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Exclusivo – Klabin compra madeira e áreas florestais da Arauco por cerca de 6 bilhões de reais

As terras adquiridas estão numa área adjacente ao Puma II, complexo industrial que a Klabin inaugurou no Paraná em 2021

Depois de mais de um ano de negociações, a Klabin está pagando US$ 1,160 bilhão por terras e madeira ‘em pé’ que pertenciam à Arauco. A transação (Projeto Caetê) – um dos maiores M&A do ano – envolve 150 mil hectares, dos quais 85 mil são produtivos, 31,5 milhões de toneladas de madeira, além de máquinas e equipamentos florestais. As terras estão localizadas no Paraná, uma das regiões mais produtivas do mundo devido ao seu solo e clima. Com a aquisição, a companhia antecipa um capex que teria que fazer nos próximos seis anos, tendo mais opcionalidades que podem gerar um valor relevante em resultados.

Entre as áreas adquiridas nas negociações, a Florestal Vale do Corisco S.A., teve 49% do capital social comprados indiretamente. Foto por: Paulo Cardoso.

A madeira adquirida está numa área adjacente ao Puma II – o complexo industrial que a Klabin inaugurou no Paraná em 2021, e demandou investimentos de quase R$ 13 bilhões – e será usada ao longo dos próximos seis anos para abastecer suas fábricas. “Quando fizemos Puma II, optamos por uma estratégia diferente do que normalmente acontece no setor de papel e celulose, que é ficar anos investindo em terras e florestas e, quando a floresta já tiver crescido, só então construir a fábrica,” informou o CEO Cristiano Teixeira ao Brazil Journal.

“A gente inverteu a ordem. Fizemos a fábrica e concomitantemente compramos terra e plantamos para abastecer o segundo ciclo de madeira. O primeiro ciclo – sete anos para o eucalipto e 15 para o pinus – será alimentado com madeira comprada de terceiros”, concluiu Cristiano.

Florestal Vale do Corisco. Vídeo por: Paulo Cardoso.

Projeto Caetê

Saiba mais sobre o novo projeto da Klabin:

Investimentos

Do valor total da aquisição (R$ 5,8 bilhões), ao câmbio de R$ 5, cerca de R$ 3 bilhões são atribuídos à madeira ‘em pé’, usando como base os preços atuais de mercado. Os R$ 2,8 bilhões restantes são a terra, o que implica um preço de R$ 33 mil por hectare, abaixo do preço médio praticado hoje no Paraná. Segundo dados da FNP Consultoria, o preço médio da terra no Paraná foi de R$ 72 mil por hectare no ano passado, depois de ter ficado em R$ 50 mil/hectare em 2021 e em R$ 36 mil/hectare no ano anterior. 

Fato relevante Klabin

Por meio de ‘Fato Relevante’, a brasileira Klabin, divulgou na data de ontem (20/12), que: “Com a Operação, a Klabin conclui a expansão de terras no Paraná para o abastecimento do Projeto Puma II, antecipa o atingimento da autossuficiência alvo de madeira e como consequência diminui os investimentos futuros estimados, principalmente relacionados a compra de madeira em pé de terceiros”.

Confira a publicação na íntegra:

Nota Arauco

Já a chilena Arauco, na manhã de hoje divulgou a seguinte nota, em comunicado oficial:

“Comunicamos a assinatura de acordo de venda de 150 mil hectares de nossos ativos florestais localizados principalmente no Estado do Paraná para a Klabin, que atua na produção e exportação de papéis para embalagens.

Essa venda de ações e direitos societários não se estende a ativos industriais relacionados a fábricas de painéis no Brasil, nem a ativos florestais localizados principalmente no Estado de Mato Grosso do Sul, e que estão relacionados ao projeto industrial para construir uma fábrica de celulose no futuro.

De acordo com Carlos Altimiras, nosso diretor-presidente, a empresa entende que a oportunidade capacita o direcionamento de recursos para áreas de crescimento e desenvolvimento da Companhia. “Esse acordo é uma boa notícia para Arauco. Isso nos permitirá promover o desenvolvimento de investimentos, bem como o negócio de celulose no Brasil.”

A negociação precisa passar por procedimentos legais e aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). Até lá continuaremos a administrar as áreas e daremos seguimento às atividades de silvicultura, colheita, transporte, comercialização de madeira e atividades administrativas.

Impactos financeiros

A transação representa naturalmente, um impacto relevante na alavancagem da Klabin, que fechou o terceiro tri em 3,2x EBITDA. Para a aquisição, o desembolso virá de recursos que a companhia já tem em caixa e deve aumentar a alavancagem para algo ao redor de 4x, ainda dentro do limite estipulado pelo estatuto da companhia, de entre 2,5x e 4,5x EBITDA.  “No segundo ano pós-aquisição, a alavancagem já volta a cair, porque a redução do capex vai melhorar o fluxo de caixa e aumentar o EBITDA,” disse o CFO Marcos Ivo.  Ele notou ainda que mesmo com o desembolso a Klabin vai continuar com uma liquidez robusta.

A companhia que recentemente levantou R$ 3 bilhões no mercado de crédito, vai continuar com R$ 5,8 bilhões em caixa, o suficiente para cobrir as amortizações dos próximos três anos.  A Klabin fechou o dia (20/12) valendo R$ 24 bilhões na Bolsa. O Itaú BBA foi o adviser conjunto das duas companhias na transação.  O Bank of America também assessorou a Klabin, que trabalhou com o BMA Advogados.  O Veirano Advogados foi o assessor jurídico da Arauco.

“Na prática estamos reduzindo em R$ 2 bi os gastos da companhia e trazendo mais segurança para a operação, porque não ficamos mais sujeitos às oscilações do preço da madeira,” disse o CFO.

