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Cultivo de cacau ganha espaço no noroeste paulista

Pequenos produtores de seringueira, laranja e cana apostam no cacau como forma de diversificação e atraídos pela oportunidade de vender um produto com maior valor agregado

O cenário parece de novela e remete às regiões Norte e Nordeste do Brasil. Mas esses cacaueiros estão no noroeste paulista, onde a cultura aos poucos ganha espaço. Os responsáveis são pequenos produtores de seringueira, laranja e cana-de-açúcar, que investem na diversificação de cultivos, atraídos pela oportunidade de vender uma commodity com maior valor agregado.

De acordo com a CATI-SP (Coordenadoria de Assistência Técnica do Estado de São Paulo), 30 municípios do noroeste do Estado de São Paulo já têm cacau plantado, e até junho de 2024 a expectativa é somar 300 hectares cultivados, a partir de mudas clonadas, originadas da Bahia.

Norival Puglieri, produtor da cidade de Novaes (SP), plantou 5 mil mudas de cacau há três anos e, antes mesmo de obter a primeira colheita, já investiu em mais 1,7 mil mudas, no fim de 2023, animado com as perspectivas do setor.

A escolha faz parte do projeto de diversificação de cultivos da propriedade, desde 1970 destinada à produção de laranja. Há 12 anos, um terço da propriedade de 450 hectares passou a ter cana-de-açúcar, seringueiras e pastagens. Mas o baixo retorno do cultivo de seringueiras levou Puglieri mais uma vez a buscar alternativas e apostou no cacau.

O novo pomar foi plantado no sistema de consórcio, tanto em áreas que já tinham seringueira, quanto em áreas de pastagens, que receberam bananeiras.

“A escolha pelo consórcio é tanto pela indicação de manejo quanto pelo retorno financeiro. As bananeiras fornecem sombreamento e proteção contra ao vento e, ao mesmo tempo, produzem após um ano, gerando renda enquanto a safra de cacau não vem, já que são necessários três ou quatro anos”, relata Puglieri.

O agricultor recebeu orientação da CATI, por meio do Programa Cacau São Paulo, uma iniciativa realizada em parceria com a Associação Comercial e Empresarial de São José do Rio Preto (Acirp), com apoio da Fundação Cargill e da Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), órgão do Ministério da Agricultura.

Segundo Andrey Vetorelli, agrônomo, da CATI, as pesquisas para expansão do cacau no noroeste paulista começaram em 2013, para entendimento das necessidades e adaptações das variedades ao clima da região. “Temos grandes expectativas. A perspectiva é conseguir atingir, após estabilização das novas lavouras em alguns anos, a produtividade média de até 3 toneladas por hectare, volume equiparável aos índices mais altos do Pará”, diz.

Diversificação

Na cidade de Palmares Paulista, a produtora Mônica de Oliveira Munhoz investiu no plantio de 2,5 mil pés de cacau e 2,5 mil pés de banana na propriedade de 230 hectares, onde antes a família só cultivava seringueiras, cana-de-açúcar e laranja.

“A ideia surgiu da necessidade de obtenção de melhor margem, uma vez que o retorno com a seringueira estava muito baixo. É possível investir e amortizar os custos com o retorno da banana, que é vendida ao longo do ano todo. Por isso, já planejamos aumentar em 8 mil pés o cultivo de cacau da propriedade”, afirma Mônica.

Segundo ela, pomares novos, cultivados com práticas sustentáveis de cuidado com o solo e irrigação, além da rastreabilidade, abrem portas para um mercado em crescimento, dentro e fora do Brasil.

Vetorelli, da CATI, diz que a oportunidade de vender produtos premium com maior valor agregado no mercado exterior acabou atraindo – inesperadamente – a atenção de investidores de outras áreas para a produção de cacau no noroeste paulista.

“O foco inicial do programa de incentivo à expansão do cacau na região era para a diversificação de cultivos, como oportunidade aos pequenos produtores. No entanto, alguns investidores de outras áreas também enxergaram a atividade como promissora e médio e longo prazo, e estão alocando recursos na região”, afirmam. Dados do CATI apontam que o investimento inicial do cultivo fica entre R$ 30 mil e R$ 40 mil por hectare.

Na cidade de Mendonça, uma parceria com a CATI originou o projeto “Chocolate da Merenda”, iniciado em novembro de 2023, para fomentar a produção regional de cacau. Desde então, uma porção de 20g de chocolate 50% cacau, sem lactose e produzido apenas com nibs (a forma menos processada do chocolate) e açúcar demerara, passa a fazer parte da merenda escolar quinzenalmente, como alimento funcional.

