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Estudo aponta que Brasil precisa fortalecer ações de proteção de florestas para cumprir metas internacionais

Em artigo publicado em revista internacional, pesquisadores do Inpe e do Cemaden discutem desafios e soluções para a redução das emissões de CO2 do país

Sede da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em 2025 – a primeira a ser realizada na Amazônia –, o Brasil está em um momento crucial. Ainda tem a possibilidade de cumprir suas metas internacionais de redução de emissão de gases de efeito estufa, mas precisa ajustar as ações socioambientais e fortalecer políticas focadas na salvaguarda das florestas e na restauração dos biomas. Esse é um dos principais apontamentos de pesquisa publicada na revista Perspectives in Ecology and Conservation.

Liderado por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o estudo ressalta a necessidade de controlar o desmatamento ilegal e a degradação dos biomas, incorporando um olhar para florestas secundárias – que crescem após a remoção da cobertura original.

Sugere ainda reforçar e expandir políticas que mantenham os serviços ecossistêmicos. Esse processo deve vir acompanhado de mecanismos consistentes de atração de investimentos para financiar atividades de restauração e pagamentos por serviços ambientais em todos os biomas, incentivando iniciativas de bioeconomia e criando novas áreas de proteção ambiental.

“A pesquisa foi um trabalho conjunto visando mostrar o panorama de desmatamento, degradação e restauração dos biomas e suas relações com as metas globais do Brasil. Destacamos pontos importantes nesse processo para que o país busque o desenvolvimento sustentável”, explica a doutoranda no Inpe e primeira autora do artigo Débora Joana Dutra, bolsista da FAPESP.

Para a bióloga Liana Oighenstein Anderson, orientadora de Dutra e pesquisadora no Cemaden, mesmo quando há medidas preventivas, ainda assim elas têm sido insuficientes frente ao desafio das mudanças climáticas. “É o caso dos incêndios florestais registrados neste ano na Amazônia e no Pantanal.

A prevenção não foi suficiente para conter os números alarmantes. Quando fazemos estimativas como na pesquisa, temos a sensação de sermos extremamente conservadores frente ao que a realidade está mostrando e aos desafios enfrentados”, diz Anderson à Agência FAPESP.

O Brasil vem registrando neste ano recordes de queimadas. Entre janeiro e 4 de agosto, foram 65.325 focos de calor detectados no país, o maior número em quase 20 anos – o mais alto até então havia sido em 2005 (69.184 no mesmo período), segundo dados do Inpe. Os biomas Amazônia e Cerrado são os mais atingidos (28.396 e 22.217, respectivamente).

De janeiro a julho, o Pantanal teve 4.756 focos, o maior desde 1998, início da série histórica. Para o bioma, até o momento, 2020 teve o pior total anual de focos de queimadas.

“Em 2020, os incêndios no Pantanal chamaram a atenção do mundo e levaram a uma série de reações. O Ministério da Ciência e Tecnologia criou, por exemplo, a Rede Pantanal e, em escala local, o Estado de Mato Grosso do Sul instituiu um plano de manejo integrado do fogo. Em 2023, o governo federal lançou um plano de manejo para o bioma e, em abril, Mato Grosso do Sul decretou estado de emergência. Ou seja, houve um conjunto de ações de gestão, de governança, de regulamentação para tentar evitar os incêndios, mas, infelizmente, não foi suficiente. Tivemos avanços. Porém, há necessidade de aperfeiçoamentos na governança, nas estratégias adotadas e no financiamento das ações. É preciso acelerar o passo”, completa Anderson.

Coautor do artigo e pesquisador do Inpe, Luiz Aragão diz que a pesquisa é um alerta para a sociedade sobre questões relacionadas às emissões.

“A sociedade tem de encarar o problema não só do ponto de vista ambiental, mas sim socioeconômico. Está tudo ligado. Isso porque o desmatamento, por exemplo, é indutor do fogo, que por sua vez traz problemas de saúde para a população e degrada a floresta. A floresta desmatada e degradada tem menor potencial de prover serviços ecossistêmicos, como a ciclagem de água e a biodiversidade, que garantem a qualidade de vida das populações locais e têm influência muito grande em atividades econômicas.”

As mudanças no uso e na cobertura da terra (por exemplo, o desmatamento para o uso agropecuário e a degradação florestal) são as principais fontes de emissões do Brasil. Como um dos mais de 190 signatários do Acordo de Paris, firmado em 2005, o país assumiu o compromisso de ajudar a conter o aumento da temperatura média global em até 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais (anos 1850-1900) – marca que já tem sido ultrapassada nos últimos meses.

O acordo, que deve passar por revisão na COP30, prevê que os países definam metas de redução de emissões até 2030, tendo o Brasil se comprometido a diminuir em 53% (comparado aos níveis de 2005). Apesar disso, as emissões de dióxido de carbono (CO2) líquidas (descontadas as remoções) por mudanças no uso e na cobertura da terra dobraram entre 2017 e 2022, segundo o Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa (Seeg). Em relação à restauração, o Brasil tem a meta de restaurar 12 milhões de hectares de florestas nativas, o que corresponde a quase a área territorial de Portugal.

Dificuldades

A pesquisa aponta que um dos desafios é conter a alta do desmatamento em todos os biomas. Os cientistas destacam o crescimento da remoção de vegetação nativa desde que o país submeteu, em 2016, suas metas do Acordo de Paris, atingindo taxas próximas ou superiores a 2 milhões de hectares ao ano (considerando os seis biomas).

Somente em 2022, foram 2,8 milhões de hectares desmatados, a maior taxa desde 2008, impulsionada principalmente pela destruição da Amazônia e do Cerrado. Isso representaria 23% da meta de restauração do país. Aliado a isso, há um déficit de aproximadamente 16 milhões de hectares em áreas de reserva legal em propriedades rurais que precisam de restauração florestal. Desse total, mais da metade está na Amazônia e outros 25% no Cerrado.

Outro dado destacado pelo estudo é o crescimento de áreas de florestas secundárias, que têm alta capacidade de sequestrar carbono da atmosfera, mas não contam com legislação específica de proteção. De acordo com a pesquisa, 5,46 milhões de hectares de florestas secundárias cresceram no Brasil entre 2017 e 2022 fora de terras públicas – 40% na Amazônia e 36% na Mata Atlântica. Apesar de esse total representar quase metade da meta de restauração do Brasil, a manutenção do sequestro de carbono das florestas secundárias corre risco, já que elas estão suscetíveis a novos desmatamentos e incêndios.

Caminhos

No trabalho, os pesquisadores sugerem medidas a serem adotadas, entre elas o combate ao desmatamento ilegal – fortalecendo o arcabouço legal, ampliando a fiscalização e a responsabilização. Há destaque para a necessidade de medidas de prevenção e a implementação de programas para restaurar áreas de vegetação nativa em larga escala, com a criação de incentivos financeiros para proprietários rurais por meio de pagamentos por serviços ambientais.

