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Embrapa apresenta oportunidade de patrocínio a iniciativa de agropecuária regenerativa

Empresas, organizações não governamentais e instâncias públicas que tenham interesse em investir em iniciativas sustentáveis na agropecuária poderão conhecer nesta quarta-feira, dia 30, uma oportunidade apresentada pela Embrapa Agrossilvipastoril. Por meio de uma live, às 10h (horário de Brasília), no canal da Embrapa no Youtube, será apresentado o projeto de patrocínio da maior plataforma experimental de agropecuária regenerativa do mundo.

O experimento de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) com foco na produção de grãos e carne da Embrapa Agrossilvipastoril tem 72 hectares de parcelas experimentais, além de áreas de pastagem periféricas usadas para manter animais quando é necessário reduzir o rebanho dentro do ensaio. A plataforma foi instalada no fim de 2011 e desde então vem gerando uma série de resultados de pesquisa que servem de embasamento para recomendações técnicas para o setor produtivo.

Após 12 anos de avaliações, as árvores usadas no primeiro ciclo foram colhidas e será iniciado um segundo ciclo de pesquisas. O foco será o de aprofundar as investigações em resultados já obtidos, avançar em dados ainda não coletados e testar outras configurações e espécies. Na agricultura, por exemplo, a sucessão soja-milho passa a se alternar com as culturas do arroz e feijão-caupi. Na pecuária, outras categorias animais e possivelmente outras raças poderão ser testadas. Já no componente florestal, além do eucalipto, a teca também será estudada na ILPF. Além dos componentes e das interações entre eles, serão continuadas pesquisas sobre conservação do solo e balanço de carbono dos sistemas.

 O projeto que será apresentado nesta quarta-feira oferta, por meio de edital público, cotas de patrocínio às instituições interessadas. O valor arrecadado será usado integralmente para custear as pesquisas, que são onerosas em um experimento deste tamanho e com a multidisciplinaridade necessária.

Em contrapartida, as patrocinadoras poderão participar de conselho consultivo do projeto, terão acesso aos resultados em primeira mão, terão exclusividade em eventos técnicos, além de contrapartidas de imagem e participação em eventos da Embrapa Agrossilvipastoril. Além disso, poderão contribuir diretamente com a geração de conhecimento para tornar a agropecuária brasileira cada vez mais sustentável.

O edital prevê três categorias de cotas, sendo limitado a uma cota ouro, duas cotas prata e três cotas bronze. Poderão participar instituições de qualquer segmento, desde que cumpram os requisitos do edital. 

Conheça a plataforma experimental de ILPF da Embrapa Agrossilvipastoril: https://www.youtube.com/watch?v=sjVd3P4C2P4

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Manhã de Campo na Embrapa apresenta pesquisas de ILPF para o bioma Pampa

O projeto conta com a participação das Unidades da Embrapa Pecuária Sul, Clima Temperado, Trigo, Agrobiologia e Meio Ambiente

A Embrapa e a Associação de Agricultores da Região da Campanha (Agricampanha) promovem no próximo dia 17 uma Manhã de Campo sobre o Projeto Integra Pampa.

O evento será realizado nos campos experimentais da Embrapa Pecuária Sul, em Bagé (RS), com início às 8 horas – acesso pela BR 293, próximo a Polícia Rodoviária Federal.

O projeto Integra Pampa tem como objetivo principal avaliar os melhores arranjos para sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) no bioma Pampa, a partir de diferentes desenhos envolvendo a produção de grãos, carne e madeira.

Os experimentos estão sendo realizados em uma área de pouco mais de 300 hectares e posteriormente serão validados em unidades de referência tecnológica e unidades demonstrativas em áreas de associados da Agricampanha.

O projeto conta com a participação das Unidades da Embrapa Pecuária Sul, Clima Temperado, Trigo, Agrobiologia e Meio Ambiente.

Para o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul Naylor Perez, coordenador do projeto, um dos grandes diferenciais da iniciativa é a possibilidade de realizar experimentos de campo de ILPF em uma escala compatível com empreendimentos comerciais.

Na programação está prevista a apresentação de resultados desde o início do projeto, como o uso de diferentes cultivares de grãos e forrageiras, produção agrícola e pecuária nesse tipo de sistema, entre outros temas.

Confira a programação:

8h – Inscrições e Café

8h30 às 10h30 – Estações

Estação 1: Avaliação de genótipos de trigo e controle de plantas daninhas em sistema de integração Lavoura-Pecuária;

Estação 2: Ensaios com soja em sistema de integração Lavoura-Pecuária;

Estação 3: Produção animal em sistema de integração Lavoura-Pecuária;

Estação 4: Sistema agrícola: a palavra do produtor;

Estação 5: Perspectivas da meteorologia para a próxima safra.

Mercado Pecuário

Quer mais análises sobre o mercado do boi gordo? Acompanhe o programa Mercado Pecuáriotoda quarta-feira no DBO Play. Apesentado pela jornalista Juliana Camargo, o programa é uma referência para o pecuarista que quer se manter atualizado sobre os principais assuntos que cercam o setor.

