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Engenharia florestal: a ciência por trás do manejo de florestas nativas

*Artigo de Cícero Ramos.

Há mais de 300 anos, o saxão Hans Carl von Carlowitz defendeu o uso sustentável das florestas, argumentando que o consumo de madeira deve respeitar os limites de produção e regeneração das áreas florestais. Em outras palavras, não se deve derrubar o estoque de árvores maduras da floresta até que se observe que há crescimento suficiente no local. Carlowitz baseia seus argumentos no interesse do “bem comum”, da comunidade e da “querida posteridade”, ou seja, das gerações futuras, apresentando uma ideia claramente definida de sustentabilidade.

As florestas e biomas exigem a capacidade exata da visão do presente e do futuro em todas as ações que nelas efetua. A profissão de engenheiro florestal surgiu justamente com esse propósito: garantir que o uso dos recursos florestais seja sustentável. Afinal, a madeira e outros produtos florestais são essenciais para a humanidade, mas exigem tempo para serem produzidos. Com o crescimento populacional e a demanda crescente, é fundamental planejar atividades que sejam economicamente viáveis, socialmente justas e ambientalmente responsáveis.

No Brasil, o curso de Engenharia Florestal foi criado há 65 anos. No entanto, é importante esclarecer alguns aspectos sobre essa profissão: será que esse curso foi uma invenção nacional? A resposta é não. O curso já existia há décadas em países como Alemanha, Suécia, França, Estados Unidos. Na América do sul, Venezuela, Colômbia, Chile e Argentina também haviam implementado cursos de Engenharia Florestal muito antes do Brasil.

Mas por que criar um curso tão específico, não teria sentido a criação da Escola Nacional de Florestas pela União e dos cursos de Engenharia Florestal por algumas Universidades, para formar o Engenheiro Florestal? outras formações não poderiam cobrir essas necessidades? A resposta está na complexidade dos ecossistemas florestais. Recursos abundantes e ecossistemas florestais diferenciados, recomposição de florestas, técnicas de regeneração e plantio, manutenção de habitas, alternativas de uso do solo, previsões de produção em floresta, produtos não madeireiros oriundos da floresta, manutenção de florestas, necessidades econômicas, dentre outras variáveis heterogenias, clamavam, como clamaram antes na Europa, por alternativas técnicas e ciências que pudessem responder de forma organizada há estas questões que variavam de ambiental a econômica. A criação da Engenharia Florestal surgiu da necessidade de formar profissionais qualificados para enfrentar os desafios do setor florestal brasileiro. Essa iniciativa não apenas fortaleceu a formação de especialistas, mas também impulsionou a adoção de práticas sustentáveis e inovadoras no manejo dos recursos florestais.

Em que pese a legislação, de forma bem intencionada, tentar simplificar as normas para o manejo de florestas naturais (esse é o tema que abordaremos aqui), e isso é compreensível, continuam subjacentes as necessidades de conhecimentos técnico-científicos para elaboração e execução dos planos de manejo.

O engenheiro florestal é um gerente dos recursos florestais, desempenhando um papel essencial na conservação e no manejo sustentável das florestas, desse modo ele precisa saber o ambiente ideal para a regeneração natural de determinada espécies, e também se algum tratamento silvicultural adicional será necessário. Precisa saber planejar e calcular a rede ideal   de estradas, pátios e trilhas de arraste visando menor dano a floresta e com menor custo aplicando conhecimentos de exploração de impacto reduzido (EIR) e precisa de conhecimento sólidos de estratificação das diferentes tipologias e sub-tipologias, e sua combinação de espécies florestais para um melhor lançamento amostral estatístico, o qual não comprometa a regeneração da floresta quando explorada.

Além disso, o engenheiro florestal precisa saber identificar a qualidade, sanidade e potencial dos fustes a serem manejados e quais devem ficar como árvores matrizes ideais. Precisa estudar a capacidade de suporte da floresta a ser manejada e qual a intensidade de exploração que deve ser utilizada de maneira a que não ponha em risco a sustentabilidade da mesma. A floresta, e dentro dela, todas a suas espécies, possuem uma “faixa de variação ótima” na sua curva de desenvolvimento e formação. Retiradas que perturbem esta faixa de variação, implicarão no “ponto de não retorno” mencionado por especialistas e seguidamente mencionado na mídia.

O engenheiro florestal precisa saber monitorar a floresta em exploração. Para isso não são suficientes a correta instalação de parcelas permanentes, mas saber calcular sua intensidade ideal, e mais que isso, interpretar seus resultados a luz das informações das fases sucessionais da floresta. Quais classes diametricas merecem abertura para luminosidade? E para qual espécie? E em que intensidade? Como está a estrutura da floresta? Os ciclos de corte estarão adequados? Quando ela estará produtiva de novo? Já pode haver uma reentrada no talhão? Como pleitear isto junto aos órgãos ambientais? Quais medidas mitigadoras devem ser utilizadas no caso de impactos imprevistos?

Atualmente, há uma grande preocupação ambiental, e muitas profissões passaram a opinar sobre o meio ambiente de acordo com suas próprias visões de mundo, muitas vezes sem uma direção clara ou base técnica sólida. No entanto, é importante destacar que já existe uma formação específica e consolidada que permite trabalhar com as florestas naturais de forma produtiva e sustentável quando necessário. Grandes cientistas do passado, como Carlowitz, Hartig, Cotta, Liocourt, Brandis, Odum, Osmaston, Whitmore, Dawkins e, mais recentemente, Natalino Silva, entre outros, já haviam refletido sobre o uso sustentável das florestas naturais. Todo esse conhecimento acumulado está organizado e disponível no curso de Engenharia Florestal, que continua sendo a base para o manejo responsável e científico dos recursos florestais.

O engenheiro florestal precisa saber identificar as áreas de ocorrência principal das espécies e diferenciar das ocasionais e identificar o risco local de determinada espécie, se esse for o caso. Ele também precisa entender de modelos matemáticos de crescimento e volume de madeira, ajustar equações hipsométricas.  Combinar variáveis dendrométricas com ambientais.

Por outro lado sabemos, que todas estas preocupações não utilizam talvez até o momento, 20 ou 30% do aporte e estoque cientifico que a Engenharia Florestal possui. Mas ela possui!!! E ela está qualificada para enfrentar os novos desafios que surgirão quando das necessidades já em discussão sobre o aperfeiçoamento do manejo florestal se tornarem mais fortes. Manejo de precisão, manejo por espécie são novos desafios! A ciência florestal não para! Embrapa, INPA, faculdades, continuam apresentando sugestões de modernização do manejo florestal. Mais e mais especialistas com sólida formação em Ciência Florestal serão necessários. Novos protocolos de manejo florestal estão sendo desenvolvidos.

A Engenharia Florestal não é apenas uma profissão — é uma ciência. Ela se baseia em diversas disciplinas, entre as quais destacam-se: Entomologia Florestal, Anatomia da Madeira, Tecnologia da Madeira, Ecologia Florestal, Experimentação Florestal, Dendrologia, Tecnologia e Produção de Sementes Florestais, Dendrometria, Melhoramento Genético Florestal, Inventário Florestal, Métodos e Tratamentos Silviculturais, Silvicultura Tropical, Economia Florestal, Colheita, Transporte e Logística Florestal, além de outras que complementam o conhecimento necessário. Todas essas áreas convergem em uma disciplina que integra e aplica esses conhecimentos de forma prática e abrangente: o Manejo de Florestas Naturais.

