Além das segundas linhas planejadas pela Arauco e pela Eldorado, MS pode abrigar pelo menos mais uma indústria capaz de produzir até 2,5 milhões de toneladas por ano; cada uma custa, em média, US$ 3 bilhões

Mato Grosso do Sul tem espaço físico para abrigar mais três grandes fábricas de celulose, conforme informou o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck. 

A declaração foi dada na semana passada, durante o webnário Mato Grosso do Sul Futuro da Indústria da Celulose, ministrado pelo secretário a investidores do Brasil e do exterior, em evento promovido pelo Itaú BBA.

Conforme Verruck disse aos investidores estrangeiros e aos executivos da instituição financeira, a previsão de mais três plantas processadoras de celulose no Estado inclui as já planejadas segundas linhas da Eldorado Celulose, em Três Lagoas (com capacidade de produção prevista de 2,3 milhões de toneladas por ano), e da Arauco, em Inocência (fábrica que poderia gerar 2,5 milhões de toneladas de celulose por ano).

Uma terceira linha, ainda não pleiteada nem formalmente pretendida por nenhum dos players do mercado da celulose, segundo o titular da Semadesc, também teria uma capacidade de produção semelhante, entre 2 milhões e 2,5 milhões de toneladas anuais de celulose.

Atualmente, Mato Grosso do Sul tem uma capacidade instalada de produção de 4,9 milhões de toneladas anuais de celulose nas três linhas que operam no município de Três Lagoas duas da Suzano e uma outra da Eldorado.

Porém, é esperada uma ampliação desse total para mais de 7,8 milhões de toneladas com 
a entrada do Projeto Cerrado, da Suzano, em Ribas do Rio Pardo, cuja inauguração está prevista para este ano.

Já para 2028 ainda há a expectativa de operação da primeira linha da Arauco, na cidade de Inocência, com capacidade de processamento anual de 2,5 milhões de toneladas de celulose.

Aproximadamente, cada planta processadora de 2,5 milhões de toneladas de celulose demanda US$ 3 bilhões em investimentos cerca de R$ 15 bilhões. Se todas essas unidades que o Estado tem espaço para construção forem de fato implantadas, os investimentos nelas poderão passar facilmente dos R$ 45 bilhões.

Expansão

No webinário, Verruck ressaltou que ainda há espaço para a expansão florestal da celulose no Estado. Segundo ele, a base florestal de eucalipto em Mato Grosso do Sul representa 4% da área total plantada na região, que tem 36 milhões de hectares, em que o maior segmento ainda é a pastagem para pecuária, que ocupa 49% desse total ou 18 milhões de hectares.

Conforme o titular da Semadesc, a expansão pode ser ainda mais rápida, pois, segundo Verruck informou aos investidores, 4,9 milhões de hectares atualmente ocupados por pastagens a serviço da pecuária poderiam ser convertidos para florestas plantadas. “O processo de conversão seria rápido em termos de capex, solo, entre outros fatores”, disse.

Por fim, o secretário observou que a área plantada de eucalipto está concentrada na região nordeste de MS e que ainda há espaço para o crescimento em direção ao noroeste do Estado.
Logística

Para Verruck, o que falta para acelerar essa expansão do mercado da celulose em Mato Grosso do Sul é distensionar o maior gargalo do setor: a logística. 

O secretário disse que as estradas continuam sendo uma problemática, mas salientou aos investidores que o governo do Estado está trabalhando para pavimentar várias vias das regiões nordeste e noroeste de MS.

No webnário, Verruck frisou que o Estado conta com 15 mil km de rodovias estaduais e que 900 novas estradas seguem em estudo de pré-viabilidade. 

O secretário também citou a Rota Bioceânica, projeto em implantação, e afirmou que MS está bem posicionado no que se refere a hidrovias e ferrovias.

Hoje, Mato Grosso do Sul conta com três ferrovias (prontas, projetadas ou em vias de revitalização) conectadas até os portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR).