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Conheça os maiores produtores de cacau do mundo

Costa do Marfim, com 2,18 milhões de toneladas, é o primeiro país da lista

Benéfico ao organismo e com papel importante na preservação do meio ambiente, o cacau é originário da região amazônica, mas não faz do Brasil o principal produtor do mundo.

O primeiro colocado no ranking é a Costa do Marfim, país da África, com 2,18 milhões de toneladas por ano, número equivalente a 44% da produção mundial do fruto. Na sequência aparece Gana, com 680 mil toneladas. Os dados são da Organização Internacional do Cacau (ICCO) e fornecidos pela Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC).

O Brasil ocupa o sexto lugar na lista, com uma produção de 273 mil toneladas em 2022, segundo informações do IBGE. A estimativa da ICCO é que o Brasil tem produzido cerca de 220 mil toneladas desde 2020. De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a meta é atingir a autossuficiência em 2025 com 300 mil toneladas.

“O próximo passo é alcançar 400 mil toneladas até 2030, o que permitirá ampliar as exportações de cacau, derivados e chocolate. Esses valores têm potencial de elevar o Brasil para a terceira posição entre os maiores produtores de cacau no mundo”, disse a entidade.

Confira abaixo a lista completa:

1 – Costa do Marfim

O país da África lidera a produção do fruto com 2,18 milhões de toneladas e também destaca-se na exportação de cacau em amêndoas, pasta de cacau e manteiga de cacau. O número aumentou em relação a 2022, que era de 2,12 milhões.

2 – Gana

Também do Continente Africano, Gana é o segundo país da lista dos maiores produtores de cacau, com 680 mil toneladas. Diferente da Costa do Marfim, a produção diminuiu nos últimos anos – já foi 1,04 milhão em 2020.

3 – Equador

A produção anual do fruto no Equador é de aproximadamente 440 mil toneladas, 12% a mais que nas safras anteriores. O país é conhecido pelo cacau Nacional (com notas florais) e o CCN 51.

4 – Camarões

Junto com a banana, o cacau é responsável por grande parte do Produto Interno Bruto (PIB) do país africano. Na safra passada, Camarões produziu 290 mil toneladas do fruto para consumo e exportação.

5 – Nigéria

Mais um representante da África na lista, o país de 206 milhões de habitantes produz cerca de 280 mil toneladas por ano.

6 – Brasil

Bahia e Pará são os maiores produtores de cacau no território brasileiro, totalizando 95% da produção nacional. Em seguida, aparecem Espírito Santo, Rondônia, Amazonas e Mato Grosso. Ao todo, o cultivo abrange uma área de 700 mil hectares e deixa o Brasil em sexto lugar no ranking mundial. Desde 2020 são produzidas cerca de 220 mil toneladas por ano. Segundo dados do IBGE, o país produziu 273 mil toneladas em 2022.

7 – Indonésia

Localizada no Sudeste da Ásia, a Indonésia tem o cacau como um dos principais produtos do país – são 180 mil toneladas do fruto. A produção acontece basicamente nas ilhas de Sumatra, Kalimantan e Sulawesi.

8 – Papua Nova Guiné

O país da Oceania produz 42 mil toneladas do fruto que são, em sua maioria, da variedade trinitário. O tipo resulta do cruzamento das variedades criollo e forasteiro. O sabor é considerado agradável e também aromático.

Informações: Globo Rural.

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MPF vê risco à soberania e dá parecer a favor da JBS na briga pelo comando da Eldorado

O Ministério Público Federal deu parecer favorável à ação popular em Santa Catarina que pede a anulação da venda da Eldorado Celulose a Paper Excellence, empresa controlado pelo indonésio Jackson Widjaja. No documento protocolado no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o MPF destaca a Lei 5.709/71, que condiciona a venda de terras para estrangeiros à aprovação do Congresso Nacional e do Incra.

Na prática, a manifestação do procurador regional da República, Fábio Nési Nenzon, divulgado pelo Consultor Jurídico, é favorável a J & F Investimentos, empresa controlada pelos irmãos Joesley e Wesley Batista. Eles querem anular a venda da empresa, devolver os R$ 3,7 bilhões e recuperar o controle da fábrica de celulose em Três Lagoas, avaliada em R$ 15 bilhões.

O desembargador Rogério Fraveto, do TRF4, concedeu tutela de urgência para suspender a transferência da Eldorado Brasil Celulose para a Paper Excellence, multinacional fundada pelo indonésio Jackson Wijaya. O magistrado acatou pedido feito em ação popular que apontou risco para a soberania nacional.

A ação foi protocolada por Luciano José Buligon em Chapecó (SC). O principal argumento é de que a Eldorado possui 249 mil hectares de terras e não poderia ser vendida para um grupo estrangeiro sem aval do Congresso Nacional e do Incra.

“Portanto, o controle de extensas areas de terras rurais por estrangeiros, diretamente ou por interpostas pessoas, está imbricado com riscos econômicos e ambientais, a que estarão submetidos os nacionais, daí ser justificável, a bem da soberania nacional, o controle previsto na lei e na Constituição”, afirma o procurador.

O parecer do MPF é a décima manifestação de instituições estatais em favor da aplicação das regras previstas na lei 5.709/71 no caso Eldorado. Na lista de decisões em defesa da lei estão: três pareceres da Advocacia-Geral da União, quatro do MPF, duas do TRF-4 e uma nota técnica do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

A Paper Excellence chegou a iniciar processo de compra da Eldorado Celulose, mas não pediu autorização do Congresso Nacional em relação à questão fundiária. No parecer, o MPF reconhece a legitimidade da ação popular contra a transferência da Eldorado para a Paper e recomenda que o caso volte a tramitar na primeira instância da Justiça, em Chapecó (SC).

“E se estamos falando em riscos econômicos e ambientais inerentes ao controle de extensas áreas de terras rurais por estrangeiros, em detrimento da soberania nacional, resta evidente que a ação popular é via adequada para a tutela de tais interesses jurídicos, consoante previsto expressamente no art. 5o, inc. LXXIII, da Constituição Federal e § 1o do artigo 1o da Lei da Ação Popular, acima transcritos”, sustenta Venzon.

“A PAPER Excellence e a CA Investment, por sua vez, argumentam que o recurso é manifestamente infundado, visto que transforma a ação popular, um instrumento vocacionado à proteção do patrimônio público, em instrumento de proteção de interesses exclusivamente privados, pois aquilo que se pretende tutelar é, na realidade, a manutenção do controle acionário da Eldorado pela J&F, em claro desvirtuamento do instituto, trazendo, na sequência, diversos elementos que indicariam a relação do autor da ação com a J&F”, destacou o procurador.

“A CA é uma sociedade empresária brasileira e que não celebrou qualquer contrato para aquisição de terras rurais, e sim um contrato de compra e venda de ações com a J&F, por meio do qual esta transferiria a totalidade das ações e atividades da Eldorado, empresa brasileira de celulose”, argumentaram os defensores da Paper.

