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Oito espécies de abelhas-sem-ferrão são identificadas em refúgio biológico no Paraná

Um levantamento conjunto entre a Embrapa Florestas (PR), a Itaipu Binacional, o Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) identificou oito espécies de abelhas-sem-ferrão no Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), da Itaipu Binacional, sendo uma delas inédita no Brasil (veja quadro abaixo). Elas são nativas do Paraná, de outras regiões do Brasil e de países da América do Sul. Também conhecidas como meliponíneos e abelhas nativas, possuem papel fundamental na manutenção dos ecossistemas, pois fazem a polinização das plantas. Esses dados contribuem para a conservação da biodiversidade local, uma vez que apontam as espécies mais adaptadas à região, além de apoiar políticas públicas para a criação de abelhas nativas no estado.

O levantamento foi desenvolvido entre 2021 e 2023, dentro do projeto Diagnóstico e conservação da fauna de Hymenoptera em áreas naturais da Itaipu Binacional, com ênfase em espécies da tribo Meliponini”.  O supervisor da iniciativa pela Itaipu, Edson Zanlorensi, explica que as equipes estabeleceram protocolos de avaliação, identificação e registro de todas as espécies de abelhas inventariadas em campo na área do Refúgio. “Amostras de todas as espécies encontradas nos ninhos naturais, nas colônias capturadas, nas iscas artificiais e nas colônias instaladas em caixas térmicas foram coletadas, organizadas e identificadas conforme a taxonomia”, diz.

Segundo Guilherme Schühli, pesquisador da Embrapa Florestas, responsável pelo projeto e sua composição, esse estudo pode permitir também que sejam feitas considerações sobre a área, e como repercutem as iniciativas de conservação para a região. “Além disso, o Paraná tem iniciativas pioneiras de políticas públicas para a criação de abelhas nativas e esse diagnóstico contribui com o direcionamento adequado dos esforços de conservação, em especial para o oeste do estado”, ressalta. 

A analista ambiental do PTI Flavia Rodriguez destaca a sinergia entre as instituições envolvidas e lembra que esse tipo de iniciativa contribui com a consolidação da missão do Parque, que busca “transformar conhecimento e inovação em bem-estar social e, nesse caso, contribuir com o entendimento das espécies que compõem uma parte do território e seus serviços ecossistêmicos”.

Levantamento

Para dar início ao levantamento, conforme explica o pesquisador da Embrapa Florestas, foi necessário, primeiramente, realizar um diagnóstico das espécies de abelhas-sem-ferrão presentes. A área estudada compreende cerca de 2 hectares, e é onde se encontra a Itaipu Binacional e o Refúgio Biológico Bela Vista. Essa região, localizada no oeste do Paraná, apresenta vegetações naturais e áreas de intervenção humana, como, por exemplo, de reflorestamento implantadas pela Embrapa Florestas, há 30 anos, onde também foram amostrados meliponíneos.

“Para a amostragem, foram desenhadas linhas, chamadas de transectos, onde coletamos insetos, em todas as estações do ano, buscando compreender todas as formações vegetais presentes na área de Itaipu e do RBV. Para garantir que estávamos abrangendo toda a diversidade de abelhas, houve coletas também fora dos transectos, quando se verificavam movimentos dos insetos, plantas em floração ou até mesmo relatos de funcionários sobre a presença delas”, conta Schühli. Redes de mão e iscas-ninho contendo uma mistura de cera de abelhas como atrativo foram usadas para atrair e capturar as abelhas na área desenhada da amostragem.

Além das coletas, os pesquisadores buscaram registros sobre abelhas-sem-ferrão em fontes bibliográficas internacionais e em coleções de insetos. “Fizemos um levantamento do histórico das abelhas que já foram coletadas na região, em outras iniciativas. No geral, coleções biológicas fazem o tombamento (registro de exemplares) de informações, o que possibilita verificar o que foi coletado de fato e que foi identificado por um especialista”, explica. “O cuidado no desenho do protocolo levou a um levantamento amplo das espécies de abelhas na região oeste do Paraná, ainda pouco estudada, diferentemente da região metropolitana de Curitiba, que é referência no estudo das abelhas-sem-ferrão”, complementa.

Resultados

Com esse trabalho de pesquisa, duas coleções de abelhas-sem-ferrão foram formadas. A coleção viva, com os insetos criados em caixas racionais, está localizada no Refúgio Biológico Bela Vista. Já a coleção de referência, com amostras do que foi coletado e identificado, contendo as abelhas conservadas, está armazenada na coleção entomológica Danúncia Urban (foto à esquerda), da Unila, situada dentro do Parque Tecnológico de Itaipu. O professor pesquisador da Unila Fernando Zanella ressalta que a pesquisa viabiliza o inventário da diversidade de abelhas-sem-ferrão e sua distribuição no espaço do RBV, possibilitando reconhecer o valor da área como abrigo para essas abelhas. “O esforço de amostragem, especialmente de ninhos, permitiu ampliar o plantel do meliponário de Itaipu, que tem por finalidade a educação ambiental e o turismo, e serve de referência para a amostragem em outras áreas da região”, comenta Zanella.

