PÁGINA BLOG
Featured Image

Fumaça de queimadas se espalha e já cobre 80% do Brasil

As históricas queimadas na Amazônia e no Pantanal fizeram a maior parte do Brasil ficar coberto por uma nuvem de fumaça

Com índices históricos de seca e queimadas, o Brasil tem mais de 80% do território coberto por fumaça, segundo informações do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Há algumas semanas, a poluição que deriva da fumaça das queimadas não é nada exclusivo do Brasil. Milhões de hectares de florestas foram queimadas na América do Sul, principalmente na Bolívia. Também houve incêndios devastadores no Equador, Peru, Paraguai, Colômbia e Argentina.

No entanto, países da região amazônica enfrentam uma crise incomum porque a bacia da Amazônia, uma das regiões mais úmidas do planeta, esta passando por uma seca severa.

O resultado disso, conforme imagens dos satélites do Inpe, é 80% do Brasil afetado pela fumaça das queimadas.

Além da poluição proveniente das grandes queimadas na Amazônia, Pantanal, Cerrado e Bolívia, também há milhares de focos locais no Sudeste e no Cerrado. Isso levou a fumaça a lugares inéditos no Brasil.

O resultado dessa combinação é o risco a condições respiratórias graves pela população. Em Brasília, por exemplo, o número de pacientes hospitalizados por problemas respiratórios aumentou em 20 vezes nas últimas duas semanas.

Um estudo da UnB (Universidade de Brasília) detectou níveis de contaminação atmosférica até 16 vezes maiores que os valores de referência do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente).

O estudo destaca, portanto, o impacto da fumaça das queimadas na capital do Brasil.

Fumaça e qualidade do ar são graves problemas em cidades do Brasil, segundo moradores

Na capital São Paulo, a qualidade do ar chegou a níveis preocupantes, com pelo menos 40% dos paulistanos afirmando efeitos negativos na saúde devido à poluição do ar. Recentemente, São Paulo também obteve o título de cidade com pior ar do mundo, como consequência desse fenômeno.

Moradores de Belo Horizonte responderam similarmente aos paulistanos, enquanto os 29% dos cariocas disseram estar “muito afetados” pela poluição. As informações são do Datafolha, divulgada na última quarta-feira (25/9).

Aliás, a fumaça que cobre o Brasil, bem como as queimadas e a qualidade do ar, é uma preocupação notória do brasileiro que pode ser exemplificada pelo Google. Segundo o Google Trends, nos últimos sete dias, buscas sobre “qualidade do ar” atingiram níveis recordes no Brasil.

Não por acaso, os três estados do Centro-Oeste correspondem pelo maior número de buscas, seguidos por Tocantins, São Paulo e Minas Gerais.

Com a mudança do clima em outubro, a previsão é que a fumaça abandone o Sudeste do Brasil até o fim do mês. No entanto, a Amazônia terá precipitação apenas no final de outubro, prolongando a presença da fumaça no Norte do país.

Com informações: uol / Foto destaque: fumaça cobrindo São Paulo (NOAA/Reprodução).

Featured Image

‘Abram suas porteiras, é uma questão de vida’, diz prefeita de município paulista

Na tarde da última sexta-feira (23), um incêndio de grandes proporções atingiu áreas de vegetação nos bairros União e Mil Alqueires, em Lucélia, na divisa com o município de Salmourão, interior de São Paulo. Diante da gravidade da situação, a prefeita de Lucélia, Tati Guilhermino (PSD), solicitou ajuda aérea do governo estadual para combater as chamas que ameaçam se espalhar rapidamente pela região.

Cidade em chamas no estado de SP. Vídeo: Canal Rural.

Em um áudio enviado à Rádio Brasil, de Adamantina, a prefeita fez um apelo urgente aos proprietários de gado nas proximidades do incêndio, pedindo que liberassem seus animais para evitar maiores tragédias. “Abram suas porteiras, é uma questão de vida”, enfatizou Guilhermino, destacando a necessidade de ação imediata para proteger vidas e bens.

Informações: Canal Rural.