O caso é polêmico e envolve uma briga bilionária. O vencedor da disputa promete investir R$ 20 bilhões na construção da segunda linha de produção de celulose em Três Lagoas, gerando 10 mi empregos diretos.

Informações: O Jacaré.

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MS Florestal leva projeto de produção sustentável para costureiras de Bataguassu

Iniciativa será realizada em parceria com Bracell Social, Prefeitura e Sebrae e inscrições estão previstas para fevereiro

Mato Grosso do Sul, 29 de janeiro de 2024 – A MS Florestal, empresa genuinamente sul-mato-grossense na área de florestas plantadas, vai levar para o município de Bataguassu um projeto social que tem o objetivo desenvolver a produção sustentável unida ao empoderamento de mulheres de baixa renda, especialmente costureiras. Em parceria com Bracell Social, Prefeitura de Bataguassu e Sebrae-MS, o Projeto Dona Della – Costura Sustentável vai proporcionar capacitações e oportunidades de negócios no segmento da costura a partir do reaproveitamento de tecidos.

A ideia é criar produtos com uniformes antigos da empresa, que antes iriam para descarte, montando assim uma produção de reutilização criativa. Costureiras que tiverem interesse em participar, receberão capacitações voltadas tanto para o empreendedorismo, quanto no âmbito da sustentabilidade. Elas aprenderão como ressignificar esses resíduos em suas produções e como ter um negócio nessa vertente, incluindo a formação de uma associação.

Quem poderá participar do Projeto são especificamente mulheres residentes em Bataguassu, de baixa renda, e que tenham curso ou algum tipo de experiência em costura. Todas as atividades serão fornecidas gratuitamente. Na semana passada, representantes da MS Florestal se reuniram em um encontro técnico com autoridades locais de Bataguassu e do Sebrae, para discutir detalhes sobre todo o Projeto. A divulgação do edital completo está prevista para fevereiro.

“Este é um projeto com potencial enorme, pois trabalha o fortalecimento das mulheres por meio de produtos que agregam valor ao mercado, unindo o econômico, o social e o ambiental. Essa parceria com a Prefeitura de Bataguassu e o Sebrae, constrói uma base sólida para o desenvolvimento dessa localidade onde a empresa atua”, expressa Marisa Coutinho, gerente de Relações Institucionais, Governamentais e com Comunidades da MS Florestal.

“Esse projeto vem somar o apoio que temos prestado a esse público, estimulando o empreendedorismo e a geração de renda”, ainda expressou o prefeito de Bataguassu, Akira Otsubo.

Para as mulheres de Bataguassu, na segunda-feira, dia 5 de fevereiro, está previsto um café da manhã de apresentação. O evento ocorre a partir das 10h (horário de Mato Grosso do Sul), na sede do Clube da Melhor Idade.

Interessadas devem se inscrever na sede do Centro de Referência (CRAS) em Bataguassu, localizado na Rua São Benedito, 150, no Bairro Jardim São Francisco, ou pelo telefone (67) 3541-1139.

Projeto Dona Della

A primeira edição do Dona Della ocorreu no ano passado no município de Água Clara. Foram mais de 450 mulheres impactadas, incluindo microempresárias em diversos segmentos, além da costura. Dentre elas, a artesã Doane Padilha teve uma experiência com a costura criativa: por um pedido feito pela própria empresa, ela transformou uniformes antigos em necessaires. “Eu aprendi a costurar aos 15 anos. Quem sabe costurar, consegue aprender a fazer qualquer coisa, então quando surgiu a ideia das necessaires feitas com os uniformes antigos, eu topei e deu super certo. O Projeto como um todo é incrível, me ajudou a alavancar minhas ideias e tornar meu sonho realidade”, expressou.

Neste ano, o Dona Della também está previsto para mais uma edição em Água Clara e ainda em Santa Rita do Pardo, a partir do segundo semestre de 2024.

Serviço

Café da Manhã Projeto Dona Della – Costura Sustentável

Data: Segunda-feira, 5 de fevereiro

Horário: 10h (horário de MS)

Local: Clube da Melhor Idade, Rua Lirio H. Mussi, 155, Residencial Modelo, Bataguassu

Inscrições: Centro de Referência (CRAS) em Bataguassu, Rua São Benedito, 150, Jardim São Francisco, ou no telefone (67) 3541-1139

Sobre a MS Florestal

 A MS Florestal é uma empresa genuinamente sul-mato-grossense que fortalece as atividades de operação florestal do Grupo RGE no Brasil, com ênfase na silvicultura, desde o plantio do eucalipto até a manutenção da floresta. A MS Florestal é comprometida com a filosofia empresarial dos 5Cs, de que tudo o que fazemos deve ser bom para a Comunidade, para o País, o Clima e para o Cliente e só então será bom para a Companhia.

Sobre o Bracell Social
Bracell Social é um programa de investimento social, alinhada às diretrizes do Grupo RGE, norteado por 3 pilares (3E’s – Educação, Empoderamento e Bem-estar). São realizados projetos que contribuem com o desenvolvimento das comunidades locais, conectando a inclusão social e a sustentabilidade, de modo que as pessoas possam desenvolver suas capacidades individuais e ter acesso a oportunidades para uma vida melhor.

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Suzano forma 1ª turma 100% feminina de ajudantes florestais em Três Lagoas

Curso faz parte do Programa Cultivar da empresa, que visa promover o desenvolvimento socioeconômico por meio da valorização da mão de obra local

A Suzano, referência global na fabricação de bioprodutos desenvolvidos a partir do cultivo de eucalipto, formou, no mês passado, a primeira turma de Ajudante Florestal 100% feminina em Três Lagoas (MS). As 18 novas ajudantes florestais receberam o certificado de conclusão do curso por meio do Programa Cultivar da empresa, que visa a promoção do desenvolvimento socioeconômico e a equidade de oportunidades por meio da qualificação da mão de obra local.

“A Suzano sabe do seu papel de protagonista para a promoção da equidade de oportunidades no ambiente de trabalho e, consequentemente, para a evolução da sociedade. Assumimos o compromisso público de ser uma companhia ainda mais diversa e inclusiva, o que inclui aumentar a quantidade de mulheres em nossas operações e em cargos de lideranças, seja na operação florestal ou industrial. E dedicar uma turma de formação somente para a capacitação de mulheres reafirma esse compromisso”, destaca Mônica Catânia, gerente de Gente e Gestão da Unidade Três Lagoas da Suzano.

Além de promover a diversidade na indústria e no setor florestal, a formação da turma composta por mulheres também vem ao encontro do compromisso da empresa de reduzir desigualdades sociais e contribuir para retirar 200 mil pessoas da linha da pobreza nas regiões onde mantém operações até 2030. “Na Suzano temos um direcionador que diz que ‘só é bom para nós, se for bom para o mundo’ e ter mais mulheres, muitas delas chefes de família, inseridas no mercado de trabalho é garantir uma sociedade mais justa e com menos desigualdades socioeconômicas no futuro. Por isso, nossa preocupação em formar mulheres para o mercado de trabalho”, completa Catânia.

