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Tecnologias de gestão e análise serão destaques da Hexagon na Expoforest 2023

5ª edição da feira deve atrair visitantes de mais de 30 países e movimentar R$ 500 milhões em negócios

Depois de cinco anos da última edição, a Expoforest 2023 deve reunir as principais novidades em tecnologia para o setor. Considerada a maior feira florestal dinâmica da América Latina e  uma das mais importantes do mundo, ela acontece no interior de São Paulo, na região de Ribeirão Preto, entre os dias 9 e 11 de agosto e projeta movimentar R$ 500 milhões em negócios. Entre os destaques em soluções para a área, estarão os softwares de gestão e análise da divisão de Agricultura da Hexagon. A empresa desenvolve tecnologia focada em otimizar e integrar todos os processos florestais, garantindo maior precisão e eficiência. Até o ano de 2022, as soluções da Hexagon foram responsáveis por monitorar mais de 5,2 milhões de hectares de florestas plantadas em todo o mundo. 

Segundo    Ronaldo Soares, Gerente Florestal da divisão, gestão e análise são as duas grandes demandas do setor. “Na agricultura o foco é o hardware, os produtores têm muito interesse pelos computadores de bordo, pelos controladores, numa operação de gestão em tempo real, pois o ciclo é curto , o que muitas vezes, o tempo de parar e analisar se aplica para o outro ciclo. Já na área florestal, o foco é outro. Como o ciclo é muito mais longo, a floresta é plantada para colher em 7 ou 8 anos, você precisa de processos de análise e gestão muito melhores”, explica. 

Essas tecnologias permitem coletar dados das florestas e transformá-los em informações inteligentes, possibilitando planejamento otimizado, execução eficiente, controles de máquina precisos e fluxos de trabalho automatizados. Exemplos são as soluções para monitoramento de máquinas: com suporte de sensores e computadores de bordo instalados no maquinário florestal, é possível monitorar e ajustar processos enquanto eles estão acontecendo. Os sistemas fornecem relatórios detalhados com indicadores de rendimento e comportamento das máquinas, produtividade, área trabalhada, distância percorrida, velocidade, entre outros.

Já os softwares de gestão permitem a análise destes dados para resolução de problemas e aprimoramento de processos, resultando em mais produtividade e lucro. O HxGN AgrOn Gestão Operacional, por exemplo, é capaz de gerar relatórios customizados a partir de dados enviados automaticamente pelos displays das operações florestais. “Ali constam informações como mapas para visualização das características da operação, gráficos com indicadores de desempenho e ferramentas para análise das informações georeferenciadas”, destaca Ronaldo. Outro diferencial apontado por ele é a flexibilidade da solução em relação a customização e integração a outros sistemas. “O mercado florestal não quer solução de prateleira, ele quer solução que possa ser customizada de acordo com as necessidades e características da empresa”.

Durante a Expoforest, os visitantes terão a oportunidade de testar o software no local e até sugerir modificações. A proposta vai ao encontro do perfil do evento: diferente da maioria das feiras agrícolas, a Expoforest não é só uma feira de exposição. Os visitantes, além de participarem da programação que inclui seminários e encontros da área, têm a chance de observar as máquinas trabalhando. Realizada em uma floresta de 200 hectares de eucaliptos, além do lançamento de tecnologias, também estão previstas na feira dinâmicas de silvicultura, demonstração de máquinas, drones e outros equipamentos.

Sustentabilidade em pauta

A sustentabilidade e o uso mais inteligente da terra também devem ser pautas importantes no evento. A tecnologia também tem sido uma aliada neste ponto, que se tornou prioridade para as empresas do setor. Com o apoio de ferramentas de gestão, por exemplo, é possível analisar o total de insumos aplicados (em kg/ha)— sejam adubos, herbicidas, controle de pragas ou qualquer outro tipo de substância para implantação e manutenção da floresta. “A partir disso, é possível avaliar se houve super ou subdosagem, qual foi a porcentagem do desvio, se vai ser necessário fazer alguma ação de reaplicação e assim por diante. Com apoio desse tipo de ferramenta, bem como de controladores de pulverização, é possível reduzir o uso de agroquímicos e evitar desperdícios”, explica o gerente da Hexagon.  

