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Exclusivo – A biorrefinaria e o fim do pornô florestal

Artigo de Sebastião Renato Valverde[i], Marcelo Moreira da Costa[ii] e Ricardo de Carvalho Bittencourt[iii]

Recentes visitas em algumas fábricas de celulose, tanto em suas áreas florestais quanto industriais, ficamos perplexos com situações-problemas surreais que, antecipamos, não são privilégios de uma ou de outra, já que são comuns em quase 111,11% delas, variando apenas a intensidade. Primeira perplexidade se deu no campo com relação a quantidade de toretes, com e sem cascas, de tamanho abaixo do padrão que permanecem na área como resíduos florestais. A segunda, no pátio das indústrias, a quantidade de cascas desprendidas e também impregnadas nos toretes e, a terceira, a ociosidade das caldeiras movida àquelas cascas desprendidas, pois as impregnadas seguem contaminando e encarecendo o processo industrial ao exigir quantidade maior de reagentes para a polpação.

No tocante a questão financeira, faz jus detalhar sobre os resíduos no campo, embora reconheçamos a importância ambiental deles conforme abaixo, e sobre a ociosidade da caldeira, haja vista se tratar de indústrias que tem a escala de produção como principal característica – as novas plantas nascem grandes com capacidade de 2,5 milhões de toneladas seca ano (Tsa) se projetando dobrar -.

Especificamente há de se assombrar com o volume de toretes descascados residuais, algo em torno de 3 a 7% do total, diante os custos operacionais incorridos no seu corte como desgalhamento, descascamento e traçamento e também os da sua formação. A título de exemplo, dado que o custo para formação de um m3 da madeira em pé aos sete anos é em torno de US$25,00/m3 e que o operacional (cortar, desgalhar e descascar e traçar) é de US$9,00/m3, somando US$34,00/m3 e que para cada Tsa gasta-se, em média, 4,0m3 de madeira, então: para uma produção de 2,5 mi de Tsa, IMA (Incremento Médio Anual) de 40m3/ha.ano, rotação florestal de 7 anos, compreendendo um volume residual de 14m3/ha e uma área colhida anual de 35.710 ha, resulta num volume total de resíduo de 500.000m3/ano a um valor perdido no campo de US$17.000.000,00/ano. Para nós reles mortais descapitalizados, para não dizer depauperados, vem logo aquele bordão “eu ficaria feliz só com 1% deste prejuízo por ano” que daria US$170k.

Com relação a ociosidade da caldeira de força, ao se considerar que as cascas representam de 10 a 12% do volume da madeira, mas que deste total apenas 1,5% é aproveitado na caldeira, significa que ela poderia gerar, no mínimo, de 6 a 7 vezes mais energia do que tem gerado com as cascas desprendidas. Ou seja, as cascas que sobram no campo faltam nas caldeiras. Como estas são projetadas para uma produção de MWh acima deste volume de 1,5% das cascas, pois se leva em conta possíveis fontes de biomassa das florestas eventualmente sinistradas (queimadas, quebradas por ventos, atacadas por pragas e doenças, etc), acaba que parte do ano sem estas sinistradas ela cogera abaixo do seu potencial obrigando a empresa, para honrar compromissos contratuais, a comprar, quando deveria disponibilizar no grid, energia mais cara no mercado spot a preços do PLD  que varia ao sabor do vento (eólica), do sol (solar) e das chuvas. Logo nos períodos críticos do ano em que o valor do MWh, apesar do Sistema Integrado Nacional (SIN), eleva-se com a estação seca e de menor volume de água nas hidroelétricas. 

Ainda que no cenário atual o preço do MWh (em torno de R$200,00/MWh) esteja abaixo do break even point de R$300,00/MWh quando a partir deste justifica complementar com a compra de resíduos florestais e, ou, de agroindustriais regionais, não procede essa ociosidade, haja vista que necessitam de se manterem operando e que tal ócio poderia ser contornado caso as fábricas fossem abastecidas com madeira com casca (10 a 12%) em vez de sem (1,5%).  Se considerar o valor do MWh nos períodos secos e as tendências de alta neste valor dado possível colapso (blackout) na oferta futura torna-se indefensável tal ociosidade, pelo menos para nós pregadores do tal bordão.