Featured Image

Cerrado se aproxima de 11 mil focos de queimadas no ano, sendo 52% no Matopiba

Região formada pelos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia coloca pressão sobre o bioma, que tem papel importante para biodiversidade e ciclos de chuva

Desde o início de 2024, o Cerrado já teve registrados 10.647 focos de queimadas, um aumento de 31% em comparação ao mesmo período no ano passado, segundo levantamento divulgado pelo WWF-Brasil nesta segunda-feira (17) a partir de dados do Inpe (instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Em 2023, entre 1º de janeiro e 17 de junho, houve 8.157 focos.

Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, os quatro estados que formam a região conhecida como Matopiba, concentraram 52,3% das queimadas detectadas no bioma.

O Tocantins teve aumento de 48% em comparação ao mesmo período em 2023, atingido por 2.707 focos de queimadas desde o início do ano. Contudo, os quatro estados do Matopiba tiveram aumento do número de focos de incêndios no Cerrado em comparação às médias do mesmo período nos quatro anos anteriores: +47% no Maranhão (1.615 focos), +57% no Tocantins (2.707 focos), +43% no Piauí (483 focos) e +16% na Bahia (771 focos), aponta o comunicado.

De acordo com Bianca Nakamato, especialista de conservação do WWF-Brasil, as queimadas no Matopiba estão associadas ao desmatamento para a expansão agrícola. A especialista explica que o fogo funciona como uma etapa de “limpeza” da área que foi desmatada, antes da futura plantação, geralmente pasto ou soja.

Em condições de seca, o processo pode facilmente sair do controle, alerta Ane Alencar, diretora de ciências do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). “Pantanal e Cerrado são exemplos importantes de como o uso do fogo no manejo de vegetação nativa tem que ser bem aplicado. Essa questão de conhecimento das condições climáticas é fundamental para que seja feita a decisão de quando queimar, pois realmente pode ficar inviável combater esse fogo.”

Para Daniel Silva, especialista em conservação do WWF-Brasil, é preciso fortalecer ferramentas de proteção. “Os mais diretamente atingidos são os povos tradicionais do bioma e os agricultores que precisam de ciclos de chuva, mas também há graves impactos para os grandes centros urbanos que se beneficiam com os serviços dos ecossistemas protegidos, como a regularidade da chuva que enche os grandes reservatórios urbanos.”

Pela primeira vez nas últimas décadas, o Cerrado teve, em 2023, uma área desmatada superior à da Amazônia. Segundo o SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa), as atividades humanas no bioma emitem hoje entre 400 milhões e 500 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera por ano. O valor é essencialmente o mesmo de três décadas atrás, a diferença é que, nos últimos anos, a produção agrícola tem gerado mais gases de efeito estufa do que o desmatamento em si, afirmam pesquisadores.

Nakamato alerta que essa dinâmica aumenta o aquecimento do planeta, além de causar perda de habitat, morte de animais e afetar a qualidade do solo, a produção das águas e até mesmo o ciclo de chuvas que depende do bioma amazônico, mas também do Cerrado.

“Essas violações ambientais e de direitos humanos seriam coibidas se houvesse um sistema de proteção e rastreabilidade eficaz nessas áreas do Matopiba. Já existem ferramentas capazes de monitorar a origem de produtos de áreas desmatadas, no entanto, é preciso aperfeiçoar os controles de rastreabilidade e monitoramento de forma a atender as demandas dos mercados internos e externos”, afirmou.

Informações: Um Só Planeta.

Featured Image

O desafio do fogo em tempos de mudança climática

As condições que dão origem aos incêndios ditos “naturais” estão mudando

Artigo de Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam).

O fogo passou a correr em velocidade mais rápida que o homem pode percorrer. Uma colossal queimada de savana percorreu o estado de Rondônia em fevereiro, enquanto fogo de pradaria devorava a região de Amarillo, no Texas. A região de Valparaíso no Chile sofreu os mesmos efeitos devastadores, com as chamas percorrendo velozmente as encostas litorâneas e atingindo duramente as áreas urbanas.

A mudança climática está imprimindo características desafiadoras aos incêndios potencializados por tempos de extremo calor e seca. O evento ocorrido no Havaí, no ano passado, mostrou o quão devastador e letal podem ser a velocidade e a intensidade dos incêndios em áreas rurais com proximidade de centros urbanos. Assistimos também essa força devastadora no Pantanal, onde grandes áreas com rica biodiversidade foram sacrificadas.

Assim, as condições que dão origem aos incêndios ditos “naturais” estão mudando. Os incêndios do Antropoceno ocorrem com altas temperaturas, secas intensas e ventos fortes.