O manejo florestal na Amazônia está alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, nos objetivos 8 (trabalho decente e crescimento econômico), 12 (consumo e produção responsáveis), 13 (ação contra a mudança global do clima), 15 (vida terrestre) e 17 (parcerias e meios de implementação). É crucial promover um entendimento mais profundo sobre o manejo florestal sustentável e da cadeia produtiva da madeira de florestas nativas, considerando aspectos socioeconômicos e ecológicos. Reforçando práticas florestais sustentáveis e a inovação baseada na ciência e engenharia florestal são essenciais para proteger as florestas, gerar renda e mitigar as mudanças climáticas, integrando o uso dos recursos florestais com estratégias de conservação ambiental.

No Brasil, a Engenharia Florestal foi responsável por introduzir o manejo florestal sustentável, antes a exploração das florestas nativas era feita de maneira empírica, sem o suporte técnico necessário. O manejo florestal sustentável é, de fato, uma das poucas atividades de uso do solo que mantém a cobertura florestal enquanto gera renda a partir da floresta em pé. Essa prática é fundamental para conciliar a produção econômica com a conservação ambiental, garantindo a sustentabilidade dos recursos naturais.

É importante deixar claro que a silvicultura envolve uma série de atividades essenciais — como a produção de sementes, mudas, preparo da área e do solo para o plantio, controle de plantas invasoras, pragas e doenças, além do plantio, replantio, adubação e calagem, sempre com o devido acompanhamento técnico —, essas práticas não devem ser confundidas com o manejo de florestas nativas.

Agora, imagine o que acontece quando profissionais sem a qualificação adequada assumem essas tarefas. Os princípios da administração pública, como legalidade e eficiência são ignorados, projetos acabm mal elaborados, sem base científica sólida, e os danos materiais e ambientais são inevitáveis. No final, quem paga o preço é a floresta — e, por consequência, todos nós.

Reduzir o ensino da ciência florestal apenas à disciplina de Silvicultura é um erro grave. A Engenharia Florestal é muito mais ampla. Permitir que profissionais sem formação completa atuem no manejo de florestas nativas é como deixar alguém operar um paciente só porque leu um manual de cirurgia. Conhecimento técnico e científico não são opcionais — são fundamentais.

Sendo a Engenharia Florestal uma ciência, é impossível assimilar todo o conhecimento acumulado acerca desta ciência com apenas uma carga horária de 60, 75 ou 90 horas. Se fosse assim, em três, quatro ou cinco anos, o ser humano poderia dominar todas as ciências da humanidade e poderia exercer todas as profissões existentes no mundo. o que é claramente inviável e impossível de se conceber.

O conhecimento técnico e científico não é uma opção, mas uma necessidade. Transferir essa responsabilidade para quem não está preparado é, no mínimo, irresponsável. A ciência florestal não é apenas uma palavra bonita — é a base que sustenta práticas seguras, eficazes e sustentáveis. E quando se trata de florestas nativas, não há espaço para atalhos.


*Cícero Ramos é engenheiro florestal e vice-presidente da Associação Mato-grossense dos Engenheiros Florestais-AMEF.

Origem da publicação: https://www.remade.com.br/noticias/20567/engenharia-florestal:-a-ciencia-por-tras-do-manejo-de-florestas-nativas

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Manejo Florestal Sustentável: entenda o que é e como produtor pode gerar receita com reserva legal

Atividade tem avançado, mas ainda causa receio em produtores rurais

O Código Florestal brasileiro regula as áreas que podem ou não serem utilizadas para a atividade agropecuária. Isso varia conforme o bioma. A Amazônia é onde as restrições são maiores e o dever do produtor rural é de preservar 80% da propriedade. Um dos questionamentos que produtores dessa região buscam solucionar é como aproveitar essa área de reserva legal. Uma das formas é por meio do Manejo Florestal Sustentável. 

Felipe Antonioli é filho de um produtor rural de Santa Carmem (MT). A terra do pai tem 7 mil hectares, dos quais menos de 20% estão arredados para soja. No restante, a família faz o manejo florestal. Tanto o pai como o filho também têm uma madeireira e fazem a exploração no terreno. “É a única alternativa de garantia da floresta em pé e podendo gerar também benefício econômico e social para ela”, afirma Antonioli. 

O que é o Manejo Florestal Sustentável?

Basicamente, consiste em extrair madeiras comerciais de uma área de vegetação nativa mas com o mínimo impacto ambiental. Trata-se de uma operação “cirúrgica” na floresta. Instituída em 2006, essa prática é legalizada e regulamentada pelo Ministério do Meio Ambiente e outros órgãos ambientais estaduais.  

“O manejo sustentável tem uma metodologia de aproveitamento daqueles indivíduos [árvores] que estão maduros. Então você faz um inventário da floresta e identifica os indivíduos maduros que já passaram na verdade do processo de sequestrar carbono, eles estão emitindo carbono”, resume a secretária de Meio Ambiente de Mato Grosso, Mauren Lazzaretti. O estado é um dos principais na exploração de madeira e tem cinco milhões de hectares de áreas com manejo ativo ou já executado, todas em propriedades rurais. 

O presidente do Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal (FNBF), Frank Almeida, ainda faz uma analogia para explicar o sistema. “É o ciclo natural da vida. A árvore é exatamente como os humanos. Nós nascemos, crescemos, na fase adulta, reproduzimos ou não, envelhecemos e morremos. As árvores são da mesma forma. O manejo identifica exatamente estas árvores que já cumpriram o ciclo de vida, já envelheceram e estão morrendo. Em vez da gente deixar ela envelhecer lá na floresta, nós vamos fazer um corte e uma colheita planejada”.

Foto: Arquivo Cipem

Como é feito o manejo?

O primeiro passo é entender se a área da reserva legal tem viabilidade econômica. Isso porque nem todas as espécies de árvores que existem ali tem valor comercial. Plantas como ipê, cumaru, castanheira e tatajuba são exemplos. O passo seguinte é a elaboração do Plano de Manejo Florestal. Nessa etapa é feito o mapeamento da área, a identificação das áreas de preservação permanente (APP), impacto na hidrologia do local, entre outras análises. 

Outro fator importante dentro do plano é o chamado inventário florestal. Esse documento identifica árvore por árvore dentro da área. Além disso, é por meio dele e de outros dados coletados no Plano que é possível direcionar se uma planta está ou não dentro dos padrões para a colheita ou se ela serve de abrigo para animais, por exemplo. 

Com tudo aprovado pelos órgãos ambientais, começa a etapa de construção da infraestrutura. Estradas, alojamentos, pátios de madeira e linhas de arraste são construídos dentro da área manejada. Toda essa parte não pode ultrapassar 2% da área total. Além disso, a área é dividida em talhões, normalmente 30 ou 25. Isso porque cada ciclo de corte tem de 25 a 30 anos. Isto quer dizer que um talhão é explorado por ano e só pode voltar nele em 25 ou 30 anos.

Como esclarece o engenheiro florestal e analista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Amazônia Oriental, Fabrício Nascimento, a floresta já passa por um processo chamado de sucessão florestal. Cerca de 2% das árvores mais frondosas morrem naturalmente. Com a queda, são abertas clareiras na floresta o que possibilita que plantas mais jovens possam receber mais sol, favorecendo o desenvolvimento delas. 

