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I Summit de Mudanças Climáticas e Incêndios Florestais debate o tema em Itu-SP

Realizado nos dias 27 e 28 de junho, o evento trouxe uma programação robusta para promover o diálogo e a colaboração entre países e organizações sobre as melhores práticas no combate a incêndios florestais e na mitigação das mudanças climáticas

O Brasil registrou um nú­mero recorde de incên­dios florestais de janeiro a abril, com mais de 17 mil focos identificados no período, mais da metade deles concentrados na re­gião da Amazônia. O Ministério do Meio Ambiente atribuiu o aumento das quei­madas, que são uma técnica amplamente utilizada pelo agronegócio para aumentar a superfície explorável, aos efeitos das mudanças climáticas, incluindo as secas. No total, 17.182 incêndios foram registra­dos nos primeiros quatro meses do ano, segundo imagens de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), disponibilizadas neste primeiro semestre de 2024, um aumento de 81% em rela­ção ao mesmo período de 2023.

E para falar sobre o tema, foi realiza­do nos dias 27 e 28 de junho, o I Summit Mudanças Climáticas e Incêndios Flores­tais, no Itu Plaza Hotel, em São Paulo, com uma programação robusta para pro­mover o diálogo e a colaboração entre países e organizações para compartilhar as melhores práticas e lições aprendidas no combate a incêndios florestais e na mitigação das mudanças climáticas. O evento visou estabelecer metas ambicio­sas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, proteger ecossistemas vul­neráveis e fortalecer a resiliência às mu­danças climáticas e aos incêndios flores­tais. Será uma significativa oportunidade de contribuições entre a sociedade civil e setores deste cenário. Patrocinado pela Guarany, Suzano e USAID, com organi­zação do Green Rio e com apoio de diver­sos parceiros, mais de 200 participantes estiveram presentes nesta primeira edi­ção, que abordou o tema “Encontrando soluções para prevenir e combater incên­dios”, promovendo discussões sobre a importância do investimento, até pesqui­sa e desenvolvimento de tecnologias ino­vadoras para prever, monitorar e comba­ter incêndios florestais, bem como para desenvolver soluções de baixo carbono para reduzir o aquecimento global.

De acordo com Alida Bellandi, CEO do Grupo Guarany e organizadora do even­to, o objetivo do Summit é esclarecer primeiramente sobre a gravidade e o caráter emergencial dos incêndios, com impacto na vida e na saúde humana, além do meio ambiente, com grandes prejuízos de toda ordem. Mas, princi­palmente, gerar um documento com as principais conclusões e recomendações das conferências, para nortear políticas públicas e privadas, no que concerne à prevenção, mitigação, combate aos incêndios florestais e de interface, bem como da recuperação dos biomas. Assim, também visa dar a devida dimensão da relevância e da transcendência dos temas a serem discutidos para os vários stakeholders, bem como, aproximar as empresas participantes da comunidade científica internacional, da mesma forma das instituições governamentais, para estimular o diálogo e a cooperação com o setor privado: “Na última Conferência Mundial, percebemos que os setores privados estavam muito alienados das grandes instruções referentes às mudanças climáticas e os incêndios florestais. A idealização desse evento visa aproximar o setor privado com a comunidade científica internacional e as entidades e instituições competentes no Brasil. Trouxemos um grupo de especialistas que eu acho de ‘dream team’ porque são grandes autoridades nacionais e internacionais e os melhores da área”.

Alida Bellandi, CEO do Grupo Guarany
e idealizadora do evento.

No dia 27, o evento dividiu-se em quatro painéis, iniciando com a visão global dos incêndios e a cooperação internacional. A abertura se deu com o professor Johann Georg Goldammer, diretor do Centro Global de Monitoramento de Incêndios da Alemanha, que realizou uma palestra-magna com o tema da governança integrada do manejo do fogo com paisagens naturais e culturais, numa perspectiva global e latino-americana.

Em seguida, Tiago Oliveira, presidente do conselho diretivo da Agência de Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF); Flávia Leite, coordenadora-geral do Prevfogo do IBAMA e Pieter Van Lierop, ofi­cial florestal regional da Food and Agri­culture Organization (FAO), se reuniram para falar sobre a cooperação entre Por­tugal e Brasil no entendimento dos in­cêndios Tropicais e do Mediterrâneo.

Para falar sobre o apoio na gestão de incêndios florestais na América Latina e no Caribe, estiveram presentes Rolando Pardo Vergara, Chefe do Departamento de Prevenção de Incêndios Florestais da Corporação Florestal Nacional  do Chile (CONAF); Patricio Sanhue­za, coordenador das reuniões da Rede Latino Americana de incêndios florestais e representação dos países latinoameri­canos; Mariana Senra de Oliveira, analista ambiental do Prevfogo do IBAMA; Guiller­mo Defossé, secretário de Ciência e Tec­nologia de Chubut – província argentina e a moderação de Pieter Van Lierop. Para debater sobre o Centro de Moni­toramento Ambiental e Manejo do Fogo (CeMAF) na América do Sul, reuniram-se o Prof. Marcos Giongo, coordenador do CeMAF; Prof. Antônio Carlos Batista, responsável pelo Laboratório de Incêndios Florestais da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a moderação de Domingos Xavier Viegas, pesquisador da Universidade de Coimbra.

No segundo painel, o assunto foi as experiências de prevenção e combate nos vários biomas brasileiros. O coronel do Corpo de Bombeiros do Mato Grosso, Paulo Barroso, esteve presente para falar sobre a ameaça no Pantanal. Já o João Paulo Morita, coordenador de Manejo Integrado do Fogo do ICMBio e Rodrigo Belo, gerente de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais do Instituto Estadual de Florestas (IEF), falaram sobre incêndios em parques nacionais e estaduais. Por fim, Ane Alencar, geógrafa premiada e coordenadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) no Pará e a moderação de Carlos Pontes, do Instituto Estadual do Ambiente (INEA- RJ), trouxeram o tema dos incêndios em florestas tropicais com foco em bioma amazônico.

O terceiro painel trouxe a relevância do setor florestal na economia, onde o embaixador José Carlos Fonseca Jr., representando a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ) e a Associação Brasileira de Embalagens de Papel, falou sobre o panorama do setor privado no Brasil. O debate sobre a visão europeia, a transformação do conhecimento em valor e um novo modelo de interface entre a academia e o setor privado, ficou por conta de Carlos Fonseca, chefe do escritório de tecnologia da ForestWISE Portugal e a moderação de Cristiano Vargas, coordenador da Defesa Civil na Prefeitura Municipal de Várzea Paulista. Finalizando o painel, Douglas Guedes de Oliveira, gerente de Inteligência Patrimonial da Suzano; José Baptista, gerente de silvicultura no Grupo Eucatex; Jozebio Gomes, Coordenador de Competitividade e Projetos Florestais na Eldorado Brasil Celulose S.A e a moderação de Cristiano Vargas, trouxeram o papel das empresas da preservação das florestas e os cases de sucesso, contribuindo na redução de focos e o trabalho com as comunidades locais.