Avanços e desafios

Desde o último ano em que a feira foi realizada, em 2018, o avanço no desenvolvimento de tecnologia e o aumento do interesse das empresas em soluções para alavancar a produtividade aumentou consideravelmente. Segundo Ronaldo, nesse intervalo surgiram novas soluções, muitas startups e as próprias empresas florestais evoluíram muito em termos de tecnologia. No entanto, alguns gaps tecnológicos ainda persistem, como a conectividade. “O Brasil tem um grande problema de estrutura de rede e esse é o principal desafio do mercado florestal. As outras soluções de transferências de dados são muito caras, já que as áreas florestais são muito grandes e dispersas, então não é possível instalar uma torre em cada local”, explica.

Apesar disso, o país continua sendo uma grande referência na área para o resto do mundo, não só pela capacidade de produzir mais ocupando menos área (a produtividade do eucalipto atingiu seu maior nível desde 2014, chegando a 38,9 m³/ha/ano em 2021, segundo o Instituto Brasileiro de Árvores), mas também pelo modelo de gestão. “Vários dos nossos contatos da área de outros países estão se organizando em comitivas para visitar a feira. Esperamos um público recorde, sem sombra de dúvidas, além de muitos negócios fechados”, projeta Ronaldo. 

Fonte: Hexagon

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Abimci lança programa setorial de qualidade do compensado plastificado

O segmento do compensado plastificado para formas de concreto, produto amplamente utilizado pelo setor da construção civil, conta a partir de agora com um programa de certificação da qualidade do produto que tem a Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente) como entidade gestora, a ABNT (Associação Brasileira Normas Técnicas) como órgão certificador e o Instituto Senai de Tecnologia em Madeira e Mobiliário como laboratório que realiza os ensaios do produto.

O PSQ – Compensado Plastificado foi desenvolvido pela Abimci com o objetivo de levar ao mercado, o produto com qualidade e desempenho comprovado, de acordo com a norma técnica ABNT NBR 17001 – Compensado Plastificado: Requisitos e métodos de ensaios. “O Programa está sendo iniciado de uma forma muito positiva e já conta com a adesão e a participação das principais empresas fabricantes do produto, que representam importante parcela da produção e do mercado. Temos convicção que a representatividade do Programa tende a crescer com a compreensão das vantagens do uso do produto certificado pelo mercado da construção civil”, informou o superintendente da Abimci, Paulo Pupo.

As empresas participantes do Programa já estão realizando ensaios laboratoriais de seus produtos, atestando que eles estão dentro dos requisitos de desempenho exigidos pela norma técnica. “O segmento já entregava ao setor da construção civil produtos de alta qualidade, mas que agora passam a contar com a chancela de um Programa de Certificação”, avaliou o superintendente da Abimci.

Conheça o produto e entenda o processo de certificação

O compensado plastificado é composto por lâminas de madeira coladas de forma sobreposta e revestidas por um filme fenólico em ambas as faces. Amplamente utilizado pelo setor da construção civil, é destinado para a fabricação de formas de concreto para construção de vigas, lajes, pilares e fundações com a possibilidade de várias reutilizações.

Para que os produtos recebam o certificado de conformidade emitido pela ABNT Certificadora e o selo do PSQ – Compensado Plastificado um conjunto de práticas e procedimentos de controle são realizados. No primeiro momento, o Sistema de Gestão de Qualidade da empresa fabricante do produto é auditado pela ABNT, que coleta as chapas para serem testadas em laboratório independente. Na sequência, as amostras são ensaiadas para verificar se atendem aos requisitos de desempenho da norma técnica do produto. Se os testes forem positivos, o produto recebe o certificado de conformidade. O Sistema de Gestão da Qualidade da empresa é periodicamente auditado e os produtos são testados regularmente em laboratório independente. Quando aprovados, a ABNT renova o certificado para o produto.

Para saber mais sobre o PSQ – Compensado Plastificado e conhecer os produtos que já estão certificados acesse: https://abimci.com.br/nossas-atividades/programas-e-certificacoes/psq-compensado-plastificado/

Fonte: ABIMCI

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Pesquisadores da Bracell Bahia conquistam dois primeiros lugares em eventos internacionais

Trabalhos inovadores, que utilizam dados dos satélites Sentinel-1, foram apresentados em um congresso e seminário em São Paulo e no Espírito Santo

Dois estudos inovadores desenvolvidos por profissionais da Bracell Bahia em dois eventos internacionais, ambos tendo como base a utilização de dados dos satélites Sentinel-1, sendo um no processo de identificação das fases de crescimento de eucalipto sob diferentes tipos de manejo e outro na detecção de incêndios nos plantios florestais, conquistaram o primeiro lugar em suas respectivas apresentações.

Os trabalhos foram levados ao Congresso sobre Plantações Florestais do Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais (Ipef) – promovido em parceria com a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), a Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP) e a International Union of Forest Research Organizations (Iufro), em Piracicaba (SP) – e ao 1º Seminário Internacional de Sensoriamento Remoto Aplicado à Mensuração Florestal, em Jerônimo Monteiro (ES), em uma parceria entre o Departamento de Ciências Florestais e da Madeira da Universidade Federal do Espírito do Santo (Ufes), a Universidade de Maine, nos Estados Unidos, a University of Technology and Economics of Budapest, na Hungria, e a Universidad Tecnológica Indoamérica do Equador.

Ambos os estudos foram desenvolvidos pelos pesquisadores da Bracell Caio Santos e Jorge Monteiro, respectivamente, estagiário e trainee do setor de Planejamento; Mateus Tinôco, analista de Geoprocessamento; e Túlio Queiroz, pesquisador florestal da gerência de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D).

Com o título “Dados Multitemporais do SAR Sentinel-1 para identificação das fases de crescimento do Eucalyptus spp sob diferentes tipos de manejo”, a pesquisa apresentada pela equipe no Congresso do Ipef avalia os estágios do crescimento do eucalipto nas duas modalidades de manejo adotadas pela empresa: a reforma e a talhadia. Para o estudo, foram analisados 50 talhões (áreas cultivadas) da Bracell.

Já o estudo “Detecção de Incêndios por Meio de Séries Históricas de Radar” – apresentado no seminário da Ufes, que contou, inclusive, com representantes da Nasa, a agência espacial americana – mostra a funcionalidade do radar para o monitoramento e identificação de áreas afetadas por incêndio nos plantios de eucalipto. “Com o sensoriamento remoto, monitoramos as florestas e podemos identificar anomalias, como é o caso dos incêndios”, explica Tinôco.

Monteiro explica que os “dados de radar são, geralmente, utilizados pela meteorologia. Apesar de serem dados públicos, fornecidos pela Agência Espacial Europeia, são pouco utilizados por empresas florestais, porque a manipulação dessas informações é complexa. Por isso, normalmente, o setor emprega dados de satélites multiespectrais, mas eles têm a desvantagem de interromper a captação de informações em dias chuvosos ou com grande presença de nuvens, o que não acontece com o radar”.

Por estarem relacionados às propriedades físicas e estruturais das florestas, os dados atuais e históricos do radar possibilitam compreender a dinâmica de crescimento, identificação de ciclos de corte e plantio e detecção de anomalias, como incêndios florestais e infestações por plantas daninhas em plantios jovens.

“Utilizando dados obtidos por sensores remotos, realizamos o monitoramento periódico dos ativos florestais da empresa – tanto nas áreas destinadas ao plantio de eucalipto como nas de vegetação nativa e em processo de regeneração, reforçando o Compromisso Um-para-Um da Bracell de igualar sua área de plantio à de preservação de área nativa. Desse modo, a parceria entre os times de Geoprocessamento, P&D, Eficiência Florestal, Silvicultura e Meio Ambiente viabilizam o aperfeiçoamento das práticas de manejo florestal da companhia”, destaca Tinôco.

De acordo com ele, a participação dos colaboradores da Bracell em eventos desse tipo faz parte do programa de capacitação realizado pela área de Treinamento e Desenvolvimento, e reforça o interesse da companhia em capacitar tecnicamente seus membros.

