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Último dia do 5º Encontro Brasileiro de Silvicultura é marcado por palestras, premiações e homenagens

O segundo e último dia do 5º Encontro Brasileiro de Silvicultura (EBS), ocorrido em 8 de agosto, contou com uma rica programação composta por três palestras, mesas redondas, entrega de prêmios a startups e homenagens a pesquisadores eméritos. Organizado pela Malinovski e Embrapa Florestas, o Encontro ocorre a cada quatro anos, e vem promovendo a discussão técnico-científica entre profissionais e instituições que atuam na área florestal. Foram ao todo 30 palestrantes que abordaram os mais distintos temas da área de plantação florestal.

Segundo Edilson de Oliveira, pesquisador da Embrapa Florestas e um dos organizadores do evento, os resultados superaram as expectativas. “As startups vencedoras não pouparam elogios ao evento. Tivemos inclusive a presença de outras startups finalistas muito satisfeitas com a repercussão e com a visibilidade que estão tendo, graças às divulgações por parte dos organizadores Embrapa, Malinovski e Mapa. Destaque especial à última sessão do evento, quando foram homenageados os cientistas Paulo Ernani Ramalho Carvalho e Harri Lorenzi, que receberam troféus pelo histórico de contribuições ao setor florestal, por meio de um caloroso aplauso de pé por parte do público presente”, declara.

O primeiro painel do dia, denominado “Desafios para a produção florestal”, teve a moderação de Adriana Maugeri, presidente/CEO da AMIF – Associação Mineira da Indústria Florestal. Eduardo Ciriello, diretor florestal da Futuro Florestal, abriu as discussões com o tema “Overview das Espécies Alternativas Potenciais para Produção Florestal no Brasil”. As espécies alternativas buscam atender ao mercado de madeira serrada tropical, proveniente quase que exclusivamente da exploração de florestas naturais.

“Há atualmente uma maior gama de espécies entrando no mercado, seja para a produção de madeiras de longo prazo, sejam como espécies de ciclo curto para diferentes usos industriais”, diz. Entre as espécies exóticas, com mais investimentos, destacam-se a teca, os mognos-africanos e o cedro-australiano. Já entre as nativas, há o Paricá e Guanandi e outras espécies que têm ganhado espaço, como o Jequitibá-rosa, Louro-pardo e Ipê-felpudo.

“Estas vêm trazendo inovações ao sistema de cultivo, com a implementação de plantios mistos como alternativa aos plantios homogêneos, e a inserção do conceito Close-to-Nature que tem sido muito experimentado em diversos países”, diz. Ciriello também ressaltou a influência da agenda de mitigação das Mudanças Climáticas, e a alta demanda por Créditos de Carbono que tem direcionado grandes investimentos a esta área.

Em seguida, foi a vez de Vanderley Porfírio-Da-Silva, pesquisador da Embrapa Florestas, que abordou o assunto “ILPF na década de 2020”, começando com um histórico da atividade desde as décadas de 1970-1980, quando o enfoque era no produto da silvicultura, até meados dos anos 2000, quando os produtos das árvores começavam a ser percebidos. 

Segundo Porfírio, a evolução das percepções e o acúmulo das experiências proporcionou significativos avanços, na década de 2010, com a implementação do Plano ABC – Agricultura de Baixa Emissão de Carbono, em que figurou pela primeira vez a tecnologia agrossilvipastoril como uma das estratégias para a “Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura”.

“A partir de então, a estratégia ILPF começa a considerada uma inovação, sendo criada a Rede ILPF, uma associação cofinanciada por empresas que objetiva acelerar a adoção das tecnologias agrossilvipastoris para a intensificação sustentável da agricultura brasileira”, explica. Porfírio também destacou outros avanços, como a instituição da Política Nacional de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), o estabelecimento do primeiro protocolo para descarbonização da bovinocultura de corte, gerando, em 2015, a marca-conceito “Carne Carbono Neutro” (CCN) e a prorrogação até 2030 do Plano ABC, com versão ABC+.