No quarto e último painel, que tratou sobre a importância da cadeia, ou seja, as empresas produtoras de equipamen­tos, insumos, monitoramentos, novas tecnologias e treinamentos de brigadas, o grupo composto por Mark Siem, da Pe­rimeter Solutions EUA; Cândido Simões, gerente da divisão de incêndios florestais da Guarany; Humberto Eufrade, da Im­pacto – Equipamentos e Máquinas; Osmar Bambini, Co-fundador da umgrauemeio – climatech brasileira, pioneira, certifica­da como B Corporation e a moderação de Paulo Cardoso, jornalista e fundador do Mais Floresta, falaram sobre a indústria. Já a importância da ciência aplicada ao setor florestal, reuniu Erich Gomes Schait­za, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA); José Otávio Brito, diretor-executivo do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais – IPEF e a moderação de Paulo Cardoso. Para falar sobre o treinamento de brigadas, Maria Luisa Alfaro, gestora do programa USAID na América Latina e Caribe no Sistema de Comando de Incidentes e Manejo integrado do Fogo; Paulo José de Souza, especialista em Gestão de Risco de Desastres na USAID/  DRMS Brasil; Sérgio Delgado, especialista em novas tecnologias para combate de incêndios da Delace Corp Panamá e a moderação do Prof. Erwing Hugo Ressel Filho, do departamento de engenharia florestal da Universidade de Blumenau – FURB, reuniram-se para o debate.

Por fim, a Dra. Thelma Krug,  matemática, cientista e considerada uma das maiores autoridades mundiais na pesquisa do clima e florestas, presidente da OMM (Organização Meteorológica Mun­dial) , atuou no  Painel Inter­governamental sobre Mudança do Clima (IPCC), fez uma palestra de encerramento sobre a íntima relação entre as mudanças climáticas e os incêndios florestais.

Dia 28 de junho por iniciativa dos idealizadores, com os conferencistas ainda presentes se reuniram para avaliar o evento e trabalhar na elaboração de um documento com as conclusões e recomendações, cujo objetivo é nortear as politicas publicas e empresariais com relação aos temas tratados. Além disso, convi­dados puderam realizar uma visita exclu­siva à Eucatex, que apresenta uma ampla variedade de itens para a construção civil, indústria moveleira e revenda madeirei­ra, conhecido por desenvolver produtos que oferecem opções práticas e criativas, a partir de pesquisas, com tecnologia de ponta e respeito ao meio ambiente.

Com o objetivo de ser mais próxima do meio onde está instalada, a Eucatex desenvolve diversas ações para disse­minar conceitos sobre a preservação do meio ambiente e a importância do manejo responsável das florestas plan­tadas, além de promover o crescimen­to e integração social nas comunidades e regiões onde a Eucatex está inserida. Além disso, maneja plantações florestais para a produção de madeira de Eucalipto para o abastecimento das Unidades Fa­bris. O manejo das plantações objetiva produzir florestas de alta produtividade a custos competitivos, buscando sempre a melhoria contínua do processo. Adota padrões e procedimentos que conside­ram cuidados ambientais para a conser­vação e preservação das áreas nativas em suas áreas de atuação, além do bem estar social dos colaboradores e das co­munidades do entorno.

Também, foi promovido o Curso de Investigação de Incendios Florestais ministrado pelo Prof. Erwin Hugo Ressel Filho, Engenheiro Florestal, Perito Judiciário Federal, Ex-Presidente da ACEF, Professor DEF/FURB, Mestre em Engenharia Florestal (PPGEF/UFSM) e Doutorando em Engenharia Florestal (PPGEF/UFPR).

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Fumaça encobre Amazônia e coloca Brasil com 5° pior ar do mundo; veja lista de cidades

Cenário fez com que voos com destino a Porto Velho, em Rondônia, tivessem de ser desviados ou cancelados; Ministério do Meio Ambiente diz que R$ 405 milhões foram destinados ao combate às queimadas

Em meio à seca dos rios que já afeta a região, cidades da Amazônia agora sofrem, pelo segundo ano consecutivo, com a fumaça oriunda de queimadas ilegais no bioma. O cenário colocou o Brasil, na tarde desta quinta-feira, 15, como o quinto país com o ar mais poluído do mundo. O monitoramento internacional é feito pela plataforma World’s Air Quality Index (WAQI), que cataloga a qualidade do ar no mundo desde 2007.

Conforme o levantamento, o primeiro lugar no ranking é ocupado pelo Canadá, que enfrenta uma crise de incêndios florestais e marcava, até a tarde desta quinta-feira, uma média de 174 µg/m³ (miligrama por metro cúbico) de material particulado no ar. O valor considerado aceitável é de até 50 µg/m³. Já o Brasil ficou com uma média de 150 µg/m³, três vezes acima do limite ideal.

O Ministério do Meio Ambiente e da Mudança Climática informou que os incêndios florestais no Brasil e em outros países da região amazônica são intensificados “pela mudança do clima e por um dos El Niños mais fortes da história, que causou estiagens prolongadas em diversas áreas do bioma”. A pasta também destaca que o governo federal articula a resposta aos incêndios junto com os Estados e disponibilizou R$ 405 milhões do Fundo Amazônia para apoiar os Corpos de Bombeiros na Amazônia (leia mais abaixo).

Conforme a World’s Air Quality Index, dos dez municípios com a pior qualidade de ar do Brasil, oito estão localizados na Amazônia. São eles:

  • Porto Velho (228 µg/m³) – Rondônia
  • Guajará-Mirim (172 µg/m³) – Rondônia
  • Rio Branco (176 µg/m³) – Acre
  • Sena Madureira (158 µg/m³) – Acre
  • Cruzeiro do Sul (134 µg/m³) – Acre
  • Humaitá (173 µg/m³) – Amazonas
  • Tabatinga (150 µg/m³) – Amazonas
  • Tefé (114 µg/m³) – Amazonas

Os outros dois municípios que integram o ranking são: Corumbá (110 µg/m³), no Pantanal do Mato Grosso do Sul, e Cubatão (133 µg/m³), em São Paulo.