Outro aspecto importante destacado pelo pesquisador da Embrapa Florestas é a possibilidade de estudos moleculares futuros. “Essa pesquisa é uma fotografia muito boa, para depois verificarmos a progressão das abelhas-sem-ferrão na região. Além disso, as abelhas depositadas na coleção contêm outras informações biológicas importantes, como os grãos de pólen que carregam no corpo quando capturadas. Isso fica registrado, possibilitando o levantamento de quais árvores oferecem esse alimento, e de onde se pode estimar o número de indivíduos naquele período”, explica Schühli. Isso é possível porque parte dos animais fica conservada em coleção úmida, em álcool 70%, o que permite a realização de futuras análises moleculares, com extração de DNA das abelhas.

Produção e conservação da biodiversidade

Atualmente, mais de 100 colônias de abelhas estão instaladas na área do Refúgio Biológico Bela Vista. Esse acervo é fruto da aquisição de abelhas por parte da Itaipu e da divisão de colônias feita com a supervisão da Embrapa Florestas e pela equipe do projeto. “A divisão é uma técnica de ampliação, e é feita a partir de uma colônia-matriz que, com o manejo correto, permite produzir outras colônias. Cada espécie tem seu protocolo de divisão, que deve ser acompanhado pelos técnicos para garantir que as colmeias estejam saudáveis”, observa Schühli.Diferente da apicultura, as caixas de abelha-sem-ferrão se mantêm ao longo de muitos anos, se bem manejadas. E a cada ciclo de produção, elas cedem colônias para o ambiente. “Por isso foi fundamental sabermos quais espécies eram pertinentes para aquele espaço, evitando trazer de fora, que podem contaminar a área.

O Projeto sugere que uma das alternativas de encaminhamento para o excedente de caixas pode ser a cessão para uma associação de meliponicultores local, podendo também ser direcionado, por exemplo, como subsídio para ações de programas como o Poliniza Paraná, que instala abelhas-sem-ferrão em praças e escolas. Tivemos um grande número de capturas dentro dos nossos ninhos-iscas, como, por exemplo, das abelhas Borá. Insetos dessa espécie podem contribuir muito com esse tipo de programa, uma vez que têm um interesse produtivo para o mel, um produto que chega a alcançar um preço de venda de cinco a dez vezes maior que o do mel tradicional das abelhas Apis”, conta o pesquisador da Embrapa Florestas.

Manejo e proteção

Além disso, a iniciativa estabeleceu protocolos de manejo dos meliponíneos e desenvolveu um módulo protetor de caixas, para permitir a instalação de colônias em áreas abertas. Esses módulos protegem as abelhas da ação de predadores, como macacos, quatis, gambás e teiús, entre outros.  De acordo com Schühli, essa iniciativa também beneficia as comunidades próximas, uma vez que contribui para a manutenção dessas espécies na área de entorno. “Existe grande interesse na criação das abelhas e o Refúgio Biológico tem um grande potencial para ser um espaço de referência e difusão não apenas de técnica, como também de material vivo, sendo mantido no ambiente da Itaipu”, acrescenta o pesquisador.

Espécies de abelhas identificadas

  • Borá (Tetragona clavipes)
  • Jataí (Tetragonisca fiebrigi)
  • Guiruçu (Schwarziana quadripunctata)
  • Canudo (Scaptotrigona depilis)
  • Arapuá (Trigona spinipes)
  • Mirim Droryana (Plebia droryana)
  • Mirim Nigriceps  (Plebeia nigriceps)
  • Abelha Limão (Lestrimelitta chacoana), registrada pela primeira vez no Brasil.

Educação Ambiental: Abelhas contribuem para saúde de ave gigante

Entre os resultados do trabalho, destaca-se a educação ambiental sobre o tema “Abelhas-sem-ferrão”, entregue ao Refúgio Biológico. Dentro da linha de trabalho realizada no RVB, a Embrapa buscou encontrar algumas associações de abelhas com a manutenção de outras espécies.

No levantamento bibliográfico, foi observada uma curiosa relação entre a harpia e as abelhas-sem-ferrão. “Notamos que as abelhas são capazes de limpar as narinas da harpia, fato que promove melhora da infecção nasal. Existem abelhas-sem-ferrão que vão buscar o muco dentro da narina da águia e ela permite essa limpeza. Isso é interessante porque mostra as interações tão complexas da floresta, onde as espécies são necessárias como um conjunto. E a abelha nativa mostra-se relevante até na manutenção da saúde da águia. Ainda não conhecemos totalmente o mecanismo, mas sabemos que as propriedades antimicrobianas e mesmo a limpeza mecânica que a abelha promove garantem a saúde da harpia”, relata Schühli.