Segundo a prefeitura local, a ideia é que a oferta passe a ser semanal ainda no primeiro semestre de 2024, e que a atividade seja expandida para os lares de idosos da cidade.

Histórico

No século XX, o Brasil chegou a ser um dos maiores produtores de cacau do mundo. Em 1986/87, atingiu a marca histórica de 426 mil toneladas de amêndoas por ano, segundo a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac). Entre 1989 e 1990, entretanto, a cacauicultora brasileira passou sua maior crise, que arrasou cerca de 68% das plantações com a doença vassoura-de-bruxa.

De lá pra cá, o movimento é de recuperação. Somos, hoje, o 6º maior produtor do planeta, com produção de 2022 girando em torno de 220 mil toneladas, segundo a Organização Internacional do Cacau (ICCO). Em um mundo cuja demanda só cresce, ainda não damos conta sequer da demanda interna, que fica na média de 230 mil toneladas ano.

Vislumbrando esse cenário de oportunidades, o governo federal, por meio do Plano Inova Cacau 2023, elaborado pela Ceplac , visa estimular entrantes no mundo do cacau e otimizar os pomares já existentes. A meta é atingir novamente a marca de 400 mil toneladas ao ano em 2030.

“Há um cenário internacional favorável ao nascimento de novos polos de produção, quando dois dos principais produtores do mundo, como Costa do Marfim e Gana, passam por problemas produtivos. Paralelamente, temos que considerar o aumento na demanda por chocolate fino como oportunidade de mercado para nós brasileiros”, afirma Lucimara Chiari, diretora da Ceplac.

Segundo ela, assim como São Paulo, a Ceplac também iniciou projetos em áreas do Ceará, Sergipe, Roraima, Norte de Minas e Oeste de Bahia, principalmente trabalhando com a criação de pomares em áreas degradadas.

Ana Paula Losi, presidente-executiva da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), endossa o posicionamento da Ceplac, de que, a partir de áreas certificadas e rastreáveis, o país tem grande oportunidade de crescer no nicho de maior agregado no cacau, o do cacau fino e especial.

Informações: Globo Rural.

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Extrativistas se reúnem para garantir revitalização da cadeia produtiva de borracha nativa da Amazônia

Fortalecer a cadeia de borracha nativa da Amazônia, defender os territórios em prol do extrativismo sustentável, combater o êxodo rural, aumentar o valor pago pela produção, valorizar os seringueiros, entre outros assuntos, fazem parte da carta de compromisso apresentada no primeiro Encontro Municipal dos Extrativistas da Borracha. O evento foi realizado no último sábado, dia 13 de janeiro, no município de Pauini, localizado no interior do Amazonas (a 926 quilômetros da capital Manaus) com a participação de mais de 80 pessoas.

O encontro é uma iniciativa do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e do Memorial Chico Mendes, com o apoio de parceiros, que estão implementando, desde 2016, o projeto de revitalização da cadeia produtiva de borracha nativa do Amazonas. Em Pauini, o evento foi realizado com a coordenação da Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas do Município (Atramp), Prefeitura de Pauini, Aliança para o Desenvolvimento Sustentável do Sul do Amazonas e WWF-Brasil.    

Segundo o secretário-executivo do CNS, Dione Torquato, o principal objetivo do Encontro Municipal dos Extrativistas da Borracha foi realizar um diálogo entre extrativistas, lideranças da sociedade civil, instituições parceiras e autoridades políticas para fortalecer o retorno da cadeia produtiva da borracha. “Além disso, abordamos os desafios e avanços em 2022 e 2023 por meio do projeto de revitalização da cadeia da borracha extrativista do Amazonas. Também foi um momento para debater melhorias e o fortalecimento da cadeia produtiva da borracha no município de Pauini”, comentou.

Dados do WWF-Brasil apontam que, em 2022, o projeto contribuiu diretamente para a conservação de mais de 60 mil hectares da Amazônia a partir do manejo para a produção da borracha. Em 2023, a expectativa é alcançar 150 mil hectares conservados. A iniciativa está sendo implementada em Canutama, Pauini, Manicoré, Eirunepé e Itacoatiara. Todos são municípios do Amazonas.