A fumaça tóxica nas cidades está associada ao aumento de queimadas ilegais na região amazônica. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que, em 14 dias de agosto, a Amazônia somou 14.388 focos de calor, sendo a maioria associados a queimadas ilegais. O número é 25,8% maior que o total de focos registrado em julho (11.434).

O cenário fez com que três voos com destino a Porto Velho, em Rondônia, tivessem de ser desviados para outros Estados e outros quatro fossem cancelados, na madrugada desta quinta-feira.

Cenário crítico em  Manaus

A capital do Amazonas também enfrenta um cenário crítico com a fumaça. Na última segunda-feira, 12, os níveis estavam em uma média de 167 µg/m³, três vezes mais do que o ideal. A qualidade do ar melhorou ao longo dos dias seguintes em razão de dois temporais nas madrugadas de terça, 13, e quarta-feira, 14.

Ainda assim, o temor é que o cenário volte, já que as queimadas continuam em alta. Somente na quarta, 14, o Inpe identificou 580 focos de calor no Amazonas, o recorde no mês.

A condição afeta especialmente pessoas que precisam estar mais tempo ao ar livre ao longo dia. O arquiteto e urbanista Davi Verçosa, 26 anos, diz que o cenário tem prejudicado os trabalhadores da construção civil.

“Eu estava bem e levou dois dias de fumaça para que eu começasse a ter coriza todos os dias, espirros e coceira na garganta. Tenho rinite e sinusite e fiquei ‘atacado'”, relata.

Retomada do uso de máscaras

Em publicação na última terça-feira, a Fiocruz Amazônia orientou a população a retomar o uso de máscaras em meio à piora da qualidade do ar. O texto traz orientações do epidemiologista Jesem Orellana e faz um alerta sobre como a fumaça tóxica pode agravar condições preexistentes de saúde e até afetar o emocional da população.

Ao Estadão, o pesquisador explicou que a fumaça carrega micropartículas nocivas à saúde, em especial ao sistema respiratório. “A experiência de inalar um ar de má qualidade, além de ser desconfortável pelo odor, pode permitir a entrada e o acúmulo de micropartículas nas vias aéreas, incluindo os pulmões e outros tecidos, órgãos do corpo humano”, afirma.

“Esses contaminantes geram reação inflamatória e podem até prejudicar nossa resposta imunológica. Entre os efeitos mais comuns estão a tosse seca, sensação de falta de ar, irritação dos olhos e garganta, congestão nasal e alergias na pele. Doenças preexistentes podem ser agravadas, como rinite, asmas, bronquite, doença pulmonar obstrutiva crônica ou mesmo a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)”, explica o cientista.

R$ 405 milhões do Fundo Amazônia

O Ministério do Meio Ambiente e da Mudança Climática informou que os incêndios florestais no Brasil e em outros países da região amazônica são intensificados “pela mudança do clima e por um dos El Niños mais fortes da história, que causou estiagens prolongadas em diversas áreas do bioma”.

Segundo a pasta, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) atuam, em toda a Amazônia, com 1.621 brigadistas.

“Os institutos operam prioritariamente em áreas federais, como assentamentos, Terras Indígenas e Unidades de Conservação. Também apoiam o combate em outras áreas, onde o combate é responsabilidade prioritária dos estados”, pontua o MMA.

O governo destaca a queda do desmatamento como um dado positivo, embora os alertas de queimadas, comuns ao segundo semestre do ano, estejam em alta. “Com a retomada da governança ambiental na atual gestão, a área sob alertas de desmatamento no bioma caiu 45,7% de agosto de 2023 a julho de 2024 em comparação com os 12 meses anteriores, segundo dados do sistema Deter, do Inpe”, diz a nota.

A pasta também destaca que o governo federal articula a resposta aos incêndios junto com os Estados e disponibilizou R$ 405 milhões do Fundo Amazônia para apoiar os Corpos de Bombeiros na Amazônia.

Informações: Terra / Imagem: divulgação: Agência Brasil.

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Estudo aponta razões de queimadas no Pantanal

Segundo estudo, alterações climáticas aumentaram as condições de seca, calor e vento no Pantanal, resultando em queimadas catastróficas

As mudanças climáticas intensificaram em 40% as condições propícias a secas, calor extremo e ventos fortes no Pantanal, fatores que contribuem para os incêndios devastadores que atingem a região neste ano. Um estudo divulgado na última quinta-feira, 8, pela rede internacional de cientistas World Weather Attribution (WWA) destaca que as ações humanas aumentaram de quatro a cinco vezes a probabilidade de queimadas catastróficas, especialmente no mês de junho, usado como base para a análise.

A cidade de Corumbá (MS) foi palco de um cenário perturbador em junho, enquanto se preparava para as festividades juninas. Um vídeo da celebração do Arraial do Banho de São João, com chamas consumindo a vegetação ao fundo, viralizou, ilustrando a gravidade da situação, registrou reportagem da Folha de S. Paulo.

Segundo Filippe Lemos Maia Santos, cientista brasileiro participante do estudo que falou ao jornal paulista, incêndios de grandes proporções estão se tornando comuns no bioma. A área alagada do Pantanal está diminuindo, e com o aumento das temperaturas, a vegetação se torna mais seca e inflamável, criando um ambiente propício para incêndios.

Condições favoráveis para queimadas

Esses fatores combinados criaram condições perfeitas para incêndios florestais de grandes proporções, pois a vegetação seca se torna altamente inflamável e as condições meteorológicas são favoráveis à propagação rápida das chamas“, afirmou Santos. A temporada de seca ainda não atingiu seu pico, o que sugere que a situação crítica pode persistir nos próximos meses. Tradicionalmente, o auge das queimadas ocorre em setembro, mas em 2024, a temporada de fogo começou mais cedo.

Para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, os cientistas enfatizam a necessidade urgente de substituir combustíveis fósseis por energias renováveis, além de reduzir o desmatamento e reforçar as proibições de queimadas controladas. Essas medidas são essenciais para enfrentar o impacto dos incêndios florestais, que afetam comunidades indígenas e agricultores.

A atribuição climática busca determinar a influência do aquecimento global em eventos climáticos extremos. O grupo WWA é pioneiro nessa área, realizando estudos rápidos com a participação de cientistas globais. Inicialmente, verificam se o evento foi extremo em comparação a registros históricos. Depois, utilizam um método revisado por pares para comparar cenários “com e sem” a influência humana no aquecimento global.

Eventos extremos fazem parte da variabilidade climática natural, mas é possível modelar cenários com a variável das emissões de gases de efeito estufa, que aumentaram significativamente desde a Revolução Industrial.