Se isso é histórico e generalizado nas indústrias de celulose o que explica a persistência desta ineficiência e o que tem sido ou deveria ser feito para contornar, ou seja, para aproveitar todas as cascas e resíduos lenhosos sem comprometer a sustentabilidade do processo florestal?

A causa maior disso oriunda do sistema de colheita florestal adotado por este segmento que prioriza o recebimento da madeira sem casca, haja vista o histórico de defeitos que os descascadores industriais apresentavam – coisa do passado – e o mau desgalhamento no campo, sobretudo quando a colheita era semi-mecanizada com motosserra. Diferentemente do segmento consumidor de carvão vegetal (siderúrgico/metalúrgico) que convive pacificamente com as cascas, embora para as metalúrgicas o ideal seria de madeira descascada, zerando a contaminação das ligas e alcançando significativos plus nos preços. Outra hipótese é com relação ao valor do MWh que, há quase três décadas, não valorizava a caldeira de biomassa como se valoriza na caldeira de recuperação dos reagentes químicos.

Assim, no cotidiano das celulósicas generalizou a adoção do sistema mecanizados de colheita da madeira por toretes (Cut-to-Length, CTL), enquanto no das de carvão vegetal, o de fuste inteiro (Full tree, FT), onde são empregadas para o CTL o harvester para corte, desgalhamento, descascamento e traçamento e o forwarder para extração. Já para o FT, o feller-buncher que apenas corta as árvores, as acumulas no seu cabeçote e enfeixa para serem arrastadas pelo skidder.

Dado ao número de operações do harvester em relação ao do feller-buncher e considerando quem ambas apresentam valores de aquisição próximos de US$550.000,00, é óbvio e esperado que o custo operacional do CTL seja maior que o do FT.  Estudos tem afirmado que tal diferença chega à casa de 50%.

Outro ponto a favor da adoção do CTL está relacionado com a instrumentação eletrônica das máquinas já que o harvester e o forwarder possuem uma gama de tecnologias embarcadas a mais que o feller-buncher e o skidder, possibilitando melhor condução, manutenção e controle operacional.

Além disso tem os aspectos ambientais que conferem sustentabilidade do site, sobretudo nas propriedades físicas, químicas e biológicas dos solos proporcionadas pelos resíduos da colheita do CTL, haja vista as cascas representarem de 10 a 12% da árvore e 25% dos resíduos, enquanto os demais, serapilheira e folhas e galhos, 75%. Embora ela seja importante fonte de nutrientes, no entanto a maior parte deles se concentra nos resíduos mais lábeis (folhas e serapilheira) que se decompõem e mineralizam mais rapidamente para a reposição no solo e reciclagem para a planta.

Uma vez ciente da vital função ambiental das cascas, entende-se que é factível de ser contornado com o volume de serapilheira, folhas e galhos no campo e, se necessário, um trade-off com fertilizantes. Ainda assim, perante a vibe da descarbonização, há razões de sobra para alterar tal cenário (marasmo das caldeiras) mesmo com o preço vil do MWh, quer seja pela substituição energética diante da quantidade maior de biomassa das cascas, sobretudo a custo quase 0800 de colheita e frete, quer pela quantidade a mais de madeira para o processo industrial e quer pelo futuro das indústrias de celulose que se projetam mais como biorrefinarias do que tradicionais fábricas de insumos para a produção de papel.

Em que pese as atuais fábricas terem evoluído bastante – https://www.maisfloresta.com.br/eu-sou-florestal-mais-que-universal/ -, o futuro próximo reserva para elas um céu de brigadeiro, pois se a gaseificação e a fast-pirolise, sonhos de criança há 10 anos, hoje são realidades, então a biorrefinaria está a um passo do paraíso onde, além da celulose e de energias renováveis (bio-óleos e syngás), produzirá produtos químicos tais como furfural, HMF, ácidos, etc, materiais como adesivos, biopolímeros, bioplásticos, fibra de C, hidrogênio verde (H2) e cia Ltda. Da mesma forma que estas indústrias evoluíram quanto aos aspectos ambientais como a redução do consumo de água por tsa e das emissões de efluentes líquidos e gasosos, tudo leva a crer que em breve tais indústrias estarão produzindo biodiesel para abastecerem sua frota de caminhões, tratores e máquinas florestais, garantindo Zero de emissões e 100% de sustentabilidade.

