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Contribuição do eucalipto geneticamente modificado em uma perspectiva de demanda global e produção sustentável

O ILSI atendeu ao 16º Simpósio ISBR em St. Louis nos EUA. Um dos temas expostos que se destacou foi apresentado pela empresa FuturaGene (departamento de Biotecnologia da Suzano). O tema trata da contribuição do eucalipto geneticamente modificado no impacto da produção sustentável por meio da biotecnologia.

O crescimento da população mundial, juntamente com os desafios das mudanças climáticas, exigirá maior disponibilidade de produtos à base de madeira, que aliada a esforços eficazes, baseados em avanços científicos, permitirá a adoção de uma produção mais sustentável e com menor emissão de carbono.

A ciência e a tecnologia são essenciais para o desenvolvimento de produtos e recursos aprimorados, oriundos de matérias-primas renováveis.

A biotecnologia é uma das ferramentas utilizadas em árvores de florestas plantadas para acelerar os potenciais da produção. O estudo da genômica do eucalipto juntamente com tecnologia de transformação genética e novas tecnologias de edição de genes, são utilizadas para introduzir alterações genéticas nas árvores. O uso dessas tecnologias visa desenvolver resistência a pragas e doenças, resistência ao stress hídrico e as mudanças climáticas a fim de aumentar a resiliência dessas espécies diante de ameaças bióticas e abióticas.

Tecnologias adicionais que alteram a composição e as propriedades da madeira são avaliadas com o intuito de reduzir a quantidade de produtos químicos utilizados durante o processamento e cozimento da madeira e consequentemente a redução do consumo de energia.

A FuturaGene, Divisão de Biotecnologia da Suzano, desenvolve árvores geneticamente modificadas a fim de obter árvores com características que contribuam para o aumento da produtividade e melhoria das propriedades da madeira.

As tecnologias de eucalipto geneticamente modificado aprovadas pela CTNBio para uso comercial são:

– Eucalipto com aumento de produtividade, que confere a característica de aumento de produtividade da área plantada e potencialmente sequestra maiores quantidades de carbono;

– Eucalipto tolerante ao herbicida glifosato, uma alternativa eficiente e ecologicamente segura para o controle de plantas daninhas competitivas, evitando danos às plântulas sensíveis causados pela deriva, redução nos custos operacionais e melhoria nas condições de trabalho por meio de aplicações mecanizadas;

– Eucalipto Bt, que é eficiente no controle de lagartas (praga desfolhadora chave) desde o primeiro dia de infestação, antes que qualquer dano seja visível, eliminando a necessidade de pulverizações de inseticidas, um impulso significativo para o meio ambiente.

Como as plantações renováveis cobrem extensas áreas, as árvores geneticamente modificadas representam um fator significativo na mitigação das emissões de gases de efeito estufa, na redução de uso de defensivos agrícolas no ambiente, no aumento do sequestro de carbono e na diminuição dos insumos químicos e energéticos no processamento industrial pós-colheita de produtos de madeira renováveis.

Essas tecnologias desenvolvidas pela FuturaGene auxiliarão na demanda por madeira garantindo uma produção mais sustentável.

Informações: ILSI Brasil.

Foto: Mais Floresta.

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Papel: vilão ou exemplo de sustentabilidade?

Artigo de Luiz Alberto Melchert de Carvalho e Silva.

Há quem correlacione a produção de celulose e papel com o desmatamento da Amazônia, o que requer alguns esclarecimentos, haja vista que se trata de um assunto específico, longe de ser um conhecimento popular.

Quem tem mais de cinquenta anos, durante sua infância, ouviu pessoas a pé puxando carroças e gritando: “Olha o garrafeiro!,Olha o jornal!” Isso está fartamente descrito no livro “Quarto de Despejo, diário de uma favelada” de Carolina de Jesus. Naquele tempo, o papel para imprimir e escrever, como era classificado para fins de comércio exterior, era todo importado, sendo os jornais os maiores importadores. Assim, o comércio de papel reciclado tinha uma participação significativa no mercado.

Na verdade, até o século XIX, o papel era feito de trapos esgarçados e comprimidos depois de cozidos. Quanto mais ensebado o trapo, melhor seria o papel resultante. Os comerciantes de trapos eram chamados de trapistas. Foi nos Estados Unidos que se descobriu que a soda cáustica era capaz de digerir a lignina, mantendo a celulose, daí as primeiras fábricas de papel em larga escala. O processo começa com a decifragem dos troncos transformando-os numa massa, conhecida como pasta mecânica. Em seguida, essa pasta vai para os tanques de digestão, onde a lignina é atacada pela soda cáustica, até sobrar somente a celulose. É então que começa o processo de fabricação de papel. A massa é misturada a branqueadores químicos e ao caulim como alvejante. Finalmente, começa o processo de laminação, quando as trefiladoras comprimem a massa, expondo a água, que é separada por lâminas extremamente afiadas, deixando o papel quase seco para passar pela estufa e ser enrolado em bobinas. Claro  que essa foi uma explicação extremamente simplificada, haja vista que o papel pode ter inúmeros tipos de acabamento e texturas diversas conforme o uso.