Sobre a Bracell
A Bracell é uma das maiores produtoras de celulose solúvel e celulose especial do mundo e conta com operações no Brasil em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Bahia e Pernambuco. Além das operações no Brasil, a Bracell possui um escritório administrativo em Singapura e escritórios de vendas na Ásia, Europa e Estados Unidos. A empresa é signatária do Pacto Global e dos Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPs) da ONU Mulheres. www.bracell.com

Sobre a RGE
A RGE Pte Ltd gerencia um grupo de empresas com operações globais de manufatura baseadas em recursos naturais. As atividades vão desde o desenvolvimento e a colheita de recursos sustentáveis, até a criação de diversos produtos com valor agregado para o mercado global. O compromisso do grupo RGE com o desenvolvimento sustentável é a base de suas operações. Todos os esforços estão voltados para o que é bom para a comunidade, bom para o país, bom para o clima, bom para o cliente e bom para a empresa. A RGE foi fundada em 1973 e seus ativos atualmente ultrapassam US$ 30 bilhões. Com mais de 60.000 funcionários, o grupo tem operações na Indonésia, China, Brasil, Espanha e Canadá, e continua expandido para envolver novos mercados e comunidades. www.rgei.com.

Fonte: Bracell

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Mercado de Carbono: regulamentação pode somar cerca de R$ 3 trilhões ao PIB brasileiro até 2030

Texto em tramitação no Congresso é a chave para o país aproveitar todo seu potencial na economia verde

O Projeto de Lei (PL) n.º 412/2022, em tramitação na Câmara dos Deputados, pretende regulamentar o Mercado de Carbono no Brasil, ampliando um movimento voluntário já existente no meio empresarial. Essa regulamentação pode gerar 8 milhões de novos empregos até 2030, além de somar R$ 2,8 trilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, segundo estudo da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura.

O Decreto n.º 11.075/22 do ano passado criou o Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa, porém, não trouxe diretrizes e regras para o controle do Mercado de Carbono. O adiamento da aprovação do PL atrasa um setor economicamente importante e chave para o cumprimento do compromisso firmado pelo Brasil, o de reduzir em 50% as emissões de gases de efeito estufa (GEE) até 2030. 

“O Brasil será sede da Conferência do Clima das Nações Unidas daqui a dois anos, e seria coerente que nosso Mercado de Carbono estivesse regulamentado e trazendo bons resultados ao país”, avalia Paulo Bertolini, diretor-geral da APCER Brasil, certificadora de origem portuguesa com atuação global.

Para participar deste mercado é necessário calcular, primeiramente, a pegada de carbono da organização. A partir dela é possível traçar estratégias para reduzir as emissões, resultando em créditos para sua comercialização.

A cada tonelada de gases não emitida, é gerado um crédito de carbono, que pode ser vendido para empresas ou governos de países que necessitam atingir metas de redução de GEE, mas não conseguem em razão de diversos motivos.

“Existem várias razões pelas quais alguns países podem enfrentar dificuldades para atingir suas metas ambientais, como desafios econômicos, dependência de combustíveis fósseis, políticas e governança deficientes, dificuldades tecnológicas e de infraestrutura, pressões socioeconômicas e demográficas”, explica a presidente da Associação Brasileira de Crédito de Carbono e Metano (ABCARBON), Rita Ferrão.

Bertolini acrescenta que a regulamentação é a segurança para comerciantes e consumidores desse mercado. “Caso seja um país ou empresa que precise comprar crédito de carbono, é muito mais lógico optar pela compra de um país com mercado regulamentado, pois isso traz a garantia de que para serem comercializados, os créditos passaram por avaliações rigorosas”.

Ao calcular sua pegada de carbono, uma organização pode obter maior credibilidade para seus resultados contando com uma verificação de um organismo de certificação acreditado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), disponíveis para consulta em seu site.

Sobre a APCER

APCER é uma empresa de origem portuguesa, reconhecida mundialmente como um dos principais prestadores de serviços de certificação, auditoria a fornecedores, auditoria interna e treinamento. A organização oferece soluções de valor a instituições de qualquer setor de atividade, permitindo que se diferenciem em um mercado cada vez mais complexo e em constante mudança. Conheça mais sobre os serviços oferecidos em: https://apcergroup.com/pt-br/.  