Cada vez é mais importante tratar os incêndios de forma preventiva. O primeiro passo é não permitir o estopim. É preciso mudar a “cultura do fogo”, com a qual o homem brincou impunemente por séculos. Facilitar “limpeza” com fogo, por exemplo, para plantio da macaxeira em Rondônia, ou das pastagens no Pantanal, se tornou inaceitável. É um elemento perigoso e sem perspectiva segura de controle.

Em Rondônia, durante o mês de fevereiro, foram contabilizados cerca de 2 mil focos de incêndio provocados especialmente pela limpeza de terrenos para facilitar o plantio de soja. Os efeitos foram severos, atingido unidades de conservação e terras indígenas.

Tardiamente, a operação “Verão Seguro” suspendeu o ciclo oficial de queimadas. Wilson Jordão, diretor de Monitoramento e Controle Ambiental da Fundação Estadual de Meio Ambiente e Meios Hídricos de Rondônia, orientado pelo corpo técnico da instituição, veio à público para dizer que “a partir de agora está proibida a autorização de queima até que haja uma melhora relacionada a esse fenômeno”, referindo-se às condições climáticas de seca. Afirmou ainda que o monitoramento diuturno e campanhas educativas serão intensificadas.

Falar em autorização para queimadas no atual cenário é autorizar fogareiro em paiol de explosivos. A escala dos impactos de incêndios nesse tempo do Antropoceno foi ampliada. Impactos ecossistêmicos e para além de biomas regionais estão se tornando palpáveis. A intensidade torna a poluição dos incêndios mais tóxica e pode provocar efeitos adversos no longo prazo para a saúde pública.

Embora os níveis mais elevados de poluição ocorram perto de um incêndio, alguns poluentes têm longa vida fotoquímica e estão sujeitos a transporte de longo alcance, com impactos trans e intercontinentais, podendo afetar a qualidade do ar a milhares de quilômetros. Foi o que ocorreu recentemente com Nova York, Manaus e São Paulo.

A região de Nova York se viu mergulhada em material particulado, fumaça e fuligem oriundos dos incêndios das florestas do Canadá. Os danos para a saúde pública foram elevados, afetando principalmente crianças e idosos. O mesmo aconteceu em Manaus.

São Paulo já experimentou, em escala acentuada, o fog (nevoeiro denso) proveniente de queimadas na região Amazônica. A célula de Hadley, mecanismo terrestre de transposição atmosférica, funciona em ciclo fechado carregando umidade especialmente entre o Equador para os trópicos de Capricórnio e de Câncer. Beneficia o continente sul-americano com a evapotranspiração da Amazônia garantindo regularidade pluviométrica continental. Com as queimadas, tornou-se também canal para fumaça e poluentes associados.

Felizmente existe tecnologia global para realizar o monitoramento de queimadas e a transposição de suas massas poluentes. Em que pese as chamas estarem consumindo florestas, savanas, planícies e regiões de cerrado, o Monitoramento Global de Incêndios do Serviço de Monitoramento da Atmosfera Copernicus os identifica como “incêndio florestal”, termo genérico para descrever incêndios ativos em diferentes tipos de vegetação e biomas, detectáveis por satélite.

Serviço de Monitoramento da Atmosfera Copernicus (CAMS) permite monitorar, além das emissões, sua composição e deslocamento atmosférico, podendo ainda prever a direção em que a fumaça se moverá.

Observando as cartas globais de áreas com maior temperatura e insolação do planeta, vemos que as áreas equatoriais prevalecem. No entanto, nossa época tem sido implacável com as florestas boreais setentrionais. Em agosto de 2023 o monitoramento do Copernicus reportou: “O Hemisfério Norte tem visto uma atividade significativa de incêndios florestais desde o início de maio deste ano, com incêndios recordes generalizados no Canadá e grandes incêndios em todo o leste da Rússia”.

As emissões de carbono dessas imensas queimas não são dimensionadas em inventários de emissões de gases efeito estufa. Os Índices Nacionalmente Determinados (INDCs), levantamento burocrático de emissões realizadas por países dentro dos compromissos do Acordo de Paris, não contemplam emissões por causas naturais, portanto as previsões que sustentam o estado de arte e prognósticos para mudanças climáticas não contam adequadamente com dados extremamente importantes para o cômputo global, em que pese a significância de suas dimensões.