Não é preciso ser muito versado em processos industriais para perceber que não é qualquer tipo de árvores que se presta à transformação em celulose e papel em escala. É preciso que o tronco seja o mais cilíndrico possível, o que descarta 99% das espécies. Em segundo lugar, é preciso que tenha crescimento rápido para reduzir custos. Em terceiro lugar, deve ter madeira macia para facilitar a desfibragem. Os dois últimos motivos descartam toda a madeira nobre porque ela demora para crescer e é muito dura e pesada, não se prestando ao maquinário. Aliás, as canaleta por onde correm os troncos têm tamanho fixo, o que requer padronização. Espera-se que o tronco tenha 40 cm de diâmetro para a colheita.

As coníferas como eucalipto e pinheiros são as espécies mais usadas porque seu fuste é reto, nunca se bifurca e crescem muito rapidamente, tornando sua madeira leve. Além disso, as florestas destinadas à produção de celulose estão sujeitas à poda de condução, cuja finalidade é homogeneizar o bosque. Os galhos resultantes da poda, também conhecidos como ponteiros, são destinados à produção de carvão ou lenha para padarias.

A rigor, qualquer fibra vegetal pode virar papel, até calças jeans velhas. Assim, existem fábricas especializadas na fabricação de celulose de cana, seja do bagaço, seja da palhada restante da colheita mecanizada. A sazonalidade faz com que elas percam em volume para a madeira que pode ser armazenada para que as fábricas funcionem o ano inteiro incessantemente. Independentemente do método, a lignina é queimada e transformada em energia elétrica, cujo excedente pode ser vendido à rede pública, e o vapor restante usado no processo produtivo. Isso permite que a soda seja reutilizada, evitando seu descarte nos cursos d’água.

Todas as exigências eliminam a possibilidade de haver qualquer correlação entre a produção de celulose e o desmatamento da Amazônia. Toda a produção desse item se dá no sudeste com plantio controlado, ocupando áreas anteriormente de pasto ou lavoura de cana cuja inclinação não permite a obrigatória colheita mecanizada. Não é à toa que o florestamento é crescente em São Paulo e Mato grosso do Sul. Ademais, o Canadá e várias regiões dos Estados Unidos vivem da exploração racional das florestas de coníferas, por que não nós?

Para quem se interessar, convido a ler o artigo homônimo a este, de autoria de Júlia Fraga, então minha orientanda. Ele está disponível em https://revistas.brazcubas.br/index.php/dialogos/article/view/22/31.

Luiz Alberto Melchert de Carvalho e Silva é economista, estudou mestrado na PUC-SP, é pós-graduado em Economia Internacional pela Columbia University (NY) e doutor em História Econômica pela USP. No terceiro setor, sendo o mais antigo usuário vivo de cão-guia, foi o autor da primeira lei de livre acesso do Brasil (lei municipal de São Paulo 12492/1997), tem grande protagonismo na defesa dos direitos da pessoa com deficiência, sendo o presidente do Instituto Meus Olhos Têm Quatro Patas (MO4P). Nos esportes, foi, por mais de 20 anos, o único cavaleiro cego federado no mundo, o que o levou a representar o Brasil nos Emirados Árabes Unidos, a convite de seu presidente Khalifa bin Zayed al Nahyan, por 2 vezes.

Informações: Jornal GGN.

Imagem: Divulgação Tomgraf.

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Exclusivo – Klabin compra madeira e áreas florestais da Arauco por cerca de 6 bilhões de reais

As terras adquiridas estão numa área adjacente ao Puma II, complexo industrial que a Klabin inaugurou no Paraná em 2021

Depois de mais de um ano de negociações, a Klabin está pagando US$ 1,160 bilhão por terras e madeira ‘em pé’ que pertenciam à Arauco. A transação (Projeto Caetê) – um dos maiores M&A do ano – envolve 150 mil hectares, dos quais 85 mil são produtivos, 31,5 milhões de toneladas de madeira, além de máquinas e equipamentos florestais. As terras estão localizadas no Paraná, uma das regiões mais produtivas do mundo devido ao seu solo e clima. Com a aquisição, a companhia antecipa um capex que teria que fazer nos próximos seis anos, tendo mais opcionalidades que podem gerar um valor relevante em resultados.

Entre as áreas adquiridas nas negociações, a Florestal Vale do Corisco S.A., teve 49% do capital social comprados indiretamente. Foto por: Paulo Cardoso.