Fonte: APCER

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É urgente associar a tecnologia aos projetos de geração de créditos de carbono na Amazônia

Por Luis Adaime*

Um mercado que hoje é sete vezes maior do que há apenas três anos em volume de transações, de acordo com a Ecosystem Marketplace — em dólares (1) — não é qualquer mercado. Na esteira das crescentes preocupações com a agenda de sustentabilidade em geral e com o combate às mudanças climáticas em particular, o mercado de compensação voluntária de carbono avança como importante ferramenta para empresas e pessoas físicas se engajarem com essas pautas, que ganham visibilidade no mês de junho, quando se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente. Seu crescimento, no entanto, poderia ser muito mais rápido, robusto e consistente se a presença da tecnologia nos processos de geração dos créditos estivesse mais disseminada.

Tecnologia de ponta é o que não falta. Desenvolvedores e empresas especializadas a cada dia colocam no mercado soluções sob medida para as mais variadas demandas ligadas a questões ambientais. Falta conectá-las — escolhendo as ferramentas certas para cada situação — aos mecanismos que produzem os créditos de carbono que depois serão vendidos para as compensações de pessoas e empresas. Parece óbvia a necessidade dessa conexão, mas ainda existem muitos obstáculos e gargalos que impedem o pleno desenvolvimento dos ativos de compensação de emissões.

Os créditos de carbono são gerados, entre outros meios, pelos projetos de conservação de florestas — como os que estão hoje em operação na Amazônia —, conhecidos como REDD+. Esses projetos precisam ser desenhados e geridos com a ajuda de metodologias e ferramentas que facilitem trabalhos essenciais como coleta e armazenamento de dados, mapeamento da cobertura vegetal e da biodiversidade e monitoramento de áreas de dimensões continentais.

A certificação desse tipo de projeto passa por quatro etapas fundamentais: diligência documental (análise legal), inventário florestal (que envolve o envio de técnicos para medição manual das árvores, com fita métrica), auditoria e emissão de créditos (depois da aprovação do projeto). Fica fácil imaginar que a adoção de metodologias e ferramentas digitais simplificaria muito essas tarefas, agilizando, por exemplo, a coleta e a verificação de dados, com redução de tempo e de custos. O uso exclusivo desse modelo analógico não é mais viável, considerando que na floresta há milhares de propriedades de áreas remotas, onde só se chega em longas viagens de barco ou por aeronaves de pequeno porte, e imensas áreas de mata fechada.

Perpetuar essa situação significa perder oportunidades oferecidas por uma demanda que aumenta exponencialmente. Travar os projetos mantendo processos e metodologias reféns de trabalho manual é um contrassenso diante da urgência do combate às mudanças climáticas e da preservação da biodiversidade. Isso sem falar que aumenta custos e limita a expansão da oferta de créditos de carbono exatamente em um momento em que mais pessoas e empresas querem comprá-los.

Na Amazônia, sem a adoção de tecnologias e ferramentas digitais, a análise de dados dos projetos geradores de créditos de carbono pode ter uma periodicidade anual, muito distante do desejável. A falta de um monitoramento em tempo real pode também prejudicar a credibilidade dos projetos e gerar incertezas para os compradores dos créditos em relação à integridade dos projetos de conservação.

Vale lembrar que os projetos REDD+ são importantes não apenas como um caminho para o combate às mudanças climáticas, à medida que representam alternativas de geração de emprego e renda para as comunidades locais. Mas, como em um círculo virtuoso, contribuem também com a agenda climática, por impedirem que os pequenos produtores rurais e proprietários de terras na Amazônia desmatem a floresta para plantar soja ou criar gado. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e do Serviço Florestal Brasileiro, cerca de 40% do desmatamento da Amazônia ocorre em pequenas propriedades rurais, em decorrência de falta de alternativas econômicas.

Estima-se que, apenas com a região amazônica, o Brasil poderia obter anualmente US$15 bilhões (2) em receitas com créditos de carbono oriundos de projetos de conservação florestal. Um dinheiro que de fato pode chegar, desde que o país consiga levar a tecnologia de ponta para o pé da floresta, onde ela é indispensável.

Fontes de dados:

(1) Ecosystem Marketplace’s State of the Voluntary Carbon Markets 2022 Q3 (volume de 2019 for US$ 282 milhões e US$ 2 bilhões em 2022)

(2) Ecosystem Marketplace: Brazil and the carbon markets

*Luís Adaime, CEO e fundador da Moss

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