“Nas florestas tropicais, você não vai ver indivíduos todos da mesma altura você vê isso em florestas temperadas. Nas nossas florestas aqui você vai ver desde as mudinhas pequenininhas até árvores frondosas. As clareiras fazem parte inclusive do processo natural de formação, manutenção e perpetuação das nossas florestas. Se você não mexer na floresta, ela vai ter uma taxa anual de 1% a 2% de árvores que vão morrer e abrir clareiras e ela faz isso justamente para ter essa renovação de ciclo, para dar oportunidade de luz, de desenvolvimento para aquelas que são menores. É a sabedoria da floresta”, exemplifica Nascimento. 

Parcerias com madeireiras

O presidente do FNBF explica que de forma geral são pelo menos três tipos de parcerias que os produtores rurais podem fazer para viabilizar o manejo nas propriedades, especialmente as que estão no bioma Amazônico. 

Direito da exploração: uma vez identificada a viabilidade econômica da área, o produtor faz uma espécie de concessão para uma madeireira, por exemplo. O Plano de Manejo sai no nome da agroindústria, assim como as responsabilidades também passam para ela. No entanto, o valor que o produtor recebe já é precificado antes, recebendo uma espécie de “aluguel”.

Parceria florestal: nesse caso funciona como uma sociedade. O produtor fornece a área e a agroindústria o custeio e execução do projeto. Os lucros são divididos de acordo com os percentuais determinados entre as partes.

Exploração própria: o produtor também pode optar por fazer toda a parte do Plano de Manejo e da colheita. Nesse caso, ele já entrega a madeira carregada na propriedade. A venda é por metragem cúbica e varia de acordo com o mercado e com a espécie. 

Manejo florestal pode garantir receita, mas é preciso ficar atento aos custos

Felipe Antoniolli comenta que na fazenda do pai atualmente 80% da receita da propriedade vem do Manejo Florestal Sustentável. “Por hectare, gira em torno de R$ 4 mil a R$ 5 mil no manejo”. Com o arrendamento da soja, o lucro é menor, cerca de dez sacas por hectare por safra plantada, aproximadamente R$ 1 mil, variando conforme o preço da oleaginosa. Mas ele lembra: “A gente só volta nesse hectare manejado depois de 25 anos”.

No caso da família de Antoniolli, a madeira é transportada e processada pela própria serraria da família, basicamente, um modelo de exploração própria. Ele também alerta que é importante estar atento aos custos da implementação do projeto. “Depende do engenheiro florestal, mas em média é de R$ 400 por hectare”, calcula. 

Além de já conseguir monetizar a reserva florestal, outro benefício destacado pelos especialistas é um monitoramento maior das propriedades, o que evita invasões. Outro ponto são as queimadas. As estradas funcionam com aceros, evitando que essas áreas de reserva peguem fogo ou minimizando o alastre do incêndio. 

“Porque a reserva dele está intocada, está numa porção que ele, às vezes, não tem acesso, e aí ele descobre [a invasão]. Eu já atendi vários produtores rurais que descobriram que estavam sofrendo invasão nas suas propriedades. […] A exploração em forma de manejo permite que ele [produtor] faça um controle melhor, além de gerar renda”, ressalta a secretária de Meio Ambiente de Mato Grosso.

Informações: Agro Estadão.

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Pode outra profissão substituir o engenheiro florestal no manejo florestal sem prejuízo ao meio ambiente?

*Artigo de Cícero Ramos

Mais de 250 anos de ciência florestal se passaram desde que o saxão Hans Carl von Carlowitz criou o tema “sustentabilidade” para a produção perpétua das florestas. No Brasil, há 64 anos foi criado o curso de Engenharia Florestal. Esse curso é uma invenção nacional? Ele pode ser substituído por outra formação?

Respondendo a primeira pergunta, não, o curso já existe há vários anos nos principais países do mundo, como principalmente a Alemanha, Áustria, Estados Unidos, França, Suécia, dentre outros. Quase uma década antes do Brasil, a Colômbia, o Chile e a Argentina, já tinham, na América Latina, criado também seus cursos de engenharia florestal que surgiram por meio interferência da Sub-Comissão sobre Florestas Inexploradas da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), isso ocorreu devido à importância ambiental e econômica das florestas nativas no pós-guerra, buscando a produção de produtos florestais como madeira e energia.

Por que criaram um curso com especialização tão focada, tão específica, outros cursos não cobririam estas necessidades? Já agora respondendo a uma segunda questão, recursos abundantes e ecossistemas florestais diferenciados, recomposição de florestas, técnicas de regeneração e plantio, manutenção de habitas, alternativas de uso do solo, previsões de produção em floresta, produtos não madeireiros oriundos da floresta, manutenção de florestas, necessidades econômicas, dentre outras variáveis heterogenias, clamavam, como clamaram antes na Europa, por alternativas técnicas e ciências que pudessem responder de forma organizada há estas questões que variavam de ambiental a econômica.

A engenharia florestal contribuiu para os avanços no Código Florestal de 1965, que aperfeiçoou o Código de 1934, incluindo a proibição da exploração empírica das florestas primitivas da região amazônica, que só poderiam ser exploradas mediante planos técnicos de condução e manejo.

Em que pese a legislação, de forma bem intencionada, tentar simplificar as normas para o manejo de florestas naturais (esse é o tema que abordaremos aqui), e isso é compreensível, continuam subjacentes as necessidades de conhecimentos técnico-científicos para elaboração e execução dos planos de manejo.

Por exemplo: O engenheiro florestal precisa saber o ambiente ideal para a regeneração natural de determinada espécies, e também se algum tratamento silvicultural adicional será necessário. 

O engenheiro florestal precisa saber planejar e calcular a rede ideal   de estradas, pátios e trilhas de arraste visando menor dano ambiental e com menor custo. Precisa conhecimentos de exploração de impacto reduzido. Precisa entender e combinar rede de estradas e arraste com menor dano as áreas de preservação permanente (APP).

Precisa conhecimento sólidos de estratificação das diferentes tipologias e sub-tipologias, e sua combinação de espécies florestais para um melhor lançamento amostral estatístico, o qual não comprometa a regeneração da floresta quando explorada.

Além disso, precisa saber identificar a qualidade, sanidade e potencial dos fustes a serem manejados e quais devem ficar como árvores matrizes ideais.

O engenheiro florestal precisa estudar a capacidade suporte da floresta a ser manejada e qual a intensidade de exploração que deve ser utilizada de maneira a que não ponha em risco a sustentabilidade da mesma. A floresta, e dentro dela, todas a suas espécies, possuem uma “faixa de variação ótima” na sua curva de desenvolvimento e formação. Retiradas que perturbem esta faixa de variação, implicarão no “ponto de não retorno” mencionado por especialistas e seguidamente mencionado na mídia.

O engenheiro florestal precisa saber monitorar a floresta em exploração. Para isso não são suficientes a correta instalação de parcelas permanentes, mas saber calcular sua intensidade ideal, e mais que isso, interpretar seus resultados a luz das informações das fases sucessionais da floresta.

Quais classes diametricas merecem abertura para luminosidade? E para qual espécie? E em que intensidade? Como está a estrutura da floresta? Os ciclos de corte estarão adequados? Quando ela estará produtiva de novo? Já pode haver uma reentrada no talhão? Como pleitear isto junto aos órgãos ambientais? Quais medidas mitigadoras devem ser utilizadas no caso de impactos imprevistos?