A madeira adquirida está numa área adjacente ao Puma II – o complexo industrial que a Klabin inaugurou no Paraná em 2021, e demandou investimentos de quase R$ 13 bilhões – e será usada ao longo dos próximos seis anos para abastecer suas fábricas. “Quando fizemos Puma II, optamos por uma estratégia diferente do que normalmente acontece no setor de papel e celulose, que é ficar anos investindo em terras e florestas e, quando a floresta já tiver crescido, só então construir a fábrica,” informou o CEO Cristiano Teixeira ao Brazil Journal.

“A gente inverteu a ordem. Fizemos a fábrica e concomitantemente compramos terra e plantamos para abastecer o segundo ciclo de madeira. O primeiro ciclo – sete anos para o eucalipto e 15 para o pinus – será alimentado com madeira comprada de terceiros”, concluiu Cristiano.

Florestal Vale do Corisco. Vídeo por: Paulo Cardoso.

Projeto Caetê

Saiba mais sobre o novo projeto da Klabin:

Investimentos

Do valor total da aquisição (R$ 5,8 bilhões), ao câmbio de R$ 5, cerca de R$ 3 bilhões são atribuídos à madeira ‘em pé’, usando como base os preços atuais de mercado. Os R$ 2,8 bilhões restantes são a terra, o que implica um preço de R$ 33 mil por hectare, abaixo do preço médio praticado hoje no Paraná. Segundo dados da FNP Consultoria, o preço médio da terra no Paraná foi de R$ 72 mil por hectare no ano passado, depois de ter ficado em R$ 50 mil/hectare em 2021 e em R$ 36 mil/hectare no ano anterior. 

Fato relevante Klabin

Por meio de ‘Fato Relevante’, a brasileira Klabin, divulgou na data de ontem (20/12), que: “Com a Operação, a Klabin conclui a expansão de terras no Paraná para o abastecimento do Projeto Puma II, antecipa o atingimento da autossuficiência alvo de madeira e como consequência diminui os investimentos futuros estimados, principalmente relacionados a compra de madeira em pé de terceiros”.

Confira a publicação na íntegra:

Nota Arauco

Já a chilena Arauco, na manhã de hoje divulgou a seguinte nota, em comunicado oficial:

“Comunicamos a assinatura de acordo de venda de 150 mil hectares de nossos ativos florestais localizados principalmente no Estado do Paraná para a Klabin, que atua na produção e exportação de papéis para embalagens.

Essa venda de ações e direitos societários não se estende a ativos industriais relacionados a fábricas de painéis no Brasil, nem a ativos florestais localizados principalmente no Estado de Mato Grosso do Sul, e que estão relacionados ao projeto industrial para construir uma fábrica de celulose no futuro.

De acordo com Carlos Altimiras, nosso diretor-presidente, a empresa entende que a oportunidade capacita o direcionamento de recursos para áreas de crescimento e desenvolvimento da Companhia. “Esse acordo é uma boa notícia para Arauco. Isso nos permitirá promover o desenvolvimento de investimentos, bem como o negócio de celulose no Brasil.”

A negociação precisa passar por procedimentos legais e aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). Até lá continuaremos a administrar as áreas e daremos seguimento às atividades de silvicultura, colheita, transporte, comercialização de madeira e atividades administrativas.

Impactos financeiros

A transação representa naturalmente, um impacto relevante na alavancagem da Klabin, que fechou o terceiro tri em 3,2x EBITDA. Para a aquisição, o desembolso virá de recursos que a companhia já tem em caixa e deve aumentar a alavancagem para algo ao redor de 4x, ainda dentro do limite estipulado pelo estatuto da companhia, de entre 2,5x e 4,5x EBITDA.  “No segundo ano pós-aquisição, a alavancagem já volta a cair, porque a redução do capex vai melhorar o fluxo de caixa e aumentar o EBITDA,” disse o CFO Marcos Ivo.  Ele notou ainda que mesmo com o desembolso a Klabin vai continuar com uma liquidez robusta.

A companhia que recentemente levantou R$ 3 bilhões no mercado de crédito, vai continuar com R$ 5,8 bilhões em caixa, o suficiente para cobrir as amortizações dos próximos três anos.  A Klabin fechou o dia (20/12) valendo R$ 24 bilhões na Bolsa. O Itaú BBA foi o adviser conjunto das duas companhias na transação.  O Bank of America também assessorou a Klabin, que trabalhou com o BMA Advogados.  O Veirano Advogados foi o assessor jurídico da Arauco.

“Na prática estamos reduzindo em R$ 2 bi os gastos da companhia e trazendo mais segurança para a operação, porque não ficamos mais sujeitos às oscilações do preço da madeira,” disse o CFO.

Escrito por: redação Mais Floresta.

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