Das mulheres que participaram do curso, 70% possuem idade entre 20 e 40 anos; 85% são mulheres pretas ou pardas; 25% possuem o Ensino Fundamental incompleto; 25% possuem o Ensino Médio incompleto e 50% possuem o Ensino Médio completo.

Novas possibilidades

Entre as novas profissionais, está Thays Aline de Souza Santos, de 33 anos. Apesar de conhecer a empresa, ela não tinha experiência alguma com o setor florestal e ficou sabendo da oportunidade pelas redes sociais. Por meio de um link no perfil da empresa, ela conseguiu fazer a inscrição e pôde preencher uma das vagas. A formanda ressalta outro diferencial desta edição: a exclusividade do curso para as mulheres. “Achei muito importante ser voltado para as mulheres. A mulher tem mais afazeres e nem sempre pode contar com esse tipo de apoio no mercado de trabalho. O curso agregou bastante para todas as alunas, muitas delas são chefes de família e precisavam de uma oportunidade como essa. A Suzano está de parabéns por dar esse apoio para poder entrar nessa área. Acho que todas saem agora com a expectativa de trabalhar e ser contratadas. Quero seguir e esse caminho desenvolver minhas habilidades junto com a empresa”, projeta.

Outra formanda que comemorou a conclusão do curso é Amanda Alves Avelino da Silva, 25 anos, que possui dois filhos. Ela disse ter ficado feliz por poder participar desta turma voltada para mulheres. “Eu trabalhava em um viveiro, mas nunca cheguei a ir a campo. Eu sempre quis fazer um curso na área para conhecer mais, foi quando surgiu essa oportunidade incrível de crescimento profissional. Para todas nós, a força de vontade é tudo, até as que achavam que não iriam conseguir, persistiram e hoje estão saindo como profissionais qualificadas”, complementa.

Todas as alunas receberam certificado de conclusão de curso e estão aptas para atuarem no setor como ajudantes florestais.

Sobre a Suzano

A Suzano é a maior produtora mundial de celulose, uma das maiores produtoras de papéis da América Latina, líder no segmento de papel higiênico no Brasil e referência no desenvolvimento de soluções sustentáveis e inovadoras a partir de matéria-prima de fonte renovável. Nossos produtos e soluções estão presentes na vida de mais de 2 bilhões de pessoas, abastecem mais de 100 países e incluem celulose; papéis para imprimir e escrever; papéis para embalagens, copos e canudos; papéis sanitários e produtos absorventes; além de novos bioprodutos desenvolvidos para atender a demanda global. A inovação e a sustentabilidade orientam nosso propósito de “Renovar a vida a partir da árvore” e nosso trabalho no enfrentamento dos desafios da sociedade e do planeta. Com 100 anos de história, temos ações nas bolsas do Brasil (SUZB3) e dos Estados Unidos (SUZ). Saiba mais na página www.suzano.com.br

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Geotecnologias e Monitoramento Florestal: o que esperar para 2024?

Com as crescentes demandas por monitoramento e gerenciamento dos recursos naturais, as geotecnologias desempenham um papel fundamental para garantir a eficiência, a recorrência e a agilidade nesses processos, além de possibilitar maior abrangência territorial monitorada simultaneamente.     

No âmbito do monitoramento florestal e das mudanças climáticas, 2024 promete ser promissor, visto que duas importantes missões estão previstas para serem lançadas: a BIOMASS, da Agência Espacial Europeia (ESA) e a NISAR, uma parceria entre a NASA e a Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO).   

O satélite Earth Explorer Biomass (Missão Biomass – ESA) emitirá sinal de radar na banda P e obterá informações sobre a estrutura das florestas, possibilitando a inferência da altura e da biomassa, incluindo troncos, galhos e cascas das árvores. De acordo com a ESA, tais medições reduzirão as incertezas nos cálculos de estoque e fluxo de carbono, em especial àqueles associados às alterações no uso do solo, degradação e regeneração florestal. (Saiba mais em https://www.esa.int/Applications/Observing_the_Earth/FutureEO/Biomass)  

Já a missão indo-americana NISAR (NASA-ISRO Synthetic Aperture Radar) tem como objetivo monitorar as mudanças nos ecossistemas terrestres, nas massas de gelo, águas oceânicas e subterrâneas, com detalhes precisos, fornecendo informações de toda a Terra por pelo menos uma vez a cada 12 dias.   

Os sensores terão diversas aplicações. A respeito de nossas florestas, o NISAR fornecerá dados da distribuição da vegetação e da biomassa, a fim de compreender as mudanças, tendências e respostas dos ecossistemas à perturbação e à recuperação. Além disso, com a caracterização global da biomassa, as estimativas da distribuição espacial de carbono serão refinadas, melhorando as projeções e a compreensão das mudanças climáticas. (Saiba mais em https://nisar.jpl.nasa.gov/ )  

Estamos animados para explorar as possibilidades que essas missões trarão para o campo florestal e para o monitoramento e gerenciamento dos nossos recursos naturais.

Informações: Geoplant / Foto: divulgação.

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Ciência brasileira apoia crescimento do setor florestal

Embrapa faz parte da evolução da ciência do setor florestal brasileiro

O setor florestal brasileiro é pujante. Seja pela biodiversidade e riqueza de suas florestas nativas, seja pela qualidade e inovação de seus cultivos florestais com fins produtivos. E a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) faz parte desta evolução. Para ajudar a alavancar este setor, há 50 anos a empresa investe em pesquisa e ciência florestal, principalmente após o estabelecimento, em 1978, do Programa Nacional de Pesquisa Florestal – PNPF, via convênio com o então Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF).

O convênio delegava à Embrapa a coordenação, execução e apoio da pesquisa florestal brasileira (ciência), no âmbito do Ministério da Agricultura, com equipes designadas para trabalhar em Belém/PA, Petrolina/PE, Planaltina/DF e Colombo/PR, onde foi instalada a Unidade Regional de Pesquisa Florestal Centro-Sul (URPFCS). Em 1984, a Unidade passa a ter mandato nacional como Embrapa Florestas. Durante todo este tempo, atua de forma cooperativa com universidades, instituições estaduais de pesquisa, empresas de assistência técnica e de extensão rural, organizações não governamentais, empresas e associações do setor privado, poder público, instituições internacionais, produtores e suas associações, cooperativas entre tantos outros importantes parceiros.