Com o advento da preocupação ambiental, várias profissões passaram a opinar sobre o meio ambiente de forma caótica. Sem uma direção clara. Isso foi tomando proporções maiores sem a ação corretiva das instituições responsáveis. A questão, é que já havia uma formação que permitia trabalhar com as florestas naturais de formas produtiva, quando necessário. Afinal, o manejo florestal, é bom lembrar, é o único uso do solo que mantém a cobertura florestal. Grandes cientistas do passado, como Carlowitz,  Hartig, Cotta, Liocourt, Brandis, Odum, Osmaston, Whitmore, Dawkins, mais recentemente, Natalino Silva, dentre vários,  já tinham pensado o uso das florestas naturais de forma sustentável e estes conhecimentos encontram-se TODOS dentro do Curso de Engenharia Florestal.

O manejo de florestas naturais está alinhado com as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, especialmente nos objetivos 8, 12, 13, 15 e 17. Esses objetivos buscam aumentar a produtividade e preservar a cobertura florestal, ao mesmo tempo que promovem a conservação dos ecossistemas, a biodiversidade, a mitigação das mudanças climáticas e geram emprego e renda nos estados amazônicos, oferecendo uma alternativa viável ao desmatamento ilegal.

Em função do exposto, o engenheiro florestal precisa saber identificar as áreas de ocorrência principal das espécies e diferenciar das ocasionais e identificar o risco local de determinada espécie, se esse for o caso. Ele também precisa entender de modelos matemáticos de crescimento e volume de madeira, ajustar equações hipsométricas.  Combinar variáveis dendrométricas com ambientais.

Por outro lado sabemos, que todas estas preocupações não utilizam talvez até o momento, 20 ou 30% do aporte e estoque cientifico que a Engenharia Florestal possui. Mas ela possui!!! E só ela está qualificada a enfrentar os novos desafios que surgirão quando das necessidades já em discussão sobre o aperfeiçoamento do manejo se tornarem mais fortes. Manejo de precisão, manejo por espécie são novos desafios! A ciência não para! Embrapa, INPA, faculdades, continuam apresentando sugestões de modernização do manejo. Mais e mais especialistas com sólida formação e Ciência Florestal serão necessários. Novos protocolos de manejo estão sendo desenvolvidos.

Para compor a Ciência Florestal são necessárias várias disciplinas, entre as principais, resumiríamos: Ecologia Florestal, Botânica florestal, Dendrologia, Entomologia Florestal, Dendrometria, Colheita florestal, Inventário Florestal, Economia Florestal, Estradas Florestais, Silvicultura e tratamentos silviculturais, Tecnologia da madeira, Melhoramento Florestal, Estatística florestal, e muitas outras as quais fecham numa disciplina que une todos estes pontos: o Manejo de Florestas Naturais.

Transferir a responsabilidade técnica e científica para profissionais sem a devida qualificação seria irresponsável. O conhecimento das normas de uma operação médica não torna o indivíduo capacitado a operar em nome do cirurgião que estudou para isso e conhece os meandros do corpo humano.  Repetimos, subjacente a norma, existe a necessidade do conhecimento da ciência. 

Quem se responsabiliza por autorizar a outrem o direito a manejar os recursos florestais se responsabilizará por previsíveis danos ambientais e econômicos que ocorrerem no futuro? Fica a pergunta.


*Cícero Ramos é engenheiro florestal e vice-presidente da Associação Mato-grossense dos Engenheiros Florestais.

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Biofábrica da Bracell reduz impactos ambientais no manejo de pragas do eucalipto

Unidade da empresa já produziu mais de 215 milhões de inimigos naturais, reduzindo 90% da necessidade de controle de lagartas desfolhadoras

A Bracell, líder global na produção de celulose solúvel, desenvolveu em sua biofábrica protocolos de alta eficiência para produção de inimigos naturais de lagartas desfolhadoras de eucalipto que podem causar grandes perdas econômicas, sendo consideradas como uma das principais pragas da cultura. A técnica de controle biológico desenvolvida pela empresa – que engloba estratégias de monitoramento, produção e dispersão dos agentes – permitiu reduzir em 90% as ocorrências de surtos de lagartas e a necessidade de pulverização de defensivos químicos.

“Além das vantagens ambientais, o uso do controle biológico de pragas tem se mostrado mais atrativo do ponto de vista de custo, permitindo manter o equilíbrio por mais tempo e reduzindo os surtos de pragas em nossos plantios”, destaca Leonardo Sarno, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento Florestal da Bracell.

Desde 2018, mais de 215 milhões de inimigos naturais já foram produzidos na biofábrica da Bracell, em Alagoinha (BA), sendo aproximadamente 83 milhões somente em 2023. Estes inimigos naturais foram liberados em uma área de 9,5 mil hectares de plantios, nas unidades florestais da empresa na Bahia, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

“Para se ter uma ideia, em 2018, quando a unidade da biofábrica iniciou sua produção e implantamos o controle biológico, ocorreu necessidade de controle de lagartas em aproximadamente 15 mil hectares. Em 2023, a área com surtos de lagartas reduziu 10 vezes. Até o momento, em 2024, em apenas 300 hectares houve necessidade de controle. Essa redução drástica nas ocorrências deste grupo de pragas trouxe vários impactos positivos, reduzindo os custos, a necessidade de controle emergencial, as perdas e, por consequência, os impactos ambientais”, salientou Reginaldo Mafia, gerente de Pesquisa em Manejo Florestal da Bracell.

Na biofábrica da Bracell são produzidas três espécies de inimigos naturais das pragas do eucalipto. O portfólio de produtos biológicos contempla uma espécie predadora de lagartas, denominada de Podisus nigrispinus, e as espécies Palmistichus elaeisis e Tetrastichus howardi, que são parasitoides. Enquanto a espécie predadora se alimenta diretamente das lagartas, os parasitoides utilizam as pupas das lagartas para a reprodução. Utilizando estes dois grupos de insetos é possível interromper o ciclo das lagartas, de forma efetiva.

“Os protocolos de produção de agentes de controle biológico desenvolvidos pela Bracell constituem um compilado técnico com diretrizes para multiplicação massal de insetos, baseado em informações da biologia e comportamento das espécies de interesse para o controle dos principais grupos de pragas da região. O documento é atualizado conforme os avanços científicos sobre o assunto. Nele, são descritas instruções detalhadas para o desenvolvimento das criações desde as condições ambientais, como temperatura, umidade e período de exposição luminosa, a composição da dieta e preparo da alimentação dos insetos, até o manuseio e as técnicas de reprodução, passando pela preparação dos insetos para a liberação em campo e a gestão das informações de produção”, informa Wagner Morais, pesquisador especialista no assunto.

Pioneirismo no setor florestal

A Bracell foi uma das pioneiras na instalação de biofábrica para produção de inimigos naturais de pragas. Ao longo dos últimos anos, investiu continuamente em pesquisa, desenvolvimento e no treinamento de uma equipe qualificada e totalmente dedicada para a biofábrica. A produção e o fornecimento destes agentes permitem controlar os focos iniciais de infestação de lagartas, em menor tempo possível. A celeridade desta ação é essencial para reduzir os riscos de dispersão e aumento da população das pragas. Além de produzir esses agentes para suas áreas de plantio, a Bracell mantém uma rede de cooperação com outras empresas do setor florestal, além de parceiros produtores de madeira.

