Dr. Laércio Couto é um dos grandes nomes da área de silvicultura, agrossilvicultura e plantações de eucaliptos para produção de biomassa energética no Brasil. É reconhecido nacional e internacionalmente por seus trabalhos de ensino, pesquisa e consultoria nas áreas acima citadas.
Professor Laércio, como gosta de ser chamado, nasceu em abril de 1945 em uma pequena cidade da Zona da Mata de Minas Gerais, Tocantins. Descende de portugueses por parte do pai, Argemiro Couto e dos índios Coroados por parte da mãe, Maria Soares Queiroz Couto. Esse primogênito de uma família de sete filhos e duas filhas, herdou do pai que era carpinteiro e marceneiro, o gosto pelo trabalho com a madeira e o respeito pelas árvores nativas que a produziam. De sua mãe herdou o gosto pela natureza e a atração herdada de seus antepassados pelas florestas, pela flora e pela fauna silvestre.
Passou toda sua infância e juventude em Tocantins, entre irmãos, parentes e amigos, estudando e se divertindo naqueles folguedos comuns em uma cidade pequena do interior de Minas, antes do advento da televisão, computadores e vídeo games. Pescaria, religião e futebol eram suas atividades preferidas e tinha como hobby, colecionar selos, figurinhas, tampinhas de garrafas, maços vazios de cigarros, papéis de balas, etc…
Em 1964, ingressou na Escola Superior de Florestas da Universidade Rural do Estado de Minas Gerais, ao lado de mais 20 colegas, primeira turma daquela nova escola dirigida na época pelo saudoso Dr. Arlindo de Paula Gonçalves, que pode ser considerado um dos ícones da Engenharia Florestal no Brasil. Graduou-se em 1967, tendo sido o primeiro colocado de sua turma que naquela época tinha sido reduzida para onze formandos. Recebeu na época duas propostas de emprego, uma para trabalhar na CEPLAC, Bahia, com o Dr. Paulo Alvim e outra para trabalhar na Prado & Cunha Ltda no município de Buri em São Paulo. Optou pelo trabalho em Buri, pois desejava colocar em prática os conhecimentos adquiridos na escola, na área de silvicultura. Naquela cidade, implantou viveiros e plantações de Pinus que posteriormente foram utilizados pela PLANEBRAS para a produção de resina e de madeira serrada. Em Buri fez grandes amizades com a população local, tornando-se bastante popular na cidade por ter-se tornado um zagueiro do time local de futebol, o Bandeirantes Futebol Clube. Em 1970, casou-se com Maria José Margarido Fonseca, a Fia, com quem teve um filho e duas filhas.
Em 1972, deixou Buri e se mudou para Itararé, ainda no estado de São Paulo, onde foi trabalhar na PLANTAR, que tinha reflorestamentos com Pinus em Itapeva, Itaberá, Sengés e Ibaiti no Paraná. Em 1974, mudou-se para a Praia do Forte na Bahia onde foi implantar um reflorestamento com Pinus e administrar uma plantação de côco onde hoje está localizado o Ecoresort Praia do Forte. Uma vez terminado o projeto da PLANTAR na Bahia, foi trabalhar na Jari em Almeirim no Pará onde atuou no reflorestamento com Pinus e Gmelina arborea. Logo a seguir, foi convidado pelo Presidente da SIF – Sociedade de Investigações Florestais, Professor Mauro Silva Reis, para ir atuar como assistente de pesquisa na entidade, no atual Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa, no inicio de 1975.
Ainda no mesmo ano, 1975, foi aceito para fazer o mestrado em Ciência Florestal no DEF/UFV e convidado para ser professor auxiliar de ensino na área de manejo florestal pelo Professor Antônio Bartolomeu do Vale, que se tornou seu orientador. Em 1977, terminou o mestrado, quando estudou a influência do espaçamento inicial no crescimento de Eucalyptus em plantações florestais no Vale do Rio Doce, Minas Gerais. Seguiu então para o Canadá, onde foi fazer o doutorado na Universidade de Toronto sob a orientação do Professor Jagdish Chandra Nautiyal, um economista florestal de renome internacional. O tema de sua tese, defendida em dezembro de 1982 foi sobre “the timber production function of Eucalyptus grandis in Brazil”. Desta maneira, os primeiros contatos do Professor Laércio com o Eucalyptus foram realizados a partir de 1975 por ocasião de suas atividades como assistente da SIF, estudante de mestrado na UFV, como professor no DEF e posteriormente como estudante de doutorado na Universidade de Toronto, no Canadá.