Antes das mudanças climáticas, as condições observadas em junho eram extremamente raras, esperadas apenas uma vez a cada 161 anos. Agora, são quase cinco vezes mais prováveis, ocorrendo cerca de uma vez a cada 35 anos. Se o aquecimento global alcançar 2°C, essas condições se tornarão 17% mais intensas e ocorrerão em média uma vez a cada 18 anos.

Pantanal em transformação

À medida que as emissões de combustíveis fósseis aquecem o clima, o Pantanal está esquentando, secando e se transformando em um barril de pólvora. Isso significa que pequenos incêndios podem rapidamente se transformar em devastadores“, explica Clair Barnes, pesquisadora do Instituto Grantham do Imperial College de Londres.

Os incêndios no Pantanal começaram no final de maio, mais cedo que o normal, após uma temporada de chuvas extremamente fraca. De janeiro até esta terça-feira, 6, o bioma registrou 6.655 focos de calor, um aumento de 1.973% em comparação com o mesmo período do ano passado, que teve 321 focos, segundo o programa BDQueimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O acumulado atual supera também o de 2020, considerado o ano mais crítico, quando 30% do bioma foi consumido pelo fogo.

O Ministério do Meio Ambiente informou que a área queimada no Pantanal, este ano, varia entre 1.027.075 e 1.245.175 hectares, cerca de 6,8% a 8,3% do território total do bioma, conforme análise do Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Informações: O Antagonista.

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Em homenagem a brigadistas, prédio de Fortaleza recebe mural com tinta feita de cinzas de queimadas florestais

As tintas foram produzidas ao longo de 2021 pelo artista Mundano. Ele fez uma expedição por todo o Brasil para coletar o material e vivenciar o dia a dia dos brigadistas

Um prédio do conjunto residencial Alto da Paz, localizado no bairro Cais do Porto, em Fortaleza, ganhou um mural de graffiti na terça-feira, 6, em homenagem aos brigadistas florestais que combatem as queimadas no Brasil. As tintas utilizadas na obra foram feitas a partir das cinzas de florestas queimadas no País.

A ação faz parte do Festival Paredes Vivas – Edição Cinzas da Floresta, que está desenvolvendo ações de educação artística e socioambiental em cinco capitais do Brasil: Campo Grande, Fortaleza, Goiânia, Belém do Pará e São Paulo.

“O trabalho dos brigadistas, muitas vezes, é um trabalho invisível. A gente escuta falar do fogo, mas não escuta falar quem controla ele. Então, com o projeto, a gente quer trazer luz aos brigadistas florestais e incentivar as pessoas a valorizarem o trabalho deles”, destaca Bea Mansano, produtora executiva do festival.

As tintas foram produzidas ao longo de 2021 pelo artista Mundano. Ele fez uma expedição por todo o Brasil para coletar o material e vivenciar o dia a dia dos brigadistas. Parte do processo de fabricação das tintas foi registrado no documentário “Cinzas da Floresta”, que será exibido para alunos de escola pública.

“A gente entende que a arte é uma ferramenta de comunicação e transformação. Através de pinturas, murais, que também estão sendo realizados em escolas, e oficinas, a gente [consegue] usar as cinzas como uma ferramenta de comunicação”, pontua Bea.

“A transformação começa por aí, com a comunicação. Não só com a temática, mas também com o material. Quando a gente fala das cinzas, a gente fala de árvores queimadas, dos animais, de um monte de vida que foi perdida ali”, continua.

De acordo com Dinha Ribeiro, artista responsável pela obra, o mural levou dois dias e meio para ser concluído. “Todos [os desenhos] foram baseados em brigadistas reais que estão realmente fazendo a linha de frente, se dedicando e abdicando de suas vidas para uma coisa que é tão importante para a gente: a natureza.

“Foi a partir desse trabalho que eu entendi o quão importante é a gente também ter outros conhecimentos. [As queimadas] Também nos influenciam. Percebi o quanto é importante levar essa questão ambiental para lugares que não [sofram] diretamente com as situações. É importante a gente estar por dentro de tudo”, adiciona.

Além dos murais, o festival também realiza oficinas de arte e educação socioambiental para alunos de escolas públicas. As aulas ocorrem em dois dias: na sexta-feira, 9, e no sábado, 10. Parte das atividades são na EEMTI Matias Beck, localizado no bairro Vicente Pinzón.

“No primeiro dia, a gente exibe e [debate] o filme ‘Cinzas da Floresta’. Um momento para a gente se conhecer, conhecer o projeto e já pensar em algumas artes para produzir no sábado“, explica Gabriel Pig, artista visual que será responsável pelas atividades. Berim, outro artista, também vai participar da ação.

No primeiro semestre de 2024, o Brasil bateu recorde de queimadas. Foi o maior número de incêndios registrados desde 1988, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) iniciou o monitoramento.

De acordo com dados da última Coleção MapBiomas Fogo, lançada em 18 de junho, um em cada quatro hectares do Brasil pegou fogo nas últimas quatro décadas. Em 2023, a área queimada no País foi equivalente à metade do território da Bélgica. Na caatinga, bioma predominante no Ceará, 3.242 focos de queimadas foram registrados. O número é 147% maior do que nos anos anteriores.

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Número de queimadas na Amazônia em 2024 já é o maior para o período em quase duas décadas

É esperado um alto índice de desmatamento e queimadas na Amazônia entre julho e outubro, época onde a maioria dos estados passa pelo chamado “verão amazônico”

Com 20.221 focos de calor registrados de 01 de janeiro a 24 de julho de 2024, os registros de fogo na Amazônia nos sete primeiros meses do ano já são o maior para o período desde 2005, segundo dados do sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Além de um recorde em quase 20 anos, o fogo registrado na Amazônia nos sete primeiros meses do ano teve um aumento de 43,2% em relação ao mesmo período de 2023 (14.116 focos de calor).

O especialista em campanhas do Greenpeace Brasil, Rômulo Batista, vê com especial atenção o mês de julho de 2024, que, a uma semana para o final do mês, já supera o total registrado em julho do ano passado: enquanto foram registrados 5.772 focos de calor de 01 a 31 de julho de 2023 na Amazônia, o período de 01 a 24 de julho deste já soma 6.732 focos.

“O registro de fogo até 24 de julho já superou o total observado para todo o mês de julho do ano passado. Além disso, somente nos últimos dois dias, 23 e 24, foram mais de mil focos de calor”, alerta Batista.

Nos dias 23 e 24 de julho, a Amazônia teve 1.318 focos de calor. Para se ter noção da quantidade de fogo, esses dois mesmos dias no ano passado registraram 671 focos, um aumento de 96%. Em 2022, tais dias tiveram 399 focos.