Esses incentivos serão importantes, inclusive, para garantir que áreas passíveis de serem desmatadas legalmente permaneçam em pé. De acordo com o estudo, o Cerrado e a Caatinga têm as maiores áreas de vegetação nativa passíveis de desmatamento legal. Para garantir que as florestas secundárias consigam contribuir a longo prazo com o sequestro de carbono, a pesquisa aponta a necessidade de uma legislação nacional que aumente a proteção delas fora das áreas de reserva legal ou de preservação permanente.

“O que está sendo feito atualmente não é suficiente para que nós consigamos mudar. O clima global está diferente. Não será possível resolver problemas ambientais, pressionados pelas mudanças climáticas, usando pensamento do passado. Temos de pensar no futuro”, avalia Aragão.

Por meio da assessoria de imprensa, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima informou que tem adotado medidas para cumprir o compromisso de “desmatamento zero em todos os biomas até 2030”. Entre elas está o programa “União com Municípios”, lançado em abril como parte do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), com R$ 785 milhões destinados a 70 municípios prioritários (até o momento 48 assinaram o termo de adesão).

Outras ações incluem alterações de regras do Conselho Monetário Nacional – como a restrição de crédito rural para proprietários com Cadastro Ambiental Rural (CAR) suspenso, com embargos e imóveis sobrepostos a Terras Indígenas, Unidades de Conservação e florestas públicas não destinadas.

Além disso, o ministério destaca a retomada do Fundo Amazônia, com novos contratos que somam R$ 1,4 bilhão e doações anunciadas que devem chegar a R$ 3,1 bilhões. Para o Cerrado, foi lançado um Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento. Em relação à restauração de florestas, cita o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa, com o objetivo de ampliar e fortalecer políticas públicas, incentivos financeiros, mercados, tecnologias de recuperação e boas práticas agropecuárias, que deve passar por atualização neste ano.

Futuro

Segundo Dutra, os próximos passos da pesquisa estão direcionados para levantar perdas e impactos econômicos da destruição das florestas, aprofundando os dados do trabalho atual.

“Vemos com extrema relevância a valoração dos impactos. Quantificar esses valores vai demonstrar que é muito mais barato prevenir do que reconstruir. O Brasil trabalha com a resposta aos eventos extremos e desastres, mas precisa investir em prevenção”, diz Aragão.

Para Anderson, é importante aprimorar o diálogo entre instituições – federais, estaduais, municipais, do terceiro setor e comunidades locais –, além da necessidade de responsabilização frente à inação ou omissão no desenvolvimento dos planos.

“Nossa capacidade de diálogo ainda é muito limitada, esbarrando em vieses políticos que estão muito aquém do que tecnicamente poderíamos fazer para avançar rapidamente”.

O estudo recebeu apoio da FAPESP por meio de seis projetos (20/15230-5; 20/08916-8; 22/11698-8; 19/25701-8; 23/03206-0; e 20/16457-3).

O artigo Challenges for reducing carbon emissions from Land-Use and Land Cover Change in Brazil pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2530064424000245#gs0010r.

Informações: Agência FAPESP.

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Exclusiva – Forest Carbon abordará os principais desafios e tendências do mercado de carbono; valores especiais para inscrições vão até 15/08

Atualmente existem diversas iniciativas globais que visam a proteção e restauração de florestas e ecossistemas para promover o armazenamento de carbono e mitigar as mudanças climáticas. E é com esse intuito, que o Forest Carbon Brasil – 1º Congresso Internacional sobre o Mercado de Carbono (https://forestcarbon.com.br/), traz para debate os principais desafios e tendências do segmento. O evento será realizado no dia 04 de setembro, no Salão Nobre da Sala São Paulo, em São Paulo (SP). Clique aqui para adquirir seu ingresso com valor especial (até 15/08).

O evento contará com a participação de profissionais das principais instituições do mercado para debater os aspectos técnicos, legais e tecnológicos que certamente vão impactar positivamente o setor. No total serão 16 debatedores, quatro mediadores e dois convidados especiais, que irão compor a bancada de especialistas no evento.

As palestras do Forest Carbon Brasil foram especialmente pensadas para abranger os principais temas, iniciativas, projetos e negócios de carbono que estão movimentando as florestas brasileiras.

O que encontrar no Forest Carbon?

1º Congresso Internacional sobre o Mercado de Carbono é um evento 100% focado e específico sobre o segmento. E as principais vantagens é que no Forest Carbon os participantes irão encontrar:

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Marcelo Schmid e Paulo Cardoso.

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Escrito por: redação Mais Floresta.

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Amazônia é mais destruída pelo consumo nacional do que pelas exportações

Consumo e economias das grandes cidades do centro-sul são o principal acelerador do desmatamento da floresta equatorial

A destruição direta da floresta amazônica brasileira foi contida novamente pelo governo, mas segue acima dos menores níveis atingidos em meados dos anos 2000. Ao mesmo tempo, garimpo, corte seletivo de árvores, ataques a populações indígenas e tradicionais e outros crimes seguem firmes e fortes.

Tais pressões são alimentadas mais por demandas brasileiras do que de exportações, no caso agropecuárias. É o que evidencia um estudo publicado na revista científica Nature Sustainability por cientistas das universidades de São Paulo (USP), Federal de Juiz de Fora (UFJF) e World Resources Institute.

A investigação mostrou que 83,17% do desmate é provocado por consumo fora da Amazônia e apenas 16,83% por demandas da região. E dos 83,17%, 59,68% abasteceram o restante do Brasil e 23,49% o comércio internacional, detalha Eduardo Haddad, um dos autores do estudo e professor do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da USP.

Essa destruição amazônica alimenta especialmente economias no centro-sul, região com as maiores cidades do país. Esse recorte é estratégico para o desenho de melhores políticas e ações de conservação e restauração de ambientes naturais e de enfrentamento da crise climática.

Segundo Haddad (USP), os resultados foram possíveis mudando a lógica tradicional de avaliação do desmate, comumente pensado a partir da oferta, de quais setores promovem a substituição das florestas por outros usos da terra, como agricultura, pecuária e mineração. 

“A metodologia que adotamos permite ver o fenômeno do desmatamento também a partir da perspectiva da demanda, identificando as fontes de estímulos econômicos para que os setores produtivos se envolvam no desmatamento”, explica Haddad.

A Amazônia se espraia por nove estados e mais de 5 milhões de quilômetros quadrados (km2), cobrindo cerca de 60% do território nacional. Quase ¼ dela já foi desmatado e mais de 1 milhão de km2 estão degradados, aproximando o bioma do “ponto de não retorno”, quando pode colapsar e liberar bilhões de toneladas de carbono na atmosfera planetária.

Informações: O Eco.

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‘Pantanal está sufocando’: queimadas já consumiram área equivalente a 680 mil campos de futebol

Animais são encontrados carbonizados, desnutridos e assustados com incêndios na região

Desnutridos, assustados e até mesmo carbonizados. É assim que muitos animais estão sendo encontrados durante os incêndios que atingem o Pantanal em um dos períodos mais desafiadores para a região. “Estamos vendo o Pantanal sufocando”, descreve ao Terra o biólogo Sérgio Barreto, do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), que atua diretamente na linha de frente contra essas queimadas. 