Se o Capex entre as máquinas dos sistemas CTL e FT é igual, próximos de US$550k, e se o Opex (US$13,50 e US$9,00/m3 posto fábrica numa distância média de 150 km, respectivamente), é 50% menor para o FT, nítido a vantagem deste e daí, diante do exposto, crê-se que isso porá em risco a sobrevivência do CTL e com ele a dos harvesters e forwarders e indaga-se de como convencer os CEOs das indústrias pela substituição das máquinas e de qual o futuro dos harvesters e forwardes sendo destronados pelos feller-bunchers e skidders? Eis o mistério da fé florestal dado que para cada tsa de celulose se economiza em torno de US$25,00 por se empregar o FT em vez do CTL.

Enfim, pela lógica da eficiência e eficácia do capitalismo, é provável que o futuro reserve pudor para a madeira e que ela não mais sofrerá a injúria da nudez pública graças à biorrefinaria.


[i] Professor Titular do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa (DEF/UFV), valverde@ufv.br.

[ii] Professor efetivo do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa (DEF/UFV), mmd@ufv.br.

[iii] Mestre e doutorando em Celulose e Papel no Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa (DEF/UFV), ricardo.bittencourt@ufv.br

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Exportação de produtos madeireiros mantém mesmo patamar de 2023

Em conversa durante o Podcast WoodFlow, executivo da STCP trouxe números e perspectivas para o último mês do ano

O valor pago pelos madeireiros exportados até outubro de 2024 se manteve estável quando comparado ao mesmo período do ano passado. Entretanto, na análise isolada de alguns grupos de produtos, é possível notar crescimento acima de 13%, que é o caso do compensado de Pinus, por exemplo. 

Os dados foram apresentados durante o décimo primeiro episódio do Podcast WoodFlow pelo Head de Desenvolvimento Estratégico da STCP, Marcelo Wiecheteck. Neste episódio, Gustavo Milazzo, CEO da WoodFlow, também recebeu a Gerente Industrial e Florestal da Imaribo, Mariza Marcon para uma conversa interessante sobre o futuro das serrarias no Brasil.

O que esperar das exportações de madeira de 2024? Durante a conversa, Marcelo explicou que os números não devem ficar muito diferentes dos do ano passado. “Começamos 2024 com uma grande expectativa, já que 2023 não foi um ano bom, se comparado ao período da pandemia. Se pegar o grande número, os principais produtos madeireiros do brasil, eles estão somando aí cerca de 2.8 bilhões de dólares exportados [até outubro]. O que está 1% acima, ou seja, totalmente mantido igual período do ano passado”,  destacou Marcelo. Entre os motivos dessa estagnação está a dificuldade logística do Brasil, que, na opinião dos entrevistados, tem diminuído a competitividade do Brasil, devido às incertezas de embarques e consequente falta de regularidade na oferta para compradores de outros países. 

Mercado interno

Tentando driblar o desaquecimento das exportações de madeira, Mariza destacou que desde meados de 2022, quando o mercado externo deixou de consumir tanta madeira serrada de pinus, a Imaribo adotou uma nova estratégia de vendas, dividindo entre 50% para mercado interno e a outra metade para o externo.

“Mas esse mercado interno que nós atendemos, o seu cliente final é a exportação, que são móveis e molduras. Infelizmente, aqui no brasil a gente ainda não tem essa cultura do uso do móvel de madeira maciça de pinus. No exterior é cultural. Eles preferem, tanto nos Estados Unidos, quanto na Europa e tem um vasto mercado lá fora e é isso que é explorado”, apontou Mariza.

Essa dinâmica adotada pela Imaribo é também a estratégia de outras empresas. Os números de mercado mostram que mais da metade da madeira serrada de pinus produzida no Brasil fica no mercado interno.  Porém, Marcelo destaca que por mais que essa madeira serrada tenha o primeiro mercado interno, depois de beneficiada, como móvel ou moldura, ela é exportada.

“Os grandes números mostram que o Brasil produz cerca de 8,2 milhões de metros cúbicos de madeira serrada de pinus e a maior parte fica no mercado brasileiro para, na sequência, uma exportação de produtos de maior valor agregado. Em números de 2023, trata-se de 5,6m3 de serrado do pinus para o mercado interno e 2,6m3 para a  exportação”, acrescentou. 