Dois mil e vinte três foi o ano mais quente da história moderna e proporcionou profundo estado de secas ao redor do mundo.

Trocando em miúdos, a situação se reveste de maior gravidade. Às emissões da queima de combustíveis fósseis somam-se as emissões dos incêndios, com causalidade fortemente estruturada no aquecimento global, que por sua vez vê-se agravado em processo de intensa retroalimentação.

A lacuna existente na metodologia utilizada globalmente pelo Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC), subestimando do computo de emissões líquidas nacionais as emissões ditas “naturais”, nos levam a questionar não apenas a atual metodologia utilizada para estabelecer as metas nacionais e globais, mas também o que realmente deveria ser, no Antropoceno, considerado como emissões naturais ou antropocêntricas.

“Se não sabemos o estado das emissões hoje, não sabemos se estamos cortando as emissões de forma significativa e substancial”, disse Rob Jackson, professor da Universidade Stanford e presidente do Global Carbon Project, uma colaboração de centenas de pesquisadores. “A atmosfera, em última análise, é a verdade. A atmosfera é o que nos importa. A concentração de metano e outros gases de efeito estufa na atmosfera é o que está afetando o clima.”

Estamos em tempos em que causas naturais se entrelaçam com alterações humanas, em sinergia evidente. A incidência do El Niño sobre um planeta cada vez mais quente, em função do aquecimento global causado por atividades antrópicas, segue tendência crescente desde o início da era industrial.

Terra, Fogo, Ar e Água, os quatro elementos naturais elencados por Empédocles no século V a.C., estão conectados de forma desafiadora no Antropoceno. Em nosso tempo, chamas impulsionadas por turbilhões de ar devastam cada vez mais a terra seca.

A metodologia de alertas precoces defendida pela ONU para eventos extremos deve ser ampliada para contemplar os incêndios em aspectos preventivos, de detecção e resposta. A “cultura do fogo” se tornou inaceitável e formas sustentáveis de manejo do solo para agricultura devem ser adotadas. De outro lado, a contabilização dos eventos ditos “naturais” deve ser revista para a quantificação correta e dimensionamento para contenção das emissões nacionais e global enquanto gases de efeito estufa (GEE).

Será preciso superar o desafio do fogo.

Informações: Diplomatique.org

Featured Image

Fevereiro tem recorde histórico de queimadas na Amazônia; Roraima concentra 65% dos focos

Porta-voz do Greenpeace Brasil alerta que, apesar dos dados alarmantes já registrados em Roraima, março é, historicamente, ainda mais crítico para o estado

A Amazônia registrou 3.158 focos de calor em fevereiro, um recorde para a série histórica (iniciada em 1999) e um aumento de 79% em relação ao recorde anterior, ocorrido em 2007. Os dados são do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados ontem (29/02).

Roraima também registra o pior fevereiro da série histórica, com 2.057 focos de calor, 65% do total do bioma. Pela primeira vez, o estado teve mais de 500 focos em um único dia, registrados em 20 de fevereiro (538 focos de calor). 

Outro ponto de alerta é o avanço do fogo para as Terras Indígenas em Roraima, com destaque para a TI Yanomami, que concentra 52% dos focos totais registrados nestes territórios em toda a Amazônia, e TI Raposa Serra do Sol, com 23% do total. 

O porta-voz do Greenpeace Brasil Rômulo Batista explica que vários fatores levaram ao recorde de fogo observado no bioma neste início de ano, com destaque para a crise do clima e o aumento global das temperaturas.

“É difícil apontarmos um único fator para o aumento vertiginoso dos focos de queimadas na Amazônia e em Roraima em 2024, mas é preciso lembrar que, no ano passado, a crise climática foi classificada pelos cientistas como a principal causa da seca na região. Não por coincidência, acabamos de sair do ano mais quente registrado na História, 2023, e ainda enfrentamos efeitos intensos do fenômeno El Niño”, diz Batista.

Além dos fatores ambientais, Batista destaca ações dos governos que têm contribuído para o recorde de queimadas na Amazônia e em Roraima.