E-DBO

Chegou o e-DBO, o novo canal de conteúdo digital da DBO, tradicional referência jornalística em pecuária de corte do Brasil. Confira uma série de e-books sobre temas essenciais para a gestão e desenvolvimento das  fazendas, produzidos a partir de coletâneas de reportagens de cunho técnico publicadas na Revista DBO e de conteúdos exclusivos elaborados especialmente para esse canal.

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Sinop: Embrapa divulga resultados após 12 anos de pesquisa em sistemas lavoura-pecuária-floresta

A Embrapa Agrossilvipastoril está fechando o primeiro ciclo de 12 anos do maior experimento do mundo com sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), em Sinop (MT). As pesquisas trouxeram resultados que ajudam a fazer recomendações sobre uso do componente arbóreo nesses sistemas produtivos.

Segundo levantamento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a estratégia de uso das árvores em sistemas de integração varia entre as propriedades, conforme o interesse do produtor. Fatores como destinação da madeira, mercado consumidor, forma de colheita, uso das árvores como adição ou substituição de renda, características da propriedade, entre outros, devem ser avaliados. Porém, a tomada de decisão deve ser baseada em fundamentos técnicos como os obtidos na pesquisa.

O trabalho utilizou o eucalipto (clone H13), uma vez que é uma espécie com crescimento rápido, com técnicas silviculturais desenvolvidas e com múltiplos usos. As árvores foram testadas em sistema de integração lavoura-floresta (ILF), integração pecuária-floresta (IPF) e ILPF, além da monocultura utilizada como testemunha. O plantio ocorreu inicialmente em renques de três linhas distantes 30 metros entre si e, após intervenções, alguns dos tratamentos tiveram as linhas externas suprimidas e ficaram como linhas simples espaçadas em 37 metros.

Ao longo dos 12 anos os sistemas integrados produziram entre 87 m³ e 114 m³ de madeira por hectare (ha). Os volumes variaram conforme o número de árvores conduzidas até o fim do experimento. Entretanto, quanto mais árvores, maior o impacto sobre a produção de grãos e forragem dentro do sistema produtivo. “Quando falamos em sistemas de integração, temos que pensar na produtividade de todo o sistema. Se eu aumento o número de árvores, terei redução na produção da lavoura e da pecuária. Sendo assim, o maior número de árvores tem que fazer sentido na avaliação global”, explica o pesquisador Maurel Behling, através da assessoria.

A área testemunha, com monocultura de eucalipto, produziu 350 m³/ha ao longo dos 12 anos, ficando dentro da média de incremento anual do H13 em áreas de silvicultura em Mato Grosso, que é de 32 m³/ha. Os dados de crescimento em altura, diâmetro à altura do peito (DAP) e volume de madeira medidos ao longo dos anos indicaram que os sistemas integrados proporcionam o chamado efeito bordadura. É o efeito causado nas árvores externas da monocultura por receberem mais luz, água e nutrientes que aquelas do interior e por terem menor competição com árvores vizinhas. Na ILPF esse efeito foi observado nos renques de linhas triplas, com a árvore do meio tendo menor DAP, assim como as árvores do tratamento só com eucalipto.

O efeito bordadura foi ainda mais acentuado na avaliação de biomassa e de acúmulo de carbono nas árvores. O sistema ILPF, que inicialmente teve renques triplos e passou a ter renque simples após corte das linhas laterais, foi o que mais acumulou carbono, passando dos 30 kg/ano por indivíduo. O valor se diferenciou estatisticamente dos demais e ficou bem acima dos cerca de 20 kg/ano por árvore na monocultura.

“Além de favorecer o ganho em volume das árvores, com maior potencial para aproveitamento na serraria, há uma maior taxa de acúmulo de carbono nas árvores na ILPF. É um carbono que teoricamente terá um ciclo de vida maior do que aquele usado como biomassa”, destaca Behling.

O pesquisador lembra ainda que o carbono não fica somente estocado na madeira. As árvores no sistema produtivo ainda deixam grande volume de carbono na área em forma de folhas, galhos, serrapilheira e matéria orgânica “Cerca de 10 toneladas de resíduos por hectare que permanecem são originárias da área útil com árvores. Isso sem considerar tocos e raízes que em média representam 20% da biomassa total da árvore”, informa o pesquisador.

Behling enfatiza que os resultados obtidos neste experimento, somadas às experiências de produtores em Unidades de Referência Tecnológica em Mato Grosso, dão subsídios para a tomada de decisão no planejamento de sistemas ILPF. De acordo com ele, se o objetivo é adicionar renda ou melhorar o conforto térmico para o gado, os sistemas com linha simples são mais indicados. Já se o produtor quer um modelo com maior número de árvores e que sua venda compense as perdas de produção na lavoura e pecuária, é possível fazer renques de múltiplas linhas.

A análise do mercado que consumirá a madeira é outro fator primordial no planejamento do sistema. A madeira conduzida para serraria tem maior valor agregado, mas depende de haver estrutura de processamento. Na região médio-norte de Mato Grosso, por exemplo, o surgimento recente de usinas de etanol de milho mudou o cenário em relação a 2011, quando o experimento foi iniciado. Atualmente a demanda por biomassa para as caldeiras é grande e tende a ser ainda maior nos próximos anos com a inauguração de novas plantas. “No caso da madeira serrada de eucalipto, ainda não é uma realidade na região, mas já existe demanda para a madeira tratada para mourões de cerca, postes e construção civil”, acrescentou o pesquisador.