Ao retornar para o Brasil, após o termino do seu doutorado no Canadá, o Professor Laércio Couto se dedicou a implementar no DEF três áreas principais: a agrossilvicultura, a silvicultura e o planejamento florestal com a utilização de simulação em microcomputadores. Assumiu o ensino da silvicultura em nível de graduação no DEF, criou a disciplina em nível de pós-graduação na área de agrossilvicultura e iniciou a orientação de uma série de estudantes de mestrado e doutorado nas áreas acima mencionadas. Durante toda a sua vida acadêmica, orientou 26 teses de mestrado e doutorado, a maior parte na área de agrossilvicultura com Eucalyptus.
Em 1989, assumiu a Chefia do Departamento de Engenharia Florestal da UFV e a Diretoria Administrativa da Sociedade de Investigações Florestais (www.sif.org.br), quando procurou aumentar o número de empresas associadas da entidade e expandiu os contatos internacionais do DEF e da SIF. Em 1993, deixou a UFV para um período de 18 meses de treinamento em nível de pós doutorado na Colorado State University, tendo como contraparte o Professor David Ray Betters com o qual implementou um projeto de cooperação internacional na área florestal e ambiental, patrocinado pela USIA, que levou aos Estados Unidos vários professores da UFV e à UFV vários professores da CSU. Publicou na época mais de 20 trabalhos relacionados com o seu treinamento na CSU, na área de silvicultura e agrossilvicultura com plantações de curta rotação, principalmente Eucalyptus. Proferiu varias palestras nos Estados Unidos e no México tratando desse assunto, com o apoio da pesquisadora Lynn L. Wright do Oak Ridge National Laboratory – ORNL que tinha o suporte financeiro do Department of Energy – DOE, dos Estados Unidos da América do Norte. O seu trabalho mais importante na época foi uma publicação sobre os impactos técnicos, sociais e ambientais das florestas de curta rotação de Eucalyptus no Brazil.
Em 1994, iniciou um trabalho de suporte técnico para a Gutchess International Incorporated – GII, visando implantar no Brasil uma serraria que utilizasse o Eucalyptus como matéria prima para produção de madeira serrada de alto valor agregado. Este trabalho culminou com a parceria entre a GII e a Aracruz Celulose para o surgimento da empresa Aracruz Produtos Sólidos de Madeira, resultando na instalação da serraria hoje existente no município de Posto da Mata ao sul da Bahia. Hoje, esta serraria pertence à Weyerhaeuser e à Aracruz e produz madeira serrada de Eucalyptus, conhecida como LYPTUS, um novo conceito de madeira nobre, que é comercializada dentro do Brasil e também exportada para os Estados Unidos e Europa.
Em 1996, assumiu a Diretoria Científica da SIF que na época contava com 10 associadas, instituindo um trabalho de expansão e consolidação da entidade, deixando-a em 2002 com mais de 80 empresas participantes e co-participantes. Paralelamente, assumiu a Presidência do Centro Mineiro para Conservação da Natureza – CMCN cooperando na expansão para se tornar o Centro Brasileiro para Conservação da Natureza e Desenvolvimento Sustentável – CBCN (www.cbcn.org.br) com trabalhos executados na área florestal e ambiental para empresas privadas e prefeituras municipais.
Laércio tem sido um dos principais pesquisadores, orientadores de alunos de mestrado e doutorado e professores da agrossilvicultura no Brasil a partir da década de 80. Por essas razões, dedicou-se para a criação, a partir de 2001, da Sociedade Brasileira de Agrossilvicultura (www.sbag.org.br), da qual é o atual presidente, visando agregar e difundir os conhecimentos e o estado da arte existentes no Brasil nesta importante área do conhecimento.