Rômulo lembra que, historicamente, é esperado um alto índice de desmatamento e queimadas na Amazônia entre julho e outubro, época onde a maioria dos estados passa pelo chamado “verão amazônico”, caracterizado pela diminuição da chuva e da umidade relativa do ar e do aumento da temperatura, o que deixa a vegetação mais seca e sujeita ao fogo.

Saiba mais: “Verão amazônico”: entenda as origens do fenômeno e suas consequências

“Mas, considerando que ainda não chegamos ao fim de julho e que ainda temos mais três meses de verão amazônico, a situação do fogo e da seca é de extrema preocupação na Amazônia”, explica Batista.

Parque Estadual Guajará-Mirim, em Rondônia, no dia 21 de julho. O local registra um terço dos focos de calor registrados em unidades de conservação na Amazônia este ano.

“A melhor forma de combater o fogo é evitar que ele comece, pois, uma vez começado, ele se alastra e forma grandes queimadas, como estamos vendo acontecer. A Amazônia precisa de um planejamento sistemático do bioma, que passa por continuar combatendo o desmatamento e atingir o Desmatamento zero o quanto antes, mas também precisamos atuar fortemente na prevenção, no manejo integrado do fogo e criar verdadeiros batalhões de combate a queimadas e incêndios de biomas naturais que sejam estruturados, bem pagos e equipados para esse combate. Locais com difícil acesso, como no Pantanal e na Amazônia, precisam que o Brasil invista em um esquadrão de combate ao fogo, inclusive com aviões de grande porte dando suporte a esse combate. Não adianta termos somente brigadistas em parte do ano na Amazônia”, completa o porta-voz.

Múltiplos fatores

Vários fatores contribuíram para o aumento do fogo na Amazônia em 2024: a região está mais seca, o que está intimamente relacionado às mudanças climáticas e foi potencializada pelo fenômeno El Niño. 

“Acabamos de passar pelo ano mais quente já registrado nos últimos 100 mil anos e em junho completamos 13 meses consecutivos de temperaturas recordes mensalmente. Quanto maior a temperatura, mais vulnerável a floresta e mais sujeita a queimadas ela está”, explica.

Batista também aponta que a paralisação dos servidores do Ibama, devido às justas reivindicações salariais e reestruturação de carreiras, pode gerar a sensação adicional de impunidade.

“Somado ao contexto atual de paralisação do Ibama, outro problema histórico é que não há rigor por parte dos governos para punir os responsáveis pelos incêndios criminosos – não adianta apenas multar quem incendeia, é necessário fiscalizar se houve o pagamento da multa, o que não ocorre na maioria dos casos. Essa leniência permite que o crime seja cometido com mais frequência, pela certeza da impunidade. É preciso empenho integrado entre o governo federal e os governos estaduais na fiscalização das queimadas no bioma”, diz Batista.

Com informações de Portal Amazônia e Greenpeace Brasil.

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Do Pantanal à Amazônia, a destruição dos biomas brasileiros está em alta

As mudanças climáticas em conjunto com a impunidade dos incêndios criminosos geram a combinação perfeita para a destruição

O primeiro semestre de 2024 foi marcado pelo aumento da incidência do fogo nos biomas brasileiros, ameaçando a sobrevivência da biodiversidade e a vida de povos indígenas e populações tradicionais. O país apresentou o maior número de focos de calor para os primeiros meses do ano desde 2004, e nesse cenário, o Pantanal e a Amazônia tiveram destaque. 

Historicamente, é esperado um alto índice de queimadas no Pantanal entre os meses de julho e outubro, porém, dados publicados pelo Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA/UFRJ) apontaram que a evolução das áreas afetadas pelo fogo foram as maiores já registradas.

Os dados do sistema ALARMES (alertas em tempo quase-real) mostram que no período de 01 de janeiro a 30 de junho de 2024, as áreas afetadas pelo fogo em comparação aos anos anteriores tiveram um aumento significativo, considerado até agora um dos mais severos das últimas décadas. Nesse período, o fogo no bioma consumiu 695 mil hectares de vegetação, o equivalente a mais de 900 mil campos de futebol, ultrapassando em mais de 2,5 vezes os dados de 2020 para o mesmo período, que foram de 265 mil hectares de vegetação.

Vários fatores contribuem para este aumento: a região está mais seca, o que está intimamente relacionado às mudanças climáticas, já que parte da água do bioma vem da região Norte do país e também é produzida pela floresta. De acordo com o SPEI Global Drought Monitor (Monitor Global de Secas SPEI), a região do Pantanal está sob regime de seca persistente de intensidade extrema a moderada pelo menos nos últimos 12 meses, conforme Figura 1.

Condições de seca persistente na região do Pantanal nos últimos 12, 6, 3 e 1 meses de acordo com o SPEI Global Drought Monitor (Monitor Global de Secas SPEI. Fonte: LASA/UFRJ

Temperaturas recordes também foram registradas no mesmo período, contribuindo para a diminuição da chuva e deixando a vegetação do bioma mais seca. Segundo levantamento publicado pelo MapBiomas Águas, o Pantanal foi o bioma que mais secou ao longo da série histórica que cobre o período entre 1985 e 2023. Em 2023, a maior planície interior úmida do planeta teve sua superfície de água anual de 382 mil hectares, ou seja, 61% abaixo da série histórica. Apenas 2,6% do bioma estava coberto por água. A rede também apontou que houve redução da área alagada e do tempo de permanência da água.

O Pantanal foi o bioma que mais secou ao longo da série histórica. Fonte: MapBiomas Águas

Os rios não atingiram a cota de inundação e a maior planície interior úmida do planeta se tornou uma espécie de tocha gigante, pronta para ser queimada, já que o material orgânico seco deste bioma pantanoso é altamente inflamável. Todo esse cenário é mais favorável à incidência do fogo. 

Outros fatores que contribuem para a situação crítica

O uso e ocupação do solo desgovernado na área do pantanal é um outro ponto que precisa ser discutido. A substituição da sua vegetação natural por gramíneas exóticas contribui de forma importante para que a dinâmica do fogo possa estar desenfreada. Vale lembrar que o pantanal, já alguns anos, vem passando por uma seca cíclica que pode ser explicada também, além dos fatores climáticos, pela destruição das principais áreas de nascentes que irrigam e enchem o bioma. As nascentes, que abastecem os rios, ficam justamente no Cerrado, que vem sofrendo a anos com o aumento do desmatamento, a falta de proteção e o desrespeito à legislação ambiental.

A melhor forma de combater o fogo é evitar que ele se alastre, forme grandes queimadas como estamos vendo acontecer e isso só é possível por meio de um planejamento sistemático para o bioma. 

