Paulo Ferreira de Souza nasceu em 7 de março 1898, Engenheiro Agrônomo formado pela Escola Agrícola Luiz de Queiroz, em Piracicaba-SP no ano de 1917, especializou-se em Silvicultura pela Universidade de Yale, Estados Unidos (1918-1920).
A proposta de criação da Escola Nacional de Florestas (ENF) foi elaborada por Paulo Ferreira de Souza, que encontrou respaldo no movimento ambientalista e ajudou a mobilizar a opinião pública a respeito dos problemas da exploração florestal, a trajetória do Professor Paulo Ferreira de Souza nem sempre amplamente divulgada e reconhecida no meio florestal.
Antes da implantação do primeiro curso de Engenharia Florestal, os especialistas que atuavam na área florestal eram os agrônomos silvicultores. Após concluírem a graduação, eles precisavam realizar um curso complementar com duração aproximada de 2 anos para se especializarem nessa área específica.
Em 1929, Paulo Ferreira de Souza, que já possuía expertise na área florestal, expõe a realidade do ensino da Silvicultura no Brasil. O ensino da ciência florestal se limitava à disciplina ou abordagens de Silvicultura, em cursos de Agronomia, sem maiores ênfases.
O Decreto n° 23.196 de 12 de outubro de 1933 regulamenta o exercício da atividade agronômica (reflorestamento, conservação, defesa, exploração e industrialização de matas). A exploração das florestas da bacia amazônica ocorria de maneira empírica, sem a aplicação de métodos específicos para garantir sua sustentabilidade e conservação.
Os cursos de Engenharia Florestal surgiram na América Latina por meio interferência da Sub-Comissão sobre Florestas Inexploradas da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), isso ocorreu devido à importância ambiental e econômica das florestas nativas no pós-guerra, buscando a produção de produtos florestais como madeira e energia.
No ano de 1948 foi realizada a primeira Conferência Latino-americana de Florestas e Produtos Florestais no Brasil que recomendou a criação de escolas florestais, de grau universitário, para a formação de engenheiros florestais, capazes de realizarem trabalhos de direção, de política florestal, de administrações, etc
Em 1953, no I Congresso Florestal Brasileiro promovido pelo Instituto Nacional do Pinho, foram abordados diversos temas, como a deficiência do ensino superior da silvicultura no Brasil, no programa de Horticultura e Silvicultura, do 3° ano dos cursos de agronomia, era praticamente impossível de ser ministrado em sua totalidade, em virtude da exiguidade de tempo no ano letivo – o qual, sem dúvida, reflete no deficiência dos conhecimentos que deve possuir o agrônomo recém-formado, para enfrentar os problemas práticos de sua profissão.
A Alemanha, no que tange o cuidado quanto à Silvicultura está na vanguarda com os suas diversas Escolas Superiores. Também na Rússia há numerosos estabelecimentos de ensino de Engenharia florestal. Na França funcionam diversas escolas superiores do especialização, notadamente a Escola Nacional de Águas e Florestas, bem como a Escola Superior da Madeira. O ensino da Silvicultura na Inglaterra, é ministrado inclusive no Universidade de Oxford, onde funciona o Forestry lnstitute of the Commonweolth. No Bélgica a École Forestiere de I’Etot, em cursos gerais e técnicos, prepara especialistas em Silvicultura, exploração de florestas, afiação, comércio de madeiros, com teoria e prática nas florestas, estabelecimentos industriais, oficinas e escritórios
No Brasil o ensino do Silvicultura limita-se ao que resultar pode do desdobramento do cadeira de Horticultura e Silvicultura, no 3° ano do Escola Superior de Agronomia.
Na proposição, moção e recomendação n° 45 apresentada e aprovada pelo Plenário do 1° Congresso Florestal Brasileiro:
Considerando a grande extensão territorial brasileiro, onde existe um patrimônio florestal que preciso ser preservado e explorado racional e economicamente como fonte de renda;
Considerando que há no Brasil, escassez de técnicos florestais, devido justamente ao foto de não existir no País uma escola especializado para a formação de tais técnicos;
Considerando que todos os Países adiantados já compreenderam que a técnica florestal difere do técnico agrícola e, por isso mesmo, já possuem Escolas Florestais;
Considerando que o Governo Federal mantém, no Km 47 do antigo rodovia Rio-São Paulo, uma Universidade de assuntos rurais, o qual, possuindo amplos edifícios, é constituída de apenas duas Escolas – Agronomia e Veterinária, propomos ao 1° Congresso Florestal que recomende ao Congresso Nacional:
A decretação de uma lei criando a Escola Nacional de Florestas, nos moldes dos Escolas Nacional de Agronomia e Nacional de Veterinária, como porte integrante da mesmo Universidade Rural.