Desde 2019, o Pantanal, que é considerado um dos biomas mais importantes e preservados do Brasil, sofre com grandes incêndios, fora de controle e de intensidade devastadora. De acordo com o Ministério Público do Estado do Mato Grosso, neste ano, uma área equivalente a 680 mil campos de futebol já foi consumida pelo fogo no bioma que é conhecido pelas áreas alagáveis –que também estão secando. 

“O fogo chegou antecipado este ano”, relata Barreto. Embora o fogo seja parte dos ciclos naturais do Pantanal, a intensidade e a frequência dos incêndios aumentou significativamente nos últimos anos.

Esses incêndios afetam não apenas a biodiversidade, mas também a população local, incluindo comunidades tradicionais e ribeirinhas. Barreto descreve um cenário onde “a cidade de Corumbá ficou encoberta por semanas de fumaça”, trazendo problemas respiratórios para os moradores e causando um impacto profundo na fauna pantaneira.

O IHP, junto com outras organizações, realiza um monitoramento rigoroso na região da Serra do Amolar, uma área de aproximadamente 300 mil hectares. Barreto explica que o monitoramento é feito por meio de câmeras 360 graus, operando 24 horas por dia. “Esse monitormante nos dão uma resposta em até três minutos sobre a origem de um incêndio, permitindo uma resposta rápida e eficaz. Graças a esse sistema, a Serra do Amolar tem conseguido evitar focos de incêndio, embora outras áreas, como o entorno de Corumbá, tenham sido severamente afetadas.”

Após a passagem do fogo, equipes de resgate entram em ação. “Temos uma janela de 24 horas para realizar um levantamento da área e buscar animais feridos ou necessitados de auxílio”, conta Barreto.

Bombeiros voluntários, membros da Brigada do Alto Pantanal andam por área queimada enquanto trabalham para extinguir o fogo no Pantanal, em Corumbá (MS) – 14/06/2024. Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino.

Essas equipes são compostas por biólogos, veterinários e técnicos de campo, que avaliam se os animais precisam de captura para tratamento ou apenas de suporte nutricional no local. “Muitas vezes, o fogo consome todo o recurso alimentar dos animais, deixando um solo arenoso e esfarelado, coberto de cinzas”, explica ele.

A fauna local sofre imensamente com os incêndios. Barreto descreve cenas trágicas onde répteis como jacarés e lagartos são encontrados carbonizados. Famílias de primatas, como bugios e macacos da noite, perdem seu habitat e recursos alimentares, necessitando de suporte nutricional diário para sobreviver. “Esses animais não têm queimaduras, mas morrem de fome se não receberem ajuda”, lamenta o biólogo.

Neste período, o biólogo destaca que o Pantanal deveria estar repleto de vida e sons vibrantes das aves migratórias em reprodução.

“Essa época agora, pelo Pantanal, é a época da reprodução das aves migratórias. A gente tá num período de vazante que era pra ser um dos períodos mais ricos do Pantanal de observação de aves”, explica. No entanto, o cenário atual é bem diferente. “Quando chega agora no Pantanal, você escuta somente o som de aviões e helicópteros jogando água. O Pantanal está um silêncio, um silêncio estontecedor, parece um cemitério”, lamenta.

Barreto ainda descreve a devastação que encontrou: “Além de um cemitério de carcaças de animais mortos que a gente acaba encontrando, é aquele silêncio de cemitério. Um Pantanal mudo, um Pantanal sem voz, sem som, sem a música do Pantanal que são os sons das aves”.

Equipe do IHP atua na linha de frente para salvar fauna ameaçada pelo fogo no Pantanal. Foto: Divulgação/IHP

Essa ausência de vida traz uma sensação profunda de impotência, segundo ele. “Isso nos traz uma sensação às vezes de impotência mesmo. Será que o que eu tô fazendo é o suficiente? Será que o que eu tô fazendo faz resultado? E isso realmente dói. Os animais tentam respirar e só aspiram fumaça e fuligem, e esses animais acabam se chocando contra a parede por desorientação e por problemas respiratórios”, relata o biólogo.

Barreto compartilha a tristeza ao encontrar famílias de macacos carbonizadas, todas em posição fetal: “Eles entram na posição fetal e morrem carbonizados. Normalmente, você encontra o bando inteiro, todos juntos, carbonizados e em posição fetal”. Essas cenas, segundo ele, não saem da mente de sua equipe, que frequentemente precisa de apoio psicológico após atuar em áreas de desastre.

Para amenizar a devastação ambiental, o biólogo enfatiza a importância da cooperação entre bombeiros, instituições federais e estaduais, e a comunidade local. “Precisamos que todos os atores falem a mesma língua para respostas mais rápidas e assertivas”, afirma. De acordo com o profissional, há urgente uma necessidade de educação ambiental para ensinar a população local sobre o uso controlado do fogo: “100% dos incêndios recentes foram causados por ação humana. Precisamos educar as pessoas sobre os riscos e como evitar essas situações.”

Na última terça-feira, 16, a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, afirmou que 56% dos focos foram extintos.

Fogo é ameaça às espécies animais que vivem na região. Foto: Divulgação/IHP

Instituto Homem Pantaneiro

O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, criada em 2002 em Corumbá (MS). Sua missão é proteger e conservar o bioma Pantanal e preservar a cultura local.

A atuação do IHP inclui a gestão de áreas protegidas, apoio e desenvolvimento de pesquisas científicas, além de promover o diálogo entre diversos interessados na preservação do Pantanal.

O Instituto desenvolve programas permanentes, como a Rede Amolar, Cabeceiras do Pantanal, Amolar Experience, Felinos Pantaneiros, Memorial do Homem Pantaneiro, Brigada Alto Pantanal e Estratégias para Conservação da Natureza. Essas iniciativas visam prevenir incêndios, criar corredores de biodiversidade e apoiar o desenvolvimento das comunidades locais.

Informações: Terra.

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Atuação em rede fortalece o manejo florestal comunitário na Amazônia

Para encerrar a Semana do Meio Ambiente, a Embrapa e o ITTO (Organização Internacional de Madeiras Tropicais) apresentam o vídeo “Manejo Florestal Comunitário e Familiar – Uma Ação Coletiva”. O produto marca a finalização do projeto Bom Manejo Fase 2 e chama atenção para a importância da atuação em rede e do fortalecimento das comunidades locais para o uso e conservação das florestas na Amazônia.

O projeto Bom Manejo 2 é coordenado e executado pela Embrapa com apoio financeiro da Agência Brasileira de Cooperação (Ministério das Relações Exteriores), Fundação Instituto de Desenvolvimento da Amazônia (Fidesa), Organização Internacional de Madeiras Tropicais (ITTO) e do Governo Japonês.

