A empresa marcou data e horário para anular o contrato e devolver os R$ 3,7 bilhões
Nesta semana, a J&F Investimentos S.A. notificou a Paper Excellence, afirmando que deve cumprir a recomendação do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) de Mato Grosso do Sul. A nota técnica solicitava a nulidade da compra.
Ainda conforme a nota do Incra, a data limite para manifestação da J&F era nesta segunda-feira (8). Assim, a empresa se manifestou sobre o posicionamento do Incra, em pedido pela nulidade do contrato de compra e venda das ações da Eldorado, firmado em dezembro de 2017 com a Paper Excellencee.
Conforme a nota divulgada na íntegra pelo Poder 360, a J&F notificou a CA Investment a distratar o contrato. Para isso, foi convocada uma reunião entre as partes no dia 23 de janeiro, às 10h30, em São Paulo (SP).
Com isso, na oportunidade a J&F propõe receber as ações em posse da CA e imediatamente devolver o valor pago, equivalente a R$ 3.777.097.851,00. Assim, o grupo volta a ser o único proprietário da Eldorado.
Paper acusa Eldorado de deslealdade
Em nota emitida no fim da tarde de terça-feira (9), a Paper Excellence acusou os gestores da Eldorado Brasil Celulose de agirem com deslealdade, em favor da J&F, na tentativa de obstruir a transferência do controle da companhia.
“Em notificação encaminhada nesta segunda-feira (08/01) ao diretor presidente da Eldorado, Carmine de Siervi Neto, a Paper alega que a empresa distorceu os efeitos jurídicos de uma nota técnica emitida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e transmitiu informações falsas ao mercado, promovendo campanha da J&F que busca descumprir obrigações contratuais”, diz a nota.
Ainda na nota, a Paper também diz que tomará as medidas necessárias para que os administradores da Eldorado sejam responsabilizados “por sacrificar o melhor interesse da companhia e descumprir seus deveres legais e fiduciários para atender ‘interesses escusos da J&F’”.
Venda da Eldorado
Em outubro de 2023, a novela que virou a compra da Eldorado Celulose, em Três Lagoas, ganhou um novo capítulo. Em audiência da 1ª Vara Federal de Três Lagoas, procuradores disseram que o acordo de compra por parte da Paper Excellence deve ser anulado, já que a empresa não obteve autorização do Congresso Nacional para realizar a compra.
Acontece que a Paper Excellence é uma empresa de capital estrangeiro e, para adquirir terras no Brasil, precisa de autorização do Congresso Nacional. O que não ocorreu na época da compra da Eldorado Brasil, em 2017.
Desde então, a compra se arrasta em ações judiciais. Na audiência da última semana, o MPF (Ministério Público Federal) propôs acordo entre as partes onde a Paper Excellence tenha apenas parte das ações ou o desfazimento do negócio, conforme informações do Conjur.
Acontece que a J&F, proprietária da Eldorado e a compradora travam batalha judicial desde 2017, o que inviabilizaria totalmente um acordo entre as partes. Dessa forma, a J&F propôs devolver recursos já pagos em até 30 dias e assim se livrar de possíveis multas por ter feito um negócio irregular.
Disputa impede duplicação de fábrica
Há anos a Paper Excellence enfrenta uma guerra judicial com a J&F pelo controle da Eldorado Brasil. O impasse tem travado a duplicação da planta industrial localizada em Três Lagoas, que já tem projeto pronto para ser executado.
A Paper Excellence se comprometeu com o Governo de Mato Grosso do Sul a duplicar a planta da Eldorado, em Três Lagoas, quando a disputa judicial acabar. O projeto da segunda linha de produção da Eldorado está pronto, licenciado em termos ambientais e pago.
Na estimativa do Governo do Estado, em valores atuais, o investimento da Eldorado na duplicação da unidade passaria dos R$ 10 bilhões. A unidade tem capacidade para produzir 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano.
Informações: midiamax.