Futuro das serrarias

Quando se fala de serrarias no Brasil, ainda é possível encontrar no imaginário popular as estruturas rústicas com aquelas serras circulares e que produziam especificamente com tábuas. Mas com a evolução da tecnologia e sobretudo da exigência do mercado externo por produtos de maior qualidade, o mercado evoluiu. 

“Eu acredito que a indústria ficou estagnada por alguns anos, mas ela está voltando. Há um forte apelo para a reestruturação, tanto tecnologicamente, quanto de qualidade de seus produtos. Muitas serrarias que a gente conhece aqui do brasil já têm uma tecnologia de ponta, mesmo tendo que buscar máquinas e equipamentos fora”, apontou Mariza.

Ela ainda destaca que até mesmo os fabricantes de equipamentos brasileiros estão se desenvolvendo tecnologicamente e complementa: “eu vejo as fábricas de móveis com muita tecnologia, as máquinas de moldura com processos muito automatizados, de qualidade excepcional. Porque essas indústrias exportam tanto Estados Unidos quanto para Europa que são destinos que têm um nível de exigência muito alto. Nós temos muita gente boa e muitas indústrias boas”, destacou.

O futuro das serrarias passa, principalmente, pela evolução tecnológica, com o objetivo de minimizar perdas e aumentar o aproveitamento das toras. E, na opinião da executiva industrial da Imaribo, a sobrevivência se dá na capacidade de agregar valor ao seu produto final. “Na minha opinião, precisamos buscar formas de oferecer ao mercado produtos de maior qualidade e maior valor agregado”, finalizou.

Sobre o Podcast WoodFlow

O Podcast WoodFlow é uma iniciativa da startup de exportação de madeira WoodFlow, e visa debater, uma vez ao mês, sobre o mercado de madeira. O CEO da WoodFlow, Gustavo Milazzo conduz as entrevistas sempre retratando o cenário e o futuro da madeira. O Podcast WoodFlow é o primeiro do país a debater temas do mercado madeireiro e pode ser acessado diretamente no youtube ou nas plataformas de streaming de áudio

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Henrique Sloper: um legado familiar de madeira e sustentabilidade na Fazenda Camocim

Empresário não só preserva o legado do avô, mas continua a moldar o futuro da propriedade, mantendo viva a conexão entre a produção de madeira e o respeito ao meio ambiente

O empresário Henrique Sloper estará presente no espaço “Espírito Arquitetura” durante a Feira Espírito Madeira – Design de Origem 2024, oferecendo ao público cafés especiais da Fazenda Camocim. O evento será realizado de 07 a 09 de novembro, no Centro de Eventos Padre Cleto Caliman, o “Polentão“, em Venda Nova do Imigrante, nas Montanhas Capixabas.

A história do empresário e ex-presidente da Brazil Specialty Coffee Association (BSCA) com a madeira é muito mais antiga e profunda, sendo parte essencial de sua trajetória pessoal e profissional. Sloper cresceu em meio a um ambiente que valorizava as florestas e a sustentabilidade, uma herança de seu avô, Olivar Araújo, um visionário no setor agroflorestal e um dos conselheiros da Aracruz Celulose desde a criação da empresa.

A Fazenda Camocim, no distrito de Aracê, Domingos Martins (ES), onde Henrique hoje cultiva seus premiados cafés, começou como uma agrofloresta voltada à produção de madeira de pinus e eucalipto. Originalmente, foi o local de nascimento da Aracruz Agroflorestal, uma iniciativa pioneira que buscava aproveitar as terras para o cultivo de madeira. Com a chegada do empresário norueguês Erling Lorentzen nos anos 1980, a empresa se transformou em Aracruz Celulose (atual Suzano), focando na produção de celulose branqueada de eucalipto. 

O avô de Sloper desempenhou papel fundamental nessa transição, ajudando a moldar o que se tornaria um dos maiores empreendimentos de celulose do país. Com o passar do tempo, a Fazenda Camocim passou por um processo de reflorestamento, impulsionado pelos contratos de fomento florestal da Aracruz Celulose, que exigiam o cumprimento rigoroso do Código Florestal. 