Dispersão dos insetos

Para realizar a liberação dos agentes de controle biológico no campo, a empresa utiliza drones específicos, desenvolvidos em parceria com a empresa XFly, especialista nesse tipo de equipamento para uso agrícola. O modelo atual foi projetado para a dispersão de parasitoides, que são insetos de tamanho pequeno, permitindo a liberação de uma grande quantidade de indivíduos, de forma uniforme nas áreas de plantio.

“O uso do drone aumenta muito a eficiência da liberação, permitindo que uma área muito maior receba esses insetos em um curto espaço de tempo. Estudos iniciais demonstraram uma capacidade de liberação em até 100 hectares por hora, com um rendimento potencial diário de até 600 hectares”, salienta Morais.

Difusão do conhecimento

A difusão do conhecimento sobre as técnicas de produção de inimigos naturais é útil para as empresas do setor florestal, uma vez que fortalece as práticas de controle biológico, evitando a ocorrência frequente de surtos de pragas. Por conta disso, as informações sobre os protocolos desenvolvidos pela Bracell são constantemente compartilhadas com grupos de pesquisa, por meio de reuniões técnicas, publicação de artigos técnicos e científicos.

“Como se sabe, as pragas podem facilmente ser disseminadas de uma região para outras áreas. Portanto, é do interesse de todo o setor um manejo mais eficiente, independentemente da empresa florestal em que os surtos estejam presentes. Desta maneira, as ações de manejo integrado de pragas devem ser vistas como uma oportunidade de cooperação entre as empresas”, conclui Sarno.

Para saber mais assista ao vídeo sobre o Complexo de Proteção Florestal da Bracell, em Alagoinhas: https://www.youtube.com/watch?v=DLycOfuqp2A.

Sobre a Bracell

A Bracell, líder global na produção de celulose solúvel e especial, se destaca por sua expertise no cultivo sustentável do eucalipto, que é a base para a produção de matéria-prima essencial na fabricação de celulose de alta qualidade. Atualmente a multinacional conta com mais de 11 mil colaboradores e duas principais operações no Brasil, sendo uma em Camaçari, na Bahia, e outra em Lençóis Paulista, em São Paulo. Além de suas operações no Brasil, a Bracell possui um escritório administrativo em Singapura e escritórios de vendas na Ásia, Europa e Estados Unidos. Para mais informações, acesse: www.bracell.com.

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Manejo florestal sustentável é o caminho para a preservação de florestas nativas brasileiras

No sexto episódio do Podcast WoodFlow o tema central foi a exploração sustentável de madeiras tropicais e nativas no Brasil

“O caminho para preservar a Amazônia, para preservar as nossas florestas nativas é investir em manejo florestal sustentável e incentivar o consumo de madeira oriunda do manejo consciente e responsável”. A afirmação é do Presidente da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeiras do Estado do Pará (AIMEX), Deryck Martins, que foi um dos entrevistados do sexto episódio do podcast WoodFlow, que vai ao ar nesta segunda-feira, 5 de agosto. 

A conversa conduzida pelo CEO da WoodFlow, Gustavo Milazzo, também contou com a presença do head de Desenvolvimento Estratégico da STCP, Marcelo Wiecheteck,  e trouxe uma visão bastante positiva para o mercado de madeira nativa, seus desafios e oportunidades. 

Mercado de madeira tropical

De acordo com Marcelo, o mercado internacional de madeira tropical (madeira cuja origem se dá nas regiões entre os trópicos de Câncer e Capricórnio) é de cerca de 25 bilhões de dólares ao ano. O Brasil possui uma pequena participação desse mercado, com cerca de 1 milhão. 

“Atualmente, o Brasil tem uma pequena fatia desse mercado, mas já teve participação expressiva, chegando a galgar mais de 50% do mercado internacional. Porém isso não significa que diminuímos o nosso volume de exportações. Na verdade, enquanto mantivemos os mesmos patamares em volume, outros países entraram nesse mercado que está em expansão e conquistaram mais espaço”, explicou Marcelo.

Deryck completa que entre os principais produtos exportados estão madeira para pisos e decks e o principal consumidor é os Estados Unidos, seguido por Europa e Ásia. Porém ele destaca que apenas 15 a 17 % do que é produzido no Brasil é exportado. O grande consumidor da madeira tropical brasileira ainda é o mercado interno. 

Desafios e Oportunidades

Ambos os entrevistados destacaram que o Brasil já possui ferramentas eficientes para o rastreamento e controle da exploração de madeira tropical ou nativa. Mas ainda precisa avançar para promover mais iniciativas de manejo florestal sustentável a fim de que possa galgar mais espaço no mercado. 

Segundo Deryck, as iniciativas de manejo florestal em áreas públicas, as chamadas concessões florestais, estão com trâmites mais avançados e viabilizados. “Porém é preciso ainda avançar em manejos de áreas privadas, para que possamos além de incentivar  a manutenção da floresta em pé, permitir que se extraiam produtos florestais madeireiros e não madeireiros”, destaca.

O manejo florestal de florestas nativas no Brasil acontece da seguinte maneira: a cada um hectare (equivalente a um campo de futebol), estima-se que existam de 600 a 700 árvores. Nesse hectare são retiradas apenas 5 árvores e para cada espécie retirada, precisa-se deixar ao menos três indivíduos da mesma espécie nessa área. 

“Hoje já é comprovado que uma floresta que foi manejada, ela se mantém saudável por mais tempo, além de que, quando se fala em carbono, com o manejo você aumenta o estoque de carbono naquela floresta, pois se retiram árvores maduras e se estimula a regeneração”, apontou Deryck.

Aqui está a grande oportunidade da exploração sustentável de florestas nativas: a escalabilidade. Segundo Marcelo, de todo o território brasileiro cerca de 50% é de mata nativa. Então, enquanto o mercado de madeira exótica (pinus e Eucalipto) vive incertezas quanto ao abastecimento de matéria prima a longo prazo, a madeira nativa já está pronta para ser colhida, é claro, sob a ótica do manejo citado acima. “Se o país desenvolver políticas que colaborem para a exploração sustentável, podemos abraçar uma fatia considerável do mercado”.

Como dito no início deste texto, estimular o consumo de madeira oriunda de manejo sustentável é uma das formas de se pressionar que existam mais iniciativas de se explorar as florestas brasileiras de forma consciente. E o conhecimento é a principal chave para barrar o desmatamento e promover a manutenção das florestas. Ouça isso e muito mais no sexto episódio do podcast WoodFlow.

Sobre o Podcast WoodFlow

O Podcast WoodFlow é uma iniciativa da startup de exportação de madeira WoodFlow, e visa debater, uma vez ao mês, sobre o mercado de madeira. O CEO da WoodFlow, Gustavo Milazzo conduz as entrevistas sempre retratando o cenário e o futuro da madeira. O Podcast WoodFlow é o primeiro do país a debater temas do mercado madeireiro e pode ser acessado diretamente no youtube ou nas plataformas de streaming de áudio.

Informações: WoodFlow | Imagem destaque: divulgação.

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Manejo florestal climático e a nova silvicultura de mercado: uma abordagem integrada

*Artigo por Adriana Maugeri.