Na área de florestas plantadas, uma das primeiras contribuições da Embrapa Florestas foi a coordenação e reintrodução do eucalipto no país. Uma equipe enviada à Austrália, país de origem do gênero, realizou a coleta de mais de 3 mil lotes de sementes de dez espécies de eucalipto, com as quais implantou uma ampla rede experimental em parceria com diversas empresas, em vários estados da União. Essa rede experimental ajudou a elevar a produtividade dos eucaliptos para um novo patamar e é considerada a base da eucaliptocultura nacional.

Já com outra espécie florestal de importância, o pínus, a Embrapa tem contribuído para estabelecimento de sua base genética e sistema de produção. Nos últimos anos, o desenvolvimento do Programa Cooperativo para Melhoramento Genético do Pínus, capitaneado por empresas reunidas por meio do Funpinus, tem trabalhado para melhoramento do gênero em duas frentes: madeira e resina.

O combate a pragas florestais é outro dos grandes marcos, com o desenvolvimento de tecnologias de controle biológico, ou seja, sem uso de produtos químicos, além de técnicas de manejo integrado de pragas, que auxiliam na prevenção e redução de danos. Destaque para o controle da vespa-da-madeira, principal praga dos plantios de pínus, desenvolvido em parceria público-privada com o Fundo Nacional de Controle de Pragas Florestais (Funcema). Caso não tivesse sido controlada, esta vespa poderia ter inviabilizado o cultivo deste gênero florestal que é a base da silvicultura de parte do Sul do Brasil, e fornece matéria prima para serrarias, movelaria, além de indústrias de papel e celulose.

Já em produtos não-madeireiros, a broca-da-erva-mate é uma praga importante dos cultivos de erva-mate e também teve como solução um produto biológico produzido em parceria com uma empresa privada. Outras pragas de interesse também contam com soluções de controle biológico, como pulgão-gigante-do-pinus e percevejo bronzeado (praga de eucalipto). Já para formigas cortadeiras, um amplo trabalho de pesquisa (ciência) em parceria com a Epagri possibilitou a redução de custos e aplicação de menores quantidades de iscas formicidas, com alto impacto financeiro e ambiental junto ao setor.  

foto mostra eucaliptos, remete a matéria Ciência brasileira apoia crescimento do setor florestal
O combate a pragas florestais é outro dos grandes marcos da ciência da Embrapa Florestas, eucalipto – Foto: Divulgação.

Quando estratégias digitais ainda recém caminhavam no país, a Embrapa desenvolveu e disponibilizou softwares para simulação de manejo de plantios florestais. Os softwares da Família SIS são simuladores para manejo, análise econômica, modelagem e de crescimento e produção de florestas plantadas utilizados para auxiliar no planejamento dos desbates (colheitas parciais, retirando-se linhas e/ou árvores selecionadas). Desde então, os usuários utilizam os softwares para testar todas as opções de manejo da floresta para cada condição de clima e solo, fazer prognose de produções presente e futura, efetuar análises econômicas e, depois, levar para o campo apenas a melhor alternativa. No começo, as espécies atendidas eram eucalipto e pínus, mas o conjunto hoje chamado FamíliaSis já atende plantios de mogno africano, teca, cedro, araucária e bracatinga. Recentemente, os softwares atendem a um novo segmento: o de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), calculando, inclusive, o sequestro de carbono em sistemas com floresta.

Assunto em pauta na atualidade, a mudança do clima é objeto de estudo pela Embrapa (ciência) há anos, tanto em relação ao papel mitigador de florestas nativas e plantios florestais, quanto ao impacto que estas mesmas florestas podem receber nos diferentes cenários de mudança de temperatura. Já foram definidos protocolos que mensuram de forma mais adequada o sequestro de carbono, tanto na parte área quanto no solo florestal, além de estudos sobre mudanças de uso da terra que envolvem florestas. Além disso, são estudados como os sistemas de produção de diversos tipos de cultivo (ciência) podem colaborar mais com o combate à mudança do clima, como por exemplo a integração lavoura-pecuária-floresta.

Este tipo de sistema (ILPF) recebe atenção da pesquisa, especialmente em sistemas de pecuária com floresta. O trabalho é realizado em parceria com a extensão rural, com a instalação de unidades de referência tecnológica que funcionam tanto como áreas de pesquisa quanto como vitrines para que produtores conheçam melhor e adotem a tecnologia. Uma das inovações que está em curso é o desenvolvimento de estudos de manejo do componente florestal para produção de biomassa. Até então, os desenhos deste tipo de sistema eram voltados para produção de toras e, agora, com o desenho para biomassa, abre uma nova possibilidade para pequenos e médios produtores atenderem outro nicho do setor de base florestal, como empresas de papel e celulose, cooperativas e siderúrgicas.

Os sistemas agroflorestais, especialmente os que conjugam espécies florestais nativas, frutíferas e agricultura também recebem atenção da pesquisa (ciência) e a planilha AmazonSaf e o aplicativo AnaliSafs apoiam o planejamento e tomada de decisão para este tipo de cultivo que reúne uma diversidade de elementos.

Na área de pesquisa com nativas, uma das grandes contribuições da Unidade é a coleção “Espécies Arbóreas Brasileiras”, com informações detalhadas de 340 espécies arbóreas nativas do Brasil. Fruto de anos de trabalho do pesquisador Paulo Ernani Carvalho, que hoje está aposentado, os cinco volumes trazem informações detalhadas tais como taxonomia, descrição, reprodução, ocorrência, aspectos ecológicos, clima, solos, sementes, produção de mudas, características silviculturais, melhoramento e conservação genética, crescimento e produção, características da madeira, principais produtos e usos, pragas e doenças e espécies afins; complementadas com mapas, tabelas e fotografias.

Para chegar a estes dados, o pesquisador coletou informações em diferentes bibliografias, mas também instalou áreas de observação em todo o país. O trabalho com nativas impulsionou trabalhos de pesquisa sobre recuperação de áreas degradadas e de baixa fertilidade, com o estabelecimento de modelos e técnicas de recuperação, indicação de espécies e desenhos apropriados, visando a restauração ecológica e o aumento da produtividade agrícola e florestal.

foto mostra vacas pastando com eucaliptos plantados, sistema ilpf, remete a matéria Ciência brasileira apoia crescimento do setor florestal
Ciência mostra a eficácia do sistema ILPF – Foto: Embrapa Florestal.

Uma espécie nativa de alto impacto para a região Sul do país e parte do Mato Grosso do Sul é a erva-mate. A Embrapa Florestas reuniu resultados de mais de 30 anos de pesquisas no Sistema Erva 20, um conjunto de práticas de manejo de ervais cultivados capaz de elevar a produtividade a 20 toneladas/hectare/colheita, dependendo das condições do cultivo (atualmente, a média de produtividade está em 7 ton/ha/colheita). Além das orientações de manejo, três aplicativos estão à disposição dos produtores: Ferti Matte (adubação), Manejo Matte e Planin Matte (avaliação econômica). Também são realizadas pesquisas sobre manejo de sistemas tradicionais de erva-mate. Ainda em sistema de produção, foram desenvolvidas duas novas formas de cultivo para produção de folhas jovens e altíssima produtividade, para atender mercados de produtos diferenciados: o Cevad Estufa e o Cevad Campo. Já no melhoramento genético, estão em desenvolvimento diferentes cultivares, com alto e baixo teor de cafeína e teobromina, com potencial de geração de novos produtos desta cadeia produtiva.