O vídeo reflete um dos prinicipais resultados do projeto, que é o trabalho articulado entre diversas instituições na direção de uma agenda positiva para o manejo florestal comunitário, segundo o pesquisador Milton Kanashiro, da Embrapa Amazônia Oriental, coordenador do Bom Manejo 2. “A participação do projeto na construção do Observatório do Manejo Florestal Comunitário e o envolvimento no Fórum Florestal da Amazônia, que reúne empresas e comunidades, trazem um legado muito importante para o momento no qual vivemos”, aponta.

Com depoimentos de comunitários da Reserva Extrativista (Resex) Verde para Sempre, localizada em Porto de Moz (PA) e de representantes de instituições locais, estaduais e federais, o vídeo destaca a atuação coletiva e coordenada de diferentes atores como estratégia fundamental frente aos vetores que ameaçam a manutenção das florestas.

A Resex Verde para Sempre é a maior Unidade de Conservação de uso sustentável do Brasil com 1,2 milhão de hectare e que este ano completa 20 anos de sua criação. Nela vivem em torno de 3 mil famílias organizadas em mais de 100 comunidades que manejam a floresta para a extração de produtos madeireiros e não-madeireiros.

Projeto em duas fases 

Na primeira fase do projeto do Bom Manejo foram desenvolvidas ferramentas para apoiar e facilitar a execução das práticas de manejo florestal e o monitoramento da floresta. São quatro softwares que focam em aspectos diferentes, porém complementares da atividade: planejamento da exploração madeireira (BOManejo); monitoramento do crescimento e da dinâmica da floresta (MFT); monitoramento financeiro das operações florestais (MEOF); e monitoramento da sustentabilidade e performance geral do manejo (MOP).

Em sua segunda fase, essas ferramentas foram aperfeiçoadas e adaptadas para outras linguagens computacionais. O projeto realizou inúmeras capacitações junto a empresas madeireiras, profissionais da área florestal e em comunidades da Resex Verde para Sempre para a disseminação de boas práticas de manejo, coletas de dados e uso das ferramentas.

Foto: Jaime Souzza

Fortalecimento do manejo comunitário

Um dos passos em direção ao fortalecimento do manejo florestal comunitário, segundo Milton Kanashiro, da Embrapa, foi a instituição, em março deste ano, de um Grupo de Trabalho (Portaria GM/MMA nº 1.019, de 21/3.2024) para coordenar a elaboração do Programa Federal de Manejo Florestal Comunitário e Familiar, a ser estabelecido no âmbito do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e do Serviço Florestal Brasileiro – SFB. “A portaria representa a retomada em nível federal do programa e certamente dará um grande impulso na atividade junto as comunidades”, avalia o pesquisador.

“O manejo florestal veio para organizar nossa atividade, o nosso planejamento dentro da floresta, considerando nossa economia, o nosso bem-viver e o meio que a gente vive”, afirma Margarida Ribeiro, moradora da Resex.

“Quando todos se coordenam, é possível articular melhor as ações, programas e políticas públicas em prol do uso e conservação da floresta. Manter a floresta viva e em pé é um compromisso do Brasil com o planeta e com as populações da Amazônia”, finaliza Luciana Valadares, da Secretaria de Biodiversidade, do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA).

Informações: Embrapa Amazônia Oriental.

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Edição Especial Ibá: EUDR 2024 – Missão à União Europeia

Delegação do setor incumbida a missão, contou com 18 integrantes, dentre CEOs e altos executivos de dez empresas associadas, além de secretários do governo do Mato Grosso do Sul

Por decisão do Conselho Deliberativo da Ibá, o setor organizou a sua primeira missão à União Europeia, cujo foco foi a regulamentação antidesmatamento do bloco, conhecida como EUDR (European Union Deforestation-free Regulation, na sigla em inglês).

A EUDR, de maneira geral, proíbe a produção e importação pelo bloco europeu de commodities cultivadas em áreas convertidas de florestas naturais após dezembro de 2020, sendo a madeira e seus produtos uma delas.

A preparação para esse exercício inédito de advocacy setorial internacional começou em outubro de 2023 no âmbito do Task Force da Ibá, que se dedicou por meses ao estudo e estruturação do que viriam a ser os pleitos do setor. Tivemos incontáveis horas de reuniões com amplo engajamento e quórum expressivo. A preparação envolveu ainda diversas reuniões com divisões do Itamaraty, do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária), e também com a Missão da União Europeia no Brasil, além de representações diplomáticas brasileiras em Bruxelas, Roma, Berlim e Paris. 

A delegação do setor contou com 18 integrantes, dentre CEOs e altos executivos de dez empresas associadas, além de secretários do governo do Mato Grosso do Sul. Toda a intensa agenda de trabalho foi cuidadosamente preparada com forte apoio da Missão do Brasil junto à União Europeia, da embaixada do Brasil em Bruxelas e também da Apex Brasil, a quem o setor tem muito a agradecer pelos ótimos resultados alcançados.

O primeiro compromisso da programação, realizado no dia 5 de março, foi a reunião com o presidente da Comissão de Comércio Internacional do Parlamento Europeu, o eurodeputado Bernd Lange, que realçou o interesse em cooperação e maior integração de sistemas e de ferramentas existentes para implementação da EUDR.

Lange se mostrou sensível às preocupações quanto à transferência de dados comercialmente sensíveis ao longo da cadeia, com cibersegurança e com as enormes dificuldades práticas atreladas à falta de definição das Leis e Guias Secundários pela própria Comissão Europeia.

Ainda no primeiro dia de missão, o grupo se reuniu também com o vice-ministro das Relações Exteriores da Bélgica e sua equipe, o que tem maior importância neste momento em que o país exerce a presidência rotativa da União Europeia. Os belgas se comprometeram a ressoar as preocupações do setor com a Comissão Europeia, mas observaram haver pouco espaço para atuação dos Estados-membro na elaboração das leis e guias secundárias da EUDR, as quais efetivamente podem dar mais clareza a detalhes de operacionalidade e de implementação.

O segundo dia de missão, em 6 de março, foi dedicado ao setor privado, com evento amplo entre associações e stakeholders europeus, no qual todas as empresas da Ibá tiveram oportunidade de apresentar suas credenciais de sustentabilidade e seu status de implementação da EUDR. Foi entendida como relevante a articulação de um posicionamento do setor privado florestal em nível mundial a ser endereçado à Comissão e ao Parlamento Europeu, abordando, por exemplo, a possibilidade de algum tipo de gradualismo no início da efetiva aplicação da EUDR — haja vista que as condições habilitantes de sua plena aplicabilidade se encontram em estágio ainda incipiente de desenvolvimento.

Uma possibilidade é que o ICFPA (International Council of Forest and Paper Associations) possa liderar a elaboração do posicionamento, razão pela qual ainda houve ainda, no dia 8 de março, reunião com Jori Ringman, presidente do ICFPA e da Cepi (Confederation of European Paper Industries). 

Dois dos eventos mais críticos da programação foram as reuniões, em 7 de março, com as diretoras-gerais de Comércio (DG TRADE) e de Meio Ambiente (DG ENVI), respectivamente Sabine Weyand e Florika Fink-Hooijer, as principais responsáveis, na Comissão Europeia, pela regulamentação operacional e pela implementação da EUDR.