O primeiro ciclo do experimento de ILPF com foco na pecuária de corte e produção de grãos está sendo finalizado com o corte raso dos eucaliptos após 12 anos. Em todo o experimento ainda restam 3.666 árvores ocupando uma área de 43 hectares, sendo 3 ha com monocultura e 40 ha com IPF, ILF ou ILPF. Dados preliminares indicam um volume total a ser colhido de 3.568,33 m³ de madeira. Considerando o valor de 100 reais por metro estéreo, são quase 514 mil reais. Se a venda fosse para serraria, o valor seria ainda maior. Deve-se lembrar que, além da madeira, a área também produziu carne e grãos.

A Embrapa destaca que, com o fim do ciclo, um novo trabalho já deverá começar no próximo período chuvoso. Desta vez, além do eucalipto, será usada a teca como componente arbóreo do sistema. Também será testado o consórcio com as duas espécies, uma vez que a teca perde suas folhas no período seco, reduzindo a sombra para os animais. A ideia é que o eucalipto contribua para manutenção do conforto térmico e com o escalonamento de receitas obtidas com as árvores.

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Brasil intensifica sustentabilidade na pecuária com inovações da Embrapa

O Brasil, autossuficiente na produção de carne bovina e líder mundial em exportação desde 2004, está intensificando a sustentabilidade na pecuária através da Embrapa Pecuária Sudeste.

Localizada entre os biomas Mata Atlântica e Cerrado, a unidade de pesquisa de 2.538 hectares foca em práticas sustentáveis e automação na produção de carne e leite. Parcerias com a iniciativa privada permitem a testagem de novas tecnologias, como brincos de identificação e ordenha robotizada.

Além disso, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) está promovendo um crescimento sustentável, com uma adoção anual de quase 1 milhão de hectares em sistemas integrados, visando atingir 30 milhões de hectares até 2030. A Embrapa também está na vanguarda da abordagem de “Saúde Única”, conectando saúde humana, ambiental e animal.

O governo destaca a importância de políticas públicas eficientes para a implementação de testes rápidos e precisos, essencial para uma produção sustentável e certificável. A tecnologia e o melhoramento genético são componentes essenciais para a melhoria contínua da pecuária no Brasil.

Informações: Canal Rural.

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Rede ILPF apresenta vantagens da ILPF para a sustentabilidade agropecuária brasileira durante reunião no MAPA

A Rede ILPF, representada pelo Diretor Executivo Francisco Matturro e Roberto Castro, diretor de sustentabilidade e negócios da Syngenta, participou das discussões dos Grupos de Trabalho “Financeiro e Investimento” e “Tecnologia e Conhecimento”, do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), em Brasília.

Francisco Matturro teve uma posição de destaque e apresentou o panorama do agronegócio no Brasil e a importância da Integração Lavoura Pecuária Floresta neste contexto. A ILPF foi destacada e exemplificada com casos de sucesso em diversas regiões brasileiras. Os projetos executados pela Associação (Integra MT e SP), em parceria com os governos de SP e MT, também foram apresentados.

A reunião foi conduzida pelo presidente do Conselho de Administração da Embrapa, Carlos Augustin que se mostrou bastante interessado no potencial da ILPF. O gestor afirmou que a Rede ILPF precisa receber aporte não reembolsável para execução de projetos.

Representantes da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia, Instituto Arapyaú, Corteva Agriscience para América Latina e Acelen Renováveis também estavam na renião.

Por meio dessas reuniões junto ao governo e diversas iniciativas, a Rede ILPF contribui para a formulação de políticas públicas relevantes para o desenvolvimento da agropecuária brasileira.

Pontos de destaque:

  • Rede ILPF: Francisco Matturro apresentou o panorama do agronegócio no Brasil, bem como os desafios e oportunidades. A tecnologia ILPF foi evidenciada com casos de sucesso e também foram citados projetos existentes em parceria com os governos de SP e MT. Além disso foi discutida a necessidade de aporte financeiro para a maior implementação do sistema GeoABC+. O secretário Carlos Augustin se mostrou bastante interessado na ILPF e em seu potencial. Afirmou que a Rede ILPF precisa receber aporte não reembolsável para execução de projetos e ressaltou a importância de que não é necessário abrir mais áreas para produção, e sim intensificar a produção nas áreas que já estão abertas.
  • Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia: Projeto promove a produção de cacau em áreas não tradicionais, como o cerrado, com foco na rentabilidade e sustentabilidade do processo. Destacou a importância da otimização do uso dos recursos naturais, a criação de modelos de produção sustentável, a restauração de áreas, o aumento da produtividade e a rastreabilidade nos processos.
  • Corteva Agriscience: Enfatizou a necessidade de ajudar pequenos produtores a expandirem renda e produtividade através do Programa Prospera, que tem apoio do MAPA e visa ampliar a produtividade de milho no semiárido nordestino (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas).
  • Instituto Arapyaú: Abordou a viabilidade do cultivo de cacau em sistemas agroflorestais (SAF) como uma forma de restauração produtiva.
  • Acelen Renováveis: Apresentou soluções escaláveis para a recuperação de terras de pastagens degradadas, promovendo o plantio de macaúba. Discutiu os benefícios ambientais e sociais, como o desenvolvimento econômico local, a geração de empregos e a movimentação econômica, além do impacto positivo na agricultura familiar.