“Todo o processo de recuperação feito aqui está relacionado aos contratos que mantenho até hoje, ainda envolvendo o cultivo de eucalipto da época. Nos contratos de fomento florestal com a Aracruz, era obrigatório recompor a reserva legal, proteger as áreas ao redor de lagos e rios, e seguir as exigências do Código Florestal. Caso contrário, o contrato não seria firmado”, afirma o empresário.

Henrique herdou esse compromisso com a preservação e o manejo sustentável das terras, transformando a propriedade em uma referência em agroflorestas. Através de projetos de reflorestamento que misturam árvores nativas e exóticas, ele manteve o equilíbrio entre a produção de madeira e a preservação ambiental. Hoje, a fazenda possui sete reservatórios de água, sendo totalmente autossuficiente em recursos hídricos, um feito raro em muitas regiões do Brasil.

A paixão de Sloper pela madeira é uma herança de seu avô, um “colecionador de árvores” que trouxe espécies de diferentes partes do mundo para enriquecer as florestas da Camocim. Essa dedicação o inspirou a seguir com o legado familiar, integrando a produção sustentável de café à sua visão de agrofloresta. A participação na Feira Espírito Madeira reforça essa ligação com o setor madeireiro, um setor que ele conhece desde a infância. “Aqui tenho árvores do mundo inteiro, entre florestas exóticas e nativas. Esse legado de reflorestamento é o que nos inspira a continuar”, destaca o empresário.

Além do cultivo de café, o empresário está em vias de transformar os resíduos de eucalipto da fazenda em uma nova agrofloresta, reafirmando seu compromisso com a sustentabilidade. A recente parceria com a Suzano permitirá o corte e a remoção de mais de 75 hectares de eucalipto da fazenda, abrindo espaço para novos projetos agroflorestais. Os cafés da Camocim, além de premiados, refletem essa união entre sustentabilidade e excelência, algo que Sloper leva com orgulho para eventos como o Espírito Madeira. O empresário Sloper não só preserva o legado de seu avô, mas continua a moldar o futuro da Fazenda Camocim, mantendo viva a conexão entre a produção de madeira e o respeito ao meio ambiente.

A Feira

Com o objetivo de conectar toda a cadeia produtiva da madeira em um único evento – da área florestal até o alto design – empresários do setor idealizaram a Espírito Madeira, o mais completo evento do setor produtivo de madeira do Brasil, que teve sua primeira edição em 2023. Organizada pelo Montanhas Capixabas Convention & Visitors Bureau, a Feira tem o apoio de grandes instituições e reúne palestras, paineis e workshops para diferentes públicos, ministrados por profissionais altamente qualificados, além da feira de negócios, com 60 expositores confirmados e expectativa de gerar R$ 45 milhões em negócios.

O sucesso de público e volume de negócios, na primeira edição, reforçou a importância de um evento setorizado na região que é bastante conhecida por seu potencial turístico e de grande valor para o agronegócio nacional. É uma oportunidade tanto para empresários como para consumidores finais, para que conheçam as tendências do mercado, as novidades em produtos, serviços e legislações.

Além das oportunidades de negócios e discussões estratégicas, a programação da Espírito Madeira 2024 traz 30 madeireiras da região Amazônica, através do Centro de Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), o Espaço Maker, as Olimpíadas da Madeira, com disputas de machado e serrote; o Dia de Campo Penzasaur, em Pindobas, onde os visitantes terão a chance de vivenciar uma experiência prática na floresta, no contraturno da Feira; o espaço “Espírito Arquitetura”, com curadoria de Paulete Almeida e participação do Café Camocim; o espaço “Faça Você Mesmo”, com oficina de casaca; além de exposição de ferramentas antigas e shows musicais. O evento também vai destacar inovações sustentáveis na construção, florestas nativas plantadas, construções modulares, que utilizam madeira integrada com aço, vidro ou pedras ornamentais, e design de ponta.

No ano passado, a edição de estreia impactou mais de 10 mil pessoas, movimentando mais de R$ 26 milhões em negócios, evidenciando o papel vital da Espírito Madeira na promoção e impulsionamento da indústria da madeira no cenário nacional. Além disso, com 40 palestrantes e mais de 51 horas de programação.