A DG TRADE pontuou que tem buscado entender se haveria possibilidade legal de flexibilizar o prazo de plena vigência ao menos das partes da EUDR que se encontrem dependentes de ferramentas  e definições  para as quais a Comissão ainda não teve avanço suficiente. Weyand se mostrou preocupada com a baixa capacidade de automatização dos processos de due diligence e também destacou que as legislações e guias secundários devem considerar uma demonstração de conformidade simplificada para aqueles que apenas usam insumos que sejam considerados conformes, em seu processo produtivo.

Em longa reunião com a DG ENVI, o destaque foi para a preocupação acerca das limitações e riscos ainda verificados no campo da tecnologia da informação. Foi pontuado que a possibilidade de prorrogar o prazo de entrada plena em vigor da EUDR fica prejudicada pelas eleições parlamentares de junho próximo, mas que estariam sendo estudadas, do ponto de vista jurídico, alternativas para adotar algum tipo de phase-in para a aplicação de diferentes aspectos.

O grupo se reuniu ainda com representantes das delegações junto à União Europeia da Alemanha e Itália. O objetivo foi sensibilizá-los sobre os riscos até mesmo de disrupção de importantes cadeias de suprimento que são alimentadas pelas exportações do Brasil. Foi lembrado que há críticas e pedidos de prorrogação da entrada em vigor por parte de associações e de importadores de países como a Alemanha e outros.

Houve ainda reunião com a autoridade competente da Bélgica, cuja percepção leva a crer que o setor deve considerar investir esforços em sensibilização das autoridades competentes dos estados-membro, a fim de apropriadamente balizar as percepções equivocada de riscos atrelado ao modelo de negócio do setor de florestas plantadas no Brasil.

No último dia da agenda, 8 de março, o grupo se reuniu com os pesquisadores do Joint Research Center, órgão técnico responsável pela elaboração dos mapas do Observatório da União Europeia. O momento foi crítico para apresentação dos resultados de nosso estudo do setor, que demonstra que 61% das florestas plantadas estão identificadas como floresta natural no mapa e, portanto, sujeitas ao risco de terem suas colheitas visualmente interpretadas como desmatamento. Após esclarecimentos da JRC, foi concluído que tais equívocos estão muito mais atrelados a conceitos e interpretações da EUDR do que a tecnologias e metodologias de mapeamento em si, o que enseja, portanto, tratativas no âmbito da DG ENVI. 

Finalizando a programação, a equipe da Ibá se reuniu com a Cepi para alinhar encaminhamentos práticos comuns sobre a EUDR, como o posicionamento sugerido no encontro do dia 6, e também outras iniciativas conjuntas no âmbito de mudanças climáticas e FSC (Forest Stewardship Council).

A missão foi prestigiada com recepções nas residências oficiais do embaixador do Brasil junto à União Europeia, Pedro Miguel Costa e Silva, e do embaixador na Bélgica, João Mendes, que, com suas respectivas equipes, foram incansáveis no apoio aos nossos trabalhos durante toda a semana. 

Cabe o registro de que esta terá sido, possivelmente, a primeira missão ao exterior organizada pela Ibá, com ampla e muito representativa participação do setor. Portanto, tê-la realizado é em si mesmo um resultado auspicioso, até pelo aprendizado que traduz para o futuro de nossa atuação. Ficou claro ser possível o engajamento amplo das empresas em torno de temáticas pré-competitivas, o que robustece nossa voz em representação de um setor que conquistou o direito de se apresentar como referência internacional. 

Por outro lado, tendo em vista a complexidade da agenda que nos levou à Bruxelas, com desafios de natureza variada, a verdade é que foi possível transmitir nossas perspectivas às mais elevadas instâncias decisórias na União Europeia, apresentar nosso modelo de negócios e a evolução do setor, que tem atuação global e é responsável por expressiva proporção do abastecimento europeu em diversos segmentos e produtos.

Informações: Ibá.

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Brasileiros concorrem a prêmio de US$ 10 milhões com método inovador de mapear florestas

Projeto desenvolvido por 50 pesquisadores conta com o auxílio de drones, de robôs e da inteligência artificial para mapeamentos

Um grupo de mais de 50 pesquisadores, em sua maioria brasileiros, é finalista em uma competição internacional com um projeto que busca mapear, com auxílio de drones, robôs e inteligência artificial, as florestas tropicais.

O grupo é formado por professores e pesquisadores de várias instituições brasileiras, e até alguns estrangeiros. Eles estão entre os seis finalistas do Xprize Rainforest, uma competição internacional de biodiversidade e tecnologia que irá premiar o vencedor com US$ 10 milhões (cerca de R$ 49,8 milhões na cotação atual). A competição teve início em 2019, com 800 inscritos, e agora chega à fase de testes em campo.

A ideia é usar a tecnologia para coletar e analisar amostras de DNA das florestas e, dessa forma, diagnosticar problemas, para que soluções possam ser propostas com base nos dados.

Viagem

No dia 22 de maio, o Brazilian Team, como é chamada a equipe de pesquisadores brasileiros, irá embarcar para Singapura com o objetivo de passar para as finais do Xprize Rainforest. Para essa etapa, o time continua em busca de patrocínios e outras formas de apoio.

Segundo o coordenador do Brazilian Team, Vinicius Souza, o grupo está bastante otimista. “Estamos preparados e acreditamos que o Brazilian Team é o que apresenta a maior diversidade de soluções e algumas das maiores autoridades científicas nas estratégias que vamos usar”, diz o professor do Departamento de Ciências Biológicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP).

Vinicius diz ainda que a equipe possui vantagem sobre as outras, por estar mais familiarizada com as florestas tropicais. “Embora Singapura seja um país pouco conhecido para nós, o ambiente de floresta tropical é muito familiar e faz parte do nosso dia a dia como pesquisadores, o que é vantajoso em relação aos times de países do Hemisfério Norte, onde fica a maioria dos demais competidores.”

Usando novas tecnologias, algumas inéditas, a equipe pretende obter resultados que acelerem o processo de estudo da biodiversidade. “Já atingimos as metas iniciais e estamos bem adiantados em inovação e desenvolvimento. Ferramentas de mapeamento da biodiversidade, inteligência artificial e sequenciamento genético, por exemplo, ajudarão a definir áreas prioritárias para conservação e identificar onde as espécies mais sensíveis estão dentro dos ambientes naturais.”

Prêmio

As finais da competição acontecerão neste ano, em local ainda não divulgado. Vencerá a equipe capaz de pesquisar a maior biodiversidade contida em 100 hectares de floresta tropical em 24 horas.

Para isso, será preciso fornecer as ideias mais impactantes em 48 horas, para identificar os serviços ecossistêmicos das espécies identificadas – sejam os de provisão, os culturais, os serviços de proteção dos recursos naturais (solo, água, sequestro de carbono) e outros já em uso ou com potencial para uso, envolvendo a sociedade, e com destaque aos povos das florestas.