Informações: Rede ILPF.

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Integração Lavoura-Pecuária-Floresta em Goiás é um dos casos de sucesso do Balanço Social 2023 da Embrapa

A Integração Lavoura-Pecuária com a adição do “F”, o componente florestal, no estado de Goiás, tem se mostrado uma forma inovadora de condução das atividades na propriedade rural, ao proporcionar aumento da rentabilidade, da sustentabilidade e diversificação das fontes de renda. O território goiano possui quase 65% de áreas com algum grau de degradação e com baixa rentabilidade, que podem ser melhor aproveitadas, recuperadas e ter sua produção otimizada. Um exemplo deste trabalho ocorreu na fazenda Boa Vereda, de Abílio Pacheco, pesquisador da Embrapa Florestas e produtor rural.

A introdução do componente florestal resultou em diversificação da renda na propriedade rural, com a produção de madeira, e ainda gerou serviços ambientais, com a mitigação dos efeitos de gases de efeito estufa. Este caso de sucesso da Embrapa Florestas compõe a lista de tecnologias, produtos e serviços do Balanço Social da Embrapa 2023, que será lançado, no dia 25 de abril, no aniversário de 51 anos da Embrapa e que contará com a presença do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

Os sistemas de integração se constituem em um modelo de exploração versátil que possibilita consorciar os componentes agrícola, arbóreo e animal, de maneira simultânea ou sequencial no tempo e no espaço, em caráter temporário ou permanente, com benefícios econômicos, ambientais e sociais. Esses sistemas são reconhecidos por permitir a diversificação de atividades, diminuir os riscos e aumentar a produção agropecuária e florestal, além de garantir conforto aos animais. 

Devido aos resultados promissores de aumento da rentabilidade e da sustentabilidade ocorridos na Fazenda Boa Vereda, o trabalho foi expandido para a Fazenda Varjão/Macaúba, ambas na região sudoeste do estado de Goiás. Tais propriedades eram casos típicos de condução de pecuária de corte tradicional, com rentabilidade econômica muito baixa, além de serem compostas por pastagens com considerável grau de degradação, como grande parte das propriedades na região. 

Buscou-se trabalhar de forma que Boa Vereda e Macaúba se tornassem unidades de referência tecnológica (URT) da Embrapa e exemplos de modelo de negócios factível a pequenas, médias e grandes propriedades. O componente florestal recebeu bastante atenção no sistema adotado e, tendo sido testadas várias configurações de arranjos do sistema, em especial, quanto ao arranjo espacial das árvores, de forma a se aprimorar o sistema e a amenizar a baixa produtividade da pastagem dentro dos renques de eucaliptos. 

Assim, ao longo dos anos, essas URTs têm funcionado como uma plataforma de geração ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) e de transferência de tecnologia (TT). Atualmente, a tecnologia se expandiu para cerca de 120 propriedades rurais do sudoeste de Goiás, com a parceria da extensão rural e outras instituições. 

Em paralelo, diversos trabalhos de pesquisa foram realizados nas áreas, especialmente dissertações de mestrado e teses de doutorado que, com isso, geraram dados e informações seguras sobre os resultados da adoção da tecnologia. Além disso, um amplo programa de transferência de tecnologia tem sido realizado junto a produtores rurais e formadores de opinião em parceria com a Emater/GO. As URTs recebem, anualmente, eventos como dias de campo e visitas de caravanas de produtores rurais, órgãos nacionais e internacionais interessados em conhecer a ILPF e os benefícios do manejo do componente florestal.

Informações: Embrapa Florestas.

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Integra SP pretende ampliar para um milhão de hectares de ILPF até 2030

Além da preparação para o processo de implantação de ILPF nas fazendas, durante 2024, uma vez ao mês, vai ocorrer um ciclo de debates de temas técnicos para fortalecer o conhecimento dos profissionais e tirar dúvidas

Mais de 50 técnicos da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) participaram, na última semana, das ações de continuidade do Integra SP, em Jaú (SP). O programa é uma parceria entre Embrapa, Rede ILPF e Governo de São Paulo. O grupo de extensionistas se prepara para implementar nas propriedades rurais os projetos de integração desenvolvidos com auxílio de especialistas da Embrapa Pecuária Sudeste e da Rede.

O objetivo da Integra SP é a adoção de diferentes modelos integrados de produção no Estado. Com isso, pretende-se ampliar em cerca de um milhão de hectares a área de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) até 2030.

De acordo com José Alberto Portugal, supervisor de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pecuária Sudeste, além da preparação para o processo de implantação de ILPF nas fazendas, durante 2024, uma vez ao mês, ocorrerá um ciclo de debates de temas técnicos para fortalecer o conhecimento dos profissionais e tirar dúvidas.

Os técnicos desenvolveram esse processo de capacitação ainda em 2022. Desde então estão sendo preparados para serem multiplicadores dos sistemas integrados nas propriedades que atendem.