Os indícios do pólen

Além de gerar mel, própolis e cera, a caixa de abelhas permite registrar uma linha cronológica das espécies vegetais e florestais do entorno. “Isso porque o inseto carrega para dentro da caixa, néctar das flores e materiais como o pólen, terra e água. Ao trazer esses materiais, oferece um retrato do ambiente naquele momento, favorecendo um panorama amplo da contaminação em diferentes períodos. É possível verificar, por exemplo, a presença de traços de inseticidas como os organofosforados dentro da caixa. O pólen coletado mostra ainda a quantidade e as espécies de árvores presentes no local. Ou seja, pela análise de pólen, vários aspectos podem ser explicitados, o que embasa até mesmo uma vertente forense, documentando a derrubada de áreas florestais”, conclui Schuhli. 

Informações: Embrapa.

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Ciência brasileira apoia crescimento do setor florestal

Embrapa faz parte da evolução da ciência do setor florestal brasileiro

O setor florestal brasileiro é pujante. Seja pela biodiversidade e riqueza de suas florestas nativas, seja pela qualidade e inovação de seus cultivos florestais com fins produtivos. E a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) faz parte desta evolução. Para ajudar a alavancar este setor, há 50 anos a empresa investe em pesquisa e ciência florestal, principalmente após o estabelecimento, em 1978, do Programa Nacional de Pesquisa Florestal – PNPF, via convênio com o então Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF).

O convênio delegava à Embrapa a coordenação, execução e apoio da pesquisa florestal brasileira (ciência), no âmbito do Ministério da Agricultura, com equipes designadas para trabalhar em Belém/PA, Petrolina/PE, Planaltina/DF e Colombo/PR, onde foi instalada a Unidade Regional de Pesquisa Florestal Centro-Sul (URPFCS). Em 1984, a Unidade passa a ter mandato nacional como Embrapa Florestas. Durante todo este tempo, atua de forma cooperativa com universidades, instituições estaduais de pesquisa, empresas de assistência técnica e de extensão rural, organizações não governamentais, empresas e associações do setor privado, poder público, instituições internacionais, produtores e suas associações, cooperativas entre tantos outros importantes parceiros.

Na área de florestas plantadas, uma das primeiras contribuições da Embrapa Florestas foi a coordenação e reintrodução do eucalipto no país. Uma equipe enviada à Austrália, país de origem do gênero, realizou a coleta de mais de 3 mil lotes de sementes de dez espécies de eucalipto, com as quais implantou uma ampla rede experimental em parceria com diversas empresas, em vários estados da União. Essa rede experimental ajudou a elevar a produtividade dos eucaliptos para um novo patamar e é considerada a base da eucaliptocultura nacional.

Já com outra espécie florestal de importância, o pínus, a Embrapa tem contribuído para estabelecimento de sua base genética e sistema de produção. Nos últimos anos, o desenvolvimento do Programa Cooperativo para Melhoramento Genético do Pínus, capitaneado por empresas reunidas por meio do Funpinus, tem trabalhado para melhoramento do gênero em duas frentes: madeira e resina.

O combate a pragas florestais é outro dos grandes marcos, com o desenvolvimento de tecnologias de controle biológico, ou seja, sem uso de produtos químicos, além de técnicas de manejo integrado de pragas, que auxiliam na prevenção e redução de danos. Destaque para o controle da vespa-da-madeira, principal praga dos plantios de pínus, desenvolvido em parceria público-privada com o Fundo Nacional de Controle de Pragas Florestais (Funcema). Caso não tivesse sido controlada, esta vespa poderia ter inviabilizado o cultivo deste gênero florestal que é a base da silvicultura de parte do Sul do Brasil, e fornece matéria prima para serrarias, movelaria, além de indústrias de papel e celulose.

Já em produtos não-madeireiros, a broca-da-erva-mate é uma praga importante dos cultivos de erva-mate e também teve como solução um produto biológico produzido em parceria com uma empresa privada. Outras pragas de interesse também contam com soluções de controle biológico, como pulgão-gigante-do-pinus e percevejo bronzeado (praga de eucalipto). Já para formigas cortadeiras, um amplo trabalho de pesquisa (ciência) em parceria com a Epagri possibilitou a redução de custos e aplicação de menores quantidades de iscas formicidas, com alto impacto financeiro e ambiental junto ao setor.  

foto mostra eucaliptos, remete a matéria Ciência brasileira apoia crescimento do setor florestal
O combate a pragas florestais é outro dos grandes marcos da ciência da Embrapa Florestas, eucalipto – Foto: Divulgação.