Com o valor do prêmio, o Brazilian Team pretende compor um fundo voltado a pesquisas e capacitação para conservar e restaurar a Amazônia e a Mata Atlântica. A participação da equipe na iniciativa conta com o apoio da Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq).

Brazilian Team

O Brazilian Team é formado por mais de 50 pesquisadores e outros profissionais com conhecimento técnico-científico multidisciplinar, entre eles botânicos, zoólogos, ecólogos, advogados, economistas e engenheiros do Brasil e também de países como França, Colômbia, Espanha, Portugal, EUA e Bélgica, de instituições como USP, UNESP, Unicamp, UFSCar, Jardim Botânico do Rio de Janeiro, UNITAU, Pl@ntNet (Cirad, Inria), CNRS, ENS, Pinheiro Neto Advogados, SIMA, RBMA e umgrauemeio.

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82% das espécies de árvores que só ocorrem na Mata Atlântica estão ameaçadas de extinção

Estudo liderado por pesquisadores da USP e publicado na Science avaliou categorias de risco de todas as espécies arbóreas da Mata Atlântica; 13 espécies exclusivas daquele bioma podem já ter sido extintas

A extinção de espécies é um dos impactos mais extremos que o ser humano tem sobre a natureza. Extinção é para sempre e, a cada espécie perdida, perdemos milhões de anos de uma história evolutiva única e a oportunidade de aprender com essa história. Assim, evitar a extinção de espécies é o maior desafio para combater a atual crise global de perda da biodiversidade, que tem impacto direto nas nossas vidas, incluindo questões ligadas ao risco de pandemias, bioeconomia, biomateriais, desenvolvimento de medicamentos e vários outros serviços ecossistêmicos. O primeiro passo para frear esse processo de extinção de espécies é saber onde estão e qual é o grau de ameaça de cada espécie, o que permite a construção das chamadas Listas Vermelhas de Espécies. Estas listas nos ajudam a tomar a decisão de quais são as espécies prioritárias para investir tempo e recursos de conservação da biodiversidade.

Um estudo publicado recentemente na revista Science apresentou a Lista Vermelha das quase 5.000 espécies de árvores que ocorrem na Mata Atlântica, uma das florestas mais biodiversas e ameaçadas do mundo. “O quadro geral é muito preocupante”, diz Renato Lima, professor da USP que liderou o estudo. “A maioria das espécies de árvores da Mata Atlântica foi classificada em alguma das categorias de ameaça da União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN). Isso era esperado, pois a Mata Atlântica perdeu a maioria das suas florestas e, com elas, as suas árvores. Mesmo assim, ficamos assustados quando vimos que 82% das mais de 2.000 espécies exclusivas desse hotspot global de biodiversidade estão ameaçadas”, completa Lima.

Muitas espécies emblemáticas da Mata Atlântica, como o pau-brasil, araucária, palmito-juçara, jequitibá-rosa, jacarandá-da-bahia, braúna, cabreúva, canela-sassafrás, imbuia, angico e peroba, foram classificadas como espécies ameaçadas de extinção. Um total de 13 espécies endêmicas – espécies que ocorrem apenas na Mata Atlântica e em nenhum outro lugar do mundo – foram classificadas como possivelmente extintas, ou seja, podem ter desaparecido do planeta. Por outro lado, cinco espécies que antes eram consideradas extintas na natureza foram redescobertas pelo estudo. O trabalho usou mais de 3 milhões de registros de herbários e de inventários florestais, além de informações detalhadas sobre a biologia, ecologia e usos das espécies de árvores, palmeiras e samambaiaçús.

A construção da lista de espécies ameaçadas da Mata Atlântica se baseou em diferentes critérios da IUCN. “E esse foi um outro aspecto importante do trabalho”, acrescenta Lima. “Se tivéssemos usado menos critérios da IUCN nas avaliações de risco de extinção das espécies, o que geralmente tem sido feito até então, nós teríamos detectado seis vezes menos espécies ameaçadas. Em especial, o uso de critérios que incorporam os impactos do desmatamento aumenta drasticamente o nosso entendimento sobre o grau de ameaça das espécies da Mata Atlântica, que é bem maior do que pensávamos anteriormente”, finaliza Lima.

Resultados do estudo para a proporção de espécies de árvores endêmicas da Mata Atlântica classificadas em cada categoria de ameaça da IUCN: LC= Menos preocupante (verde); NT= Quase ameaçada (verde-claro); VU= Vulnerável (amarelo); EN= Em perigo (laranja); CR= Criticamente em Perigo (vermelho). Créditos: R.A.F. Lima.

A maior parte das informações necessárias para avaliações usando muitos critérios da IUCN é difícil de obter ou estimar a partir de outras fontes de dados. Consequentemente, a maioria das avaliações de risco de extinção atualmente disponíveis na IUCN se baseia apenas na distribuição geográfica das espécies, o chamado critério B. Mas o declínio no número de árvores adultas causado pelo desmatamento (investigado pelo critério A) é a principal causa de ameaça das espécies, principalmente em hotspots globais de biodiversidade altamente alterados como a Mata Atlântica. Ou seja, utilizar vários critérios da IUCN para a construção de listas vermelhas pode evitar uma grave subestimação do grau de ameaça das espécies. Para estimar o declínio das populações, dados de inventários florestais ao longo de toda a Mata Atlântica foram reunidos em uma única base de dados (TreeCo), permitindo entender como o número de árvores foi reduzido pelo desmatamento ao longo do tempo.

Hans ter Steege (Naturalis Biodiversity Center, Holanda), coautor do trabalho, relembra que o estudo não se limitou à avaliação da ameaça de extinção apenas na Mata Atlântica. “Fizemos projeções sobre qual seria a magnitude do impacto da perda de florestas sobre as espécies de árvores em escala global.” Essas projeções incluíram os principais maciços de florestas tropicais do mundo. “As projeções indicam que entre 35-50% das espécies de árvores do planeta podem estar ameaçadas apenas devido ao desmatamento”, conclui Ter Steege. Além destas projeções, o estudo propõe um fluxo metodológico  e ferramentas para implementá-lo em larga escala, permitindo avaliar o grau de ameaça de milhares de espécies simultaneamente. “Isso também permite aplicar a mesma abordagem para outras regiões do mundo ou até outras formas de vida, como orquídeas ou bromélias, por exemplo”, lembra Gilles Dauby (IRD, França), também coautor do estudo.

Espécies emblemáticas da Mata Atlântica, como o pau-brrasil, araucária, palmito-juçara, jequitibá-rosa, jacarandá-da-bahia, braúna, cabreúva, canela-sassafrás, imbuia, angico e peroba foram classificadas como ameaçadas de extinção. Na imagem, a araucária – Foto: Hans Ter Steege.

