*Artigo de Henrique Galvani.
Responsável por mais de um quarto do PIB brasileiro, a agricultura desenvolve um papel fundamental na prosperidade econômica, sendo um segmento tático para a incorporação de ferramentas de alta tecnologia. Com foco no aumento da produtividade no campo, o uso de tais recursos é conhecido como Agricultura de Precisão e, por meio do registro e do processamento de dados georreferenciais do cultivo agrícola, promove uma gestão inteligente baseada em informações precisas do território.
Realizada por máquinas, dispositivos, aplicativos, drones, satélites e outras tecnologias que proporcionam maior controle da produção, a Agricultura de Precisão viabiliza a identificação das variabilidades espaciais e temporais do cultivo, de modo que o produtor consegue sanar, de forma assertiva, as necessidades da produção e evitar possíveis gargalos, executando um plantio eficiente.
Apesar de ser discutida no Brasil há décadas e de proporcionar benefícios como aumento da produtividade, redução de custos, diminuição dos danos ao meio ambiente e tomada de decisão informada, a Agricultura de Precisão tem enfrentado desafios significativos para expandir no país. Entre os principais, é possível citar falta de padronização dos equipamentos, difícil conectividade à internet em áreas rurais e oposição de quem tem receio de ser substituído pela tecnologia.
Neste aspecto, é crucial ressaltar a necessidade da exterminação de tais obstáculos, visto que os benefícios acarretados pela modernização são inúmeras vezes maiores e a tendência é de que cresça a quantidade de profissionais qualificados para trabalhar com as novas técnicas de gerenciamento do agronegócio. Inclusive, aqui é importante destacarmos que, de acordo com o 2° Censo AgTech Startups Brasil, a Agricultura de Precisão é a terceira área de atuação mais comum entre as agtechs brasileiras e, conforme dados da Distrito em parceria com a Crunchbase, é o tipo de solução que mais recebe investimentos no setor de tecnologias para o agronegócio, tendo captado US$ 109,61 milhões de dólares entre 2022 e 2023.
Dentre diversos cases, podemos destacar três agtechs brasileiras que atuam no segmento de Agricultura de Precisão que foram investidas por gigantes do agro recentemente, sendo elas a BemAgro – líder em tecnologia agrícola que une inteligência artificial (IA) e visão computacional para otimizar dados provenientes de tratores, drones e satélites – que anunciou no mês passado o sucesso na captação de R$ 10,2 milhões em sua rodada pré-série A; a Velos Ag, que contribui com pequenos e médios produtores no gerenciamento de operações agrícolas, e captou no final do mês passado R$ 1,4 milhão; e a Cromai – agtech que usa inteligência artificial para o controle de plantas daninhas em lavouras – que recebeu um aporte adicional e chegou a R$ 30 milhões em sua captação série A.
Para além dos números promitentes, é preciso enfatizar que a Agricultura de Precisão é uma metodologia que não melhora apenas a produtividade e a eficiência, mas também promove a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental, conseguindo resultados que a agricultura tradicional sozinha não pode entregar. Aqui, deixo um conselho para aqueles que ainda resistem contra a tecnologia no campo: o agronegócio é um dos pilares da economia nacional, investir no desenvolvimento do setor é investir no Brasil.
*Formado em Ciências Contábeis pela Universidade Paulista, Henrique Galvani é CEO e sócio-fundador da Arara Seed, primeira plataforma de investimentos coletivos do setor do Agronegócio. Com uma atuação de 10 anos nesse segmento, o executivo tem passagens por empresas como Grupo BLB Brasil e BLB Ventures.