Quando estratégias digitais ainda recém caminhavam no país, a Embrapa desenvolveu e disponibilizou softwares para simulação de manejo de plantios florestais. Os softwares da Família SIS são simuladores para manejo, análise econômica, modelagem e de crescimento e produção de florestas plantadas utilizados para auxiliar no planejamento dos desbates (colheitas parciais, retirando-se linhas e/ou árvores selecionadas). Desde então, os usuários utilizam os softwares para testar todas as opções de manejo da floresta para cada condição de clima e solo, fazer prognose de produções presente e futura, efetuar análises econômicas e, depois, levar para o campo apenas a melhor alternativa. No começo, as espécies atendidas eram eucalipto e pínus, mas o conjunto hoje chamado FamíliaSis já atende plantios de mogno africano, teca, cedro, araucária e bracatinga. Recentemente, os softwares atendem a um novo segmento: o de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), calculando, inclusive, o sequestro de carbono em sistemas com floresta.

Assunto em pauta na atualidade, a mudança do clima é objeto de estudo pela Embrapa (ciência) há anos, tanto em relação ao papel mitigador de florestas nativas e plantios florestais, quanto ao impacto que estas mesmas florestas podem receber nos diferentes cenários de mudança de temperatura. Já foram definidos protocolos que mensuram de forma mais adequada o sequestro de carbono, tanto na parte área quanto no solo florestal, além de estudos sobre mudanças de uso da terra que envolvem florestas. Além disso, são estudados como os sistemas de produção de diversos tipos de cultivo (ciência) podem colaborar mais com o combate à mudança do clima, como por exemplo a integração lavoura-pecuária-floresta.

Este tipo de sistema (ILPF) recebe atenção da pesquisa, especialmente em sistemas de pecuária com floresta. O trabalho é realizado em parceria com a extensão rural, com a instalação de unidades de referência tecnológica que funcionam tanto como áreas de pesquisa quanto como vitrines para que produtores conheçam melhor e adotem a tecnologia. Uma das inovações que está em curso é o desenvolvimento de estudos de manejo do componente florestal para produção de biomassa. Até então, os desenhos deste tipo de sistema eram voltados para produção de toras e, agora, com o desenho para biomassa, abre uma nova possibilidade para pequenos e médios produtores atenderem outro nicho do setor de base florestal, como empresas de papel e celulose, cooperativas e siderúrgicas.

Os sistemas agroflorestais, especialmente os que conjugam espécies florestais nativas, frutíferas e agricultura também recebem atenção da pesquisa (ciência) e a planilha AmazonSaf e o aplicativo AnaliSafs apoiam o planejamento e tomada de decisão para este tipo de cultivo que reúne uma diversidade de elementos.

Na área de pesquisa com nativas, uma das grandes contribuições da Unidade é a coleção “Espécies Arbóreas Brasileiras”, com informações detalhadas de 340 espécies arbóreas nativas do Brasil. Fruto de anos de trabalho do pesquisador Paulo Ernani Carvalho, que hoje está aposentado, os cinco volumes trazem informações detalhadas tais como taxonomia, descrição, reprodução, ocorrência, aspectos ecológicos, clima, solos, sementes, produção de mudas, características silviculturais, melhoramento e conservação genética, crescimento e produção, características da madeira, principais produtos e usos, pragas e doenças e espécies afins; complementadas com mapas, tabelas e fotografias.

Para chegar a estes dados, o pesquisador coletou informações em diferentes bibliografias, mas também instalou áreas de observação em todo o país. O trabalho com nativas impulsionou trabalhos de pesquisa sobre recuperação de áreas degradadas e de baixa fertilidade, com o estabelecimento de modelos e técnicas de recuperação, indicação de espécies e desenhos apropriados, visando a restauração ecológica e o aumento da produtividade agrícola e florestal.

foto mostra vacas pastando com eucaliptos plantados, sistema ilpf, remete a matéria Ciência brasileira apoia crescimento do setor florestal
Ciência mostra a eficácia do sistema ILPF – Foto: Embrapa Florestal.

Uma espécie nativa de alto impacto para a região Sul do país e parte do Mato Grosso do Sul é a erva-mate. A Embrapa Florestas reuniu resultados de mais de 30 anos de pesquisas no Sistema Erva 20, um conjunto de práticas de manejo de ervais cultivados capaz de elevar a produtividade a 20 toneladas/hectare/colheita, dependendo das condições do cultivo (atualmente, a média de produtividade está em 7 ton/ha/colheita). Além das orientações de manejo, três aplicativos estão à disposição dos produtores: Ferti Matte (adubação), Manejo Matte e Planin Matte (avaliação econômica). Também são realizadas pesquisas sobre manejo de sistemas tradicionais de erva-mate. Ainda em sistema de produção, foram desenvolvidas duas novas formas de cultivo para produção de folhas jovens e altíssima produtividade, para atender mercados de produtos diferenciados: o Cevad Estufa e o Cevad Campo. Já no melhoramento genético, estão em desenvolvimento diferentes cultivares, com alto e baixo teor de cafeína e teobromina, com potencial de geração de novos produtos desta cadeia produtiva.