Em 2002, foi indicado como Brazilian Team Leader do Task 30 da IEA Bioenergy (www.iea.org), pelo Ministério de Minas e Energia, quando promoveu um evento conjunto na cidade de Belo Horizonte na área de energia a partir da biomassa florestal
(http://www.fao.org/forestry/webview/media?mediaId=4581&langId=1). Foi ainda solicitado a criar e ser o presidente da Rede Nacional de Biomassa para Energia – RENABIO pelos Engenheiros do MME, Marcelo Khaled Poppe e Manoel Nogueira. A RENABIO (www.renabio.org.br), com sede em Viçosa, Minas Gerais é hoje uma referencia nacional e internacional na área de biomassa para energia, principalmente na área florestal.
Aposentou-se como Professor Titular na área e Silvicultura pelo Departamento de Engenharia Florestal da UFV, terminou a orientação dos seus últimos estudantes de pós graduação, como Professor Voluntário da UFV. Uma vez terminados sua missão e seu contrato, mudou-se para a cidade de Itu, São Paulo onde também residem o seu filho Luciano e sua família. Seu filho Luciano, bem como suas outras duas filhas, Juliana e Michelle são todos formados em engenharia florestal pela Universidade Federal de Viçosa. Ao contrário do que a maior parte dos amigos pode pensar, nunca houve qualquer pressão por parte do Professor Laércio para que seus filhos seguissem a carreira do pai. Foi uma coisa que aconteceu naturalmente. Afinal de contas na família ainda existem vários outros membros que são Engenheiros Florestais, uma carreira intimamente associada à família Couto.
Hoje, o Dr. Laércio Couto é Professor Adjunto da Faculdade de Florestas da Universidade de Toronto e Professor Associado da Universidade Federal do Mato Grosso e da Universidade Federal Rural do Pará, Consultor adhoc do CNPq, Embrapa, Finep e Capes, membro do Conselho Consultivo do CAMESA – Consortium for the Advancing of the Sustainability of Ecosystems in the Americas, presidente do CBCN, da RENABIO, da SBAG, e consultor florestal de diversas empresas que atuam nas suas áreas de especialidade.
De todas as suas atividades, o Professor Laércio tem um grande orgulho de ter dado sua contribuição para o estabelecimento da serraria da Aracruz no Sul da Bahia, que constituiu um marco no uso da madeira do Eucalyptus para produtos sólidos de madeira. Alem disso, ele tem um grande orgulho por ter introduzido muito fortemente no Brasil o ensino formal da Agrossilvicultura, em nível de graduação e pós-graduação e de ter escolhido principalmente o Eucalyptus como o componente florestal do sistema agro-florestal, na maioria dos seus estudos.
Atualmente, o Professor Laércio Couto, procura aliar estudos sobre florestas adensadas de Eucalyptus com agrossilvicultura e com produção de biomassa energética renovável no Brasil, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do País. Culturas como mandioca, mamona, soja, girassol, milho, sorgo, capim elefante e outras, fazem parte do elenco de componentes agrícolas e forrageiras que o Professor Laércio procura combinar com o Eucalyptus na busca de soluções socioeconômicas e ambientalmente corretas para suprir o Brasil e o mundo com energia renovável e alimentos.
O Professor Laércio orgulha-se também não só de ter sido um formador de Engenheiros Florestais, mas principalmente um formador de entusiasmados cidadãos e cidadãs, a quem procurou transmitir não só os conhecimentos técnicos, mas também os conceitos de cidadania e de compartilhamento para que nossa sociedade possa ter um desenvolvimento mais harmonioso e integrado. Laércio sempre valoriza bastante o seu networking com ex-alunos, ex-colegas, amigos de empresas e instituições nacionais e internacionais. Prova evidente de seu network é a ampla cooperação que possui com inúmeros acadêmicos e pessoal da iniciativa privada. Seus inúmeros trabalhos de pesquisa com diversificado número de co-autores é uma demonstração dessa grande rede de geração e difusão de conhecimentos que ele ajudou a criar.
Suas principais áreas de “expertise” são portanto as seguintes:
• agrossilvicultura;
• biomassa energética;
• conservação da natureza e desenvolvimento sustentável;
• silvicultura geral.
Publicação original em: https://www.eucalyptus.com.br/newspt_set07.html#nove / Os Amigos dos Eucalyptus – Por: Celso Foelkel.