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Fumaça de queimadas se espalha pelo Brasil e traz riscos à saúde 

Níveis de materiais tóxicos no ar liberados pelas queimadas ultrapassa em até 100 vezes os valores seguros

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) o número de focos de queimadas no território brasileiro, em 2024, mais do que dobrou em relação ao mesmo período de 2023. Juntando isso ao tempo seco, comum nesta época do ano, a fumaça gerada se espalha por todo o país (cobrindo quase 60% do território) e gera preocupações de saúde.  

Durante a Conferência dos Institutos Nacionais de Saúde Pública do Grupo dos 20 (G20), realizada hoje no último dia 09 de setembro, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou que tragédias climáticas como as queimadas geram um grande impacto sobre a saúde da população e sobre os sistemas de saúde. 

Qualidade do ar 

Dados de satélites e medições realizadas localmente mostram que as áreas mais atingidas pela fumaça das queimadas apresentam níveis de qualidade do ar bem acima dos limites recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).  

Por exemplo, a concentração de materiais particulados leves (MP2,5) para OMS deveria ser entre 5 e 15 µg/m³ (MP2,5 são partículas finas, com até 2,5 mícrons, capazes de ficarem suspensas no ar e que podem penetrar no trato respiratório inferior e na corrente sanguínea, causando uma série de efeitos deletérios para saúde).  

Contudo, na região Norte, onde ocorrem boa parte das queimadas, a população está convivendo com valores insalubres de qualidade do ar, em Rio Branco, capital do Acre, a concentração de MP2,5, chegou a ficar acima dos 250 µg/m³.  

A faixa de cidades vivenciando qualidades do ar nocivas à saúde se estende do Amazonas ao Rio Grande do Sul, com mais bolsões de insalubridade gerados no Centro-Oeste e no estado de São Paulo, devido às queimadas nessas regiões. A cidade de São Paulo chegou a ocupar o primeiro lugar no ranking mundial de metrópoles com a pior qualidade do ar, de acordo com agregador de dados internacional, com 14 vezes a concentração de MP2,5 recomendada.

Perigos da fumaça das queimadas e recomendações 

As fumaças geradas pelos incêndios, além dos materiais particulados também são constituídas de uma variedade de elementos nocivos, como monóxido de carbono (CO), compostos orgânicos voláteis (COVs), óxidos de nitrogênio (NOx) e ozônio, e metais pesados.  

No âmbito da Sala Nacional de Emergências Climáticas em Saúde, mecanismo de gestão de resposta para emergências climáticas criado pelo Ministério da Saúde, o órgão divulgou, no início deste mês de setembro, orientações para população se proteger dos efeitos: 

  • Aumentar a ingestão de água e líquidos para manter as membranas respiratórias úmidas e protegidas.
  • Permanecer em ambientes fechados, preferencialmente bem vedados e com conforto térmico adequado. Quando possível, buscar ambientes com ar-condicionado e filtros de ar para reduzir a exposição. 
  • Manter portas e janelas fechadas durante os horários de maior concentração de poluentes no ar, para minimizar a penetração da poluição externa. 
  • Evitar atividades físicas ao ar livre durante este período do ano. 
  • Não consumir alimentos, bebidas ou medicamentos que tenham sido expostos a detritos de queima ou cinzas. 
  • Utilizar, preferencialmente, máscaras do tipo N95, PFF2 ou P100, que podem reduzir a inalação de partículas se usadas corretamente por pessoas que precisem sair de casa.  

O Ministério também classifica crianças menores de 5 anos, idosos e gestantes como grupo de risco, para os quais seriam necessária atenção redobrada às recomendações e a sintomas respiratórios ou outras complicações de saúde. De acordo com a pasta ministerial, para adultos e idosos, há um aumento do risco de eventos cardiovasculares e respiratórios combinados. 

Para pessoas com problemas cardíacos, respiratórios ou imunológicos há recomendação para: 

  • Buscar atendimento médico imediatamente na ocorrência de sintomas. 
  • Manter medicamentos e itens prescritos sempre disponíveis para o caso de crises agudas. 
  • Avaliar a possibilidade e segurança de se afastar temporariamente da área impactada.  

Informações: Portal Afya.