Já a araucária, outra espécie importante para o país, tem recebido atenção tanto para sua conservação, com o estabelecimento de coleções genéticas e incentivo a plantios nas divisas das propriedades rurais com estradas, quanto para seu uso sustentável, com a possibilidade de produção antecipada de pinhão, sua semente, que é muito apreciada na alimentação humana, além de possuir diversos benefícios à saúde. Com isso, produtos inovadores e sem glúten a partir da produção e processamento de pinhão podem ser fonte de renda especialmente para mulheres na agricultura familiar. A “conservação pelo uso”, preconizada pela Embrapa Florestas, pode ajudar a tirar a espécie da lista das ameaçadas de extinção.

A partir da Região Norte, a pupunha, cultivada naquela região para produção de frutos, foi introduzida no litoral do Paraná, Santa Catarina e São Paulo para produção de palmito, como alternativa à exploração da juçara, nativa da Mata Atlântica, mas que, ao ser cortada, morre, o que torna a planta em risco de extinção. Com a introdução da pupunha, o trabalho de pesquisa em parceria com a extensão rural, especialmente o IDR Paraná, possibilitou a criação de um sistema de produção completo para seu cultivo, mudando a geografia econômica das regiões onde é cultivada, com geração de renda a produtores rurais e abertura de agroindústrias. O valor bruto da produção, apenas no PR, saltou de R$ 480 mil para R$ 19,5 milhões, em um sistema de produção reconhecido pela FAO como boa prática e tecnologia social pela Fundação Banco do Brasil.

O manejo florestal de nativas também recebeu atenção nestes anos, com pesquisas sobre manejo florestal sustentável na Amazônia. Resultados apontam que o manejo florestal por espécie é a forma mais eficiente de exploração sustentável da Amazônia. Nessa lógica, a intensidade de exploração, diâmetros de corte e ciclos de corte são customizados de acordo com as características de cada espécie. O manejo florestal sustentável garante a manutenção da floresta em pé, retirando somente aquilo que a floresta produz, com geração de renda e sustentabilidade. Difere do desmatamento, que tira toda a cobertura florestal. Mas deve ser realizado com base científica. Já existem dados específicos de manejo para 15 espécies da microrregião de Sinop/MT, em pesquisas realizadas em parceria com o Cipem, e muitas informações podem ser extrapoladas para outras regiões da Amazônia. Com isso, pretende-se auxiliar no aprimoramento da legislação florestal para que garanta a sustentabilidade ambiental da Floresta Amazônica aliada à geração de renda para a população local.

Pensando no “fora da porteira”, a Embrapa tem focado esforços em nanotecnologia e química verde, trabalhando no conceito de biorrefinaria, onde as árvores são a matéria-prima para diversos produtos inovadores como pele artificial para cicatrização de feridas, fertilizantes de liberação lenta, embalagens para alimentos (tais como filmes plásticos que aumentam tempo de vida de prateleira ou indicam grau de decomposição de um alimento), entre outros. O conceito é “refinar” árvores, de forma a gerar produtos inovadores e sustentáveis, já que a matéria-prima é plantada para este fim, com critérios de qualidade e cuidado com o meio ambiente em todo o processo produtivo.

Muitos destes trabalhos são acompanhados por análises econômicas e de impacto, e auxiliam na produção de informações e conhecimentos científicos que contribuem para a elaboração de políticas públicas e a tomada de decisões estratégicas na área de produção florestal.

Para chegar aos resultados, o trabalho de pesquisa conta com apoio de diversas áreas do conhecimento, seja em pesquisas básicas que dão suporte à busca de resultados; em laboratórios que conduzem diversos tipos de análises; pessoal de campo que monitora e coleta dados para embasar as pesquisas; gestão da informação, comunicação e transferência de tecnologia, para levar os resultados aos diversos públicos de interesse. Para conseguir realizar todo esse trabalho, a Embrapa Florestas atua de forma cooperativa com universidades, instituições estaduais de pesquisa, empresas de assistência técnica e de extensão rural, organizações não governamentais, empresas e associações do setor privado, poder público, instituições internacionais, produtores e suas associações, cooperativas entre tantos outros importantes parceiros.

Ao olhar para o futuro, as soluções baseadas em florestas estarão cada vez mais presentes, seja nos aspectos ambientais e de mitigação dos impactos da mudança do clima, seja em produtos renováveis e sustentáveis presentes no dia a dia das pessoas e em soluções inovadoras que alavanquem geração de renda e conservação ambiental.

foto de IA mostra floresta e mlduras de quadro em cima, remete a matéria Ciência brasileira apoia crescimento do setor florestal
Ciência brasileira ajuda no desenvolvimento do setor florestal – Foto: Freepik.

