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Lei proíbe cultivo de soja, cana, eucalipto e confinamento de gado no Pantanal

Projeto apresentado na Assembleia traz série de regulamentações para proteção do bioma

Dentre as mudanças e regulamentações previstas no projeto que cria a Lei do Pantanal, apresentado hoje na Assembleia Legislativa pelo governador Eduardo Riedel (PSDB), está a proibição de alguns cultivos da agricultura comercial e confinamento em áreas de proteção.

Conforme o projeto, fica vedada a “a implantação de cultivos agrícolas, tais como, soja, cana-de-açúcar, eucalipto e qualquer cultivo florestal exótico”.

Os cultivos consolidados comerciais e já implantados até a publicação da lei poderão ser mantidos, mas sendo proibida a ampliação da área. Nestes casos, o proprietário deverá proceder com o licenciamento ambiental.

É considerado cultivo consolidado comercial as áreas de produção da safra verão 2025/2024, conforme delimitado no mapa do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (SIGA-MS).

Se excetuam da proibição também os cultivos da agricultura de subsistência, realizados em pequenas propriedades ou em propriedade rural familiar, e também o cultivo sem fins comerciais, inclusive de espécies utilizadas na suplementação alimentar dos animais de criação dentro do próprio imóvel.

O projeto também traz a proibição da instalação da atividade de confinamento bovino, ressalvados os casos de concentração de gado em períodos de cheia ou de emergência ambiental.

Ainda entre as proibições estão a instalação de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e de novos empreendimentos de carvoaria, podendo ser mantidos os já existentes até a data em que vencer a licença ambiental concedida.

Ao entregar a proposta, o governador Eduardo Riedel afirmou que 84% do Pantanal está preservado e que a nova lei irá regulamentar o que pode e onde poderá haver produção da pecuária e da agricultura.

“Muito da preservação se deve às comunidades que moram lá, mas a expectativa é regulamentar, com base em dados da ciência, para deixar bem definido o que pode e o que não pode. A lei traz esse mecanismo”, disse Riedel.

“O Pantanal tem mais de 9 milhões de hectares e só 2.800 hectares de plantio de soja. Então vamos regulamentar as culturas possíveis, não mexendo com o passado, mas sim olhando para o futuro, de forma a manter e valorizar as comunidades já instaladas por lá”, acrescentou o governador.

Fundo do Pantanal

A lei traz ainda limitações para supressão de vegetação. 

Desde agosto deste ano, está suspensa a concessão de licença ou de autorização de supressão vegetal da área do Pantanal até que entre em vigor da nova legislação.

Uma das novidades, segundo detalhou Riedel, é a criação do Fundo do Pantanal, que prevê que 50% dos valores de multas ambientais serão revertidas para este fundo, para ações no bioma.

O Fundo Estadual de Desenvolvimento Sustentável do Bioma Pantanal (Fundo Clima Pantanal), o qual tem como objetivo específico: 

“promover o desenvolvimento sustentável do Bioma Pantanal e possibilitar a gestão das operações financeiras destinadas ao financiamento de Programa de Pagamentos por Serviços Ambientais na AUR Pantanal”, informa o texto. 

Uma das ideias gerais é que, por exemplo, nos casos de aplicação de multas, 50% dos recursos arrecadados sejam destinados ao Fundo, os quais serão aplicado em benefício do Pantanal e dos produtores que cumprirem a lei. 

Alexandre Bossi, presidente do SOS Pantanal, afirma que, no geral, a construção do projeto de lei foi positiva, com produtores cedendo de um lado e ambientalistas de outro, até se chegar a um consenso.

“Mesmo abrindo mão dos percentuais de supressão vegetal que existem desde o decreto 2015, a gente ganhou porque está escrito agora que não é permitido soja e plantação de milho no Pantanal, isso não estava antes, então você vê que foi uma construção em que a gente cede aqui, vocês entregam ali”, acrescentou.

Riedel ressaltou que a lei tem objetivo de proteger o Pantanal, mas não resolve todos os problemas.

“Ela [lei] é direcionada à questão ambiental e à questão produtiva, mas sem dúvida nenhuma que, ao instituir um fundo que a gente pôs esse olhar sobre o bioma Pantanal, a gente desdobra em ações que são extremamente importantes não só para o bioma, mas para o Mato Grosso do Sul”, reforçou. 

Tramitação

O projeto de lei será votado em regime de urgência na Assembleia Legislativa, com expectativa de ser aprovado até o dia 20 de dezembro, segundo informou o presidente da Casa, Gerson Claro (PP).