“Com a rede de parceiros temos a convicção que as associações extrativistas se fortalecerão, vamos atrair mais compradores e teremos uma indústria em Manaus, sem precisar levar a borracha para ser beneficiada em outros estados. Precisamos ter uma cadeia sólida a partir do envolvimento de todos. Tivemos uma safra de mais de sete toneladas, em 2022, e a previsão é termos mais de 20 toneladas em 2023. Vamos aumentar ainda mais, organizando as nossas e as cadeias do outros municípios”, disse o presidente da Atramp.

A Carta de Compromissos solicita da Prefeitura de Pauini o pagamento da subvenção da safra 2022 no valor de R$ 0,60;  Aumento no pagamento da subvenção da safra 2023; e a premiação de produtores destaques da safra. O prefeito da cidade, Renato Afonso, participou do evento e se comprometeu em alterar o valor de R$ 0,60 para R$ 1,20 na safra de 2023.

“Sou o primeiro prefeito a pagar a subversão e me comprometo em dobrar o valor para R$ 1,20 na próxima safra. Com isso, queremos alavancar a produção da borracha em nosso município”, afirmou o prefeito.

Já da Câmara Municipal de Vereadores de Pauini, o documento indica a revisão da Lei nº 185, de 28 de dezembro de 2007, e atualização da política municipal da subvenção da borracha, corrigindo o valor de R$ 0,60 com plano de progressão e valorização.

Do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), a carta compromisso solicita a Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) para os extrativistas da borracha com foco em boas práticas e capacitações para o avanço da qualidade; Auxílio na pesagem e registro da produção; e a certificação de qualidade.

O documento completo com todas as reivindicações pode ser acessado no site do CNS (cnsbrasil.org) e do Memorial Chico Mendes (www.memorialchicomendes.org). Durante o evento, a Prefeitura de Pauini também entregou um cheque com o valor da subversão referente ao ano de 2022 e ainda premiou os melhores produtores com a entrega de um motor no estilo “rabeta” para canoas. Um dos destaques foi a entrega de um motor para uma produtora de uma comunidade no Rio Pauini, como um incentivo para que outras mulheres também participem da cadeia extrativista da borracha.

O evento contou com a parceria estratégica da Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA), USAID, Organização dos Povos Indígenas Apurinã e Jamamadi de Boca do Acre (OPIAJBAM), Alliance Bioversity International, Coordenação Territorial Local da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), Michelin Brasil e Fundação Michelin.

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Embrapa faz nova oferta de hastes de clones de seringueira a viveiristas

Produtores de mudas de seringueira inscritos no Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem) terão, já no início de 2024, mais uma oportunidade de adquirir hastes dos clones de seringueira selecionados pela Embrapa para cultivo no Centro-Oeste brasileiro. A Empresa está ofertando lotes de 10 metros de hastes dos clones PB 291PB 311PB 312PB 314PB 324PB 350PB 355PC 119PC 140, PM 10, OS 22RRIM 713RRIM 901RRIM 937 e RRIM 938. As quantidades e valores dos lotes de cada clone estão especificadas neste edital.

Os interessados devem se manifestar pelo e-mail cpac.cigv@embrapa.br com o assunto “Oferta de seringueira 23/24” a partir das 8h do dia 3 de janeiro até as 17h de 30 de janeiro de 2024. No e-mail, devem constar as informações solicitadas no edital. Os produtores serão contemplados por ordem de recebimento dos e-mails até o esgotamento dos lotes. Eles serão comunicados também por e-mail logo após o recebimento, pela Embrapa, dos documentos de solicitação, para que possam ser iniciados os trâmites de aquisição das hastes.

Os clones ofertados apresentam elevadas produtividades de borracha e são indicados para cultivo nas regiões de Goiás e Distrito Federal onde foram testados e em outras com condições de clima e solo semelhantes, com período seco bem definido, o que propicia o escape ao mal-das-folhas causado pelo fungo Pseudocercospora ulei, classificadas como áreas aptas conforme o Zoneamento climático da heveicultura no Brasil.

Para conhecer os resultados das pesquisas realizadas nos locais de teste dos clones selecionados pela Embrapa, acesse as publicações:

Clones de seringueira selecionados para cultivo no estado de Goiás e no Distrito Federal
Desempenho de Clones de Seringueira na Região Centro-Oeste do Brasil
Novos Clones de Seringueira para Cultivo na Região Centro-Oeste do Brasil

Informações: Embrapa Cerrados.

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