O cenário global atual demanda ações decisivas e que tragam benefícios em escala em relação aos efeitos das mudanças climáticas. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), organismo que reúne cientistas de diversos países, alerta para a necessidade urgente de reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa em até 2030, a fim de evitar um aumento de temperatura acima de 1,5 graus Celsius. Mais do que reduzir as emissões, é preciso também capturar o carbono excedente que já foi emitido e que está em nossa atmosfera.

Integrando o valioso grupo de soluções baseadas na natureza, o manejo florestal emerge como uma alternativa vital, visto que as florestas, tanto as plantadas quanto as conservadas, desempenham um papel fundamental na captura e fixação de carbono em seus componentes e especialmente no solo. Neste contexto, o Brasil, com sua vasta agroindústria florestal em franco desenvolvimento, possui uma posição privilegiada.

Gosto de expressar que o nosso planeta não depende de nossa ação direta para ser salvo como os alarmistas propagam, muito pelo contrário, somos apenas uma das milhões de espécies que hoje o habitam e que certamente em algum momento de sua evolução, no contexto estrito do Darwinismo, deixaremos de habitar da mesma forma para dar espaço às novas espécies melhores adaptadas ao ambiente que aqui se apresentar. Obviamente, somos capazes de acelerar o ritmo de sua degradação a níveis insustentáveis. Mas o jogo das alterações climáticas nos evidencia que quem está correndo risco eminente de ser extinta é a nossa espécie, juntamente com outras tantas.

Esta finitude da humanidade, em momento desconhecido, é certa, mas nos afasta da realidade científica, do fato. Ter ciência de que somos de fato frágeis e que estamos em risco de extinção, acredito que nos traria em menor tempo e maior relevância, ações, envolvimento, engajamento, inovação para além dos belos discursos, que realmente fizessem a diferença e nos trouxesse maior qualidade de vida.

Esta distância também é frequentemente vista entre os dados científicos sobre os inúmeros benefícios ambientais escalonáveis proporcionados pelo manejo de florestas plantadas apresentados por milhares de estudos e pesquisas comprometidas, versus a frágil certeza de muitos especialistas de que um forte pilar para a solução da crise climática não são as remoções vegetais de carbono e sua fixação e ciclagem nos solos, tal qual a nossa Terra nos ensina diariamente quando permitimos que ela seja nossa professora, vale frisar.

Enquanto alguns dos especialistas globais em crise climática reduzem a distância entre a certeza e a ciência disponível para se alimentarem, a agroindústria florestal brasileira continua expandindo e entregando resultados impressionantes e alinhados entre plantar, produzir e conservar, sempre em grande escala. Entretanto, assim como o planeta vem mudando a passos largos, o manejo florestal também. Mas não o seu conceito apenas, mas a sua razão existencial. Manejar florestas para otimizar ganhos em produção e gerar um bom resultado financeiro, não é mais apenas o que deve motivar o produtor florestal atento e contemporâneo.

É preciso manejar florestas para potencializar os ganhos produtivos e também os ganhos climáticos, visar resultados operacionais atraentes e também possibilidades de ganhos com operações financeiras verdes que remunerem o serviço ambiental prestado. Manejar florestas para produzir mais madeira e também para ampliar a oferta de bioprodutos que substituirão materiais de fontes não renováveis. Chamo esta visão sistêmica de manejo florestal climático. Para ir além da produção de madeira, o produtor florestal precisa a aprender como este material nobre, renovável e limpo pode agregar valor ao seu negócio nos próximos anos, quais serão suas vantagens frente a outros produtos e, principalmente, como ele vai “vender” de forma consistente seu diferencial.

O manejo florestal climático traz em sua essência a rastreabilidade da origem, o acompanhamento ajustado e reportado da exaustão dos ativos, sejam eles materiais ou até mesmo financeiros, como os possíveis créditos de carbono gerados por exemplo, a busca e prática constante pelas técnicas que contribuam para a regeneração, recuperação e até mesmo a renovação dos recursos naturais que fornecem meios ou que estejam presentes em nossa operação, tais como o solo, ar, água, biodiversidade, biomassa.

Dito isso, aconselho aprofundar em conceitos que estimulem a inovabilidade de sua aplicação no manejo florestal, tais como: silvicultura de precisão, técnicas regenerativas de solo, uso de inteligência artificial como auxiliar à sensibilidade humana, uso integrado e avançado das ferramentas meteorológicas,  novos produtos de origem florestal-mercados e produção, integração florestal, lavoura e pecuária, entre tantos outros são fundamentais para garantir a eficiência e a sustentabilidade da produção florestal dos próximos anos. Para além disso, cada vez mais a colaboração setorial sinérgica, a estratégica definida de representação e advocacy dos segmentos setoriais e o investimento contínuo em parcerias são essenciais para enfrentar os desafios futuros.

A transformação da agroindústria florestal rumo a uma abordagem mais sustentável e integrada não apenas fortalecerá o setor economicamente, mas também contribuirá significativamente para mitigar os impactos das mudanças climáticas e promover o desenvolvimento sustentável em âmbito global.

Desafios e perspectivas para um manejo florestal climático

A agroindústria florestal brasileira tem visto um aumento significativo na demanda global por produtos que possam substituir materiais de origem não renováveis. No entanto, como percebemos,  falta uma atitude de urgência maior em adaptar hábitos e decisões às demandas climáticas do hoje.

Apesar das oportunidades crescentes no setor florestal, muitos ainda estão inertes diante da necessidade de mudança. É fundamental adotar um novo modelo de manejo florestal que promova a perenidade, versatilidade e lucratividade, alinhado à governança climática.

A agroindústria florestal possui um papel crucial na governança climática global, podendo neutralizar uma parcela significativa das emissões de carbono, atuais e as já acumuladas. No entanto, urge um novo mindset por parte dos decisores políticos e empresariais para ampliar e dar alcance a essa vantagem competitiva.

Aqueles que encontrarem soluções diferenciadas e holísticas serão os verdadeiros líderes nesse novo cenário, garantindo não apenas lucratividade, reconhecimento, pioneirismo, mas a nossa possível melhoria de qualidade de vida neste planeta para nossa espécies e para outras tantas que não podem se expressar.


*Adriana Maugeri é presidente da AMIF – Associação Mineira da Indústria Florestal e da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Florestas Plantadas do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).

Texto em versão estendida | Originalmente escrito para a GlobalFert 2024.

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Atuação em rede fortalece o manejo florestal comunitário na Amazônia

Para encerrar a Semana do Meio Ambiente, a Embrapa e o ITTO (Organização Internacional de Madeiras Tropicais) apresentam o vídeo “Manejo Florestal Comunitário e Familiar – Uma Ação Coletiva”. O produto marca a finalização do projeto Bom Manejo Fase 2 e chama atenção para a importância da atuação em rede e do fortalecimento das comunidades locais para o uso e conservação das florestas na Amazônia.

O projeto Bom Manejo 2 é coordenado e executado pela Embrapa com apoio financeiro da Agência Brasileira de Cooperação (Ministério das Relações Exteriores), Fundação Instituto de Desenvolvimento da Amazônia (Fidesa), Organização Internacional de Madeiras Tropicais (ITTO) e do Governo Japonês.

O vídeo reflete um dos prinicipais resultados do projeto, que é o trabalho articulado entre diversas instituições na direção de uma agenda positiva para o manejo florestal comunitário, segundo o pesquisador Milton Kanashiro, da Embrapa Amazônia Oriental, coordenador do Bom Manejo 2. “A participação do projeto na construção do Observatório do Manejo Florestal Comunitário e o envolvimento no Fórum Florestal da Amazônia, que reúne empresas e comunidades, trazem um legado muito importante para o momento no qual vivemos”, aponta.