Ante de ir para votação, o projeto será analisado pelos 24 deputados e deputadas estaduais para chegar a um texto equilibrado.

Nesta quarta-feira (29), haverá uma audiência pública para debater a proposta, aberta ao público externo e a Comissão Permanente de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, às 14h, no Plenário Júlio Maia.

De acordo com o presidente da Comissão de Meio Ambiente, deputado Renato Câmara (MDB), a ideia é discutir caminhos para amenizar qualquer possível divergência.

“Queremos achar um ponto de equilíbrio, para que a produção não ultrapasse os limites e possa dar continuidade a algo sustentável. Esse é um encaminhamento do ganha-ganha”, disse. 

Informações: Correio do Estado.

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Projeto insere a campanha Plante Uma Árvore na Política Nacional de Educação Ambiental

De autoria do deputado Federal Nilto Tatto, o projeto de lei 5550/23 pretende estimular o plantio de árvores através de uma campanha nacional 

Nesta semana, o deputado Federal Nilto Tatto protocolou na Câmara dos Deputados um Projeto de Lei que insere a campanha Plante Uma Árvore na Política Nacional de Educação Ambiental. O PL 5550/2023 tem o objetivo de estimular o plantio e ajudar a ampliar a cobertura vegetal nas cidades e no campo, preservar as florestas e proteger o meio ambiente, contribuindo com a redução do aquecimento global. 

Desde a década de 1980 o hoje deputado Nilto Tatto atua no movimento socioambientalista junto a povos tradicionais de indígenas, quilombolas, caiçaras e ribeirinhos. Em seu terceiro mandato em Brasília, Tatto se destacou pela capacidade de articular as complexas questões ambientais com temas sociais como a demarcação e posse das terras indígenas e quilombolas; a agricultura familiar; o combate ao uso excessivo de agrotóxicos; os impactos provocados pelas mudanças climáticas, entre outros. 

Segundo o deputado, a ideia do PL 5550/23 nasceu após assistir uma notícia veiculada numa emissora de televisão, informando que o governo do Quênia havia decretado feriado nacional para estimular o plantio de 100 milhões de árvores para combater as mudanças climáticas. Segundo a reportagem, o governo queniano teria disponibilizado cerca de 150 milhões de mudas em viveiros públicos, para cumprir a meta de plantar 15 bilhões de árvores em 10 anos. 

Ao comentar o projeto, Tatto relembra que “num passado recente, dizíamos que as emergências climáticas estavam batendo à nossa porta, mas agora elas já entraram nas casas, especialmente das parcelas mais pobres da população. As ondas de calor, as violentas chuvas e secas prolongadas, que provocam mortes, perdas sociais e econômicas, estão ocorrendo com frequência e intensidade cada vez maiores”, completa. Segundo o deputado, se cada cidadão brasileiro plantasse uma árvore, seríamos capazes de reduzir sobremaneira as consequências das emergências climáticas. 

Desde que foi eleito para seu primeiro mandato em 2014, Tatto tem sido membro da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara, da qual já foi o presidente. O deputado também foi escolhido mais uma vez para ser o coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista. O compromisso de Nilto Tatto tem sido tão grande, que todos os anos ele figura entre os destaques do Prêmio Congresso em Foco, na Categoria Clima & Sustentabilidade. Em 2023, foi eleito pelo juri especializado o melhor parlamentar, entre deputados e senadores, desta categoria. 

Segundo o deputado, que se autodefine como “um ambientalista no Congresso”, uma das principais estratégias para combater o aquecimento global seria o plantio de árvores – seres vivos capazes de retirar dióxido de carbono da atmosfera (um dos principais gases que provocam o aquecimento global), fixando o mesmo em seus troncos e raízes. “Além disso, as árvores são abrigos e oferecem sombra e alimento para diversas espécies de animais, inclusive humanos”, completa. 

Como ambientalista e parlamentar, Tatto manifesta apreensão pela situação das cidades brasileiras, cuja cobertura vegetal vem sendo destruída por loteadores criminosos. Na zona Sul de São Paulo, por exemplo, estas ocupações comprometem totalmente a capacidade de produção de água das represas Billings e Guarapiranga. Além disso, a supressão do “cinturão verde” que circunda a cidade, aumenta ainda mais o calor nos dias mais quentes. 