“O número alto de queimadas na Amazônia também pode estar relacionado com a paralisação nas ações de fiscalização e controle do Ibama, assim como com as licenças para queimadas em Roraima, concedidas pelo governo estadual durante o período de estiagem. Ainda é preciso considerar programas de prevenção a incêndio florestais e queimadas insuficientes, com poucas pessoas, recursos e materiais, o que se torna ainda mais grave num momento de crise climática, em que cientistas prevêem um aumento tanto na quantidade, quanto intensidade de secas na Amazônia”, afirma Batista.

Roraima: verão amazônico não acabou

Apesar dos dados alarmantes já registrados em Roraima, o porta-voz alerta que os focos de calor no estado costumam ser historicamente piores em março.  

“Roraima, que tem nos meses de dezembro a abril o seu verão amazônico, caracterizado por menos chuva e maior temperatura, também passa por um longo período de estiagem. Janeiro, por exemplo, registrou apenas 14% da média de chuvas entre 1990-2020 e fevereiro 25% da média do mesmo período”, afirma Batista. 

Alerta de incêndio grave ao pesquisar pela região no Google. Data pesquisa: 05/03/24. – https://www.google.com/maps/@2.4195016,-61.6823745,10z/data=!3m1!4b1!4m2!21m1!1s%2Fg%2F11vr0sbdqt!5m1!1e8?entry=ttu
Data da pesquisa – 05/03/24 – Google/Fonte: via satélites.

Vale lembrar que o período conhecido como verão amazônico é de julho a outubro, mas, em Roraima, ele vai de dezembro a abril.

Com informações: Greenpeace / Foto: Agência Brasil.

Featured Image

Área queimada no Brasil aumentou 248% em janeiro de 2024, estima pesquisa

O Monitor do Fogo, do MapBiomas, calculou o aumento em relação ao mesmo mês de 2023; o bioma mais afetado foi a Amazônia, seguido pelo Pantanal

Em janeiro de 2024, foram queimados 1,03 milhão de hectares no Brasil — um aumento de 248% em relação ao mesmo mês do ano passado, que contabilizou 287 mil hectares queimados. Os dados são da plataforma Monitor do Fogo, do MapBiomas.

O Monitor do Fogo é um mapeamento mensal com dados a partir de 2019 que mostra a extensão e a localização de áreas queimadas. Ele se baseia em mosaicos mensais de imagens multiespectrais do satélite Sentinel-2.

Embora janeiro de 2023 tenha apresentado uma diminuição das queimadas em relação a 2022, o problema voltou a aumentar no primeiro mês de 2024, quando o tamanho do total queimado foi comparável a 10 estados do Sergipe — um aumento de 266% em relação a dezembro do ano passado.

Amazônia em chamas

Do total de área queimada no Brasil em janeiro de 2024, 91% está localizado no bioma amazônico, que foi o bioma mais afetado pelo fogo no período. O segundo bioma mais atingido foi o Pantanal, com 40.626 hectares.

“É normal que a Amazônia lidere em disparada a área queimada no início do ano por conta da estação seca de Roraima acontecer justamente nesse período”, conta Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas Fogo, em comunicado. A proximidade de Roraima com a Linha do Equador resulta em uma estação seca que dura de dezembro a abril.

Estados e vegetação mais atingidos

Os três estados com maior área queimada em janeiro de 2024 foram Roraima (representando 40% do total), Pará (30%) e Amazonas. Em Roraima, o aumento de áreas queimadas foi de 250% em comparação a janeiro do ano anterior.

Já os tipos de vegetação mais afetados pelo fogo foram formações campestres, que representam 95% do total queimado em Roraima; e florestas e pastagens (41% e 49%, respectivamente, das queimadas no Pará).

Neste ano de 2024, a região de Roraima ficou “ainda mais inflamável”, segundo Alencar, devido ao agravante da seca extrema, que retardou e diminuiu a quantidade de chuva.

Informações: Revista Galileu.

Featured Image

2023, um ano devastador de incêndios florestais

Os incêndios florestais em 2023 destruíram quase 400 milhões de hectares, ceifaram 250 vidas e liberaram 6,5 bilhões de toneladas de CO2 na atmosfera.

O continente americano viveu este ano uma temporada recorde de incêndios florestais com cerca de 80 milhões de hectares queimados até 23 de dezembro, e 10 milhões de hectares a mais do que a média anual entre 2012 e 2022, segundo o Sistema Global de Informação sobre Incêndios Florestais (GWIS, na sigla em inglês).

Somente no Canadá, 18 milhões de hectares foram devastados.