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Número de queimadas na Amazônia já é o maior em quase duas décadas

Em 2024, bioma teve mais de 20 mil focos de incêndio registrados 

O Brasil registra em 2024 um triste recorde. Segundo dados do sistema BDQueimadas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), de 1º de janeiro a 24 de julho foram registrados 20.221 focos de incêndio na Amazônia. Além de um recorde em quase 20 anos, o fogo registrado no bioma nos sete primeiros meses do ano teve um aumento de 43,2% em relação ao mesmo período de 2023 — 14.116 focos de calor.

Nos dias 23 e 24 de julho, a Amazônia teve 1.318 focos de calor. Para se ter noção da quantidade de fogo, esses dois mesmos dias no ano passado registraram 671 focos, um aumento de 96%. Em 2022, os dias tiveram 399 focos.

Segundo o Greenpeace Brasil, vários fatores contribuíram para o aumento do fogo na Amazônia em 2024: a região está mais seca, o que está intimamente relacionado às mudanças climáticas, sendo potencializada pelo fenômeno El Niño.

Garimpo ilegal

Um levantamento realizado pelo Greenpeace Brasil revela que o garimpo ilegal continua a se expandir em Terras Indígenas da Amazônia. Entre janeiro e junho de 2024, foram identificados 417 hectares de novas áreas de desmatamento associadas à atividade garimpeira nas Terras Indígenas Kayapó, Munduruku e Yanomami. A TI Kayapó foi a mais afetada, respondendo por 54,4% dos alertas de desmatamento, seguida pela TI Yanomami com 40,63% e pela TI Munduruku com 4,87%.

Até dezembro de 2023, a área devastada pelo garimpo nos territórios Kayapó, Munduruku e Yanomami somava mais de 26 mil hectares, representando mais de 90% das ocorrências de garimpo em territórios indígenas no Brasil.

Informações: Metrópoles.

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‘Pantanal está sufocando’: queimadas já consumiram área equivalente a 680 mil campos de futebol

Animais são encontrados carbonizados, desnutridos e assustados com incêndios na região

Desnutridos, assustados e até mesmo carbonizados. É assim que muitos animais estão sendo encontrados durante os incêndios que atingem o Pantanal em um dos períodos mais desafiadores para a região. “Estamos vendo o Pantanal sufocando”, descreve ao Terra o biólogo Sérgio Barreto, do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), que atua diretamente na linha de frente contra essas queimadas. 

Desde 2019, o Pantanal, que é considerado um dos biomas mais importantes e preservados do Brasil, sofre com grandes incêndios, fora de controle e de intensidade devastadora. De acordo com o Ministério Público do Estado do Mato Grosso, neste ano, uma área equivalente a 680 mil campos de futebol já foi consumida pelo fogo no bioma que é conhecido pelas áreas alagáveis –que também estão secando. 

“O fogo chegou antecipado este ano”, relata Barreto. Embora o fogo seja parte dos ciclos naturais do Pantanal, a intensidade e a frequência dos incêndios aumentou significativamente nos últimos anos.

Esses incêndios afetam não apenas a biodiversidade, mas também a população local, incluindo comunidades tradicionais e ribeirinhas. Barreto descreve um cenário onde “a cidade de Corumbá ficou encoberta por semanas de fumaça”, trazendo problemas respiratórios para os moradores e causando um impacto profundo na fauna pantaneira.

O IHP, junto com outras organizações, realiza um monitoramento rigoroso na região da Serra do Amolar, uma área de aproximadamente 300 mil hectares. Barreto explica que o monitoramento é feito por meio de câmeras 360 graus, operando 24 horas por dia. “Esse monitormante nos dão uma resposta em até três minutos sobre a origem de um incêndio, permitindo uma resposta rápida e eficaz. Graças a esse sistema, a Serra do Amolar tem conseguido evitar focos de incêndio, embora outras áreas, como o entorno de Corumbá, tenham sido severamente afetadas.”

Após a passagem do fogo, equipes de resgate entram em ação. “Temos uma janela de 24 horas para realizar um levantamento da área e buscar animais feridos ou necessitados de auxílio”, conta Barreto.