Já a araucária, outra espécie importante para o país, tem recebido atenção tanto para sua conservação, com o estabelecimento de coleções genéticas e incentivo a plantios nas divisas das propriedades rurais com estradas, quanto para seu uso sustentável, com a possibilidade de produção antecipada de pinhão, sua semente, que é muito apreciada na alimentação humana, além de possuir diversos benefícios à saúde. Com isso, produtos inovadores e sem glúten a partir da produção e processamento de pinhão podem ser fonte de renda especialmente para mulheres na agricultura familiar. A “conservação pelo uso”, preconizada pela Embrapa Florestas, pode ajudar a tirar a espécie da lista das ameaçadas de extinção.

A partir da Região Norte, a pupunha, cultivada naquela região para produção de frutos, foi introduzida no litoral do Paraná, Santa Catarina e São Paulo para produção de palmito, como alternativa à exploração da juçara, nativa da Mata Atlântica, mas que, ao ser cortada, morre, o que torna a planta em risco de extinção. Com a introdução da pupunha, o trabalho de pesquisa em parceria com a extensão rural, especialmente o IDR Paraná, possibilitou a criação de um sistema de produção completo para seu cultivo, mudando a geografia econômica das regiões onde é cultivada, com geração de renda a produtores rurais e abertura de agroindústrias. O valor bruto da produção, apenas no PR, saltou de R$ 480 mil para R$ 19,5 milhões, em um sistema de produção reconhecido pela FAO como boa prática e tecnologia social pela Fundação Banco do Brasil.

O manejo florestal de nativas também recebeu atenção nestes anos, com pesquisas sobre manejo florestal sustentável na Amazônia. Resultados apontam que o manejo florestal por espécie é a forma mais eficiente de exploração sustentável da Amazônia. Nessa lógica, a intensidade de exploração, diâmetros de corte e ciclos de corte são customizados de acordo com as características de cada espécie. O manejo florestal sustentável garante a manutenção da floresta em pé, retirando somente aquilo que a floresta produz, com geração de renda e sustentabilidade. Difere do desmatamento, que tira toda a cobertura florestal. Mas deve ser realizado com base científica. Já existem dados específicos de manejo para 15 espécies da microrregião de Sinop/MT, em pesquisas realizadas em parceria com o Cipem, e muitas informações podem ser extrapoladas para outras regiões da Amazônia. Com isso, pretende-se auxiliar no aprimoramento da legislação florestal para que garanta a sustentabilidade ambiental da Floresta Amazônica aliada à geração de renda para a população local.

Pensando no “fora da porteira”, a Embrapa tem focado esforços em nanotecnologia e química verde, trabalhando no conceito de biorrefinaria, onde as árvores são a matéria-prima para diversos produtos inovadores como pele artificial para cicatrização de feridas, fertilizantes de liberação lenta, embalagens para alimentos (tais como filmes plásticos que aumentam tempo de vida de prateleira ou indicam grau de decomposição de um alimento), entre outros. O conceito é “refinar” árvores, de forma a gerar produtos inovadores e sustentáveis, já que a matéria-prima é plantada para este fim, com critérios de qualidade e cuidado com o meio ambiente em todo o processo produtivo.

Muitos destes trabalhos são acompanhados por análises econômicas e de impacto, e auxiliam na produção de informações e conhecimentos científicos que contribuem para a elaboração de políticas públicas e a tomada de decisões estratégicas na área de produção florestal.

Para chegar aos resultados, o trabalho de pesquisa conta com apoio de diversas áreas do conhecimento, seja em pesquisas básicas que dão suporte à busca de resultados; em laboratórios que conduzem diversos tipos de análises; pessoal de campo que monitora e coleta dados para embasar as pesquisas; gestão da informação, comunicação e transferência de tecnologia, para levar os resultados aos diversos públicos de interesse. Para conseguir realizar todo esse trabalho, a Embrapa Florestas atua de forma cooperativa com universidades, instituições estaduais de pesquisa, empresas de assistência técnica e de extensão rural, organizações não governamentais, empresas e associações do setor privado, poder público, instituições internacionais, produtores e suas associações, cooperativas entre tantos outros importantes parceiros.

Ao olhar para o futuro, as soluções baseadas em florestas estarão cada vez mais presentes, seja nos aspectos ambientais e de mitigação dos impactos da mudança do clima, seja em produtos renováveis e sustentáveis presentes no dia a dia das pessoas e em soluções inovadoras que alavanquem geração de renda e conservação ambiental.

foto de IA mostra floresta e mlduras de quadro em cima, remete a matéria Ciência brasileira apoia crescimento do setor florestal
Ciência brasileira ajuda no desenvolvimento do setor florestal – Foto: Freepik.

Informações: Neo Mondo/Embrapa Florestas.

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O ESG contra a Xenofobia Florestal do Senhor dos Anéis

Artigo de Sebastião Renato Valverde[i], Aléxia Penna Barbosa Diniz[ii] e Felipe Corrêa Ribeiro[iii]

Não há dúvida de que vivemos no país dos contrastes que, mesmo rico em recursos naturais renováveis e não-renováveis e considerado o celeiro do mundo, impera os problemas crônicos e estruturais da pobreza e da fome, fruto de uma desigualdade de renda que só se compara com as dos países da África. É neste mesmo país de miseráveis e famintos que reina as perdas e desperdícios de alimentos e fibras da agricultura e da floresta.  

Embora tenhamos relativizado estes contrastes, mas, igual a Skol e diferente do que ela propaga, também não descem redondo. Na agricultura há relatos de que as perdas chegam a atingir até 20% da produção de grãos se consideradas desde a colheita até o prato do consumidor. Apesar de não haver estatísticas disponíveis sobre as perdas na atividade florestal, elas são significativas tanto oriundas do manejo dos reflorestamentos, quanto das florestas nativas.

Sabe-se que parte das perdas de grãos é minimizável, pois resulta da má operação e gestão de colheita e logística, além do uso de máquinas e veículos transportadores depreciados e, ou, danificados. Já a parte relacionada às questões climáticas, sobretudo na ocorrência de chuvas prolongadas e oriundas de frentes frias inesperadas, aí as perdas são quase que inevitáveis.  