No Brasil, a área de hectares queimados este ano era de 27,5 milhões até 23 de dezembro, abaixo da média da década 2012-2022 (31,5 milhões), de acordo com dados do GWIS.

O Pantanal, a maior área úmida do mundo, foi atingido por incêndios recordes em novembro, com cerca de 4.000 focos, nove vezes a média histórica para este mês, segundo imagens de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Estes incêndios, muitos deles alimentados pelo tempo seco e quente causado pela mudança climática, revelaram-se “incontroláveis” e “a política de extinção foi ineficaz”, disse à AFP Pauline Vilain-Carlotti, doutora em geografia e especialista na questão.

“Não temos mais condições de enfrentá-los com nossos meios humanos de luta. Daí a importância de atuarmos na prevenção”, acrescenta.

Sobremortalidade

Noventa e sete mortos e 31 desaparecidos nos incêndios no Havaí em agosto, 34 mortos na Argélia, pelo menos 26 na Grécia. Este foi o ano mais mortal do século XXI, com mais de 250 mortes, de acordo com a Emergency Events Database (EM-DAT) da Universidade católica de Leuven, na Bélgica.

“Uma sobremortalidade que corre o risco de aumentar nos próximos anos”, com incêndios “que estão perigosamente próximos dos espaços urbanizados”, afirma Vilain-Carlotti.

Este ano, além das áreas comumente expostas como a bacia do Mediterrâneo, a América do Norte e a Austrália, outros locais, até agora mais bem preservados — como o Havaí ou Tenerife — sofreram danos significativos.

6,5 bilhões de toneladas de CO2

Quanto mais os incêndios se multiplicam, menos tempo a vegetação terá para voltar a crescer, e mais florestas podem perder sua capacidade de absorver dióxido de carbono (CO2).

“Estudos recentes estimam que os incêndios reduzem o armazenamento de carbono em aproximadamente 10%”, explica Solène Turquety, pesquisadora do Laboratório de Atmosferas,Mídia e Observações Espaciais (Latmos, na sigla em francês).

Ao ser atingida pelo fogo, as árvores liberam na atmosfera todo o CO2 que armazenaram.

Desde o início do ano, os incêndios florestais emitiram quase 6,5 bilhões de toneladas de dióxido de carbono, de acordo com o GWIS, frente aos 36,8 bilhões da utilização de combustíveis fósseis e de cimento.

Ao todo, cerca de 80% do carbono gerado pelos incêndio florestais é absorvido pela vegetação que volta a crescer na estação seguinte. Os 20% restantes contribuem para o aumento da acumulação de CO2 na atmosfera, alimentando o aquecimento global em uma espécie de ciclo.

Efeito imediato na saúde

Além do dióxido de carbono, os incêndios florestais e da vegetação liberam partículas nocivas, desde o monóxido de carbono até uma série de gases ou aerossóis (cinzas, fuligem, carbono orgânico, entre outros).

“Estas emissões alteram a qualidade do ar em centenas de quilômetros em caso de incêndios intensos”, explica Turquety, destacando um “efeito imediato na saúde” que se soma à “destruição de ecossistemas, bens e infraestruturas”.

De acordo com um estudo publicado em setembro na revista Nature, as populações dos países mais pobres, principalmente da África Central, estão muito mais expostas à poluição atmosférica causada por estes incêndios do que as dos países desenvolvidos.

O caso africano

A África é o continente com mais hectares de queimadas desde o início do ano (cerca de 212 milhões), mas para Vilain-Carlotti não se deve “dar muito peso a estes incêndios africanos”, pois tal número não reflete “grandes incêndios florestais”.

A especialista explica que a maioria destes focos são em áreas agrícolas, uma prática que “não é particularmente prejudicial para os espaços florestais porque é feita de forma controlada” e rotativa.

Embora afetem a fauna e flora locais, em médio prazo “as árvores voltam a crescer novamente, permitindo o rejuvenescimento da vegetação e um aumento da diversidade da flora”, acrescenta.

O potencial de regeneração das superfícies queimadas depende da frequência dos incêndios em uma mesma área e da intensidade dos mesmos.

Informações: IstoÉ.

Anúncios aleatórios

+55 67 99227-8719
contato@maisfloresta.com.br

Copyright 2023 - Mais Floresta © Todos os direitos Reservados
Desenvolvimento: Agência W3S