*Presenças confirmadas: Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo (Aderes)/Governo do Estado do Espírito Santo, Associação dos Artistas e Artesãos em Madeira (Amade), de Pomerode (SC), Associação Capixaba de Tecnologia (Act!On), BMV, Centro de Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), Departamento de Ciências Florestais e da Madeira da Ufes, Sistema Faes/Senar/Sindicatos, Heringer, Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal (FNBF), Câmara Setorial da Indústria Moveleira da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes/Sesi/Senai), Fuste Woodtech (Consultoria Marcenaria Madeira), HFort, Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Jowat Adesivos, Maciel Soluções Empresariais, Maretto Produtos e Serviços Florestais, Minusa Forest, Nicola Marcenaria & Design, Paulete Almeida Arquitetura, PenzSaur, Placas do Brasil, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Serviço Nacional da Indústria (Senai), Sindi Rochas, Sindicato das Indústrias de Madeira e do Mobiliário de Linhares e Região Norte (Sindimol), SindMadeira, Sindicato da Indústria Moveleira de Colatina (SindMóveis), Torabras, Teak Resources Company (TRC), Vantec, Prefeitura Municipal de Venda Nova do Imigrante.

Serviço:

Espírito Madeira – Design de Origem 2024

Data: 07 a 09 de novembro

Local: Centro de Eventos Padre Cleto Caliman, o “Polentão”, em Venda Nova do Imigrante (ES)

Horário de funcionamento: 13h às 21h

*Entrada gratuita

Programe-se e venha para a Espírito Madeira 2024!

Acesse a programação completa do evento no site https://espiritomadeira.com.br/ e confira também o Instagram: @espiritomadeiraoficial

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Por que o Paquistão é a chave para a crise global das madeiras nobres!

Artigo de Jason Ross.

Mais de 6 milhões de metros quadrados de madeira, no valor de milhares de milhões de dólares numa das florestas mais produtivas do mundo, estão a deteriorar-se devido à má gestão, com as autoridades paquistanesas  a ceder à pressão externa e a não conseguirem  “executar a gestão científica das florestas”. 

As preocupações dizem respeito às florestas outrora governadas por Alexandre, o Grande, nas regiões de Hazara e Malakand, no noroeste do Paquistão, que faz fronteira com o Afeganistão controlado por Tailban.

A área em questão abrange uma área florestal, “aproximadamente equivalente à Áustria” em tamanho, e poderá representar até 10 mil milhões de dólares em exportações para os termos de comércio do Paquistão durante a próxima década.

A região produz uma variedade de madeira de qualidade de espécies de madeira nobre, incluindo shisha, nogueira, carvalho e freixo, com a decisão de não exercer a “gestão florestal sustentável”, resultando em até 3,7 milhões de metros cúbicos de madeira valiosa apodrecendo nas florestas.

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As florestas fazem fronteira com o Afeganistão controlado pelo Taleban. Num artigo especial, o jornalista e fotógrafo Kern Hendricks cobriu os desafios enfrentados pelo Afeganistão e o seu conflito. Aqui, travessas ferroviárias de madeira são empilhadas para serem contrabandeadas através da fronteira com o Paquistão. (Crédito da foto: Kern Hendricks)

Em Outubro passado, a Wood Central revelou que as florestas localizadas no corredor Afeganistão-Paquistão alimentaram durante décadas um comércio crescente de madeira de conflito – com “travessas” ferroviárias de madeira contrabandeada exportadas do Paquistão e financiando o terror em toda a região.

Agora, os responsáveis ​​de Khyber Pakhtunkhwa – perto da região – estão preocupados com a decomposição de uma grande quantidade de madeira – que afirmam ser alimentada pelas alterações climáticas. 

Tal como o Afeganistão, o Paquistão participa na Iniciativa Cinturão e Rota da China, com as exportações regionais terminando nas cadeias de abastecimento chinesas e exportadas para os mercados globais.

Tal como relatado pela Dawn, com sede no Paquistão , “até 80% do rendimento gerado pela venda de madeira foi para os bolsos dos habitantes locais, enquanto os restantes 20% foram para o gatinho provincial”.

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O Paquistão, tal como o Afeganistão, é membro da Iniciativa Cinturão e Rota Chinesa. Pelos números, a área florestal total dos países da BRI representa 30,5% da área florestal global,  com o comércio total de produtos florestais entre os países a crescer de 48 mil milhões de dólares em 2013 para 72 mil milhões de dólares em 2021.