Recuperação de áreas degradadas com foco econômico” foi o tema que encerrou os painéis de palestras, abordado por Alan Batista, diretor financeiro e operacional da Symbiosis, e Bruno Mariani, diretor da Symbiosis. Eles contaram como e porque desenvolveram um plano de negócio que permitiu o surgimento de uma indústria florestal focada na produção de madeira serrada por meio da silvicultura com árvores nativas.

“O desafio posto foi produzir madeira de alta qualidade com árvores nativas e, ao mesmo tempo, restaurar as reservas legais e áreas de proteção permanente, tão importantes para a produção de serviços ambientais”, conta Alan Batista. Segundo ele, o sucesso da indústria de papel e celulose indicava o caminho que era investir em melhoramento florestal, entender a silvicultura, domesticar as espécies nativas, e encontrar a melhor forma de combiná-las em consórcios, não se esquecendo das especificidades de cada espécie para se desenvolverem plenamente.

Outro foco é a produção com a biodiversidade. “Nos últimos 12 anos, temos feito inventários regulares de vertebrados e invertebrados que comprovam a grande diversidade da fauna em nossas áreas e confirmam a nossa missão, que é atender à necessidade da sociedade por produtos madeireiros sem alterar os mecanismos pelos quais os ecossistemas se sustentam”, conta Batista. O modelo foi implantado em escala piloto um grande laboratório a céu aberto de 1.500 hectares.

Após o primeiro painel foi realizada uma mesa redonda com o tema “Planejamento do orçamento versus riscos para a produtividade”, com a moderação de José Maria de Arruda Mendes Filho, sócio-diretor da Lacan Florestal e participação de Fabiano Antonio Rodrigues, diretor Florestal & Suprimentos da Sylvamo e de Julio César Tôrres Ribeiro, diretor industrial e Florestal da Cenibra.

Para começar a parte final do Encontro, uma mesa redonda unificou o público do Encontro de Silvicultura ao da 19ª Seminário de Colheita e Transporte de Madeira. A moderação foi de Erich Schaitza, chefe geral da Embrapa Florestas, com participação de Moacir Reis, presidente da Comissão Nacional de Agrossilvicultura da CNA; Paulo Roberto Pupo, superintendente da Abimci – Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente; Pedro Alves Corrêa Neto, diretor do Departamento de Reflorestamento e Recuperação de Áreas Degradadas, do MAPA, e José Carlos da Fonseca Júnior, diretor executivo da IBA (Indústria Brasileira de Árvores).

No bloco final do evento, foram entregues premiações às cinco startups vencedoras do 1º prêmio Startup Expoforest, e também realizada a entrega de homenagens aos pesquisadores Paulo Ernani Ramalho Carvalho, da Embrapa Florestas, e Harri Lorenzi, diretor do Instituto Plantarum, que se destacam pelas inúmeras contribuições à área florestal.

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Pesquisadores da Embrapa recebem homenagens pelos 50 anos de contribuição à área florestal

Durante a 5ª Semana Florestal Brasileira, que aconteceu de 07 a 11 de agosto, na região de Ribeirão Preto/SP, além de seminários técnicos e da realização da maior feira florestal dinâmica, foram entregues homenagens a dois dos maiores pesquisadores brasileiros que se destacam pelas inúmeras contribuições à área florestal: o pesquisador emérito da Embrapa Florestas, Paulo Ernani Carvalho, e o pesquisador e diretor do Instituto Plantarum, Harri Lorenzi.

Ambos foram homenageados pelo trabalho de mais de meio século dedicado ao estudo e divulgação de conhecimentos sobre espécies florestais de ocorrência no Brasil. Os dois pesquisadores são responsáveis por séries de livros resultantes de extensa pesquisa bibliográfica, estudos e observações de campo nas ocorrências naturais das espécies.