Informações: Neo Mondo/Embrapa Florestas.

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São Paulo se prepara para combater a vespa-da-madeira, uma das principais pragas de pinus

A vespa-da-madeira, uma das principais pragas dos cultivos de pinus no Brasil, começa a causar preocupação em produtores do estado de São Paulo. Até então com presença já controlada no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, novos relatos de presença da praga em São Paulo acenderam o alerta e reuniões já foram realizadas com Embrapa Florestas, Funcema, IPEF e associações de produtores.

A vespa-da-madeira é uma espécie que pertence a uma família de insetos denominada “Siricidae”, originária a Europa, Ásia e Norte da África. Nesta família existem várias espécies que atacam o pinus, tanto plantas que já estão mortas quanto plantas vivas. A espécie que foi detectada no Brasil em 1988 e que está presente na maioria dos plantios de pinus no país, principalmente em Pinus taeda e Pinus eliottii, é a Sirex noctilio, conhecida como vespa-da-madeira. Ela ataca árvores vivas, causando sua morte. Um amplo Programa de Manejo Integrado de Pragas foi estabelecido pela Embrapa Florestas e parceiros e está sendo executado há 35 anos, contando com a participação do setor produtivo, por meio do FUNCEMA (Fundo Nacional de Controle de Pragas Florestais), que congrega mais de cem empresas florestais. A execução das atividades orientadas pelo Programa tem permitido manter esta importante praga sob controle no Brasil, evitando perdas de alto impacto para toda a cadeia produtiva do pinus.

Porém, a recente detecção de uma espécie de “Siricidae” em plantios de pinus tropicais utilizados para resinagem, no Estado de São Paulo, tem preocupado o setor. Segundo  Susete Chiarello Penteado, pesquisadora da Embrapa Florestas e coordenadora do Programa de Controle da Vespa-da-madeira, “as amostras coletadas em campo indicam ser uma outra espécie de ‘Siricidae’, e já estamos trabalhando na sua identificação. Esta é uma etapa muito importante, pois com a identidade do inseto determinada poderemos fazer um planejamento assertivo de ações para seu controle”, explica.

No dia 4 de dezembro, foi realizada uma reunião com a participação da Embrapa Florestas e de entidades e produtores do Estado de São Paulo. Nesta reunião, a pesquisadora Susete Chiarello Penteado fez uma apresentação sobre o reconhecimento da praga, sintomas, danos e as medidas de monitoramento e controle e também esclareceu várias dúvidas dos produtores. 

O próximo passo será a realização de uma reunião em fevereiro de 2024, em São Paulo, que contará com a participação de diferentes instituições, como associações de produtores, instituições de pesquisa, instituições estaduais, Embrapa Florestas, Funcema entre outras, com o objetivo de definir um plano de ação para o monitoramento e controle da praga no Estado.

Controle da vespa-da-madeira
“Velha conhecida” dos produtores de pinus dos estados do Sul, a vespa-da-madeira poderia ter inviabilizado os plantios na região. Com o trabalho de pesquisa realizado, foi possível desenvolver um programa de manejo integrado de praga, aliado ao controle biológico com o nematoide Deladenus siricidicola (conhecido como Nematec). Produzido na Embrapa Florestas, o nematoide esteriliza as fêmeas da praga e apresenta uma eficiência média de 70%, mantendo a praga sob controle. Com a identificação correta do inseto que está atacando os plantios em SP, será possível indicar a melhor forma de controle.  

Informações: Embrapa Florestas.

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Sistemas ILPF mitigam emissão de gases de efeito estufa no bioma Amazônia

Estudo conclui que a adoção de ILPF, em diferentes combinações, tem um balanço positivo nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) no bioma Amazônia. O balanço líquido de carbono equivalente, no fim de quatro anos, foi negativo

A atividade pecuária com uso de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), em diferentes combinações, tem um balanço positivo nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) no bioma Amazônia. Essa é a conclusão de um estudo realizado no maior experimento de ILPF do País, localizado na Embrapa Agrossilvipastoril (MT).

A pesquisa mensurou e comparou dados de pastagem solteira de Brachiaria brizantha cv. Marandu; integração lavoura-pecuária (ILP), com dois anos de cultivo de soja na safra e milho com braquiária na segunda safra, seguido por dois anos de pecuária; integração pecuária-floresta (IPF) com renques triplos de eucalipto a cada 30 metros; e ILPF, com a mesma rotação da ILP, porém com linhas simples de eucalipto a cada 37 metros.

