A estratégia, que inclui 50 milhões de hectares de florestas tropicais e áreas geridas por pequenos produtores, enfatiza o valor do manejo florestal no combate às alterações climáticas
Nos últimos 30 anos, desde a Rio-92, houve uma mudança significativa na conscientização e abordagem da sustentabilidade. É visível o aumento crescente da consciência global sobre as questões ambientais, principalmente, à medida que as pessoas experimentam cada vez mais as consequências do aquecimento global.
Durante todo esse tempo, o que começou como uma discussão entre alguns atores, tornou-se uma preocupação de todos. Agora está claro que a proteção do meio ambiente e a promoção do desenvolvimento sustentável são cruciais para as gerações futuras. E que as questões ambientais estão interligadas com aspectos sociais e econômicos.
Preocupações com as mudanças climáticas, perda de biodiversidade, poluição e escassez de recursos naturais se tornaram temas centrais na agenda global. Isso se reflete tanto na criação de regulamentações e acordos internacionais, como o Acordo de Paris sobre Mudança Climática, o Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal e, mais recentemente, o Regulamento da União Europeia sobre Desmatamento, quanto nos nossos hábitos de consumo. Em 2022, por exemplo, o FSC, mais reconhecido sistema de certificação florestal do mundo, divulgou uma pesquisa feita pela Ipsos que revelou que, em todo o mundo, a maioria dos entrevistados (71%) prefere escolher produtos que não prejudiquem plantas e animais e 59% preferem escolher produtos que não contribuam para a crise climática.
Outro fato que revela essa preocupação crescente é que, no Brasil, a área certificada FSC aumentou mais de 45% nos últimos dez anos. No mesmo período, o número de certificados de cadeia de custódia – que garantem a rastreabilidade desde a produção da matéria-prima que sai das florestas até o produto que chega ao consumidor final – cresceu 25%. Tem havido, também, uma maior diversificação das certificações que, além da madeira, hoje incluem produtos florestais não madeireiros, como erva-mate, borracha, castanhas e açaí, subprodutos da madeira, como lignina e licor negro, e até mesmo serviços ecossistêmicos. Atualmente, são 20 serviços ecossistêmicos verificados no País, de dez organizações diferentes, sendo nove de Conservação da Biodiversidade, cinco de Sequestro e Armazenamento de Carbono, quatro de Bacias Hidrográficas e dois de Serviços Recreacionais.
Se o nosso país – rico em recursos naturais como sabidamente é – adotar efetivamente o manejo florestal responsável e voltar seu foco para as florestas, haverá inúmeros benefícios. “O setor florestal é um dos poucos setores econômicos capazes de gerar valor ambiental, social e financeiro simultaneamente, em larga escala e com impactos positivos para pequenos produtores e comunidades tradicionais e indígenas”, diz Elson Fernandes de Lima, diretor executivo do FSC Brasil. “Investir nesse setor colocaria o Brasil na vanguarda da nova economia baseada na natureza, ou seja, focada em produtos biológicos e de baixa emissão de carbono”, completa. E, de quebra, geraria emprego e renda, melhorando a qualidade de vida de milhões de pessoas que vivem e dependem das florestas.
A certificação FSC ainda pode abrir oportunidades de mercado internacional e exportação para produtos brasileiros, o que acontece pela melhoria da imagem das empresas brasileiras, demonstrando seu comprometimento com a sustentabilidade e a responsabilidade social. Negócios e projetos certificados também têm acesso mais fácil a financiamentos e investimentos, pois são vistos como menos arriscados e mais alinhados aos objetivos de desenvolvimento sustentável.
No Dia do Meio Ambiente, celebrado no dia 05 de junho, mais do que nunca, é preciso reforçar que a floresta não é entrave para o desenvolvimento. Muito pelo contrário. Sua conservação garante a saúde dos ecossistemas, inúmeras oportunidades financeiramente atraentes de uso da biodiversidade, assegura a produção de alimentos e medicamentos, gera renda, não apenas com a madeira, mas também com o turismo ecológico e a pesquisa científica, e tem um papel fundamental na regulação do clima. O nosso futuro passa pelas florestas.