Segundo Marinez Siqueira e Eduardo Fernandez, do Centro Nacional de Conservação da Flora, órgão do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro responsável pela elaboração da Lista Vermelha Oficial da Flora do Brasil, a abordagem usada no estudo é robusta para avaliar o grau de ameaça das espécies, e será utilizada de forma sistematizada a partir de 2024 para avaliar as cerca de 12.000 espécies de plantas que ocorrem apenas no Brasil e que ainda não tiveram o seu grau de ameaça avaliado oficialmente. “Isso será um ganho em escala sem precedentes para avaliar a megadiversa flora do Brasil, em um período de tempo muito mais compatível com as necessidades urgentes de políticas públicas e planos de ação para protegê-las”, avaliam Marinez e Eduardo.

A abordagem inovadora proposta pelo estudo se propõe a avançar com a utilização de dados populacionais das espécies de árvores da Mata Atlântica, que muitas vezes acabaram sendo negligenciados durante o processo de avaliação de risco de extinção por não estarem prontamente disponíveis em repositórios digitais ou por se encontrarem pulverizados em diferentes  banco de dados. “Por fim, entender onde se situam as espécies ameaçadas e quais vetores estão promovendo a ampliação de seus riscos de extinção nos permitirá agir no sentido de reverter esse cenário”, finalizam. 

O cenário é muito preocupante, principalmente porque o estudo considerou apenas ameaças passadas (desmatamento) e não as ameaças futuras, como as mudanças climáticas, que podem acelerar os riscos de extinção de espécies. O que podemos fazer frente a esse cenário? Além da conservação das espécies em jardins botânicos e bancos de germoplasma, existem os chamados Planos de Ação Nacionais (PANs), instrumentos de promoção de políticas públicas direcionadas à conservação e à recuperação de espécies ameaçadas no Brasil, em especial àquelas em risco iminente de desaparecer.

Outra saída para buscar reverter as perdas de espécies de árvores na Mata Atlântica é a restauração florestal, como comenta André de Gasper, professor da FURB e coautor do estudo. “Projetos de restauração, em áreas abertas ou em fragmentos degradados, podem selecionar preferencialmente as espécies regionais mais ameaçadas da Mata Atlântica, visando estimular a produção de sementes e mudas destas espécies e a recuperação das suas populações de árvores na natureza.” Estamos em plena Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas, o que favorece iniciativas regionais e a criação de políticas públicas capazes de usar a restauração para reverter esse triste cenário enfrentado pelas árvores da Mata Atlântica e dos demais hotspots globais de biodiversidade.

Link para o trabalho: https://doi.org/10.1126/science.abq5099

Informações: Jornal USP.

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Extrativistas se reúnem para garantir revitalização da cadeia produtiva de borracha nativa da Amazônia

Fortalecer a cadeia de borracha nativa da Amazônia, defender os territórios em prol do extrativismo sustentável, combater o êxodo rural, aumentar o valor pago pela produção, valorizar os seringueiros, entre outros assuntos, fazem parte da carta de compromisso apresentada no primeiro Encontro Municipal dos Extrativistas da Borracha. O evento foi realizado no último sábado, dia 13 de janeiro, no município de Pauini, localizado no interior do Amazonas (a 926 quilômetros da capital Manaus) com a participação de mais de 80 pessoas.

O encontro é uma iniciativa do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e do Memorial Chico Mendes, com o apoio de parceiros, que estão implementando, desde 2016, o projeto de revitalização da cadeia produtiva de borracha nativa do Amazonas. Em Pauini, o evento foi realizado com a coordenação da Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas do Município (Atramp), Prefeitura de Pauini, Aliança para o Desenvolvimento Sustentável do Sul do Amazonas e WWF-Brasil.    

Segundo o secretário-executivo do CNS, Dione Torquato, o principal objetivo do Encontro Municipal dos Extrativistas da Borracha foi realizar um diálogo entre extrativistas, lideranças da sociedade civil, instituições parceiras e autoridades políticas para fortalecer o retorno da cadeia produtiva da borracha. “Além disso, abordamos os desafios e avanços em 2022 e 2023 por meio do projeto de revitalização da cadeia da borracha extrativista do Amazonas. Também foi um momento para debater melhorias e o fortalecimento da cadeia produtiva da borracha no município de Pauini”, comentou.

Dados do WWF-Brasil apontam que, em 2022, o projeto contribuiu diretamente para a conservação de mais de 60 mil hectares da Amazônia a partir do manejo para a produção da borracha. Em 2023, a expectativa é alcançar 150 mil hectares conservados. A iniciativa está sendo implementada em Canutama, Pauini, Manicoré, Eirunepé e Itacoatiara. Todos são municípios do Amazonas.

“Com a rede de parceiros temos a convicção que as associações extrativistas se fortalecerão, vamos atrair mais compradores e teremos uma indústria em Manaus, sem precisar levar a borracha para ser beneficiada em outros estados. Precisamos ter uma cadeia sólida a partir do envolvimento de todos. Tivemos uma safra de mais de sete toneladas, em 2022, e a previsão é termos mais de 20 toneladas em 2023. Vamos aumentar ainda mais, organizando as nossas e as cadeias do outros municípios”, disse o presidente da Atramp.

A Carta de Compromissos solicita da Prefeitura de Pauini o pagamento da subvenção da safra 2022 no valor de R$ 0,60;  Aumento no pagamento da subvenção da safra 2023; e a premiação de produtores destaques da safra. O prefeito da cidade, Renato Afonso, participou do evento e se comprometeu em alterar o valor de R$ 0,60 para R$ 1,20 na safra de 2023.

“Sou o primeiro prefeito a pagar a subversão e me comprometo em dobrar o valor para R$ 1,20 na próxima safra. Com isso, queremos alavancar a produção da borracha em nosso município”, afirmou o prefeito.

Já da Câmara Municipal de Vereadores de Pauini, o documento indica a revisão da Lei nº 185, de 28 de dezembro de 2007, e atualização da política municipal da subvenção da borracha, corrigindo o valor de R$ 0,60 com plano de progressão e valorização.

Do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), a carta compromisso solicita a Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) para os extrativistas da borracha com foco em boas práticas e capacitações para o avanço da qualidade; Auxílio na pesagem e registro da produção; e a certificação de qualidade.

O documento completo com todas as reivindicações pode ser acessado no site do CNS (cnsbrasil.org) e do Memorial Chico Mendes (www.memorialchicomendes.org). Durante o evento, a Prefeitura de Pauini também entregou um cheque com o valor da subversão referente ao ano de 2022 e ainda premiou os melhores produtores com a entrega de um motor no estilo “rabeta” para canoas. Um dos destaques foi a entrega de um motor para uma produtora de uma comunidade no Rio Pauini, como um incentivo para que outras mulheres também participem da cadeia extrativista da borracha.

O evento contou com a parceria estratégica da Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA), USAID, Organização dos Povos Indígenas Apurinã e Jamamadi de Boca do Acre (OPIAJBAM), Alliance Bioversity International, Coordenação Territorial Local da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), Michelin Brasil e Fundação Michelin.