Com depoimentos de comunitários da Reserva Extrativista (Resex) Verde para Sempre, localizada em Porto de Moz (PA) e de representantes de instituições locais, estaduais e federais, o vídeo destaca a atuação coletiva e coordenada de diferentes atores como estratégia fundamental frente aos vetores que ameaçam a manutenção das florestas.

A Resex Verde para Sempre é a maior Unidade de Conservação de uso sustentável do Brasil com 1,2 milhão de hectare e que este ano completa 20 anos de sua criação. Nela vivem em torno de 3 mil famílias organizadas em mais de 100 comunidades que manejam a floresta para a extração de produtos madeireiros e não-madeireiros.

Projeto em duas fases 

Na primeira fase do projeto do Bom Manejo foram desenvolvidas ferramentas para apoiar e facilitar a execução das práticas de manejo florestal e o monitoramento da floresta. São quatro softwares que focam em aspectos diferentes, porém complementares da atividade: planejamento da exploração madeireira (BOManejo); monitoramento do crescimento e da dinâmica da floresta (MFT); monitoramento financeiro das operações florestais (MEOF); e monitoramento da sustentabilidade e performance geral do manejo (MOP).

Em sua segunda fase, essas ferramentas foram aperfeiçoadas e adaptadas para outras linguagens computacionais. O projeto realizou inúmeras capacitações junto a empresas madeireiras, profissionais da área florestal e em comunidades da Resex Verde para Sempre para a disseminação de boas práticas de manejo, coletas de dados e uso das ferramentas.

Foto: Jaime Souzza

Fortalecimento do manejo comunitário

Um dos passos em direção ao fortalecimento do manejo florestal comunitário, segundo Milton Kanashiro, da Embrapa, foi a instituição, em março deste ano, de um Grupo de Trabalho (Portaria GM/MMA nº 1.019, de 21/3.2024) para coordenar a elaboração do Programa Federal de Manejo Florestal Comunitário e Familiar, a ser estabelecido no âmbito do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e do Serviço Florestal Brasileiro – SFB. “A portaria representa a retomada em nível federal do programa e certamente dará um grande impulso na atividade junto as comunidades”, avalia o pesquisador.

“O manejo florestal veio para organizar nossa atividade, o nosso planejamento dentro da floresta, considerando nossa economia, o nosso bem-viver e o meio que a gente vive”, afirma Margarida Ribeiro, moradora da Resex.

“Quando todos se coordenam, é possível articular melhor as ações, programas e políticas públicas em prol do uso e conservação da floresta. Manter a floresta viva e em pé é um compromisso do Brasil com o planeta e com as populações da Amazônia”, finaliza Luciana Valadares, da Secretaria de Biodiversidade, do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA).

Informações: Embrapa Amazônia Oriental.

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Exporta Mais Brasil: empresas do setor de manejo florestal sustentável podem se inscrever para rodada de negócios em Alta Floresta (MT)

São 30 vagas para o evento, que acontecerá nos dias 19 e 20 de junho. Inscrições estão abertas até 5 de abril

Atenção empresários do ramo de manejo florestal sustentável: a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) está com inscrições abertas para a Rodada de Negócios para o setor no Exporta Mais Brasil, programa desenvolvido pela Agência para facilitar o contato de empresas brasileiras com o mercado internacional sem precisar sair do Brasil. O evento acontecerá nos dias 19 e 20 de junho, em Alta Floresta, no Mato Grosso (MT). As inscrições vão até 5 de abril e devem ser realizadas neste link.

São 30 vagas destinadas a empresas do setor de processados de madeira oriunda de manejo florestal sustentável, de todas as maturidades exportadoras, que terão a oportunidade de se conectar a compradores internacionais e expandir seus negócios. Os importadores selecionados para vir ao Brasil estão em busca de empresas brasileiras produtores de produtos beneficiados para serem comercializados em seus respectivos mercados. Além disso, realizarão visitas técnicas para entender melhor a sustentabilidade da cadeia, o funcionamento do mercado local e todo seu potencial.

As empresas participantes devem possuir uma estratégia para exportação e/ou internacionalização e apresentar documentos que comprovem a origem da matéria prima. Além disso, seguindo as diretrizes e políticas da ApexBrasil, empresas de micro e pequeno porte ou lideradas por mulheres terão vantagem na pontuação. Outros critérios incluem:

  • Exportou diretamente no período de 2022 e/ou 2023, conforme dados da Receita Federal;
  • Obteve atendimento PEIEX ou AgroBR até o final do prazo das inscrições;
  • Possui website ou perfil em rede social em idioma estrangeiro,
  • Possui material promocional (catálogo e/ou folder) em idioma estrangeiro,

Aos participantes selecionados que fizerem adesão ao evento serão oferecidos os seguintes serviços:

  • Reunião online preparatória/webinar (data a confirmar);
  • Espaço e estrutura para realização da Rodada de Negócios;
  • Equipe de apoio para a realização das rodadas de negócios;
  • Serviço especializado de matchmaking com compradores internacionais selecionados;

SERVIÇO

Exporta Mais Brasil – Madeira Serrada e Beneficiada

  • Quando: 19 e 20 de junho
  • Onde: Alta Floresta, MT
  • Vagas: 30
  • Inscrições: até 05/04
  • Link de inscrição: clique aqui
  • Regulamento completo: clique aqui

Sobre o Exporta Mais Brasil

Com o slogan “Rodando o país para as nossas empresas ganharem o mundo”, o Exporta Mais Brasil foi criado pela ApexBrasil para potencializar as exportações do país a partir de uma aproximação ativa com diferentes setores da economia de todas as regiões do Brasil. Por meio do programa, empresas brasileiras têm a oportunidade de se reunir com compradores internacionais que vêm ao país em busca de produtos e serviços ligados a setores específicos.

Em 2023, com investimento de R$ 5 milhões, o Exporta Mais Brasil completou 13 rodadas em 13 estados brasileiros, dedicadas a 13 diferentes setores produtivos. O programa movimentou, ao todo, R$ 275 milhões em negócios e promoveu 3.496 reuniões de negócios entre 143 compradores internacionais de 41 países e 487 empresas brasileiras. Em 2024, o programa visitará os outros 14 estados do país, além de retornar a São Paulo e ao Ceará.

Conheça mais sobre o Programa Exporta Mais Brasil e a participação das empresas brasileiras nas edições anteriores.

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Sensores monitoram evolução das florestas de eucalipto da Suzano, no Espírito Santo

Investimentos em inovação e sustentabilidade permitem aumentar produção sem ter de ampliar área de plantio

Referência mundial em celulose, a indústria capixaba está atenta às inovações no manejo das florestas de eucalipto e no aprimoramento de toda a cadeia produtiva para tornar a produção mais sustentável e competitiva. As novidades abrangem variedades de plantas mais resistentes a pragas e tolerantes a herbicidas, automação e inteligência artificial (IA).

Na avaliação do engenheiro, PhD florestal e membro da Academia Nacional de Engenharia Renato Moraes de Jesus, essas iniciativas contribuem para que o Espírito Santo continue se destacando no setor de celulose. “Hoje, temos estimativas volumétricas, podemos calcular o volume da floresta com drones. É possível mapear, contar o plantio por talhão (unidade de plantio), sem ter de ir a campo, o que é muito mais rápido e efetivo. Tudo evoluiu a partir do sensoriamento remoto. O custo é muito menor e mais imediato”, explica.