“O programa do PrevFogo faz um trabalho muito importante, só que é insuficiente para o tamanho do país e para o tamanho do desafio que temos agora nesta emergência climática. A greve dos agentes ambientais, na sua justa reivindicação sobre questões salariais, reestruturação do plano de carreira, aumento de pessoal e melhora de equipamentos, leva a certeza de quase impunidade de quem está agindo e colocando fogo no bioma. As queimadas não surgem de forma espontânea ou causada por raios, e sim pela ação humana como sua principal fonte de ignição”, afirma o porta-voz do Greenpeace Brasil, Rômulo Batista.

Batista ainda ressalta que não adianta termos somente brigadistas em parte do ano. “Nós precisamos atuar fortemente na prevenção, no manejo integrado do fogo, criar verdadeiros batalhões de combate a queimadas e incêndios nos biomas de maneira estruturada, bem paga e com equipamentos para esse combate. O Brasil precisa investir em um esquadrão de combate ao fogo, com aviões de grande porte, para ter acesso aos locais difíceis dentro dos biomas como Pantanal e Amazônia.”  

*O Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) é responsável pela política de prevenção e combate aos incêndios florestais em todo o território nacional, incluindo atividades relacionadas com campanhas educativas, treinamento e capacitação de produtores rurais e brigadistas, monitoramento e pesquisa.

Onde há fogo, há alguém que lucra enquanto a sociedade e a biodiversidade pagam a conta. 

Combine esses fatores ao avanço do agronegócio sobre o Pantanal, e temos hoje um cenário ainda mais grave que o de 2020. O fogo não começa sozinho, ele comumente se inicia em alguma fazenda, quando a queima de uma pastagem ou desmatamento sai do controle. Por outro lado, não há rigor por parte do governo federal para punir os responsáveis pelos incêndios criminosos. 

Não adianta apenas multar quem incendeia o bioma, também é necessário fiscalizar se houve o pagamento da multa, o que não ocorre na maioria dos casos. É preciso acabar com o sentimento de impunidade que gera uma licença para desmatar e queimar nossos biomas para criar gado e plantar soja. Além disso, é necessário interromper com o financiamento de atividades que colocam em risco o meio ambiente, o clima, a saúde pública e a chance de sobrevivência de milhares de animais e plantas. A certeza da impunidade gera mais destruição!

Amazônia e Cerrado tiveram redução da área desmatada 

Dados do sistema Deter-B, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), divulgados nesta quarta-feira (03), indicaram que os alertas de desmatamento no primeiro semestre deste ano chegaram ao menor patamar desde 2017 para a Amazônia. Foram destruídos 1.639 km² do bioma, a menor área desde os 1.332 km² de 2017 e uma queda de 38% com relação ao ano passado. 

Outro bioma que é bastante afetado pelo agronegócio é o Cerrado. Os dados divulgados apontam que desde 2020 a destruição vinha crescendo no primeiro semestre, chegando a um recorde de 4.396 km² em 2023. Pela primeira vez em quatro anos esse índice caiu, para 3.724 km², uma redução de 15% em relação ao ano passado.

Cobre dos bancos ações mais rigorosas para quem desmata

É preciso fechar a torneirinha de dinheiro que financia a destruição dos nossos biomas e o crime ambiental. O uso do fogo criminoso deve ser responsabilizado com embargo da área, multa e impedimento de acesso a financiamentos, como o crédito rural.

No relatório “Bancando a Extinção: bancos e investidores como sócios no desmatamento”, o Greenpeace Brasil denuncia como a falta de controle adequado dos bancos na concessão de crédito rural beneficia produtores rurais envolvidos com desmatamento, grilagem e demais irregularidades socioambientais e cobra que o sistema financeiro estabeleça, entre outras ações, o monitoramento contínuo das áreas financiadas. O Banco do Brasil é um dos bancos mencionados no relatório, quem banca essas atividades também é responsável pelo problema. 

Informações: Greenpeace.

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Califórnia: quase 30 mil pessoas deixam suas casas em meio a incêndio florestal

Aproximadamente 1.200 hectares foram devastados pelas chamas que atingiram a região, enquanto o estado enfrenta uma onda de calor brutal e potencialmente histórica

Cerca de vinte e oito mil moradores foram forçados a saírem de suas casas no norte da Califórnia, nos Estados Unidos, na última terça-feira, 2, depois que um incêndio florestal rapidamente se espalhou. Aproximadamente 1.200 hectares foram devastados pelas chamas que atingiram a região, próxima à cidade de Oroville, enquanto o estado enfrenta uma onda de calor brutal e potencialmente histórica. As informações são do The Guardian.

Segundo o jornal britânico, mais de 1.400 bombeiros de todo o estado foram mobilizados para combater o incêndio, que estava em 0% de contenção na manhã desta quarta-feira, 3. Quatro bombeiros sofreram ferimentos leves, disseram as autoridades, que também confirmaram que pelo menos quatro estruturas foram destruídas. A causa do incêndio está sob investigação.

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, declarou estado de emergência nesta quarta-feira, para garantir que recursos estejam prontamente disponíveis para dar suporte à resposta e à recuperação ao incêndio.

No dia anterior, Newsom anunciou que a Califórnia garantiu um subsídio de assistência para gerenciamento de incêndios da Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (Fema), para cobrir alguns dos custos associados ao combate a incêndios. No início da semana, o governador também havia ativado o centro de operações do estado para coordenar a resposta a incêndios florestais e ao calor excessivo em toda a Califórnia.

Estado de alerta

De acordo com o The Guardian, o incêndio ocorreu quando a Califórnia já estava em alerta máximo para incêndios florestais, com altas temperaturas e ventos fortes exacerbando riscos das celebrações de 4 de julho, dia da independência dos EUA, quando o clima quente e seco se junta aos fogos de artifício. Equipes de bombeiros combatem mais de uma dúzia de incêndios que começaram desde segunda-feira no estado, que se prepara para condições cada vez mais intensas.

O jornal destaca que, a partir desta quarta-feira, 3, partes da Califórnia estarão sujeitas a níveis “extremos” de risco de calor – o nível mais alto no índice do Serviço Meteorológico Nacional dos EUA. As condições extremas podem durar até domingo ou mais e, em algumas áreas, temperaturas extremas, com risco de morte, podem permanecer por mais de uma semana.

O cientista climático Dr. Daniel Swain destacou que será uma onda de calor severa, prolongada e potencialmente recorde, que pode ter grandes impactos no estado, diz o The Guardian. Pouco alívio pode ser esperado, mesmo depois que o sol se põe. “Simplesmente não vai esfriar – nem mesmo à noite”, disse Swain.