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Afinal, o que é o mercado de carbono? MS tem 75 mi t de CO² para neutralizar

Ainda sem regulação no país, Pantanal sai na frente com venda de crédito no mercado voluntário

Chegou o tempo em que economias mundiais estão valorizando mais uma árvore em pé do que derrubada. Com o objetivo de mitigar os impactos das mudanças climáticas, o mercado de carbono veio para ficar. O Brasil ainda está atrasado com a questão da regulação do “dinheiro verde”, que ainda está em discussão no Congresso Nacional.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o país tem um mercado potencial de créditos de carbono de US$ 120 bilhões, o que pode gerar um ganho de 5% no PIB brasileiro. 

Mas sem o mercado regulado até a sanção da lei e posterior regulação dos estados, alguns produtores de natureza do país estão saindo na frente para vender o crédito no mercado voluntário. No Pantanal de Mato Grosso do Sul, o projeto REDD+ Serra do Amolar é pioneiro nacional na venda de crédito de carbono.

Na prática, indústrias que emitem CO² compram crédito, ou seja, pagam pelo certificado digital que comprova a compensação e neutralização da emissão do gás. A conta é feita por tonelada de poluição emitida. Mas não há um padrão no valor do crédito.

Com presença de água e biodiversidade, crédito de carbono é valorizado com valor maior na comercialização (Foto: Mari Queiroz)
Com presença de água e biodiversidade, crédito de carbono é valorizado com valor maior na comercialização (Foto: Mari Queiroz)

As vendas de certificados são realizadas por meio de leilões em bolsas de valores específicas, como é o caso do MyCarbon. Há ainda uma variação nos valores com a classificação de crédito simples e crédito de valor agregado.

Neste último, fatores como confirmação da existência da biodiversidade, presença de água, aspecto social como a permanência de comunidades tradicionais, são exemplos de quesitos que garantem um preço maior para quem vende e também para quem neutraliza. Resumindo, quanto maior a preservação da área certificada, mais alto é o valor do crédito no mercado de carbono.

Como se fosse uma balança, que tenta neutralizar o CO² com certificados de crédito de carbono, ainda há a possibilidade de revender os títulos excedentes para aqueles que não fizeram o sequestro previsto.

Por exemplo, se uma empresa comprou 100 créditos de carbono e emitiu 70 toneladas de CO², os 30 créditos certificados que sobraram podem ser comercializados com uma empresa que ainda não conseguiu neutralizar suas emissões. Confira abaixo:

Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Cenário local – De acordo com o secretário-executivo de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul, Artur Henrique Leite Flacette já foi iniciado um estudo técnico e jurídico em parceria com Earth Innovation Institute para viabilizar o REDD+ jurisdicionado para o Estado.

O objetivo é olhar para grandes territórios e dividir por áreas a serem leiloadas no mercado de carbono futuramente. Esse levantamento deve ser concluído no segundo semestre deste ano.

“Estamos prevendo alguns editais em 2024 para certificação e venda de crédito de carbono em algumas áreas de restauração”, afirmou. Pelo inventário de emissões já consolidado e divulgado em 2018, Mato Grosso do Sul emite hoje 75 milhões de toneladas de CO² e gases equivalentes, que levam em consideração o Metano (CH₄) e o Oxido Nitroso (N₂O).

O maior emissor de poluente hoje é a agropecuária. Apesar de emitir 55,75%, é também nestas áreas que estão o maior estoque de sequestro para neutralizar as emissões. Ainda são responsáveis pela poluição atmosférica as mudanças de uso da terra (24,22%), a geração de resíduos (13,07%) e o setor de Energia (6,65%).

Área remota do Pantanal, certificação foi concedida em território que tem quatro Reservas Particulares de Patrimônio Natural (Foto: Viviane Amorim)
Área remota do Pantanal, certificação foi concedida em território que tem quatro Reservas Particulares de Patrimônio Natural. Foto: Viviane Amorim.

Falcette também explica que o processo de certificação é muito caro e por isso a intenção é criar durante a regulação no Estado formas de viabilizar pagamentos para pequenos proprietários.

“O custo fixo é muito alto para fazer o projeto. Por isso, se tiver um proprietário de uma chácara com área preservada para fazer o sequestro do CO² e que não tem condições de fazer a certificação, podemos ter um modelo de projeto maior, que monetize as pequenas áreas com os créditos calculados”, acrescentou.

Pioneiros – Não é simples conseguir a “moeda verde” e se lançar no mercado não regulado. Para conseguir ser remunerado por conservar uma área, é preciso cumprir uma série de processos para enfim ter um valor médio de quanto se deseja cobrar para levar os créditos no leilão. 

O valor do crédito de carbono sofre variação de acordo com a negociação. Chegou a custar US$ 8, depois já subiu para mais de US$ 20 cada tonelada sequestrada.

Desde que foi certificada, o IHP (Instituto Homem Pantaneiro), que faz a gestão do projeto REDD+ Serra do Amolar, recebeu cerca de R$ 1 milhão. Ao todo, a área de quase 200 mil campos de futebol já recebeu certificado após cumprir as análises técnicas avaliadas pela South Pole e pela VERRA (empresa suíça que leva os créditos a leilão), de 231 mil toneladas de CO².

Presença da biodiversidade garante valor agregado ao crédito de carbono comercializado pelo projeto REDD+ Serra do Amolar (Foto: Viviane Amorim)
Presença da biodiversidade garante valor agregado ao crédito de carbono comercializado pelo projeto REDD+ Serra do Amolar. Foto: Viviane Amorim.

Esse crédito foi somado por meio de uma parceria com a Isa CTEEP que patrocina o levantamento do projeto que contabiliza o crédito de carbono no Pantanal desde 2019. Os certificados que estão sendo leiloados hoje fazem parte do levantamento de sequestro realizado na área entre os anos de 2016 a 2020.

O projeto tem duração de 30 anos, com isso as ações de conservação perduram na região e com futuras solicitações de certificação. O potencial de redução de CO2 até 2030 no REDD+ Serra do Amolar é de 430 mil toneladas.

MS Carbono Neutro – Mato Grosso do Sul é referência em sustentabilidade em diversos setores e com reforço nas ações do Governo do Estado o objetivo é atingir a meta de obter o reconhecimento do território como ‘carbono neutro’ até 2030.

Isso significa reduzir, onde é possível, e balancear o restante das emissões por meio da compensação, que pode ser feita pela compra de créditos de carbono, recuperação de florestas em áreas degradadas e outras ações.

O projeto estratégico “MS Carbono Neutro” tem como objetivo gerar a base metodológica para uma economia de baixo carbono em Mato Grosso do Sul, desenvolvendo e adaptando tecnologias para a redução e mitigação das emissões de gases de efeito estufa em vários setores da economia, contribuindo para atingir os objetivos do Programa Estadual de Mudanças Climáticas – PROCLIMA. 

Com diversas ações na agropecuária já em execução pelo Governo do Estado por meio do manejo e conservação do solo e água, pecuária de baixo carbono, energia renovável, práticas agrícolas sustentáveis e desmatamento ilegal zero.

Informações: Campo Grande News.

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