A iniciativa vai restaurar a capacidade produtiva de áreas degradadas ou em fase inicial de manipulação, por meio desses sistemas mais sustentáveis. Além disso, a ação contribui para o combate às mudanças climáticas, às emissões de gases de efeito estufa com tecnologias com a recuperação dos solos, o planejamento de árvores (em algumas situações), o manejo das pastagens e a melhoria das condições dos animais.

Além de capacitações continuadas, a Embrapa Pecuária Sudeste oferece treinamentos, dias de campo e simpósios com foco em ILPF e tecnologias que aliam economia, meio ambiente e social. A Embrapa está comprometida com a proposta da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) para colaborar com a construção e implementação de políticas públicas em prol do desenvolvimento sustentável.

Informações: Embrapa Pecuária Sudeste.

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Morte e vida ILPF

Artigo de Moacir José Sales Medrado [1]

Em “Morte e Vida Severina”, a “morte morrida”, como descrita na obra, representa não apenas a morte natural, muitas vezes ocasionada pela fome devido à miséria implacável do sertão, mas também a morte simbólica da dignidade e da esperança para aqueles que vivem em condições desumanas. Na obra, Severino, um retirante nordestino simboliza a luta pela sobrevivência em meio à pobreza e à injustiça.

A paisagem desolada de milhões de hectares de terras degradadas no Brasil, em especial os milhões de hectares de pastagens, também representa uma história de morte. Abandonadas pelo tempo e pelo mau uso agrícola, essas terras testemunham a devastação causada pelo descaso, pela ignorância técnica e pela exploração desenfreada. Onde outrora havia vida exuberante e fértil, passa a reinar a escuridão da degradação ambiental.

Assim, ao unir as narrativas de “Morte e Vida Severina” e de “Morte e Vida ILPF”, desejamos mostrar que sempre continuaremos sendo confrontados, com a dualidade da existência humana e ambiental, onde a morte e a vida se entrelaçam em uma busca constante por renovação e esperança.

Como Severino buscava uma nova chance de vida em meio à sua dura realidade, nesta crônica “Severinos” somos todos nós, embrapianos ou não, que resolvemos nos insurgir contra uma situação deplorável de degradação agrícola e juntos em uma reunião simbólica na Embrapa Milho e Sorgo, patrocinada pela Embrapa, geramos a estratégia ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta), a nossa “Zona da Mata” onde a vida da terra não é vivida junto com a morte.

A ILPF surgiu como um raio de esperança rompendo o horizonte árido, trazendo consigo, dentre outros objetivos ressuscitar essas terras moribundas geradas pelo mau uso; a ILPF veio como um tratamento de última esperança para uma pessoa à beira da morte. Era a UTI de alta complexidade que essas terras tanto necessitavam.

A primeira fase do processo de implantação da ILPF nas terras degradadas compara-se a uma cirurgia delicada, onde cada ação é crucial para a sobrevivência do paciente. Os solos são avaliados e decisões sobre sua melhoria são tomadas, as sementes são plantadas, a pastagem ou a agricultura começa a brotar e as árvores começavam a crescer. É um processo lento e árduo, mas cheio de promessas de renascimento.

À medida que o tempo passa, as terras começam a se recuperar lentamente, como se estivessem em uma UTI clínica, onde os cuidados intensivos são mantidos, mas já se vislumbra uma luz no fim do túnel; as plantas crescem, os animais se reproduzem e a biodiversidade começa a florescer novamente.

A terceira fase assemelha-se a uma recuperação em apartamento, onde as terras já são capazes de sustentar a vida de forma mais autônoma. Os sinais de vida são evidentes, e a esperança se transforma em certeza de que a ILPF cumpriu sua missão de ressuscitar aquelas terras outrora condenadas à morte.

Por fim, a volta à vida plena em quem voltam a ser produtivas, sustentáveis e repletas de vida. É como se tivessem passado por uma transformação milagrosa, onde a morte foi vencida pela força da vida e da resiliência.

Assim, a história das terras antes condenadas à morte se torna uma história de vida, renascimento e esperança. Graças à ILPF, transformada em lei (Lei Nº 12.805, de 29 de abril de 2013) estão podendo experimentar uma nova chance de viver, um novo modo de existir onde os cuidados com a saúde do solo e do meio ambiente passam a ser mais valorizados do que nunca. Além de sua transformação em Lei Federal e sua organização como Rede ILPF, tem sido amplamente promovida em políticas de fomento em todo o Brasil, como o Programa ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) e outras iniciativas implementadas pelo Ministério da Agricultura (MAPA) em colaboração com a Embrapa e o Serviço Brasileiro de Aprendizagem Rural (Senar), como os projetos Rural Sustentável e ABC Cerrado.

E assim, sob o título de “Morte, Vida ILPF”, contamos a história de ressurreição, das áreas de terras degradadas lembrando a todos nós que, mesmo nos momentos mais sombrios, há sempre uma luz no fim do túnel, uma esperança de renascimento e uma promessa de vida.


[1] Engenheiro Agrônomo (UFCE), Doutor em Agronomia (ESALQ/USP), Especialista em Planejamento Agrícola (SUDAM/SEPLAN – Ministério da Agricultura), Pesquisador Sênior em Sistemas Agroflorestais (EMBRAPA – aposentado), Proprietário e Diretor Técnico da Medrado e Consultores Agroflorestais Associados Ltda.