Tal como acontece na agricultura, também há perdas na florestal devido ao uso de máquinas e veículos sucateados, a fenômenos climáticos e a gerenciamento. Talvez, mais do que impactado pela agricultura, a florestal sofre com as “armadilhas” mercadológicas. Existe um delay significativo no mercado entre o momento da decisão pela colheita das árvores em função dos preços e quantidades e o tempo futuro da venda do produto florestal. Por exemplo, a decisão pela produção do carvão se dá num momento em que o preço dele esteja satisfatório, mas até colher, extrair a madeira, secá-la e carbonizar, já se passaram meses de modo que o cenário possa não ser favorável à venda. Exceto se houver um contrato com preços e quantidade pré-fixados. Se não, aí o risco de prejuízo é alto dado os gastos operacionais e os juros sobre capital, haja vista nossas taxas escorchantes.

É comum cenários em que, colheu-se com preço satisfatório, mas já não o era quando a madeira se encontra à beira da estrada. Ou, extraiu-se, mas já não o era para transportar até o beneficiamento. Beneficiou-se, pode-se deparar com preços que não viabilizam transportar até o consumidor. Assim, se colhido e não vendido, além dos custos fixos e variáveis, há perda pela deterioração das toras com o tempo. 

Infelizmente, não há no país uma política de garantia de preços mínimos para o produto florestal ou qualquer política pública que dê segurança ao investimento que é de longo prazo e sujeito a toda natureza de riscos e incertezas. Razão esta que explica a evasão de produtores da atividade de reflorestamento mesmo nos momentos que o preço da madeira esteve na estratosfera. A falta de planejamento estatal no setor florestal prejudica os agentes envolvidos na cadeia produtiva e desincentiva a entrada de novos agentes, uma vez que eles precisam sustentar os riscos da atividade sozinhos, lidando com as incertezas do mercado.

Menos mal se fossem somente estas perdas e as vulnerabilidades às mazelas do mercado, mas outro grave problema é o desperdício causado pela morte das árvores de espécies exóticas, sobretudo pinus e eucalipto, nas áreas de preservação permanente (APP) e Reserva Legal (RL) pela técnica do anelamento do tronco conhecida como “Morte em Pé”. Isto chega a soar como ultrajante num Brasil campeão das desigualdades e provoca reflexões se ela procede social e economicamente.

Acredita-se que há uma pressão por parte de órgãos que atuam na área ambiental para que os proprietários florestais optem por este arboricídio xenofóbico como cumprimento de Termos de Ajustamentos e Condutas (TACs) para recomposição das APPs e RLs conforme o Novo Código Florestal (NCF, Lei 12651/2012). O procedimento consiste em anelar o tronco na base das árvores, descascando-o de modo a impedir a circulação da seiva. E, se necessário, a aplicação de herbicida.

Ainda que fossem apenas as árvores jovens e, ou, as finas quase sem destinação e sem valor econômico, até que se engole esta atitude perdulária, mas quando se trata de árvores adultas e, ou, grossas, com potencial para serem serradas, aí fica difícil de aceitar. Não se quer julgar o mérito desta técnica se certa ou errada, mas não deixa de ser esdrúxula no tocante as questões socioeconômicas.

Alguns podem concordar com esta supressão por entender que, segundo a legislação e pelo fato de se tratar de árvores exóticas, jamais poderiam ter sido plantadas nestas áreas protegidas (APP e RL). Acontece que foram plantadas num período em que, apesar da existência da lei, ela não proibia plantar e nem previa o tamanho destas áreas como definido atualmente.

Em que pese os institutos de APP e RL serem regidos desde 1965 pela lei 4.771/1965, ambos sofreram diversas alterações no conceito e nos parâmetros. Na redação original desta lei, as APPs eram conceituadas como florestas de preservação, sendo proibido apenas o corte raso, e as faixas ao longo do curso d´água iniciavam com larguras de 5 metros de cada lado quando o curso dá água era menor que 10 metros de largura.

Foi somente a partir da década de 1980, quando as questões ambientais se institucionalizaram, que o conceito mudou para área de preservação permanente, prevendo a sua intocabilidade e a largura inicial de 5 metros passou para 30m, ampliando em faixas conforme a largura do rio. Até então, muito se reflorestaram com exóticas até próximo dos previstos 5 m, principalmente pinus e eucalipto e muito se abriu de estradas às margens das APPs para possibilitar a logística do plantio e da colheita e transporte da madeira.

Uma vez que seja até ambientalmente correto esta supressão via anelamentos, mas o que há de sustentabilidade em algo que privilegia somente o ambiental e renega o social e o econômico? Se considerar apenas a cadeia produtiva da madeira serrada (serrarias, marcenarias e movelarias), quanto de valor agregado se perde nesta prática, quantos empregos, rendas e impostos deixam de ser gerados e arrecadados, respectivamente? No que tange a valor, na pior das hipóteses que cada árvore adulta tenha em média 3 m3 a R$100/m3 em pé, considerando, pelo menos 100 árvores por hectare, se desperdiça R$30.000 por hectare. Imagine fazendas que chegam a ter centenas e milhares de hectares em APP e RL com árvores exóticas virando comida de cupim e microrganismo?

Assim, crê-se que os benefícios ambientais desta prática arboricida não compensam as atrocidades causadas à ordem socioeconômica. Se ela é feita como alternativa a operação de corte, dado que a queda e a extração das árvores poderão causar mais impacto na regeneração do sub-bosque, ledo engano, pois com estas operações há a chance de direcionar a derrubada e a retirada visando o mínimo impacto, enquanto aneladas e mortas, cairão sem rumo.

Pode até ser que o impacto no sub-bosque com a queda dela já morta seja menor que o da colheita e extração, entretanto, por caírem à revelia do direcionamento os problemas que elas acarretam não são desprezíveis. Em regiões montanhosas, na queda, muitas das árvores descem embaladas pela força gravitacional até o curso d´água ficando atravessadas de um lado ao outro, represando-o. Verdadeiro “balaio de gato”, comprometendo o acesso a área e tornando perigosos os trabalhos de monitoramentos de fauna, flora, solo e água.

Nem pensar nas consequências que isso possa trazer caso algum incidente ou acidente venha ocorrer dentro destas áreas tais como quedas, tombos, picadas de animais peçonhentos, incêndios, entre outros, devido a dificuldade do acesso para resgate e socorro e também para debelar as queimadas. Isso, quiçá, sem querer ser catastrofistas, não venha a provocar tragédias como a de Petrópolis e Teresópolis quando enxurradas devido a “cabeça ou tromba d´água” em 2011 arrastaram árvores entrelaçadas sobre o leito de rios provocando o óbito de centenas de pessoas em razão mais das pancadas das toras do que, de fato, dos afogamentos.

É sabido que o atual código florestal que distinguiu as APPs em disposições permanentes e transitórias impõe a recomposição delas e da RL com espécies nativas delegando o prazo ao Plano de Regularização Ambiental (PRA). Cabe esclarecer que nos casos em que há espécies florestais exóticas, a nova lei diz que fora da área de uso consolidado, é obrigatório suprimir tais espécies e recompor com nativas. Já na de uso consolidado, o produtor pode manter as exóticas, cortá-las e replantar quantas vezes quiser.