Bombeiros voluntários, membros da Brigada do Alto Pantanal andam por área queimada enquanto trabalham para extinguir o fogo no Pantanal, em Corumbá (MS) – 14/06/2024. Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino.

Essas equipes são compostas por biólogos, veterinários e técnicos de campo, que avaliam se os animais precisam de captura para tratamento ou apenas de suporte nutricional no local. “Muitas vezes, o fogo consome todo o recurso alimentar dos animais, deixando um solo arenoso e esfarelado, coberto de cinzas”, explica ele.

A fauna local sofre imensamente com os incêndios. Barreto descreve cenas trágicas onde répteis como jacarés e lagartos são encontrados carbonizados. Famílias de primatas, como bugios e macacos da noite, perdem seu habitat e recursos alimentares, necessitando de suporte nutricional diário para sobreviver. “Esses animais não têm queimaduras, mas morrem de fome se não receberem ajuda”, lamenta o biólogo.

Neste período, o biólogo destaca que o Pantanal deveria estar repleto de vida e sons vibrantes das aves migratórias em reprodução.

“Essa época agora, pelo Pantanal, é a época da reprodução das aves migratórias. A gente tá num período de vazante que era pra ser um dos períodos mais ricos do Pantanal de observação de aves”, explica. No entanto, o cenário atual é bem diferente. “Quando chega agora no Pantanal, você escuta somente o som de aviões e helicópteros jogando água. O Pantanal está um silêncio, um silêncio estontecedor, parece um cemitério”, lamenta.

Barreto ainda descreve a devastação que encontrou: “Além de um cemitério de carcaças de animais mortos que a gente acaba encontrando, é aquele silêncio de cemitério. Um Pantanal mudo, um Pantanal sem voz, sem som, sem a música do Pantanal que são os sons das aves”.

Equipe do IHP atua na linha de frente para salvar fauna ameaçada pelo fogo no Pantanal. Foto: Divulgação/IHP

Essa ausência de vida traz uma sensação profunda de impotência, segundo ele. “Isso nos traz uma sensação às vezes de impotência mesmo. Será que o que eu tô fazendo é o suficiente? Será que o que eu tô fazendo faz resultado? E isso realmente dói. Os animais tentam respirar e só aspiram fumaça e fuligem, e esses animais acabam se chocando contra a parede por desorientação e por problemas respiratórios”, relata o biólogo.

Barreto compartilha a tristeza ao encontrar famílias de macacos carbonizadas, todas em posição fetal: “Eles entram na posição fetal e morrem carbonizados. Normalmente, você encontra o bando inteiro, todos juntos, carbonizados e em posição fetal”. Essas cenas, segundo ele, não saem da mente de sua equipe, que frequentemente precisa de apoio psicológico após atuar em áreas de desastre.

Para amenizar a devastação ambiental, o biólogo enfatiza a importância da cooperação entre bombeiros, instituições federais e estaduais, e a comunidade local. “Precisamos que todos os atores falem a mesma língua para respostas mais rápidas e assertivas”, afirma. De acordo com o profissional, há urgente uma necessidade de educação ambiental para ensinar a população local sobre o uso controlado do fogo: “100% dos incêndios recentes foram causados por ação humana. Precisamos educar as pessoas sobre os riscos e como evitar essas situações.”

Na última terça-feira, 16, a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, afirmou que 56% dos focos foram extintos.

Fogo é ameaça às espécies animais que vivem na região. Foto: Divulgação/IHP

Instituto Homem Pantaneiro

O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, criada em 2002 em Corumbá (MS). Sua missão é proteger e conservar o bioma Pantanal e preservar a cultura local.

A atuação do IHP inclui a gestão de áreas protegidas, apoio e desenvolvimento de pesquisas científicas, além de promover o diálogo entre diversos interessados na preservação do Pantanal.

O Instituto desenvolve programas permanentes, como a Rede Amolar, Cabeceiras do Pantanal, Amolar Experience, Felinos Pantaneiros, Memorial do Homem Pantaneiro, Brigada Alto Pantanal e Estratégias para Conservação da Natureza. Essas iniciativas visam prevenir incêndios, criar corredores de biodiversidade e apoiar o desenvolvimento das comunidades locais.

Informações: Terra.

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