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Incêndios podem ter degradado 9% do Pantanal nos últimos cinco anos

Levantamento sobre degração de áreas florestais é da rede Mapbiomas

Os incêndios podem ter degradado cerca de 9% da vegetação nos últimos cinco anos, segundo estimativa da rede Mapbiomas. De acordo com o levantamento, a área degradada no bioma entre 1986 e 2021 pode variar entre 800 mil (6,8%) e 2,1 milhões de hectares (quase 19%). O estudo mostra que apesar de o bioma conviver com o fogo, existem áreas que são sensíveis aos incêndios.

A iniciativa, que reúne organizações não governamentais, universidades e empresas de tecnologia para monitorar o uso da terra no país, lança nesta sexta-feira (5) uma plataforma sobre a degradação das áreas florestais. Os dados, mapas e códigos produzidos são disponibilizados gratuitamente. 

São consideradas áreas degradadas as regiões que não foram completamente desmatadas, mas que sofrem alterações significativas da composição biológica. Entre os fatores considerados pela Mapbiomas estão o tamanho e nível de isolamento dos fragmentos florestais, a frequência das queimadas, invasão por espécies exóticas e o pisoteio por rebanhos.

Incêndios

O mês de junho teve este ano a maior média de área queimada no Pantanal de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul registrada desde 2012 pela série histórica do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais, do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em apenas 30 dias, o fogo consumiu mais de 411 mil hectares do bioma, quando, na média histórica, o Pantanal costuma queimar pouco mais de 8 mil hectares.

A área atingida ficou acima, inclusive, da média histórica de setembro, quando o bioma queima, em média, 406 mil hectares. No acumulado de 2024, a área atingida chegou a 712 mil hectares nessa terça-feira (2), o que corresponde a 4,72% do bioma.

A Polícia Federal está investigando a origem do fogo em algumas situações. Segundo a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, 85% dos incêndios ocorrem em terras privadas.

Brasil

Um quarto (25%) da vegetação nativa do Brasil pode estar sujeita à degradação. O levantamento da rede Mapbiomas revelou que entre 11% e 25% das matas do país ficaram expostas a processos destrutivos entre 2021 e 1986. Os percentuais são correspondentes a área de 60,3 milhões de hectares até 135 milhões.

A Mata Atlântica é o bioma mais degradado proporcionalmente, com área entre 36% e 73% dos remanescentes de vegetação exposta aos processos de destruição, equivalente a área entre 12 milhões e 24 milhões de hectares.

Em área absoluta, o Cerrado é o bioma com maior degradação, com total que pode variar entre 18,3 milhões e 43 milhões de hectares (de 19,2% a 45,3% do que resta dessa vegetação).

A segunda maior área degradada está na Amazônia, com um total que pode variar entre 19 milhões e 34 milhões de hectares, correspondendo a algo entre 5,4% e 9,8% do bioma.

Informações: Canal Rural.

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Exclusiva – Proposta de norma para Plano de Proteção Contra Incêndios Florestais está disponível para votação no site ABNT

O PPCIF/PROJETO ABNT NBR 17190 estará disponível para consulta e votação no site oficial da ABNT até dia 27 de julho; saiba mais

Está disponível para consulta e votação no site oficial da ABNT, até 27 de julho, a proposta de norma para elaboração do Plano de Proteção Contra Incêndios Florestais – PPCIF/PROJETO ABNT NBR 17190. O texto foi desenvolvido pela Comissão de Estudo de Segurança Contra Incêndio Florestal, do Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndios (ABNT/CB-024), o projeto visa atender uma ‘lacuna’ existente no país possibilitando aos gestores ambientais, dos setores público e privado, estruturar preventivos para proteger as áreas rurais e naturais contra incêndios florestais.

O PROJETO ABNT NBR 17190 especifica os requisitos que permitem que uma organização alcance os resultados pretendidos e definidos para sua proteção contra incêndios.

“A incidência de incêndios florestais, assim como sua magnitude e severidade, aumenta a cada ano no Brasil, atingindo todos os biomas, causando danos e prejuízos sociais, econômicos e ambientais. No entanto, até o momento não foi estabelecido quais os elementos necessários para a elaboração de planos de proteção contra os incêndios florestais, e é esta lacuna que a Norma pretende preencher”, a informação é mencionada em um trecho do texto do projeto, bem como a quantidade limitada de equipamentos, recursos financeiros e humanos.

Ainda de acordo com o texto, “o Plano de Proteção Contra Incêndios Florestais – PPCIF permite reconhecer que “problemas acontecem” e que são oportunidades para o desenvolvimento do aprendizado, servindo para prevenir outros problemas semelhantes que podem acontecer no futuro,  para evitar o enfoque do conceito “o que acontece” e buscar o “porquê acontece”, e ser dinâmico, simples, prático e com a devida flexibilidade para adaptar-se mais rapidamente às novas condições com as quais  a organização pode se deparar”.

A base para a abordagem que sustenta um plano de proteção contra incêndios florestais é fundamentada no conceito Plan (Planejar) – Do (Implementar) – Check (Verificar) – Act (Corrigir). O ciclo PDCA fornece um processo interativo utilizado pelas organizações para alcançar a melhoria contínua. O ciclo PDCA pode ser aplicado a um plano de proteção contra incêndios florestais e a cada um dos seus elementos individuais.

Incêndio em área florestal atingindo estrada. Imagem: divulgação.

Em uma rotina frente a frente de combate aos incêndios frequentes que têm assolado o Pantanal de Mato Grosso, o Engenheiro Florestal e Coronel da reserva do Corpo de Bombeiros/MT, Paulo Barroso, contou exclusivamente ao Mais Floresta (www.maisfloresta.com.br), sobre as dificuldades no dia a dia de combate às chamas e a importância da votação no projeto.

Mais Floresta – Quais são as expectativas para a aprovação do ‘Plano de proteção contra incêndios florestais’?

Cel. Barroso – Nossas expectativas são as melhores possíveis. Coordenamos esse projeto integrado por mais de 50 especialistas da área, incluindo universidades, plantadores de florestas, bombeiros militares e civis, brigadistas florestais do Prevfogo e do ICMBio, Ministério do Meio Ambiente, organizações estaduais do Meio Ambiente, entidades de classe, empresas privadas que trabalham com equipamentos de combate, entre outros. Logo, pudemos contar com a experiência de profissionais de todo o território nacional na construção da norma.