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Teca: Conheça a árvore de crescimento rápido e lucro alto

A teca é uma árvore de crescimento rápido e alta rentabilidade, o que a torna uma escolha atraente para os agricultores e empresários locais

Mato Grosso, um dos estados mais emblemáticos do Brasil, é reconhecido mundialmente por sua vasta extensão territorial, sua agricultura pujante e suas riquezas naturais. Porém, há um recurso muitas vezes negligenciado que merece destaque: a teca. Esta árvore de madeira nobre, originária do Sudeste Asiático, tem encontrado solo fértil em terras mato-grossenses desde que foi introduzida no país nos anos 1970, oferecendo oportunidades significativas de desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental.

A teca é uma árvore de crescimento rápido e alta rentabilidade, o que a torna uma escolha atraente para os agricultores e empresários locais. Além disso, sua madeira é altamente valorizada no mercado internacional devido à sua durabilidade, resistência e beleza estética.

Nota: A madeira de reflorestamento Teca é um dos investimentos que chama a atenção de produtores e investidores devido ao seu valor comercial. Atualmente, o preço do metro cúbico de madeira de Teca comercial varia de US$ 400 a US$ 3.000, dependendo de sua qualidade.

Conforme a Embrapa Florestas, a maior parte dos plantios no Brasil se encontra nos estados de Mato Grosso e do Pará. O uso de clones de alto desempenho e o aprimoramento de técnicas de plantio e de manejo têm permitido ao Brasil atingir produtividades acima da média mundial. Mesa produzida de teca /

Mesa produzida de teca / Foto: Daniel de Almeida Papa

Uma das principais vantagens da produção de teca em Mato Grosso é a sua capacidade de sequestro de carbono. Como uma árvore de crescimento rápido, a teca absorve grandes quantidades de dióxido de carbono da atmosfera durante seu ciclo de vida, ajudando a mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Ao mesmo tempo, quando a madeira é colhida de forma sustentável e utilizada em produtos de longa duração, como móveis de alta qualidade, ela continua a armazenar carbono, contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito estufa.

Além do valor econômico e ambiental, a teca também oferece oportunidades no campo da biomassa. O uso da madeira de teca como fonte de energia renovável tem ganhado destaque, especialmente em tempos em que a transição para fontes de energia limpa é uma prioridade global. A queima de biomassa de teca para gerar eletricidade ou calor pode reduzir significativamente a dependência de combustíveis fósseis e contribuir para a diversificação da matriz energética.

No entanto, é importante abordar os desafios associados à produção de teca em Mato Grosso. O manejo florestal inadequado pode levar à degradação do solo, à perda de biodiversidade e a outros impactos ambientais negativos. Portanto, é fundamental que os produtores adotem práticas sustentáveis, como o plantio em sistemas agroflorestais, a proteção de áreas de conservação e a utilização de técnicas de manejo que promovam a saúde do ecossistema.

Foto: Gabriel Rezende Faria

A produção de teca em Mato Grosso é uma atividade que alia o desenvolvimento econômico com a sustentabilidade ambiental, pois aproveita o potencial da espécie para a exportação e o uso como biomassa, e ao mesmo tempo contribui para o sequestro de carbono e a conservação dos recursos naturais. A teca é uma espécie que pode trazer benefícios para os produtores rurais, para a sociedade e para o planeta.

Pesquisa desenvolve técnicas para produção de teca em sistemas ILPF

Produtores rurais contam agora com um pacote completo de técnicas de manejo para usar a teca (Tectona grandis) como componente arbóreo em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Esse conhecimento se deve, especialmente, ao pioneirismo de produtores como Arno Schneider, de Santo Antônio do Leverger (MT), e Antônio Passos, de Alta Floresta (MT), que apostaram no uso dessa árvore em sistemas silvipastoris antes mesmo de haver informações técnicas ou pesquisas que atestassem sua viabilidade. Os erros e acertos cometidos por eles em cerca de 15 a 20 anos e as pesquisas desenvolvidas na última década possibilitaram a abertura de caminho para novos produtores que pensam em utilizar a espécie florestal em ILPF.

As experiências desses pioneiros, os resultados obtidos por eles e as pesquisas realizadas pela Embrapa Agrossilvipastoril (MT) estão reunidas em um capítulo dedicado ao uso da teca em sistemas ILPF que acaba de ser publicado no livro “Teca (Tectona grandis L. f.) no Brasil”. A publicação reúne, pela primeira vez, recomendações que vão desde o preparo da área para plantio das mudas até a condução das árvores com desbastes e desramas (podas), passando pela definição de espaçamentos e configuração dos renques de árvores.

O trabalho feito pelos pesquisadores da Embrapa Maurel Behling e Flávio Wruck mostra que, ao planejar seu sistema ILPF, o produtor deve definir se utilizará o componente arbóreo como adição ou substituição de renda.

“Em sistemas de ILPF, com foco na pecuária, a implantação de linhas simples facilita o manejo das árvores, exigindo menor demanda de mão de obra. Por outro lado, o sistema pode ser configurado para privilegiar a produção de teca com maior densidade de árvores por área. Nessas configurações, o carro-chefe do sistema passa a ser a teca e pode-se assumir que as perdas de produtividade nos componentes agrícola ou pecuário serão compensadas pelas receitas geradas com as árvores, ou seja, há uma substituição de receitas”, explica Behling.