Ele destaca o impacto na produção. “Tivemos ganhos impressionantes, antes eram em torno de 15 estéreos (unidade de medida) por hectare, agora são 60. Foi possível selecionar material genético que produz mais e aumentar a capacidade da fábrica sem a necessidade de ampliar a área de plantio. Tudo é mapeado para definir o que deve ser plantado em cada local. É possível fazer o mapa de produtividade com maior teor de celulose e menor teor de extrativos”, compara o engenheiro.

No Espírito Santo, essas inovações já estão incorporadas ao processo produtivo da Suzano, maior exportadora de celulose do mundo. O gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa, Diogo Strapasson, conta que 2023 foi um ano marcado pela aprovação de novas mudas de eucalipto, que melhoraram a competitividade das florestas da companhia.

“Sem dúvida, um dos principais objetivos da inovação é reduzir custos de produção, como um diferencial competitivo dos nossos negócios. Na produção de madeira, celulose ou de diversos tipos de papéis, sempre buscamos qualidade e diversificação, com redução de custos. Nesse ponto, o aumento da produtividade é importante em todas as etapas, com iniciativas na formação de florestas, com cultivares de eucaliptos cada vez mais produtivas e sustentáveis, na logística florestal e de celulose, nas unidades industriais, bem como no modelo de negócio”, avalia.

Tendência em diversos segmentos da economia por superar algumas limitações tecnológicas, a inteligência artificial também foi adotada pela companhia. Na planta de Três Lagoas (MS), a empresa faz o uso de uma ferramenta que permite detectar falhas em maquinários industriais antes mesmo de elas ocorrerem. Outro sistema, de monitoramento em tempo real, utiliza sensores para analisar a condição dos equipamentos por meio de vibração, garantindo uma manutenção mais célere. “O orçamento em inovação cresceu consistentemente ao longo dos últimos cinco anos. O valor dedicado às inovações representa 1% do faturamento anual da empresa”, aponta Strapasson.

Em Aracruz, no Norte do Estado, a companhia investe na construção de uma caldeira de biomassa. A unidade está inserida em uma nova onda de modernização alinhada à preocupação com a sustentabilidade da floresta, como explica o gerente-executivo de Engenharia da Suzano, James Ferretti.

“Essa caldeira será instalada com as melhores tecnologias do mercado, aumentando a eficiência da fábrica, ampliando a estabilidade da unidade, reduzindo custos e resultando em ganhos ambientais à operação. A nova caldeira de biomassa trará maior estabilidade à geração de vapor, menor custo de manutenção, maior geração de energia e menor consumo de óleo combustível”, projeta. O principal ganho ambiental dessa nova caldeira está no menor consumo de óleo combustível e na redução da emissão de CO2.

Outras inovações relacionadas à preocupação em ter a cadeia de produção mais eficiente e, ao mesmo tempo, sustentável estão presentes no lançamento de novos produtos, como os papéis Greenpack e Greenbag, que possibilitam a substituição de embalagens de plástico. O objetivo é reduzir o uso de produtos derivados do petróleo, trocando-os por soluções sustentáveis, produzidas a partir da árvore de eucalipto.

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Atualização de legislação estadual melhora competitividade do setor de base florestal de MT

Pleito do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira de Mato Grosso (Cipem) foi atendido pelos poderes Legislativo e Executivo de Mato Grosso neste início de 2024. Duas leis foram atualizadas pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL-MT) e sancionadas pelo governador, Mauro Mendes, na segunda-feira (8).

As mudanças nas normas foram propostas pelo deputado Dilmar Dal Bosco e abordadas por meio da Câmara Técnica Florestal, coordenada pelo Cipem. Uma das atualizações amplia a validade da Autorização para Exploração dos Planos de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) de 12 para 24 meses, excetuando os períodos de restrição da atividade de corte, arraste e transporte na floresta no período chuvoso.

O ajuste ocorre por meio da Lei Complementar (LC) n. 786/2024, que alterou artigo da LC n. 592/2017, que dispõe sobre o Programa de Regularização Ambiental (PRA), disciplina o Cadastro Ambiental Rural (CAR), a regularização ambiental dos imóveis rurais e o licenciamento ambiental das atividades poluidoras ou utilizadoras de recursos naturais em Mato Grosso.

A outra mudança advém da LC n. 785/2024, que inclui na LC 592/2017 artigo que prevê “emissão de Autorização do Corte de Árvores Isoladas — ACAI”.

O presidente do Cipem, Ednei Blasius, expressou sua satisfação nas redes sociais em relação à modernização das leis, agradecendo ao trabalho do legislativo e executivo. Ele destacou que a solicitação foi encaminhada pelo Cipem por meio da Câmara Técnica Florestal, e parabenizou o deputado Dilmar pela gestão eficiente em relação aos temas e também reconheceu o governador Mauro Mendes por compreender a importância das alterações na legislação, atendendo prontamente às necessidades do setor de base florestal com esse significativo avanço.

O diretor-executivo do Cipem, Valdinei Bento destaca que a extensão da validade da Autorização de Exploração Florestal (Autex) para o dobro do prazo anteriormente vigente contribui para reduzir o acúmulo de processos de análises dentro do órgão ambiental.

“Só em Mato Grosso a permissão de exploração ainda era de 12 meses, prorrogável por igual período de 12 meses. Isso acarretava mais processos no órgão ambiental e morosidade para o empreendedor florestal, que tinha que aguardar o trâmite burocrático, impactando negativamente na colheita, produção e comercialização dos produtos florestais”.

O Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), órgão colegiado responsável pela adoção de medidas de natureza consultiva e deliberativa acerca do Sistema Nacional do Meio Ambiente, já previa validade de 24 meses para a permissão de exploração florestal.

Em relação a LC 785/2024, o diretor-executivo do Cipem esclarece que a atualização da norma não autoriza a supressão de vegetação, apenas a colheita de espécies arbóreas isoladas quando houver a conversão de área de pastagem em agricultura, facilitando o processo de mecanização das lavouras.

Cipem

Composto por 8 sindicatos do setor de base florestal que fazem parte da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), o Cipem representa um segmento econômico que emprega aproximadamente 9 mil trabalhadores formais, sendo o 4º maior volume de postos de trabalho formais entre as indústrias de transformação de Mato Grosso, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Com 4,7 milhões de hectares (ha) de florestas nativas conservadas em áreas privadas, Mato Grosso é modelo de produção sustentável de madeira no Brasil. Através de técnicas de manejo florestal são produzidos por ano 4,4 milhões de metros cúbicos (m3) de madeira no Estado.

O comércio internacional da madeira nativa mato-grossense movimentou US$ 83,6 milhões em 2023. Entre os estados brasileiros exportadores, Mato Grosso ocupa a 4ª posição no ranking, tendo embarcado 81 mil toneladas do produto florestal no ano passado. É responsável por 2,29% das vendas externas de madeira no Brasil e por 98% na região Centro-Oeste do país, conforme dados estatísticos do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

Além da importância socioeconômica regional, a produção de madeira sustentável contribui com a arrecadação de impostos. O setor de base florestal recolheu R$ 66,2 milhões aos cofres do governo estadual em 2022, indica o Observatório da Indústria.

Informação: Cenário MT.

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