Os resultados mostraram que o balanço líquido de carbono equivalente (ver quadro nesta matéria) no fim de quatro anos foi negativo em todos os sistemas, ou seja, houve um sequestro maior do que as emissões. O maior saldo foi o do sistema IPF, com 51,3 toneladas de carbono equivalente por hectare (ton/CO2eq/ha), seguido pela ILPF, com 39,5. A ILP teve saldo positivo de 18,8 ton/CO2eq/ha e até mesmo a pecuária em sistema convencional sequestrou mais carbono do que emitiu, com 26,8 ton/CO2eq/ha ao longo de quatro anos.

A pesquisa usou como referência de comparação uma área de pastagem degradada, de forma a simular o que aconteceria se ela fosse recuperada com um desses sistemas produtivos.

“Como estamos tentando propor sistemas mais sustentáveis para o Brasil, usamos como referência de comparação uma pastagem degradada. Sistemas sustentáveis são aqueles que conseguimos produzir bem, com neutralização de emissões de gases. É isso que chamamos de intensificação, é você sair de um local com baixa produção animal e de forragem para uma maior produtividade, com aumento da qualidade do solo”, afirma a doutoranda no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena/USP) e primeira autora do trabalho, Alyce Monteiro (foto acima).

Bruno Pedreira, atualmente na Universidade do Tennessee, mas na época do estudo pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril e coorientador de Alyce Monteiro, destaca o fato de que mesmo a pecuária solteira, quando bem manejada, se mostrou eficiente no balanço de carbono equivalente. Para ele, isso indica como é possível melhorar a sustentabilidade da atividade no Brasil.

“Fazer a pecuária de uma maneira bem-feita representa para nós a possibilidade de vender uma carne com balanço positivo de carbono. São sistemas que vão elevar a perspectiva ambiental da pecuária para o futuro. O Brasil é o País que tem potencial para fazer isso como nenhum outro”, afirma Pedreira.

Pegada de carbono

Além de mensurar o carbono equivalente emitido por hectare em cada sistema, o estudo utilizou unidades de medida de pegada de carbono, como CO2eq por quilograma de carcaça (carne) e por quilograma de proteína de consumo humano (percentual de proteínas presentes nos grãos e na carne). A madeira produzida não foi contabilizada nos cálculos de pegada de carbono, uma vez que o corte final ainda não foi feito.

O sistema ILP foi o que teve maior emissão de gases de efeito estufa por quilograma (kg) de carcaça produzida. O número foi 7% maior do que a ILPF, 32% maior do que a IPF  e 42% maior do que a pecuária solteira. Quando expressado o balanço líquido de emissões pelo volume de carcaça, todos os sistemas tiveram números negativos, ou seja, sequestraram carbono para cada quilograma de carne produzido. Os sistemas com árvores tiveram um balanço negativo maior do que a ILP e a pecuária.

O sistema silvipastoril (IPF) foi o que teve o maior balanço líquido negativo quando expressado em kg CO2eq/kg de proteína de consumo humano, ou seja, foi o que mais sequestrou carbono por quilograma de proteína de alimentação humana. Foram 69,32 kg CO2eq estocados a cada kg de proteína digerida pelo homem por meio da carne e dos grãos produzidos. Esse resultado foi duas vezes maior do que a pecuária, 5,2 vezes maior do que a ILPF e 11,4 vezes maior do que a ILP.

Entretanto, os sistemas ILP e ILPF foram os que tiveram maior produção de proteína de consumo humano por hectare, com 3.010 kg/ha, contra 755 kg/ha da pecuária e da IPF.

O estudo avaliou ainda o percentual da contribuição de cada gás de efeito estufa nos sistemas. O metano é sempre o gás de maior impacto, chegando a 85% das emissões na pecuária solteira e na IPF, 68,6% na ILPF e 66,1 na ILP.

Passo a passo da pesquisa

A coleta de dados da pesquisa ocorreu no experimento de ILPF com foco na produção de carne, grãos e madeira da Embrapa Agrossilvipastoril entre 2015 e 2018, porém também foram usadas como referências informações coletadas nesse mesmo experimento ao longo de mais de dez anos.

Para se chegar aos números foi necessário mensurar dados de produtividade dos animais e da lavoura, sobre crescimento das árvores, insumos utilizados, acúmulo de carbono no solo em todos os sistemas, estimativa das emissões de óxido nitroso, emissão de metano entérico pelos animais e consumo de combustível e energia para a produção.

Para a mensuração das emissões de metano entérico, por exemplo, foi utilizado o equipamento GreenFeed, que mede o metano expelido pelo animal enquanto este se alimenta em um cocho.

Dados da literatura foram usados para fazer as devidas conversões e extrapolações.