O fato é que, independentemente de se estabelecer um prazo para a recomposição e a obrigação pela retirada das exóticas, não há razão que sobressaia às sociais e econômicas de destinação das madeiras. Matar estas árvores sem o devido destino socioeconômico delas é o mesmo que dizer que sua madeira não tem preço. Mesmo sendo exótica, ela concorre no mercado com a madeira nobre oriunda do manejo da floresta amazônica. Negar o valor dela significa ignorar o valor da madeira serrada também da floresta nativa.

Desta forma, é sagrado dar finalidade para a madeira. Seja vendendo no mercado ou, então, caso não o haja ou não valha a pena vender se o preço dela estiver menor que seu custo de exploração e transporte, que a doe. Certamente algumas empresas receiam doar ou vender para terceiros por medo de algum sinistro vier a acontecer na área delas durante o corte e transporte da madeira, haja vista o risco de acidente do uso de motosserra e tratores, vindo a macular a imagem dela e comprometer suas certificações.

Para isso, basta a formação de equipe própria treinada e capacitada para colheita e extração da madeira visando zerar riscos e impacto ambiental na regeneração, vendendo-a ou doando-a, já empilhada, cabendo apenas a carga e transporte, pois nestas operações os riscos são bem menores. O que não pode é esta morte das exóticas sem retorno e sem valia.

A sensação que dá é que estes anelamentos evocam uma atitude impositiva do ambientalismo dando primazia a proteção a todo custo como uma reação do que foi durante séculos a ditadura do capital sobrepondo a produção em detrimento da proteção. Acredita-se que o momento é da busca de uma terceira via visando produzir protegendo e, ou, proteger produzindo sustentavelmente.

Enfim, nós que ainda não vivemos os 10.000 anos como Raulzito, mas os quase quatrocentos desde a revolução industrial, tendo visto a ascensão e morte dos impérios do capital, do proletariado e dos verdes, ficamos otimistas com o boom do ESG (Environmental, Social e Governance) como uma pá de cal no sepultamento destas “monarquias” e como política e gestão integrada de responsabilidade ambiental e social e de governança que valoriza indistintamente os pilares sociais, econômicos e ambientais da sustentabilidade, dando opções melhores de trabalho aos senhores dos anéis do que simplesmente trucidar árvores.


[i] Professor Titular do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa (DEF/UFV), valverde@ufv.br.

[ii] Alexia Penna Barbosa Diniz, Bacharela em direito pela Universidade Federal de Viçosa e mestranda no DEF/UFV, alexia.diniz@ufv.br

[iii]Felipe Corrêa Ribeiro, Engenheiro Florestal, Mestre e Doutorando em Ciências Florestais na Universidade Federal de Viçosa.  felipe.c.ribeiro@ufv.br

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Suzano mantém prazo de início de produção do Projeto Cerrado até junho, acelera a partir de setembro

A Suzano deve iniciar a produção da maior fábrica de celulose de eucalipto em uma única linha do mundo até junho, dentro do previsto no projeto de mais de 20 bilhões de reais, afirmaram executivos da companhia nesta terça-feira, durante evento de comemoração dos 100 anos da fundação da empresa.

A fábrica, conhecida como Projeto Cerrado, vai iniciar a produção em volumes reduzidos, um processo que deve demorar cerca de dois meses antes de a companhia acelerar o ritmo em setembro para atender clientes principalmente na Ásia, disse o diretor executivo de celulose da Suzano, Aires Galhardo, a jornalistas.

A capacidade de produção do Projeto Cerrado é de 2,5 milhões de toneladas de celulose por ano, o que elevará a capacidade total da Suzano para 13,5 milhões de toneladas anuais.

A comemoração dos 100 anos da Suzano ocorre em um momento em que a companhia já promoveu seis aumentos consecutivos nos preços globais da celulose desde setembro.

Segundo Galhardo, a previsão de vendas do projeto neste ano segue mantida em cerca de 700 mil toneladas.

A oferta de madeira já está garantida, disse o presidente-executivo da Suzano, Walter Schalka, acrescentando que a unidade terá um custo de produção de cerca de 100 dólares a tonelada.

HEDGE CLIMÁTICO

Schalka afirmou que a Suzano começou há três anos uma política de “hedge florestal”, elevando sua base de florestas de eucalipto além do necessário para a produção de celulose, para se proteger dos efeitos das mudanças climáticas em suas plantações.

“Estamos nos defendendo do clima. É como um seguro, você paga sem saber se vai usar ou não”, disse o executivo, evitando comentar qual percentual das florestas da empresa são destinados a este fim.

A companhia elevou a área de florestas de eucalipto em 400 mil hectares nos últimos anos, atingindo atualmente 1,7 milhão de hectares. A empresa tem ainda cerca de 1 milhão de hectares de matas nativas, em parte para atender legislação e em parte para políticas da companhia.

Questionado sobre a concentração de ativos da Suzano no Brasil e os impactos das mudanças climáticas nos negócios da companhia, Schalka afirmou que a “Suzano vai se internacionalizar” e que a partir da conclusão do Projeto Cerrado a empresa “vai ter oportunidade grande para crescer” diante da redução dos investimentos na construção da fábrica.

“Mas (internacionalização) precisa de escala e tamanho”, disse o executivo, evitando comentar sobre geografias específicas ou prazos.

TÊXTIL

Enquanto se prepara para a ativação da nova fábrica de celulose instalada no Mato Grosso do Sul, a Suzano mira tomar uma decisão nos próximos dois anos sobre a viabilidade comercial de projeto de produção de fibras têxteis a partir de um material chamado de nanocelulose, disse o diretor de pesquisa e inovação da empresa, Fernando Bertolucci.

A companhia tem uma fábrica piloto em funcionamento desde o ano passado na Finlândia em parceria com a Spinnova. O objetivo é produzir um material capaz de rivalizar com o algodão e a viscose, disse o executivo.

“Quando começamos o custo de produção era dez vezes maior. Já estamos em 25%”, afirmou Bertolucci, citando que o consumo de água no cultivo de algodão é 90% maior que a nanofibra de eucalipto.

Por enquanto, a fábrica piloto, que é a primeira operação industrial da Suzano fora do Brasil, tem capacidade para 1.000 toneladas anuais. Uma primeira unidade de porte comercial teria que ter capacidade para 20 mil a 50 mil toneladas, disse o executivo citando ainda questões que incluem eventual interesse ou capacidade dos finlandeses em avançar junto com a Suzano no investimento.

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STJ suspende julgamento em SP sobre disputa pela Eldorado Brasil

TJSP julgaria hoje apelações sobre briga antiga entre sócias da empresa instalada em Três Lagoas (MS)

O ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Mauro Campbell Marques concedeu ontem à noite uma medida cautelar em favor da J&F Investimentos para suspender o julgamento de duas apelações que deveriam ocorrer hoje no TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo) sobre a briga que o grupo empresarial brasileiro trava há anos com o sócio estrangeiro, dono da Paper Excellence, pela propriedade da Eldorado Celulose, indústria instalada em Três Lagoas (MS). O pedido foi apresentado na segunda-feira, durante o recesso do STJ, cabendo o julgamento ao ministro que substituía a presidência da Corte.