Paulo Ernani Ramalho Carvalho se dedicou ao estudo e divulgação de conhecimentos sobre espécies florestais de ocorrência no Brasil e em outros países. Autor da série “Espécies Arbóreas Brasileiras”, com cinco volumes que reúnem informações de 340 espécies, também é conhecido pelo público infanto-juvenil com o livro “A Viagem das Sementes”, lançada em 1994. Em sua trajetória, destacam-se diversas outras obras. Os conhecimentos silviculturais disponibilizados em suas obras proporcionam orientação sobre preservação, conservação e uso dessas espécies, como integrantes de soluções ambientais e de promoção do agronegócio florestal. Paulo Ernani é o cientista mais citado na silvicultura brasileira e suas contribuições, além de atenderem a pesquisadores, docentes e estudantes, têm servido de base para programas de Educação Ambiental para diferentes públicos (crianças, adolescentes, professores, e grupos de terceira idade), disseminando a importância das florestas na contribuição para a continuidade do ciclo de vida da natureza. As publicações são didáticas e atendem, com orientações técnicas, produtores rurais e todos aqueles que querem plantar árvores nativas, buscando os mais diferentes serviços ambientais. “Como Engenheiro Florestal há 52 anos, sinto-me honrado em receber essa homenagem, que reconhece e coroa o trabalho que desenvolvi na pesquisa, como Dr. Paulo, e na educação, como Tio Paulo. O meu agradecimento a todos vocês”, disse em mensagem de vídeo.

Harri Lorenzi, engenheiro agrônomo e botânico brasileiro, é autor de dezenas de artigos e livros sobre plantas e fundador do Instituto Plantarum de Estudos da Flora que, além de uma editora, conta com uma vasta biblioteca; laboratório; jardim botânico com mais de cinco mil espécies vegetais, sobretudo espécies nativas do Brasil; herbário com 20 mil exsicatas; e carpoteca. Lorenzi trabalhou como pesquisador no Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), no Centro de Tecnologia Copersucar e, em 1998, foi pesquisador convidado da Universidade Harvard. O pesquisador realizou várias expedições de identificação e coleta de sementes, além de material para herbários e fotos das várias regiões do Brasil, incluindo todos os ecossistemas. Nestas viagens, encontrou várias espécies desconhecidas para a ciência e outras tantas ameaçadas, inclusive algumas que já eram consideradas extintas. As viagens incluem idas à Amazônia, ao Brasil Central, à Zona da Mata Mineira, ao sertão da Bahia e à Serra do Espinhaço. “Sinto-me agradecido e lisonjeado pela deferência. Tenho recebido várias homenagens internacionais de Instituições do primeiro mundo, mas jamais havia recebido ou visto coisa similar de uma Instituição Brasileira. Isto demonstra um alto grau de maturidade no País no reconhecimento de méritos de pessoas ligadas às ciências”, declarou Lorenzi.

Entre seus livros estão “Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil”, com 3 volumes, também editados em inglês; “Plantas Ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras”; “Plantas Daninhas no Brasil: Terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas”; “Plantas Medicinais no Brasil: Nativas e exóticas”; “Árvores Exóticas no Brasil: Madeiras, ornamentais e aromáticas”; “Botânica Sistemática: Guia ilustrado para identificação das famílias de Fanerógamas nativas e exóticas no Brasil, baseado em APG II”; “Manual de Identificação e Controle de Plantas Daninhas: plantio direto e convencional”; “Morfologia Vegetal: Organografia e Dicionário Ilustrado de Morfologia das Plantas Vasculares”; “Palmeiras Brasileiras e Exóticas Cultivadas”; “As Plantas Tropicais de R. Burle-Marx”; “Flora Brasileira: Arecaceae (Palmeiras)”, entre outras obras.

A Semana Florestal Brasileira é uma realização da Malinovski e conta com a parceria da Embrapa Florestas na organização do Encontro Brasileiro de Silvicultura.

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