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Mercado de carbono brasileiro precisa se adaptar a metodologias e parâmetros internacionais para captar investimentos, afirma especialista

Temáticas relacionadas ao mercado de carbono têm rendido discussões no Congresso Nacional

O Congresso Nacional tem debatido com intensidade temas relacionados às estratégias nacionais para a redução dos gases do efeito estufa, como é o caso do projeto de lei que cria o mercado regulado de carbono nacional (PL nº 412/2022), do Projeto de Lei sobre a Captura e o Armazenamento Geológico de Carbono (CCS) (PL nº 1.425/2022), Projeto de Lei Combustível do Futuro, além da proposição de marcos regulatórios como o hidrogênio e eólica offshore, entre outros.

Isabela Morbach, advogada e cofundadora da CCS Brasil, organização sem fins lucrativos que visa estimular as atividades ligadas à Captura e Armazenamento de Carbono (CCS) no país, afirma que esse é um momento único para o desenvolvimento de políticas nacionais. “Temos a oportunidade de discutir e construir de forma simultânea e integrada as políticas públicas e os marcos regulatórios, compatibilizando as rotas tecnológicas com os instrumentos de incentivo ao seu desenvolvimento, como o Mercado Regulado de Carbono”, explica a especialista.

Ela explica que, nesse contexto, algumas questões comuns se destacam no debate sobre o mercado de carbono e precisam ser esclarecidas como quais soluções gerarão certificados de redução ou remoção de carbono e que de forma essas contabilizações serão feitas.

“Muitas dessas dúvidas serão endereçadas quando os regulamentos forem editados, mas precisam começar a ser pensadas desde já, não só para que o Brasil possa se adequar a parâmetros internacionais, como para adequar a interação entre as diversas atividades”, destaca.

Entre alguns desses parâmetros estão programas e metodologias de crédito de carbono no mercado voluntário já consolidados no mercado internacional, como é o caso das metodologias  desenvolvidas para certificação de Verified Carbon Standard (VCS)pela VERRA, responsável por um dos principais programas de crédito de carbono do mundo, o, que prevê  uma série de exigências para certificação, inclusive sobre o que deve estar disposto ou previsto em lei e regulamentos para que um projeto seja certificável, por exemplo, e para que seja possível vender os créditos de carbono do mercado voluntário.

Um exemplo disso envolve a questão de riscos de não permanência do carbono armazenado em projetos de captura e armazenamento de carbono. A última versão da metodologia disponibilizada no site da VERRA indica a necessidade de haver previsão legal em relação à responsabilidade de longo prazo pelo CO2 armazenado. “Portanto, é agora, durante o processo legislativo que essa exigência precisa ser contemplada nos projetos de lei em tramitação”, resume Isabela.

Isabela explica que esse é apenas um exemplo que representa o momento estratégico, para debater ao longo do processo legislativo e construir legislação alinhada para que as soluções de remoção ou redução de emissões de CO2 cumpram todos os requisitos e condições para se tornarem certificáveis por metodologias respeitadas internacionalmente.

“Atualmente, são 500 milhões de créditos transacionados globalmente, um mercado que movimenta por volta de US$2 bilhões ao ano. Apesar do valor, isso representa um percentual muito pequeno das emissões globais atualmente, especialmente vindos de projetos de fontes renováveis de energia e de projetos de redução de emissões de desmatamento e degradação florestal. Como se vê, ainda há um enorme mercado a ser explorado e o Brasil não pode ficar de fora desse movimento”, ressalta a cofundadora da CCS Brasil.

Isabela aponta que é importante estar em contato e interagir com aqueles que constroem esses mercados e metodologias para a criação das regulações e legislações necessárias. “Isso é essencial porque é preciso criar regulações claras que ajudem a criar a segurança jurídica necessária, tanto para o mercado voluntário quanto para o regulado, para que mais empresas possam se interessar por esse mercado e possam criar projetos que estejam adequados aos padrões. Estar atento a essas tendências mundiais e incluir as novidades e metodologias desse mercado nas legislações pode representar a diferença para a conquista de financiamentos e o impulsionamento desse setor”, finaliza.

Sobre a CCS Brasil

A CCS Brasil é uma organização sem fins lucrativos que visa estimular as atividades ligadas à Captura e Armazenamento de Carbono (CCS) no país, um processo que visa trazer um impacto sustentável positivo para a sociedade e que reúne diversas tecnologias para a captura do CO2, transporte e armazenamento permanente do gás carbônico em formações rochosas profundas. A CCS Brasil promove a cooperação entre todos os entes que podem participar dessa cadeia produtiva, que incluem empresas financiadoras, indústrias, governo, universidades e a sociedade, visando o desenvolvimento desse mercado.

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