Foi um trabalho incansável, que perdurou por mais de dois anos e que agora está disponível para consulta nacional e votação no site ABNT. Destaca-se a importância da participação de todos, na leitura e votação do documento, pois consiste na primeira norma brasileira na área de segurança contra incêndios florestais.

A proposta normativa é de extrema relevância, principalmente neste momento em que incêndios de grandes proporções assolam florestas do nosso país, como ocorre desde 2020 no Pantanal.

Precisamos prover a estruturação de preventivos, pois somente a rápida resposta não garante sucesso no enfrentamento aos incêndios. Sem preventivos adequados fica bastante difícil a atuação das equipes de combate.

Como tem sido atuar sem uma norma como o do Projeto em votação ABNT NBR 17190?

Cel. Barroso – Em razão da minha profissão, desde 1996 combato incêndios florestais nos três biomas mato grossense: Amazônia, cerrado e pantanal, percebemos nos últimos anos, um aumento dos incêndios de 6ª geração – aqueles que são altamente severos que podem mudar o clima e provocar e até gerar novos focos. E tem sido realmente muito difícil controlar e extinguir esta categoria de incêndios. E entendemos que atuar numa área que tenha um PPCIF (ABNT NBR 17190), que propõe a estruturação de preventivos, será menos difícil.

Analisemos a seguinte situação como um exemplo: um grande shopping center, sem toda a estrutura de segurança contra incêndio e pânico (PSCIP), que prevê estruturas preventivas e brigada contra incêndios capacitada e equipada. Se irrompe um incêndio e o shopping não possui um PSCIP. Os bombeiros são chamados. Deslocam-se até o shopping. O prédio não possui preventivos. Será extremamente difícil controlar de forma mais efetiva essa ocorrência, até mesmo evacuar o público no interior da edificação. Por esta razão a ABNT elaborou normas técnicas que recomendam a estruturação de preventivos em edificações urbanas. No caso da área urbana, para que uma edificação obtenha o habite-se, faz-se necessário o alvará emitido pelos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil que exige os respectivos preventivos para a segurança das edificações contra incêndio e pânico. 

E como no exemplo citado, podemos apontar a também a grande dificuldade de combater os incêndios florestais para a equipe envolvida sem os devidos preventivos. Por este motivo, entendemos que a publicação dessa norma, trará mais ‘luz’, e abrirá possibilidades de obtermos mais sucesso no enfrentamento desses eventos que estão cada vez mais frequentes, extremos e com grande magnitude.

Mais Floresta – O que representa esse Projeto nesse momento, ao qual o país enfrenta de incêndios florestais com marcos históricos?

Cel. Barroso – A proposta de norma representa informação técnica para o setor público e privado nesta temática, pois sabemos que 98% dos incêndios são antropogênicos (ações provocadas pelo homem), e com a estruturação de preventivos teremos mais efetividade na resposta.

O Plano de Proteção Contra Incêndios Florestais será um importante instrumento para mitigar a ocorrência e os impactos deste evento adverso que representa uma das principais causas de degradação dos nossos biomas, mormente naqueles onde o fogo prescrito não pode ser empregado.

PLANO DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS FLORESTAIS | ABNT NBR 17190                                     

CLIQUE NO LINK PARA CONSULTA E VOTO: https://www.abntonline.com.br/consultanacional/pdfview/viewer.aspx?Q=S2d3cStUUkVWenhKZ3ZxdVRldUFnQT09

Escrito: por redação Mais Floresta.

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Prevfogo terá mais 2 bases de suporte para combate a incêndios no Pantanal

Uma unidade ficará no sul de Corumbá e outra no KM 10 da MT-060, conhecida como Transpantaneira

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, confirmou a criação de duas bases interagências do Prevfogo, do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais). Uma está sendo montada ao sul de Corumbá, onde já está a base Pantanal e a outra no KM 10 da Transpantaneira (MT-060).

“Essas bases irão dar suporte logístico, para os brigadistas ficarem corretamente alojados e também a partir dali é feito todo planejamento estratégico que consiste em consolidação de informações que são feitas todos os dias, às 7h, que orientam as nossas ações”, explicou.

Durante a entrevista coletiva, realizada ontem (1º), em Brasília (DF), a ministra reforçou que todas as pastas do governo federal estão autorizadas a destinar recursos que forem necessários para exterminar o fogo.

“Os ministros também estão em fase de planejar uma presença mais efetiva e constante nos locais”, pontuou, sem revelar as próximas agendas de visita ao bioma.

Fogo consumindo biomassa no Pantanal (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Marina também acrescentou que a Polícia Federal está com a investigação em curso para identificar os autores do fogo criminoso. Dezoito frentes de incêndio estão sob investigação. “A PF está fazendo a investigação, a maioria está localizada em propriedade privada. O que tem de concreto é que sabemos de onde saiu a propagação, trabalhamos com tecnologia avançada”, afirmou Marina.

Prevfogo – Até o momento, cerca de 500 funcionários do governo federal atuam em campo, apoiados por nove aeronaves, incluindo quatro aviões lançadores de água air tractors de Ibama e ICMBio e um KC-390 da FAB, com capacidade para carregar 12 mil litros de água. Outras aeronaves estão em mobilização.

De acordo com nota técnica do Lasa (Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais), da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), todos os focos de calor no bioma em maio e junho foram causados por ação humana. Não há registros de incêndios causados por raios no período. Cerca de 85% dos focos de incêndio no bioma estão localizados em áreas privadas.

Base do Prevfogo Pantanal, em Corumbá (Foto: Arquivo/Alex Machado)
Situação de emergência – O Ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, afirmou que 12 municípios do Mato Grosso do Sul tiveram situação de emergência reconhecida pelo governo federal.

“Na semana passada, 12 municípios decretaram situação de emergência. Nós fizemos reconhecimento sumário pelo governo federal. E agora estamos auxiliando, junto com o estado, esses municípios nos seus planos de trabalho porque pode ser que alguns precisem de água, alimentação e combustível”, afirmou o ministro.

Ele ainda revelou que o governador Eduardo Riedel (PSDB) já manifestou a “possibilidade de apresentar um plano de trabalho para alugar alguns equipamentos”.

Proibições – Em dezembro do ano passado, Riedel sancionou a lei estadual elaborada em parceria com MMA, Ibama e ICMBio. Em março, o governo federal reforçou a articulação com os Corpos de Bombeiros estaduais, que resultou em 5 de junho na assinatura de pacto pela prevenção e controle de incêndios no Pantanal e na Amazônia entre o presidente Lula e governadores dos dois biomas.

O uso de fogo no Pantanal está proibido até o fim do ano, e quem descumprir a lei poderá ser punido com multa, apreensão de bens e prisão.

Informações: Campo Grande News.

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