Os problemas surgem de uma proibição imposta em 1993 pelo antigo governo paquistanês para interromper a gestão científica das florestas, originalmente uma medida provisória de dois anos “para melhorar a capacidade do pessoal do departamento florestal, bem como a estrutura organizacional e a colheita mecanizada”.

No entanto, a proibição – que deveria expirar em 1995 – não foi levantada nos 22 anos seguintes, segundo as autoridades, “devido à indiferença do governo em relação à colheita das árvores “mortas, moribundas, doentes ou derrubadas pelo vento” das florestas da província.

Finalmente, em 2015, a proibição foi levantada, com o Departamento de Mudanças Climáticas e Florestais em Linhas Científicas aprovado planos de trabalho para cada floresta. De acordo com os planos de trabalho, os funcionários marcaram árvores mortas, moribundas, doentes ou derrubadas pelo vento e árvores maduras para colheita. 

No entanto, as autoridades disseram que o departamento não conseguiu executar o plano de trabalho devido à “burocracia verde e vermelha” de grupos ambientalistas anti-desmatamento e à hesitação no apoio do governo.

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Curvas em gancho cobram através de uma plantação de árvores em Buner, no noroeste do Paquistão.

A Wood Central entende que o departamento não conseguiu executar os planos de trabalho devido à “pressão” das redes sociais. Agora, as autoridades expressaram preocupações de que, ao ceder” às pressões externas, o governo esteja a promover um ambiente onde a gestão científica das florestas é questionada.

Eles disseram que alguns usuários das redes sociais até mostraram o “abate legítimo de árvores como obra da máfia madeireira”.

Contactado, o Secretário do Departamento de Alterações Climáticas e Florestas, Nazar Hussain Shah, disse que as competências dos funcionários florestais em matéria de gestão científica foram afectadas devido à proibição da colheita florestal desde 1992.

Ele disse que a colheita de florestas em linhas científicas estava a acontecer em todo o mundo, o que era bom para a saúde das florestas: “A maioria dos países desenvolvidos, incluindo a Alemanha e o Canadá, ganhavam milhares de milhões de dólares anualmente com a exportação de madeira”.

“Se a madeira não for exportada, ficará podre, o que tem acontecido nos últimos 22 anos, desde a proibição imposta à colheita”, disse o secretário Shah.

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Funcionários do Departamento Florestal de Khyber Pakhtunkhwa observam a floresta no Vale do Swat, no noroeste do Paquistão.

Só em Malakand, 34 mil metros cúbicos de madeira, com um valor de mercado de cerca de 7 milhões de dólares, são desperdiçados na floresta e necessitam urgentemente de transporte. “Outras 70 mil cúbicas de madeira também estão localizadas na região de Malakand-III, o que pode gerar 17,7 milhões de dólares a preço mínimo”, segundo um responsável que falou com Dawn durante a noite. 

Além da madeira marcada na região, disse o responsável, milhões de metros cúbicos adicionais de madeira foram amadurecidos e prontos para colheita. 

Ainda assim, não puderam colher porque o governo provincial não os apoiava devido à pressão de organizações que trabalham contra a desflorestação.

Ele disse que a gestão científica das florestas estava “limitada apenas ao papel”, com “praticamente nenhuma gestão científica” em toda a cobertura florestal.

Esta decisão teve implicações significativas não só para a produção sustentável de madeira, lenha e outros produtos florestais menores, mas também para uma melhor saúde e higiene das florestas, a fim de reduzir os riscos de incêndios e catástrofes de inundações.

“A colheita dessa madeira não só melhorará a saúde e a higiene das florestas, mas também aumentará a sua produção”, disse ele, antes de acrescentar que a província produz a madeira da melhor qualidade do mundo, incluindo deodar, kail, abeto/abeto e chir, que eram todas madeiras macias de espécies de pinheiro.

  • Jason RossJason Ross
  • Jason Ross, editor, é um profissional de construção há 15 anos, conectado com mais de 400 especificadores. Recebedor da Gottstein Fellowship, ele é apaixonado pelo crescimento do mercado de informações baseadas em madeira. Jason é o mestre de cerimônias interno da Wood Central e está disponível para serviços de anfitrião corporativo e MC.

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