Os agrônomos foram os primeiros a discutir e propagar a importância da criação de uma escola de ensino superior em Engenharia Florestal.
Em 1956 o Engenheiro Agrônomo Silvicultor David de Azambuja publica “Problemas florestais brasileiros”, pelo Serviço Florestal, resultado de uma exposição apresentada à Comissão de Recursos Naturais da Câmara Federal, onde foi revelado que em 1955 existiam apenas 20 Engenheiros Agrônomos Silvicultores no país; não havia técnicos suficientes e nem programa de pesquisa florestal; o autor propunha a criação de estações florestais experimentais nas distintas regiões do país e afirmava que o curso de Tecnologia da Madeira criado no Instituto Tecnológico de São Paulo era uma forma de fortalecer o setor.
Alguns países sul-americanos já haviam implantado Escolas de Engenharia Florestal, como na Venezuela em 1948, a Colômbia em 1950, o Chile em 1952 e a Argentina em 1958.
Em 1958, Paulo Ferreira de Souza apresenta um panorama relevante do ensino de florestas brasileiro em seu livro “Escola Nacional de Florestas, Necessidade de sua criação”. O país precisava de uma política florestal que incentivasse o conhecimento de nossas próprias árvores e florestas para que pudesse conter a devastação.
Ainda em 1958, Paulo Ferreira de Souza juntamente com o Prof. Wanderbilt Duarte de Barros, acompanharam uma delegação da FAO em um despacho com Juscelino Kubitschek, onde foi levada a proposta de uma Escola de Florestas no Brasil. Antes, queriam que fosse em Seropédica, no Rio de Janeiro. Juscelino concordou, no entanto, determinou que fosse em Viçosa, Minas Gerais. Em 1960 a escola foi criada com o nome de ENF – Escola Nacional de Florestas. O professor Paulo Mário del Giudice deu uma aula no dia 09/05/1960.
Paulo Ferreira de Souza foi o primeiro diretor nomeado pelo Governo para exercer o cargo e implantar a Escola Nacional de Florestas, tomou posse em março de 1962, tendo exercido o cargo até ser substituído pelo Dr. João Maria Belo Lisboa, teve uma vida dedicada a engenharia florestal, ocupou funções técnicas e magistério, participou de várias reuniões científicas e de várias entidades de classe e várias honrarias, possuindo ainda vasta publicação, esse entusiasta da Engenharia Florestal, faleceu em 2 de maio de 1973.
No mesmo ano é publicada em 29 de junho a Resolução Confea n° 218, que discrimina as atividades das diferentes modalidades profissionais da Engenharia, Arquitetura e Agronomia que traz no Art. 10 – Competência do engenheiro florestal: Desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º desta Resolução, referentes a engenharia rural; construções para fins florestais e suas instalações complementares, silvimetria e inventário florestal; melhoramento florestal; recursos naturais renováveis; ecologia, climatologia, defesa sanitária florestal; produtos florestais, sua tecnologia e sua industrialização; edafologia; processos de utilização de solo e de floresta; ordenamento e manejo florestal; mecanização na floresta; implementos florestais; economia e crédito rural para fins florestais; seus serviços afins e correlatos.
A engenharia florestal contribuiu para os avanços no Código Florestal de 1965, que aperfeiçoou o Código de 1934, incluindo a proibição da exploração empírica das florestas primitivas da região amazônica, que só poderiam ser exploradas mediante planos técnicos de condução e manejo.
O Professor Paulo Ferreira de Souza, que trabalhou incansavelmente, lançou a semente da engenharia florestal, resultando em excelentes frutos. Atualmente, o Brasil conta com 66 cursos de Engenharia Florestal e 24 programas de pós-graduação na área florestal.
A Engenharia Florestal surgiu a partir da determinação dos corajosos Agrônomos Silvicultores que que perceberam a carência de ensino da ciência florestal no Brasil em comparação com outros países.
Informações: CREA-MT.