O magistrado deferiu o pedido ao reconhecer a urgência, diante da proximidade dos julgamentos em segundo grau, e a possibilidade de haver razão nas alegações da J&F.

A empresa brasileira vendeu 49,5% a grupo indonésio em 2017, com promessa de venda do restante das ações, transação que envolveria R$ 15 bilhões. Entretanto mudou de opinião e, com isso, desencadeou-se uma guerra jurídica que vinha favorecendo a sócia. Primeiro, a J&F saiu derrotada em um julgamento de arbitragem. O caso foi levado para a Justiça comum, com sentenças igualmente desfavoráveis, que agora teriam análise retomada em turma recursal do TJSP, já com dois votos favoráveis à sócia estrangeira.

O que a J&F alegou é que havia decisão superior suspendendo a tramitação das ações quando elas foram sentenciadas e, portanto, haveria uma situação de nulidade, hipótese que foi considerada na liminar concedida pelo ministro. Com o caso ainda não concluído no TJSP, o grupo ingressou com o recurso ao STJ, abrindo o caminho para a decisão concedida ontem.

Campbell Marques pontuou que “o Superior Tribunal de Justiça tem o dever de impedir o julgamento de apelações decorrentes de sentenças que, em tese, seriam nulas, nulidade eventual essa que só se poderá avaliar com profundidade no mérito do recurso especial.”

Com essa decisão, o caso deve primeiro ser analisado pelo STJ, em relação às nulidades que a J&F alega terem ocorrido na tramitação do caso no TJSP, para depois ser retomado o julgamento na Justiça paulista.

Recompra – A empresa recentemente tornou público o desejo de comprar as ações que  havia vendido para a Paper. Tanto que divulgou isso ao mercado e noticiou interesse de devolver os R$ 3,8 bilhões recebidos. Uma reunião foi marcada pela J&F para ontem em um escritório de advocacia, mas os representantes da empresa estrangeira não compareceram, segundo noticiou a Folha de São Paulo.

A Paper já divulgou que segue interessada em adquirir a outra metade da Eldorado Celulose. Em Três Lagoas, há uma ação na Justiça Federal tentando desfazer a transação, com o argumento de que a Paper é uma empresa estrangeira e, como a compra envolveu não só a fábrica de celulose mas também terras utilizadas para florestas, deveria ter havido anuência da União e do Congresso Nacional. O Incra já divulgou uma posição contra a regularidade da negociação por falta dessa aprovação.

A empresa argumentou que considera que a posição do Incra não pressupõe a nulidade do negócio, uma vez que ela adquiriu um empreendimento e não simplesmente se tornou proprietária de áreas no Brasil.

Informações: Campo Grande News.

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Recuperação judicial da Jari Celulose deve ser transformada em falência

O administrador judicial da empresa alega incapacidade de recuperação da fábrica, parada desde 2022

O administrador judicial da Recuperação Judicial da Jari Celulose pediu a sua transformação em falência. A informação é do jornalista paraense Mauro Bonna, que assina coluna no jornal Diário do Pará.

Segundo ele, o administrador judicial alegou incapacidade de recuperação da fábrica, parada há mais de 17 meses, e o atraso de mais de dez meses de salários, embora a empresa tenha angariado recursos financeiros vultuosos, através de financiamentos obtidos mediante garantia patrimonial.

Em uma primeira assembleia geral, no ano passado, nada foi deliberado pelos credores sobre a aprovação ou não do plano de recuperação proposto pela Jari, apenas adiada a decisão. O pedido de falência, protocolado em dezembro de 2023, está para decisão do juiz da Comarca de Monte Dourado.

Em novembro do ano passado, a fábrica da Jari Celulose, em Monte Dourado, sem atividade fabril havia mais de 15 meses, informou que não conseguira retomar a sua capacidade produtiva, sem dinheiro para óleo combustível e pagamento de salários atrasados. A Jari já alegava que estava em vias de fechar a venda de créditos tributários federais, verba suficiente para restabelecer a atividade produtiva e pagar salários. Está marcada uma assembleia geral de credores para o próximo mês de fevereiro vindouro, mas dificilmente a Jari conseguirá aprovar o seu plano de recuperação judicial, caminhando a passos largos para a falência.

Crise prolongada

Em julho de 2019, a Justiça do Pará aceitou o pedido de recuperação judicial das empresas do grupo Jari, que entre outras atividades produz celulose solúvel no Vale do Jari, região amazônica entre os estados do Pará e do Amapá, e é controlado pelo empresário Sérgio Amoroso. A dívida total sujeita ao processo era de R$ 1,75 bilhão. A intenção era apresentar o plano de recuperação dentro dos 60 dias previstos em lei.

No deferimento, que tem data de 16 de julho, a juíza Rafaella Moreira Lima Kurashima, da Comarca de Almeirim e do distrito de Monte Dourado, reconheceu o argumento do grupo de que uma série de eventos prejudicou a expansão dos negócios nos últimos anos, incluindo a “má escolha” de prestadores de serviços. A Jari Celulose teve problemas na conversão da fábrica de celulose de fibra curta para a celulose solúvel há alguns anos, o que levou à paralisação da operação por um longo período.

Em meados do ano passado, a situação financeira se agravou e a pressão dos credores acabou se refletindo na atividade de empresas do grupo. Diante disso, os bancos BTG Pactual e Bradesco foram mandatados pela Jari Celulose para encontrar um sócio para a empresa. Naquele momento, não estava definido um limite para a fatia que seria vendida ao futuro sócio.

Em abril deste ano, as contas da Jari acabaram bloqueadas pelo Banco do Brasil, levando-a a paralisar parte de sua produção. As empresas do grupo que entraram em recuperação judicial empregam cerca de 700 trabalhadores direto e dois mil indiretos.

Com o objetivo de se concentrar no negócio de celulose, a Jari iniciou em 2012 a venda de seu negócio de embalagens de papelão ondulado no país para a americana International Paper (IP), que agora busca uma opção estratégica para esses ativos e vai deixar esse segmento no mercado brasileiro. Em duas etapas de compra, entre 2012 e 2014, a IP desembolsou R$ 1,27 bilhão.

Naquele momento, a Jari já estava investindo na conversão da fábrica no Norte do país para a produção de celulose solúvel, usada como matéria-prima na indústria têxtil. À época, o dono do grupo informou que os investimentos giravam em torno de R$ 600 milhões, incluindo o plantio de florestas, dos quais R$ 350 milhões financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A “nova” Jari teria capacidade de produção inicial de 250 mil toneladas por ano.

Informações: Diário do Amapá.

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