“Trabalhamos com três anos de dados da Embrapa Agrossilvipastoril. Foi muito difícil, pois é um banco de dados muito grande. Tivemos que relacionar vários fatores de emissão. Isso tudo exige muito cuidado quando se trabalha com modelagem para não haver qualquer erro nos resultados”, afirma Alyce Monteiro.

O pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Ciro Magalhães é um dos responsáveis pela condução do experimento e também coautor do trabalho. Ele destaca o papel dessa plataforma experimental de larga escala e longa duração.

“Trabalhos dessa magnitude são sempre desafiadores, pois envolvem a busca contínua por recursos e também a interlocução constante com toda a equipe envolvida. Todas as ações são planejadas em conjunto, de modo a otimizar esforços para garantir a obtenção de dados confiáveis, que vão embasar todas as conclusões que serão feitas posteriormente. Esse tipo de trabalho é de longo prazo e, para a obtenção de resultados, são necessários muitos anos de pesquisa”, afirma o pesquisador.

Magalhães ressalta ainda a importância de se obter esse tipo de respostas científicas na região de transição entre os biomas Cerrado e Amazônia, uma região de grande interesse no que diz respeito à sustentabilidade da produção agropecuária.

“É possível elevar a produção de alimentos, fibras e energia por meio da conversão de áreas degradadas no bioma em sistemas integrados de produção. Ou seja, não há necessidade de abertura de novas áreas, mas sim fazer com que as áreas já abertas sejam utilizadas de forma mais eficiente”, pontua.

Apoio a políticas públicas

Para os pesquisadores envolvidos nesse trabalho, os resultados ajudam a embasar políticas públicas que visam à transição para a agropecuária de baixo carbono, como o Plano ABC+, já implementado pelo governo brasileiro.

Magalhães lembra que adotar sistemas de integração, sejam eles lavoura-pecuária, pecuária-floresta ou ILPF demanda mais esforços de todos os envolvidos.

“Como são sistemas mais complexos, os sistemas ILPF exigem ações de capacitação de mão-de-obra, financiamento a partir de linhas de crédito diferenciadas, estudos de mercado e investimento em infraestrutura”, observa o pesquisador.

Já Pedreira lembra que mesmo a pecuária solteira pode ser um vetor de redução de emissões de gases de efeito estufa, se houver um bom manejo de pastagem e dos animais.

“Talvez seja preciso rever o que pode ser fomentado pensando em auxiliar o produtor também nos sistemas de pecuária tradicional. Sabendo que eles podem ser altamente produtivos, se bem trabalhados, com fertilidade do solo corrigida, suplementação animal e uso das boas práticas agropecuárias, podemos reconsiderar nossas políticas no sentido de impulsionar também nossos sistemas com base na pastagem”, ressalta Pedreira.

Pesquisa é tema de artigo internacional

Os resultados da pesquisa foram publicados no artigo Crop-livestock-forestry systems as a strategy for mitigating greenhouse gas emissions and enhancing the sustainability of forage-based livestock systems in the Amazon biome (Sistemas ILPF como estratégia para mitigação da emissão de gases de efeito estufa e aumento da sustentabilidade em sistemas de pecuária a pasto no bioma Amazônia) na revista Science of The Total Environment, que está com acesso aberto. O trabalho conta com a participação de pesquisadores brasileiros do Cena/USP, Embrapa Agrossilvipastoril e Universidade do Tennessee, e de pesquisadores franceses do Instituto Nacional Francês de Pesquisa em Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente (INRAe)

Balanço líquido das emissões de gases de efeito estufa

O setor agropecuário emite três gases causadores de efeito estufa principais, o gás carbônico (CO2), óxido nitroso (N2O) e o metano (CH4). As emissões de óxido nitroso estão mais ligadas ao uso de adubação nitrogenada na agricultura, decomposição de restos culturais e excretas dos animais. Já a emissão de metano entérico ocorre na pecuária por meio do processo de ruminação dos bovinos e pela emissão do esterco. O gás carbônico é emitido pela decomposição de matéria orgânica e uso de energia e combustíveis fósseis, como o diesel do maquinário agrícola.

Ao mesmo tempo, sistemas produtivos sequestram carbono em forma de matéria orgânica no solo, em biomassa das forrageiras e culturas agrícolas e em madeira das árvores. Também são contabilizadas as emissões evitadas pelo uso de palhada no plantio direto ao invés de adubar com ureia.

Para chegar ao balanço de emissões de um sistema, os três gases são convertidos em equivalente de carbono (CO2eqv). A conversão é feita com base no potencial de dano de cada gás para o efeito estufa, sendo um para gás carbônico, 28 para metano e 265 para o óxido nitroso. Isso significa que uma tonelada de metano emitido é igual a 28 toneladas de CO2eqv.

O balanço líquido de emissões de um sistema é feito a partir da subtração do total de emissões pelo total de CO2eqv sequestrado e cuja emissão foi evitada.

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