Escrito por: redação Mais Floresta.

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China impacta silvicultura de MG

Mercado tem dois pilares importantes: produção de papel celulose e produção de carvão vegetal para siderurgia e demais setores

A desaceleração da economia chinesa está impactando a silvicultura no Estado, segundo a presidente da Associação Mineira da Indústria Florestal (Amif), Adriana Maugeri. “Os anos de 2020, 21 e 22 foram bons. Em 2023, sentimos o impacto, assim como várias outras atividades do agro”, analisa.

Ela explica que o mercado da madeira em Minas Gerais tem dois pilares importantes, um deles é a madeira destinada à produção de papel celulose. O outro é voltado para a produção do carvão vegetal que abastece a metalurgia, gusa, ligas e produção de aço.

A dirigente conta que o aumento da importação do aço, em especial o da China, está tendo reflexos negativos não só para as siderúrgicas nacionais, bem como para a atividade de silvicultura, cujo dia nacional é comemorado hoje (7).

Para Adriana Maugeri, uma das saídas é estabelecer, assim como foi feito pela União Europeia e nos Estados Unidos, uma taxa nos moldes do Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM, da sigla em inglês para Carbon Border Adjustment Measure). De acordo com ela, a medida também iria incentivar a descarbonização.

De acordo com ela, grande parte do aço chinês que chega ao Brasil foi feito com maior emissão de gás de efeito estufa na comparação com o nacional, já que uma grande parcela do aço brasileiro é feita com carvão vegetal, com sucata. “O nosso aço é verde”, observa.

Apesar das dificuldades, a dirigente diz que a perspectiva das grandes empresas não é de prejuízo, já que o setor “é muito resiliente e historicamente já passou por muitas crises”.

2024

A presidente da Amif diz que está com receio dos rumos do próximo ano para a siderurgia nacional, se nada for feito com relação à concorrência com o aço estrangeiro, que, consequentemente, impacta o setor de carvão vegetal.

“O setor de celulose também está prevendo um ano difícil para 2024, já que justamente os mercados consumidores da commodity estão passando por dificuldades”, diz.

De acordo com ela, o preço da celulose está muito baixo, sendo um dos menores dos últimos anos. Dessa forma, o setor está fazendo ajuste de custos para se tornar mais competitivo.

“A indústria de embalagens é forte no Brasil. Só que o setor de celulose, assim como a questão do aço, está sofrendo com a invasão do papel imune que vem da Ásia”, frisa.

O Brasil é o maior exportador mundial de celulose e a produção de madeira em tora para papel e celulose foi recorde em 2022, atingindo 99,7 milhões de metros cúbicos. O segundo maior volume da série havia ocorrido em 2018, quando a produção alcançou 92,7 milhões de metros cúbicos, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A dirigente diz que a silvicultura tem vários anúncios de investimentos previstos para o próximo ano que estão sendo avaliados neste momento. “Eles devem anunciar em 2024 alguma adaptação”, observa. Ela acrescenta que se governo se manifestar de forma positiva, todo o cenário temerário muda da noite para o dia.

Crédito: Divulgação/Amif

Minas é o maior produtor e consumidor de carvão vegetal do mundo

Minas Gerais é o maior produtor e consumidor mundial de carvão vegetal, segundo a presidente da Associação Mineira da Indústria Florestal (Amif), Adriana Maugeri. “Isso é motivo de orgulho, porque ele é um dos principais insumos para a descarbonização”, observa.

O Estado responde por 87,7% do volume nacional, conforme dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com a dirigente, mais de 80% da produção é consumida no Estado, por causa do relevante parque siderúrgico. O restante do que é produzido vai para outros estados. “O carvão é utilizado tanto como fonte de calor quanto como biorredutor”, diz.

Estado tem a maior área de floresta plantada do País

O Estado possui a maior área cultivada de floresta plantada no Brasil: são mais de 2,3 milhões de hectares de florestas cultivadas em mais de 203 municípios do Estado. “Sessenta por cento desse total está na mão de pequenos e médios produtores, o que mostra o potencial de inclusão social da atividade, da fixação do homem no campo”, diz a presidente da Associação Mineira da Indústria Florestal (Amif), Adriana Maugeri.

No País, são cerca de 10 milhões de hectares. A indústria florestal brasileira realiza o plantio de 1,5 milhão de árvores por dia, conforme dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá).

No ano passado, o valor da produção florestal no País atingiu o recorde de R$ 33,7 bilhões, com alta de 11,9% em relação a 2021, e produção em 4.884 municípios. O valor da produção da silvicultura (florestas plantadas) continua superando o da extração vegetal, o que ocorre desde o ano 1998.

Minas Gerais continua com o maior valor da produção da silvicultura, que cresceu 2,6%, chegando a R$ 7,5 bilhões em 2022, ou 27,3% do total da silvicultura. Os dados são da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entre os 10 municípios com as maiores áreas de florestas plantadas do Brasil, cinco estão em Mato Grosso do Sul; três, em Minas Gerais; um, no Rio Grande do Sul; e um, na Bahia.

João Pinheiro

Na região Noroeste de Minas, João Pinheiro foi líder do ranking em 2021, sendo o terceiro município com maior valor da produção da silvicultura, gerando R$ 497,5 milhões e constituindo destaque nacional na produção de carvão, com 437,8 mil toneladas, apesar da redução de 7,8% em termos de volume, na comparação com o ano anterior. 

O município tem a maior extensão territorial de Minas Gerais e população menor que 75 cidades do Estado. São 10.727,097quilômetros quadrados e  46.801 habitantes, conforme dados do Censo 2022, do IBGE.

Informações: Diário do Comércio.

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