A integração de insumos florestais, o adensamento das cadeias produtivas e as parcerias estratégicas com instituições de pesquisa são pilares fundamentais para transformar a base industrial local e consolidar um modelo de desenvolvimento que respeite a vocação natural da Amazônia

A indústria da Amazônia vive um momento estratégico de diversificação, impulsionada pela necessidade de fortalecer cadeias produtivas locais e ampliar a competitividade do Polo Industrial de Manaus (PIM). Dentro desse contexto, a incorporação de insumos regionais e o aproveitamento sustentável dos recursos da floresta têm sido alternativas cada vez mais exploradas por setores como o de plásticos e borracha.

Insumos Florestais na Indústria

Uma das iniciativas mais promissoras nesse movimento é a utilização de resíduos do açaí e da castanha como insumos para a indústria bioplástica. Empresas do setor já estão investindo na pesquisa e aplicação desses resíduos na fabricação de embalagens e produtos sustentáveis, reduzindo a dependência de matérias-primas de origem fóssil e promovendo maior circularidade na economia regional.

O setor da borracha também desponta como um exemplo relevante de diversificação, com o fortalecimento da produção local de látex natural. Esse processo pode não apenas reativar cadeias tradicionais, mas também agregar valor à borracha amazônica por meio de novos produtos e aplicações na indústria automotiva e calçadista.

A importância do adensamento da cadeia produtiva

Além de gerar novos produtos e mercados, a diversificação industrial na Amazônia exige uma visão estratégica voltada para o adensamento da cadeia produtiva. Isso significa criar um ecossistema industrial onde diferentes setores possam se complementar, utilizando subprodutos e resíduos de um segmento como insumo para outro, ampliando a geração de empregos e reduzindo desperdícios.

Exemplos bem-sucedidos incluem o desenvolvimento de bioplásticos a partir de resíduos agroindustriais e a ampliação do uso de fibras naturais em produtos têxteis e de construção. Essa abordagem fortalece o compromisso da indústria regional com a bioeconomia, promovendo uma transição para modelos mais sustentáveis de produção.

O papel estratégico do IDESAM e o programa prioritário de bioeconomia da SUFRAMA

Um dos agentes fundamentais nesse processo de fortalecimento da bioeconomia na Amazônia é o IDESAM (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia). A atuação da instituição tem sido essencial para viabilizar projetos que integram produção sustentável e conservação ambiental, promovendo modelos inovadores de desenvolvimento que beneficiam comunidades locais e a indústria.

A cada ano, o Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio) da SUFRAMA se destaca como um instrumento estratégico para fomentar novas cadeias produtivas baseadas na biodiversidade amazônica.

A iniciativa busca estimular investimentos em pesquisa e inovação, garantindo que o potencial econômico dos produtos florestais seja plenamente aproveitado, gerando valor agregado e incentivando práticas produtivas sustentáveis. Cabe lembrar que as verbas de P&D&I das empresas locais, não faz muito tempo, eram destinadas ao FNDCT, Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico muito usado em outras regiões e finalidades.

Parceria com a Embrapa e novos horizontes

Um dos passos fundamentais para consolidar essa estratégia de diversificação é a retomada de parcerias institucionais. A possibilidade de uma colaboração renovada entre a indústria e a Embrapa Amazônia Ocidental abre caminho para novas cadeias produtivas baseadas em sistemas agroflorestais, que combinam produção agrícola e conservação ambiental de forma equilibrada.

A expertise da Embrapa pode contribuir significativamente para o desenvolvimento de novas matérias-primas e tecnologias adaptadas às particularidades da floresta, ampliando a viabilidade econômica da bioeconomia e fortalecendo os elos entre o setor produtivo e a pesquisa científica.

No rumo da sustentabilidade

A diversificação da indústria na Amazônia representa um avanço essencial para a sustentabilidade econômica e ambiental da região. A integração de insumos florestais, o adensamento das cadeias produtivas e as parcerias estratégicas com instituições de pesquisa são pilares fundamentais para transformar a base industrial local e consolidar um modelo de desenvolvimento que respeite a vocação natural da Amazônia. O futuro da economia regional depende de um planejamento inteligente e inovador, capaz de harmonizar progresso e preservação.

Informações: Em Tempo.