Informações: CompreRural.

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Integração lavoura-pecuária pode reduzir o uso de fertilizantes

Estudo conduzido pela Embrapa no Bioma Cerrado mostra que a adoção de sistemas integrados pode ser benéfica tanto na diminuição das emissões de óxido nitroso (N2O) como na redução das aplicações de fósforo e potássio, se comparados a sistemas de lavouras contínuas fertilizadas com as doses normalmente recomendadas desses nutrientes.

Os sistemas de lavoura contínua, sem a presença da pastagem na rotação e baseados no cultivo solteiro de soja e sorgo, por exemplo, promoveram emissões mais elevadas de N2O quando foi aplicada a fertilização recomendada em relação aos sistemas que receberam metade da dose, aplicadas como fertilização de manutenção, conforme resultados obtidos em experimento de longa duração conduzido na Embrapa Cerrados (DF) entre 1991 e 2013. O pastejo na área do sistema ILP nos anos anteriores ao estudo e a adubação com metade das doses de fósforo e potássio reduziram as emissões acumuladas do gás de efeito estufa (GEE) em 59%. Para os autores do estudo, diante da crise mundial de fertilizantes, os resultados têm extrema relevância para a agricultura no Brasil e no mundo.

Os resultados da pesquisa estão publicados no artigo Nitrous Oxide Emissions from a Long-Term Integrated Crop–Livestock System with Two Levels of P and K Fertilization, que tem entre os autores os pesquisadores da Embrapa Cerrados Arminda Moreira de Carvalho, Alexsandra Duarte de Oliveira e Robélio Leandro Marchão, que trabalharam em parceria com a Universidade de Brasília.

“A relação entre as emissões de N2O e a fertilização nitrogenada, assim como as menores emissões de N2O resultantes da adoção de sistemas integrados, já estão bem documentadas na literatura científica. No entanto, ainda não havia informações disponíveis sobre a relação das emissões desses GEE com outros nutrientes comumente aplicados na lavoura, como fósforo e potássio,” argumentam os autores.

O trabalho partiu da premissa de que os sistemas integrados são mais eficientes na utilização dos nutrientes aplicados ao solo, e que em solos de fertilidade construída (após vários anos de cultivo) é possível reduzir significativamente as doses de fósforo e potássio aplicadas na fase lavoura da rotação. Segundo os pesquisadores, a rotação entre lavoura e pastagem traz diversos benefícios para a qualidade do solo, que tem como consequência a proteção da matéria orgânica e a melhoria do funcionamento biológico do solo, além da redução das emissões de GEE.

No sistema integrado na modalidade “boi safrinha”, por exemplo, o pastejo de entressafra reduz a disponibilidade de biomassa no solo, aumentando a mineralização do nitrogênio, a ciclagem de nutrientes e estimulando o sistema radicular da gramínea forrageira. “Confirmamos a hipótese de que com a adoção de sistemas integrados em áreas consolidadas de agricultura é possível reduzir a adubação fosfatada e potássica e, ao mesmo tempo, mitigar as emissões de N2O em comparação com lavouras contínuas que recebem altas doses desses nutrientes”, afirma Marchão.

Estudo comparou dois sistemas com diferentes históricos de adubação

Para testar essa hipótese, foram avaliadas as emissões de N2O, variáveis edafoclimáticas (de clima e solo), atributos químicos do solo, a produção de resíduos vegetais, o rendimento de grãos e a emissão relativa (kg de N2O emitido por kg de grãos produzido). As avaliações foram realizadas nos sistemas integrados em comparação a sistemas de lavouras contínuas, ambos em dois níveis de fertilidade e com diferentes históricos de adubação. Os sistemas avaliados fazem parte do experimento mais antigo de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) do Brasil, implantado na Embrapa Cerrados em 1991.

O estudo foi realizado durante dois anos agrícolas consecutivos, durante a fase lavoura dos sistemas integrados, rotacionados a cada quatro anos entre lavoura e pecuária (pastagem). Desde a implantação do experimento de ILP, as áreas foram conduzidas sob dois níveis de fertilização fosfatada e potássica.

Dessa forma, foram estabelecidos quatro contrastes entre sistemas: lavouras contínuas adubadas com metade das doses recomendadas de fósforo e potássio; lavouras contínuas nas doses recomendadas de fósforo e potássio; sistema ILP com metade das doses recomendadas de fósforo e potássio; e sistema ILP nas doses recomendadas de P e K. Uma área de Cerrado nativo adjacente foi utilizada como referência para monitoramento da emissão de óxido nitroso.

No primeiro ano do estudo, em ambos os sistemas (ILP e lavoura contínua) a cultura de soja foi sucedida pelo pousio devido à escassez de chuva que inviabilizou o cultivo da segunda safra. No segundo ano, no sistema ILP, foi realizado, após a colheita da soja, por meio do plantio do sorgo de segunda safra em consórcio com Panicum maximum BRS Tamani para pastejo na entressafra. Já nas áreas de lavoura contínua, o sorgo foi plantado na entressafra da soja, sendo consorciado com um mix de espécies de plantas de cobertura – capim pé-de-galinha (Eleusine coracana), capim braquiária (Brachiaria brizantha cv. Paiaguás), feijão-guandu (Cajanus cajan IAPAR 43), crotalária (Crotalaria spectabilis) e nabo-forrageiro (Raphanus sativus).

Sistema integrado apresentou menores valores para emissões de N2O diárias e acumuladas

As emissões de N2O foram medidas ao longo de 603 dias, totalizando 78 campanhas de coleta de gases. As amostragens do gás foram realizadas com o uso de câmaras estáticas instaladas em cada sistema de manejo.

Os fluxos diários de óxido nitroso variaram de −5,33 a 73,51 µg N2O/m2/h no primeiro ano agrícola e de -3,27 a 77,17 µg N2O/m2/h no segundo – fluxos com valores positivos significam emissões do GEE para a atmosfera, enquanto valores negativos representam sequestro do gás. Segundo os pesquisadores, apesar de não serem tão altos, esses valores já são preocupantes no contexto das mudanças climáticas.

O maior fluxo diário de N2O foi observado no sistema lavoura contínua com as doses recomendadas de fósforo e potássio no segundo ano de avaliação. De acordo com o estudo, os fluxos mais altos de N2O foram registrados imediatamente após a semeadura e ao final do ciclo da soja, e após a adubação de cobertura nitrogenada do sorgo na segunda safra.

As médias de fluxos diários de óxido nitroso no período analisado foram de 23,2 µg N2O/m2/h no sistema de lavoura contínua com a adubação recomendada, 16,9 N2O/m2/h no sistema de lavoura contínua com metade da adubação fosfatada e potássica, 14,3 µg N2O/m2/h no sistema integrado com adubação recomendada e 12,4 µg N2O/m2/h no sistema integrado com metade da dose, enquanto na vegetação nativa de Cerrado, a média diária de referência foi de 6,2 µg N2O/m2/h.

O trabalho também mensurou as emissões acumuladas de N2O, considerando sistema e níveis de fertilidade. O sistema de lavoura contínua e dose recomendada (1,32 kg N2O/ha) emitiu mais N2O quando comparado ao sistema integrado com metade da dose (0,46 kg N2O/ha) no primeiro ano de avaliação, porém não diferiu dos demais sistemas no segundo ano, e ao considerar todo o período de avaliação (603 dias), continuou sendo o sistema que mais emitiu (2,74 kg N2O/ha), enquanto o sistema integrado com metade da dose contribuiu no mesmo período com 1,12 kg N2O/ha, ou seja 59% menos.

“Esse resultado possivelmente é explicado pelo pastejo em anos anteriores a esse estudo nos sistemas ILP, o que, associado à fertilização de fósforo e potássio no sistema integrado com metade da dose, resultou em menor quantidade de resíduos culturais. Isso provocou aumento da mineralização e menor disponibilidade do nitrogênio. Em consequência, houve mitigação de N2O”, explica Arminda Carvalho.

Nos demais sistemas, as emissões acumuladas no período estudado foram de 1,62 kg N2O/ha (lavoura contínua com metade da dose), 1,41 kg N2O/ha (no sistema integrado e dose recomendada) e de 0,38 kg N2O/ha no Cerrado nativo.

 “Nossos resultados sugerem que os sistemas integrados, que incluem lavouras e pastagem, e com metade da dose de P e K, são mais efetivos em mitigar emissões de N2O, o que, no contexto atual de crise climática e na indústria global de fertilizantes, é um aspecto de grande relevância para a agricultura no Brasil e no mundo”, concluem os autores.

Tecnologia importante para as mudanças climáticas

Os sistemas integrados já são uma realidade no Brasil e representam uma das tecnologias disponíveis para enfrentar as mudanças climáticas, sendo uma das principais estratégias previstas no Plano ABC+, atual política pública brasileira para mitigação das emissões de GEE no setor agrícola. A expectativa é de que a implementação de políticas públicas de pagamento por serviços ambientais e a possiblidade de negociar o excedente do carbono em mercado público ou privado tornará ainda mais atrativa a adoção de sistemas integrados.

“Para isso, é necessário estabelecer métricas que possibilitem comparar sistemas tradicionais, como lavouras continuas de grãos, ou de pecuária, com os intensificados, como os de Integração Lavoura-Pecuária e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. Nesse sentido, nosso estudo contribui para a elaboração dessas métricas”, finalizam os autores.

Alinhamento aos ODS

O estudo está alinhado a algumas metas de três dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) preconizados pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Objetivo 2: Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável.

Meta 2.4: Até 2030, garantir sistemas sustentáveis de produção de alimentos e implementar práticas agrícolas resilientes, que aumentem a produtividade e a produção, que ajudem a manter os ecossistemas, que fortaleçam a capacidade de adaptação às mudanças climáticas, às condições meteorológicas extremas, secas, inundações e outros desastres, e que melhorem progressivamente a qualidade da terra e do solo.

Objetivo 12: Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.

Meta 12.2: Até 2030, alcançar a gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais.

Objetivo 13: Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos.

Meta 13.1: Reforçar a resiliência e a capacidade de adaptação a riscos relacionados ao clima e às catástrofes naturais em todos os países.

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