteca; laboratório; jardim botânico com mais de cinco mil espécies vegetais, sobretudo espécies nativas do Brasil; herbário com 20 mil exsicatas; e carpoteca. Lorenzi trabalhou como pesquisador no Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), no Centro de Tecnologia Copersucar e, em 1998, foi pesquisador convidado da Universidade Harvard. O pesquisador realizou várias expedições de identificação e coleta de sementes, além de material para herbários e fotos das várias regiões do Brasil, incluindo todos os ecossistemas. Nestas viagens, encontrou várias espécies desconhecidas para a ciência e outras tantas ameaçadas, inclusive algumas que já eram consideradas extintas. As viagens incluem idas à Amazônia, ao Brasil Central, à Zona da Mata Mineira, ao sertão da Bahia e à Serra do Espinhaço. “Sinto-me agradecido e lisonjeado pela deferência. Tenho recebido várias homenagens internacionais de Instituições do primeiro mundo, mas jamais havia recebido ou visto coisa similar de uma Instituição Brasileira. Isto demonstra um alto grau de maturidade no País no reconhecimento de méritos de pessoas ligadas às ciências”, declarou Lorenzi.

Entre seus livros estão “Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil”, com 3 volumes, também editados em inglês; “Plantas Ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras”; “Plantas Daninhas no Brasil: Terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas”; “Plantas Medicinais no Brasil: Nativas e exóticas”; “Árvores Exóticas no Brasil: Madeiras, ornamentais e aromáticas”; “Botânica Sistemática: Guia ilustrado para identificação das famílias de Fanerógamas nativas e exóticas no Brasil, baseado em APG II”; “Manual de Identificação e Controle de Plantas Daninhas: plantio direto e convencional”; “Morfologia Vegetal: Organografia e Dicionário Ilustrado de Morfologia das Plantas Vasculares”; “Palmeiras Brasileiras e Exóticas Cultivadas”; “As Plantas Tropicais de R. Burle-Marx”; “Flora Brasileira: Arecaceae (Palmeiras)”, entre outras obras.

A Semana Florestal Brasileira é uma realização da Malinovski e conta com a parceria da Embrapa Florestas na organização do Encontro Brasileiro de Silvicultura.

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